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Adubação de orquídeas – o que são macronutrientes e micronutrientes

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Estes dias comentei com vocês como eu realizava a adubação de minhas plantas. Agora é hora de falar sobre os nutrientes propriamente ditos.

Este é um tema muito abrangente. Existem variáveis a serem consideradas que demandam dias de pesquisa e muito cuidado na escrita. Um exemplo disto é como o pH da água influencia a absorção de cada nutriente pela planta. Antes de chegarmos neste ponto, acho válido escrever um pouco sobre a importância de cada nutriente para a orquídea.

Antes de mais nada, vale lembrar que temos os seguintes macronutrientes e micronutrientes:

  • Macronutrientes – nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S);
  • Micronutrientes – boro (B), cloro (Cl), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), cobre (Cu) e zinco (Zn).

De certa forma, é difícil determinar o papel de cada nutriente em uma determinada planta. Primeiro, existem coleções com milhares de plantas, cada uma com características próprias e diferentes daquela do vaso ao lado. Depois, cada elemento pode desempenhar mais de um papel para a fisiologia da planta.

Tomando como base o mais conhecido, o nitrogênio, sabemos que ele é indispensável para a síntese de proteínas. Contudo, ele também é um constituinte de fosfolipídios, de algumas vitaminas e da clorofila. Ou seja, várias funções para o mesmo nutriente. Com o agravante que não basta o nitrogênio estar ali, é necessário condições para que todos os papéis sejam realizados a contento, como a qualidade da água, quantidade e tempo de iluminação, entre outros.

Como vocês podem ver, este assunto é muito mais complexo do que apenas colocar água no regador, dosar uma medida de adubo e simplesmente regá-las.

O conhecimento dos elementos utilizados e sua função torna-se primordial para aqueles que desejam ter coleções mais vigorosas e sucesso no cultivo.

Aqui vai um resumo de cada nutriente e suas funções:

Macronutrientes

  • Nitrogênio – O nitrato (N03) é a forma de nitrogênio predominantemente absorvida pela planta nas condições naturais. O nitrogênio é importante no metabolismo de compostos como aminoácidos e proteínas, amidas, amino açúcares , purinas, pirimidinas e alcaloides. Excetuando-se a água, nenhuma outra deficiência é tão dramática nos seus efeitos para a planta, quanto a de nitrogênio. A clorose geral e o estiolamento são os sintomas mais característicos da deficiência de nitrogênio na planta. O crescimento é atrasado e lento e as plantas têm aparência raquítica. O fruto é freqüentemente muito colorido. As partes mais maduras da planta são as primeiras a ser afetadas porque o nitrogênio é translocado das regiões mais velhas para as mais novas em crescimento. Por outro lado, um excesso de N no meio (solo ou solução nutritiva) faz com que a planta vegete muito, produza poucos frutos ou sementes e armazene menos carboidratos. Para complementar o que é fornecido pelo solo em quantidade insuficiente recorre-se aos fertilizantes nitrogenados; entre os naturais estão os estercos e tortas e as próprias plantas (adubo verde); entre os adubos produzidos pelo homem aparecem os amoniacais (sulfato de amônio), os nitratos (de sódio, de cálcio, de potássio) os nítrico-amoniacais (nitrato de amônio) e os amídicos (ureia).
  • Enxofre – Nas condições naturais de solo é absorvido pelas raízes predominantemente como So4 2-; as plantas podem, porém, absorver também S orgânico de aminoácidos, S02 (gasoso) pelas folhas e até mesmo enxofre elementar (como S “molhável” finamente dividido) e também pelas folhas e frutos. Além de fazer parte de alguns aminoácidos e de todas as proteínas vegetais, o S desempenha outras funções: como é ativador enzimático, como SH é grupo ativo de enzimas e de coenzimas (ácido lipólico, tiamina, biotina) na fotossíntese participa da síntese da clorofila, da absorção de C02 , da atividade da carboxilase e de ribulose -2P e de reações de fosforilação; é essencial ainda no processo de fixação do N2 pelas leguminosas nodulares.
  • Fósforo – Os papéis fundamentais do P na vida da planta são a sua participação nos chamados compostos ricos de energia, de que é exemplo mais comum o trio-fosfato de adenosina, ATP, produzido nas fosforilações oxidativas e fotossintéticas e, em menor grau, nas que se dão ao nível de substrato. O ATP, participa das reações de síntese e desdobramento de carboidratos (inclusive do amido), de síntese de proteínas, de síntese e desdobramento de óleos e gorduras, do trabalho mecânico, da absorção salina. Assim como o N, o fósforo se redistribui facilmente na planta, em particular quando sobrevêm a sua falta; as folhas mais velhas das plantas carentes em P mostram a princípio uma coloração verde-azulada, podendo ocorrer tonalidades roxas nelas e no caule. O fósforo é o elemento que mais limita a produção das culturas. O crescimento é reduzido e, em condições de deficiência severa, as plantas ficam anãs. Os principais fertilizantes fosfatados comerciais são os “superfosfatos” , fosfatos de amônio e nitro fosfatos. Os fertilizantes também são obtidos pela extração de rochas fosfáticas e de depósito espessos de guano (fezes de aves marinhas, ricas em fósforo, derivado do peixe da qual se alimenta).
  • Potássio – O K é absorvido da solução do solo como K+ e é conduzido pela corrente transpiratória. Cerca de meia centena de enzimas são ativadas pelo K, algumas delas especificamente. O K participa em fases diversas do metabolismo: reações de fosforilação, síntese de carboidratos, respiração, síntese de proteínas. Além disso o nível de K nas células-guardas regula a abertura e o fechamento do estômato.A carência de K, prejudica o transporte de carboidrato da folha para outros órgãos da planta. A alta concentração de K nos tecidos de plantas terrestres se explica em parte pelo seu papel na regulação da viscosidade do citoplasma e pela sua baixa afinidade por ligantes orgânicos. Os sintomas de carência de K se manifesta primeiramente nas folhas mais velhas como clorose e depois necrose das pontas e das margens. O crescimento é abaixo do normal e em condições severas os ramos terminais e laterais podem morrer.
  • Cálcio – É absorvido do solo como Ca 2+. O cálcio faz parte da lamela média e ativa diversas enzimas.
    Desempenha outros papéis como: regulação da permeabilidade da membrana citoplasmática, neutralização de ácidos tóxicos, desenvolvimento e funcionamento de raízes, germinação do grão de pólen e desenvolvimento do tubo polínico. O transporte do cálcio no xilema está sobre controle metabólico e no floema é praticamente imóvel, em conseqüência, quando há falta desse elemento, as regiões de crescimento (gemas, ápice de raízes) são as primeiras a ser afetadas. As folhas mais novas mostram clorose e as gemas podem morrer. Em pH ácido o cálcio aparece em baixos teores no solo, elevando-se o pH e conseqüentemente neutralizando-se a acidez, aumenta-se a saturação em cálcio do solo.
  • Magnésio – É absorvido do solo como Mg 2+. Altas concentrações de K+ no substrato (solo ou solução nutritiva) inibem competitivamente a absorção do magnésio a ponto de causar deficiência. Por outro lado, p Mg é essencial para a absorção do P. Além de fazer parte da clorofila o Mg é ativador de enzimas que são “ativadoras de aminoácidos” , que catalisam o primeiro passo da síntese proteica  Diferente do cálcio o Mg é facilmente translocado no floema para regiões novas de crescimento ativo. Como conseqüência é nas folhas mais maduras que os sintomas de deficiência primeiro aparecem sob a forma de clorose.

Micronutrientes

  • Boro – Até hoje não se conseguiu isolar um composto sequer vital para a planta que contenha boro (B); do mesmo modo não se conseguiu identificar nenhuma reação crucial para o metabolismo que somente ocorra na presença deste elemento. Mesmo assim, o boro, pertence a lista dos elementos essenciais, por satisfazer o critério indireto de essencialidade. Na ausência do boro, os pontos de crescimento são afetados e podem morrer. Os tecidos parecem duros, secos e quebradiços. As folhas podem tornar-se deformadas e o caule rachado. O florescimento é afetado severamente e quando ocorre a frutificação estes freqüentemente apresentam sintomas semelhantes aos encontrados no caule. O B é essencial para a formação da parede celular, para a divisão e aumento no tamanho das células, para o funcionamento da membrana citoplasmática. A presença do boro facilita, ainda,o transporte dos carboidratos. Da mesma forma que o Ca é praticamente imóvel no floema e por isso quando há deficiência a gema terminal morre e as folhas mais novas se mostram menores, amareladas e muitas vezes deformadas. A matéria orgânica constitui a fonte imediata de boro para as plantas, libertando o elemento no processo de sua mineralização.
  • Cloro – O Cl não entra na constituição de nenhum composto orgânico tido como essencial. É necessário para a fotólise da água. Os sintomas de sua deficiência causa murchamento, bronzeamento e necrose em folhas de muitas espécies, tendo sido pela primeira vez demonstrado os sintomas de sua de sua deficiência em plantas de tomate. Não se conhece no campo a ocorrência da falta de cloro, o que, pelo menos em parte, é devido à precipitação do “sal cíclico”, isto é, cloreto de sódio que o vento traz do mar e a chuva deposita no solo em quantidade suficiente para atender as necessidades da planta.
  • Cobre – É absorvido como Cu +2. Não é redistribuído apreciavelmente pelo floema e por isso os sintomas de carência se mostram primeiramente nas folhas novas: murchamento, cor verde-azulada, deformação do limbo e depois clorose e necrose em manchas irregulares. É ativador de enzimas de óxido-redução que oxidam fenóis e que participam do transporte de elétrons na respiração e fotossíntese. Tem participação indireta na fixação do N2.
  • Ferro – As plantas absorvem o ferro do solo na forma bivalente, Fe +2. No xilema o Fe encontra-se principalmente como quelato do ácido cítrico. Não se distribui pelo floema: o sintoma típico de falta de ferro é uma clorose das folhas novas cujas nervuras formam uma rede fina é verde contra o fundo verde-amarelado do limbo.
    Além de ser componente estrutural de citocromos o ferro ativa enzimas ou faz parte de coenzimas que entram em reações as mais diversas da planta: formação da clorofila, transporte eletrônico na fotossíntese, fixação do N2, desdobramento da H2O e síntese proteica.
  • Manganês – Além de ativar enzimas muito diversas, o manganês participa do transporte eletrônico na fotossíntese e é essencial para a formação da clorofila e para a formação, multiplicação e funcionamento dos cloroplastos.
  • Molibdênio – É o micronutriente menos abundante no solo e que na planta aparece em menor concentração. O molibdênio está diretamente ligado ao metabolismo do N. A carência de molibdênio se manifesta como amarelecimento das folhas seguido do enrolamento do limbo.
  • Zinco – O zinco é necessário para a síntese de triptofana que depois de várias reações, produz o ácido indolilacético (AIA), além disso o zinco regula a atividade da ribonuclease que hidrolisando o RNA, causa diminuição na síntese proteica  A carência de zinco provoca o encurtamento dos nós em algumas plantas. O florescimento e a frutificação podem ser muito reduzidos e a planta inteira pode se tornar anã e deformada.

Claro que existem outros elementos a serem considerados nesta salada da tabela periódica. Da mesma forma, algumas plantas podem não necessitar de um ou mais elementos já listados acima.

Um exemplo disto é o sódio, normalmente não exigido por plantas verdes, mas extremamente necessário para certas plantas halófitas (terrestres adaptadas a viver perto do mar).

Em um outro exemplo, o selênio é geralmente tóxico as plantas. Entretanto, certas plantas em solos ricos nesse elemento, não somente acumulam e toleram altas concentrações mas podem até ter uma certa necessidade dele.

Como podemos notar, cada planta tem sua necessidade. Muitos orquidófilos não costumam adubar suas plantas e elas estão lindas. Eu mesmo não o fazia até pouco tempo atrás. Mas depois que comecei a fornecer estes elementos a elas, notei uma grande melhora em sua fisiologia e também nas floradas.

Cabe a cada um decidir a melhor forma de conduzir sua coleção.

Nos próximos textos sobre adubação, irei comentar a influencia do cloro presente na água quando irrigamos nossas plantas e em que o pH influencia neste processo.

Referência

  • portalsaofrancisco.com.br

Abraços!

Classificação das orquídeas por habitat: as rupícolas, litófitas ou rupestres

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Orquídeas em pedras. Pera lá, pode isto?

Sim! E se você pensa que isto é coisa de ficção científica, saiba que você pode estar mais perto destas belezas do que imagina.

Orquídeas litófitas, saxícolas, rupícolas, petrófitas ou ainda rupestres (ufa!) são plantas que crescem diretamente sobre rochas. Bom, na verdade não é bem sobre elas, mas sim em suas rachaduras ou em lugares onde haja o acúmulo de matéria orgânica e umidade. É um ambiente extremamente inóspito, fazendo com que apenas plantas especializadas consigam o feito de se desenvolver plenamente em lugares assim. Por que? Obviamente, um ambiente assim não é um centro de excelência no fornecimento de nutriente a uma planta. Por isto, uma orquídea rupícola normalmente não é uma planta de grandes proporções.

O grande barato destas orquídeas (e outras plantas rupícolas) é que elas dependem muito da composição rochosa abaixo delas. Em um ciclo comum, temos uma rocha colonizada por aquilo que chamamos de litófitas primárias, como os musgos. Estas litófitas irão instalar-se sobre rochas que, por consequência de sua forma, acumulam minerais e matéria orgânica. Desta forma, acabam permitindo a instalação de outras espécies maiores, como orquídeas e bromélias.

Você pensa que a dureza acabou? Não, veja só como pode ser ainda mais complicado. Levando-se em consideração que estas orquídeas vivem sobre as rochas elas estão, em sua grande maioria, sob Sol pleno. Para sobreviver, protegem suas raízes colocando-as sob a matéria orgânica onde se encontra. Porém isto não é uma unanimidade, pois não é difícil encontrar orquídeas vivendo sobre rochas que atingem temperaturas bem mais altas e ver que todo este calor não danifica a planta e suas raízes. Como regra geral, formam touceiras compactas cobrindo pequenas áreas.

laelinhas rupicolas
Laelias em seu habitat natural

Seu metabolismo faz com que ela não perca muita água durante o dia, não abrindo seus estômatos neste período. Estas estruturas abrem apenas no período noturno, para a realização das trocas gasosas importantes para a formação de ácidos que serão estocados nos vacúolos das células e que depois, durante o dia, serão utilizados nos processos fotossintéticos.

Algumas dicas importantes para o cultivo

  • alta luminosidade e boa ventilação;
  • substrato misto de pedra canga – laterita – e casca de pinus em decomposição;
  • uso de isopor na parte de baixo do vaso – preferencialmente de plástico – para ajudar na drenagem;
  • adubação orgânica – torta de mamona, farinha de ossos e cinzas (5-2-3);
  • irrigação sempre que estiver seco, a noite no verão e pela manhã no inverno.
Rupícola
Laelias em seu habitat natural

Respondendo a pergunta do início do artigo: por que você estaria mais perto do que imagina destas belezuras? Muito simples, temos uma vasta gama de Laelias (hoje chamadas de Hoffmannseggella) no Brasil, principalmente em Minas Gerais e no Espírito Santo. Portanto quando for adquirir uma beleza destas, fique de olho nos cuidados para que ela cresça bem e floresça sempre!

Referência

  • awzorchids.com.br

Etimologia, pronúncia e nomenclatura das orquídeas (3)

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1417 - Zygolum Louisendorf Rhein Moonlight
1417 - Zygolum Louisendorf Rhein Moonlight

Neste terceiro artigo da série vou abordar um tema que não deixa de ser também uma curiosidade.

Quantas vezes você já se pegou perguntando o que significava cada um dos sufixos em determinados nomes? Particularmente, eu sempre me confundo com estes sufixos. Por exemplo:

Pleurothallis amarelo-limão e branco. Conhece?

Mas espere, isto existe? Sim, existe.

Se chamarmos de Pleurothallis chloroleuca todo o planeta irá pensar na mesma planta. A palavra chloroleuca, derivada do latim, pode ser entendida em português como amarelo-limão e branco.

Temos inúmeros casos em que podemos entender o que significa o sufixo quando conhecemos seu significado. Particularmente acho isto muito bacana, além de muito útil. Vamos para a tabelinha:

Em LatimEm Português
acuminata, -umpontuda
aggregata, -umagregada, reunida
alba, -umbranca
amabilisdigno de amor, agradável
amethystoglossae língua (labelo) ametista
amicata, -umvestida
ampliatumamplo, largo
ampullaceumem forma de vaso
ancepsde duas cabeças
arcuatacurvada em arco
atropurpureacom cavidade púrpura
auranthiacaornada de ouro
aurea, -umcor de ouro
barbata, -umcom barba
bicolorde duas cores
bufosapo
calceolussapatinho
calceolarissapateiro
candida, -umbranco-puro
capitatuscom cabeça baixa
carinatadisposto em forma de quilha
caudata, -umcom cauda
cernua, -umde cabeça inclinada
chloroleucaamarelo-limão e branco
chrysanthumdourado
cocciniavestida de escarlate
coelestisazul da cor do céu
coeruleaazul
coerulescensazulada
concolorde uma só cor
cornigerumcom chifres
crispa, -umencrespada, ondulada
crispataencrespada, ondulada
crispilabiacom labelo ondulado
cristatacom crista, penacho
cruentamanchada de sangue
cucculatacom capuz
cupreumcor de cobre
cuneataem forma de cunha
denudansdescoberta, nua
difformede formas afastadas, divididas
discolorde diferentes cores
dolosaenganadora
eburnea, -umbranco, marfim
elatanobre, sublime
ensifoliumfolhas em forma de espada
falcata, -umem forma de foice, curva
fimbriatumfranjado, recortado
flabelattumem forma de leque
flavaamarela
flavescensamarelada
flos-aerisflor aérea
fragansde cheiro agradável
fucatapintada
furcatacom dois dentes
flagelariscom chicote
gigasgigante
glaucaesverdeada, verde-mar, cinzenta
grandifloraflores grandes
granulosasalpicada, pintada
guttatamalhada, mosqueada
harpophyllaem forma de espada curva
imarginatasem borda
incurvumcurvado, arredondado, corcunda
infractaquebrada, desanimada
insigne, -isadorno, enfeite, ornamento
intermediusintermediário
jugosusmontanhoso
lanceanumem forma de lança
leucoglossalabelo branco
lithophylla, -umque habita as pedras
longipescomprido
luridumpálido, amarelado
lutea, -umamarela
lutescensamarelado, avermelhado
macrocarpumfruta grande
maculata, -umpintada
megalanthagigante
miniatumavermelhado
nidus-avisninho de passarinho
nobilefamoso, nobre
ochroleucaocre e branca
oculataque tem olhos
odorata, -umperfumada
ornithoidesde forma de pássaro
papilioborboleta
parviflorumde flor pequena
patulaaberta, larga
picta, -umpintada, ornada, florida
pileatumcoberto com capacete, píleo
porphyroglossalíngua púrpura, língua grande
procumbensinclinada para frente, dobrada
pubescoberta de pelos
pubescenscoberta de pelos
pulchella, -umencantador
pulvinatumarqueado, boleado
pulmila, -umanã, pigmeu
retusaembotada, bronca, de cara feia
rexrei
rubensvermelho, colorido
rufescensruivo, avermelhado
rupestrisque habita as pedras
russelianapuxada a vermelho, ruiva
spectabilisvisível, belo, notável, brilhante
splendidumbrilhante, magnífico
spicatumdisposta em forma de espiga
striatacom estrias
strictaestreita
tenuisdelgada
teresdelgada, delicada
tricolorde três cores
thyrsiflorumcacho de flor
umbonulatade forma côncova ou convexa
unicolorde uma única cor
variegatade diferentes matizes
varicosumde pernas afastadas
venustaencantadora, formosa
verecundaruborizada, avermelhada
vernucosacom verrugas
viridiflavumverde-amarelo
viridisde cor verde
vittataenfeitada com fitas
xanthinaamarela
xanthoglossalíngua amarela

Espero que esta série de textos tenha ajudado vocês a compreender melhor como ler, falar e escrever o nome de suas plantas.

Abraços!

Referências

  • Questões práticas de nomenclaturas de Orquidáceas, José Gonzales Rapozo
  • Dicionário etmológico das orquídeas do Brasil, José Gonzales Rapozo
  • A etimologia a serviço dos orquidófilos, José Gonzales Rapozo
  • www.damianus.bmd.br/CursoLabiata

Classificação das orquídeas por habitat: as terrestres

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Muitos se perguntam se podemos colocar orquídeas diretamente na terra. A resposta é simples: depende.

Sim, temos orquídeas terrestres. Talvez muitas passem desapercebidas ao olhar de muitos, mas espécies interessantes podem ser cultivadas desta forma sem nenhum problema.

Orquídeas terrestres vivem no solo como plantas comuns. Suas raízes encontram-se espessadas em pequenas ou grandes estruturas parecidas com tubérculos de esféricos a longamente cilíndricos que servem de reserva de nutrientes e água e substituem os pseudobulbos presentes nas espécies epífitas. Ocasionalmente estes tubérculos separam-se da planta principal originando novas plantas. Podem ou não apresentar caules desenvolvidos e estes, diferente das epífitas, que sempre apresentam caules perenes, podem ser parcialmente decíduos. Algumas das orquídeas terrestres apresentam caules muito longos, que podem chegar a mais de seis metros de comprimento.

Seus frutos são mais finos e com paredes mais delicadas. Geralmente são triangulares, mais ou menos arredondados, com números de lamelas que variam de três a nove. Alguns são lisos outros rugosos ou mesmo cheios de tricomas, verrugas ou protuberâncias em sua superfície. Os frutos desenvolvem-se com o engrossamento do ovário na base da flor, o qual geralmente é dividido em três câmaras. Quando maduro o fruto seca e abre-se em três ou seis partes ao longo do comprimento, embora não inteiramente, mantendo-se sempre preso à inflorescência. Boa parte das sementes logo cai, depositando-se entre as raízes da planta mãe, as sementes são também amplamente dispersas com o vento por longas distâncias.

Em nossas casas, podem ser plantadas diretamente em canteiros preparados com compostos orgânicos e alguns elementos que facilitem a drenagem da água, como cascas, fibras e areia. Devido ao seu tamanho, preferencialmente plante-as em lugares espaçosos, pois estas orquídeas são normalmente grandes. Além disto, gostam de locais ensolarados para crescer, apesar de se adaptarem facilmente a outros ambientes. Isto acaba causando um efeito colateral, fazendo com que ela necessite de regas frequentes, já que gosta de umidade, principalmente nos períodos de desenvolvimento. Como estão diretamente na terra, é importante ter uma atenção especial à sua nutrição, com adubos de qualidade e um composto bem feito.

Aqui no Brasil sofremos com a falta de espécies terrestres, comparando-nos com outros países. Enquanto temos lá fora o gênero Ophrys, conhecidíssimo por suas orquídeas que parecem animais, no Brasil temos espécies mais comuns como as Arundina bambusifolia – única representante da espécie, Bletia catenulata e Epidendrum cinnabarinum – que pode ser cultivada de outras formas não terrestres.

Arundina graminifolia
Arundina graminifolia

Arundina graminifolia

Bletia catenulata
Bletia catenulata
Epidendrum cinnabarinum
Epidendrum cinnabarinum

Para deleite, o gênero Ophrys

Ophrys insectifera
Ophrys insectifera
Ophrys apifera
Ophrys apifera
Ophrys tenthredinifera
Ophrys tenthredinifera
Ophrys sulcata
Ophrys speculum
Ophrys speculum
Ophrys reinholdii
Ophrys reinholdii
Ophrys lutea
Ophrys lutea
Ophrys apifera
Ophrys apifera
Ophrys bombyliflora
Ophrys bombyliflora

Referência

  • wikipedia.org

Classificação das orquídeas por habitat: as epífitas ou dendrícolas

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Orquídeas do mato (3) – conscientize-se

É hora de começar mais uma série de artigos. Desta vez, vou falar sobre um assunto que gera bastante dúvidas nos orquidófilos iniciantes: a classificação das orquídeas de acordo com o seu habitat.

Neste artigo estarei focando as epífitas, mas falarei mais adiantes sobre as terrestres, rupícolas e saprófitas.

Epifitismo

Antes de mais nada, é necessário entender o que significa ser epífita. Muitos acreditam que as orquídeas são parasitas por estarem sobre outras
plantas, principalmente árvores. Não é bem o caso.

Segundo o Wikipedia, epífitas são, por etimologia, plantas sobre plantas, ou seja, plantas que vivem sobre outras plantas.

O epifitismo é algo comum nas florestas tropicais. A competição por um espaço onde um pouco de luz forneça o necessário para que a planta prospere é acirrada. E, como natureza é sábia, certas espécies são capazes de germinar em ambientes um pouco diferentes do habitual, como cascas de árvores ou outros objetos. Resumindo, é como uma seleção natural: as espécies que foram capazes de se adaptar e germinar nestes ambientes até então inóspitos conseguiram sobreviver.

As epífitas possuem sistemas complexos e específicos para absorver umidade do ar e extrair sua alimentação dos elementos que são depositados sobre si, resultando muitas vezes em plantas com necessidades específicas de umidade e de luz. Na maioria das vezes, vicejam sobre o tronco das árvores e dispõem de raízes superficiais que se espalham pela casca e absorvem a matéria orgânica ali presente em decomposição.

Aí vem a parte interessante.

Muitas vezes, as raízes das orquídeas são acompanhadas por um fungo microscópico conhecido como micorriza, que se encarrega de transformar a matéria orgânica morta em sais minerais, facilitando a sua absorção pela planta. Por outro lado, se as epífitas não conseguem absorver matéria prima da superfície da árvore, a planta pode utilizar seu hospedeiro como suporte para alcançar seu ambiente ideal na floresta. É quase uma escalada, por assim dizer.

O mais importante nisto tudo é saber que as epífitas jamais buscam alimento nos organismos hospedeiros. Suas raízes superficiais não absorvem a seiva da planta hospedeira, ou seja, não há qualquer relação de parasitismo. A presença de epífitas não prejudica a árvore onde elas vegetam.

No cultivo caseiro as coisas não são muito diferentes. Se você optar pode deixar suas orquídeas em árvores, deverá ter a certeza que o ambiente em torno desta árvore favorecerá o crescimento da planta. De nada adianta, por exemplo, você colocar uma orquídea em uma árvore ou toco ou casca e esperar que por si só ela evolua. Lembre-se que sua casa não é uma floresta tropical, logo, muitas variáveis para o desenvolvimento dela faltarão. O mais importante aqui é a regra de não matá-la de sede ou afogada. E não esquecer de outra coisa muito importante: que as raízes irão querer respirar.

Eis alguns exemplos de minha coleção:

 
 
 
 
 
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Abraços

Morfologia: o fruto e as sementes das orquídeas

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Pode ser um pensamento cruel para alguns, mas, conforme escrevi no artigo sobre a morfologia das flores, a finalidade real da flor de uma orquídea é ser o chamariz para que insetos sejam atraídos e efetuem a sua polinização. A beleza e o fato que a apreciamos é apenas um bônus que a natureza nos dá.

Polinização

Quando o inseto poliniza a flor e os óvulos no ovário são produzidos, o tubo polínico cresce dentro da coluna até chegar no ovário. Seus núcleos fecundam os óvulos e, então, o ovário começa a se desenvolver, tornando-se o que chamamos de cápsula, fruto ou frutos capsulares. Dentro deste fruto os óvulos se desenvolvem dando origem às sementes, protegidas e alimentadas pelo próprio fruto.

https://www.youtube.com/watch?v=RDjcxlvpzZ0

Frutos – ou cápsulas

Quase que a totalidade das orquídeas geram frutos. Suas formas, tamanhos e cores variam bastante, sendo que nas epífitas são mais espessos com paredes carnosas e nas terrestres são mais finos e com paredes delicadas. Sua forma, normalmente triangular mais ou menos arredondada, possui lamelas cujo número varia de três a nove. A exceção é a subfamília Vanilloideae, que possuem uma cápsula que lembra muito uma vagem e, como tal, apresenta sementes bem maiores que as usuais.

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Cápsulas – fruto – de um híbrido

Os frutos podem ser lisos ou rugosos, possuir tricomas (espécie de pelo dos vegetais), verrugas ou protuberâncias em sua superfície. Por se desenvolver do engrossamento do ovário na base da flor, é normalmente dividido em três câmaras. Seu tempo de desenvolvimento varia, dependendo da espécie. Você pode conferir o tempo de maturação das cápsulas de orquídeas lendo meu artigo sobre o tema. Quando finalmente maduro, o fruto seca, “explodindo”, e abre-se em três ou seis partes ao longo do comprimento, mantendo-se sempre preso à inflorescência, ou seja, não se destacando da planta principal.

Quando rompe, o fruto libera a maioria das suas sementes no mesmo local, entre as raízes da planta geradora. Entretanto, e esta é a beleza de toda esta história, as sementes são muito leves e, com isto, são levadas pelo vento também, podendo percorrer grandes distâncias.

Sementes

Excetuando as orquídeas da subfamília Vanilloideae, que possuem sementes maiores, a grande maioria das orquídeas possui sementes microscópicas e leves. Provavelmente, um artifício da natureza para que fazer com que sua propagação seja mais esparsa, pois são facilmente levadas pelo vento. Por serem minúsculas e leves, são constituídas apenas por um pequeno aglomerado de células de cobertura abrigando um embrião, desprovidas ou com pouco tecido de reserva, chamado endosperma.

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Cápsulas e sementes
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Detalhe do tamanho das sementes

Cada planta é capaz de produzir milhares de sementes em cada um dos seus frutos. Por possuírem pouco ou nenhum endosperma para se alimentar, nos primeiros estágios o embrião utiliza-se de um processo simbiótico com o fungo Micorriza, que excreta os nutrientes utilizados pela jovem orquídea a partir da decomposição do material encontrado próximo à semente pelo fungo. Os detalhes desta simbiose você pode conhecer no artigo que escrevi sobre a Micorriza, clicando aqui.

Assim que o embrião torna-se capaz de realizar a fotossíntese, passa a alimentar-se deste processo. Com isto, a Micorriza não é mais necessária. Apenas quando a orquídea não é capaz de realizar a fotossíntese é que ela torna-se dependente da Micorriza. Isto acontece com algumas espécies saprófitas.

Assim, o ciclo do crescimento continua, e a orquídea irá se desenvolver até o ponto de, mais uma vez, perpetuar sua espécie através das suas sementes. Você pode ler mais sobre os passos desta evolução da semente até a flor clicando aqui.

Curiosidade: os oportunistas

escrevi aqui no orquideas.eco.br sobre isto, mas é sempre bom lembrar aqueles que não conhecem profundamente o assunto: não caia no golpe das sementes das orquídeas! Se você gosta de comprar produtos online, não deixe-se levar pelos anúncios bonitos e a raridade das plantas em sites como Mercado Livre ou AliExpress. Inúmeros vendedores inescrupulosos utilizam estes meios para lucrar com a boa fé das pessoas, vendendo um produto que simplesmente não existe. Bom, não na mão deles!

Basta um acesso ao Mercado Livre, por exemplo, para você encontrar anúncios que vendem este tipo de mercadoria. Agora me diga, como um vendedor consegue ficar contando sementes microscópicas para enviar o número anunciado? Claro que não consegue! Fora os que tem a audácia de dizer que “é só plantar na terra” – o que a descaracteriza ainda mais das orquídeas, devido à sua necessidade de simbiose com a micorriza. O que eles fazem é mandar qualquer semente no lugar das prometidas. É um crime perfeito para eles, pois quando a semente brotar (se brotar), o cliente não poderá reclamar e já terá perdido seu dinheiro.

O mais importante desta série sobre a morfologia das orquídeas é você aprender o que elas realmente são, como se comportar e quais suas necessidades. Assim, estará apto a cultivá-las sadiamente – e não cairá em golpes assim!

Referências

  • orquideassemmisterio.blogspot.com.br
  • wikipedia.org

Abraços!

IV Simbraoq – 23 de março – Conservação de orquídeas

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Pessoal, estou compartilhando com vocês uma palestra do meu amigo Luciano Zandoná, a respeito de conservação de orquídeas na Mata Atlântica. A palestra dele começa em 1h30m do vídeo. É muito importante entender este tipo de trabalho pois vai de encontro ao que escrevi sobre a coleta ilegal e suas consequências.

Mais informações sobre o trabalho do Luciano você encontra em zandonaconservacao.com.br.

A morfologia das orquídeas

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Nas últimas semanas publiquei uma série de artigos sobre a morfologia das orquídeas, mostrando toda complexidade e beleza desta família. O objetivo foi, além de servir como aprendizado pessoal, aglutinar informações relevantes para a consulta de todos, das mais variadas fontes, pois acredito que quanto mais conhecemos nossas plantas, melhor podemos cuidar delas.

Sempre friso que este conhecimento é importante e posso usar meu próprio exemplo. Quando comecei na orquidofilia, o mais importante para mim era o “ter”. A primeira coisa que aprendi foi que mais importante que a quantidade era a qualidade. Lembro que escrevi algumas linhas sobre isto, que você pode ler clicando aqui. Quando comecei a focar mais na qualidade, percebi que isto sem conhecimento era inútil, pois suas características variam de espécie para espécie, tornando o cultivo um ato de estudo, conhecimento, tempo e amor.

As família Orchidaceae constitue um dos maiores e mais diversos agrupamentos de angiospermas, com cerca de 24000 espécies conhecidas. Notável por sua diversificada morfologia floral e vegetativa, é constituída de cinco subfamílias: Apostasioideae, Cypripedioideae, Vanilloideae, Vanilloideae e Epidendroideae. Nesta última, inclusive, está o esteriótipo que conhecemos quando começamos a falar de orquídeas: grandes flores e pseudobulbos, além de ser a mais numerosa.

Entre todas as características distintivas da família Orchidaceae, muito poucas são compartilhadas por todas as espécies, devido ao fato destas encontrarem-se em diferentes estágios evolucionários. Alguns grupos divergiram do grupo principal nos primeiros estágios evolutivos da família, enquanto outros permaneceram constantes por muito tempo. No entanto, há características comuns à quase todas as orquídeas: a presença da coluna, estrutura originada pela fusão de seus órgãos sexuais masculinos e femininos; grãos de pólen agrupados em estruturas cartilaginosas chamadas polínias; sementes muito pequenas, quase sem nutrientes, formada por agrupamentos com poucas células, as quais somente germinam através da simbiose com micorriza; flores de simetria lateral, não radial, constituídas por seis segmentos; raízes cobertas por estrutura esponjosa chamada velame.

Capazes de se adaptarem aos mais variados ambientes, podem ser terrestres, epífitas, litófitas, psamófitas, saprófitas ou raramente aquáticas. Apresentam crescimento contínuo ou sazonal, simpodial ou monopodial, agrupado ou espaçado, ascendente ou pendente, aéreo ou subterrâneo.

Enfim, para ler mais sobre a morfologia das orquídeas, oriente-se pelos links abaixo:

Referência

  • webbee.org.br

Abraços!

Morfologia: as folhas das orquídeas

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No final do artigo sobre raízes coloquei uma citação dizendo que cultivar orquídeas é cultivar raízes. Bom, tal afirmação é perfeitamente válida, mas não podemos esquecer de outro elemento muito importante no cultivo: as folhas!

A folha de uma orquídea representa uma das partes mais simples de identificar na planta. Elas são órgãos especializados na captação de luz e trocas gasosas com a atmosfera para realizar a fotossíntese, transpiração e a respiração da planta. Devido à grande concentração de clorofila em suas células, as folhas possuem colorações intensas. Seu tamanho, muitas vezes avantajado, faz com que tenha uma superfície maior para a captação de luz, ajudando no processo de fotossíntese.

Morfologia das folhas

Nas orquídeas, as folhas possuem as mais diversas formas, espessuras, estruturas, quantidades, cores, tamanhos e maneiras de crescimento. Entretanto, a grande maioria apresenta folhas com enervação paralela de cruzamentos dificilmente visíveis. Estão dispostas, normalmente, em duas carreiras opostas e alternadas em ambos os lados do caule (leia mais sobre o caule das orquídeas aqui).

Filotaxia

Filotaxia é o padrão de distribuição das folhas ao longo do caule das plantas. Grande parte das orquídeas apresentam apenas uma folha por nó, e na axila de cada uma está localizada a gema lateral. Além disto, na grande maioria das orquídeas, a forma de inserção das folhas no caule é alternada. Claro, existem outras formas, porém esta é a mais comum.

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Filotaxia das orquídeas: folhas alternadas

O número de folhas que o caule de uma orquídea pode ter varia entre uma e várias, sempre respeitando um número relativamente definido dentro do grupo a qual a orquídea pertence. No caso das monopodiais, o número de folhas é sempre indefinido, dependendo do seu crescimento.

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Outras filotaxias – na ordem: opostas cruzadas, opostas dísticas e verticiladas

Forma da lâminas foliares

Quanto a forma das lâminas foliares, as orquídeas podem ter folhas:

  • circular;

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  • elíptica;

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  • lanceolada;

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  • obovada;

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  • linear;

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  • espatulada;

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  • oblonga;

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  • intermediária entre as formas acima.

Ponta das folhas

Quanto à forma da ponta das folhas, as orquídeas podem ser:

  • arredondada;
  • reta;
  • acuminada;
  • fina;
  • espessa;
  • radial;
  • desigual.

Margens

As margens das folhas das orquídeas são suaves, parcialmente curvas, raramente denticuladas ou ciliadas.

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Suave

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Denticulada

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Ciliadas

Sustentação

A estrutura das folhas pode apresentar pecíolo ou não, com diferente número de enervações longitudinais paralelas, bastante visíveis ou quase imperceptíveis a olho nu. O pecíolo (por vezes também denominado estipe) é um caule (clique aqui para ler sobre o caule) que fica entre a bainha e o limbo ou lâmina das folhas. Quando as folhas possuem pecíolo elas são consideradas folhas completas. Quando as folhas não possuem pecíolo, chamam-se folhas sésseis. Em outras, quando o pecíolo liga-se diretamente ao centro do limbo, chamam-se peltada.

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Pecíolo

Espessura e cor

A espessura das folhas das orquídeas varia entre muito finas e maleáveis, carnosas e firmes e inteiramente suculentas. Sua cor normalmente varia entre as mais diversas graduações da cor verde. Entretanto, podem também ser vermelhas, marrom escuro, de tons acinzentados, azulados ou amarelados. Além disto, algumas espécies apresentam folhas maculadas, estriadas ou pintalgadas por cores diversas. Normalmente possuem superfície brilhante, mas ainda podem ser foscas ou com aparência farinosa.

Lepanthes – folhas diferentes do comum

Outras características

A maioria das espécies de orquídeas conserva suas folhas por alguns anos. Outras perdem as folhas logo após o período de crescimento, ou seja, caducam, entrando em estado de dormência que podem, muitas vezes, ser sucedido por florações. Via de regra, quando a planta entra em estado de dormência, as regas e adubações devem ser suspensas ou reduzidas consideravelmente, dependendo da espécie. Os Catasetuns e Cyrtopodiuns são exemplos de espécies cuja folhas caducam em um determinado período do ano.

Ainda há aquelas que perdem as folhas apenas em condições ambientais desfavoráveis. Existem alguns gêneros nos quais as folhas são apenas rudimentares, dando a impressão de serem constituídas apenas pelas raízes e flores. Nestes casos as raízes são responsáveis pela fotossíntese. Por fim, curiosamente, algumas espécies são desprovidas de clorofila nas folhas.

Folhas modificadas ou reduzidas

Existem outros tipos de folhas de orquídeas, incompletas ou modificadas, que não estão ligadas diretamente com a fotossíntese. A função destas folhas é proteger os brotos novos ou as hastes florais, além de prover a atração de polinizadores em alguns casos.

Folhas que protegem os brotos

As folhas que recobrem um broto em estágio de desenvolvimento é composta de uma bainha de folhas ou folhas bem reduzidas. Em geral, costumam ser mais duras, garantindo proteção aos novos brotos em formação, ainda muito frágeis e tenros. Brotos em formação são muito visados pelas pragas e mais suscetíveis à doenças. Quando estes brotos atingem a maturidade, essas folhas tendem a secar e cair. Em alguns casos permanecem na planta, aparentando uma palha, podendo torna-se abrigo para cochonilhas (clique aqui para ler mais sobre como combater as cochonilhas). Nestes casos, é recomendado que sejam completamente retirados após secarem.

Brácteas

Brácteas são estruturas foliáceas associadas às inflorescências das Angiospermas. Têm origem foliar e a função original de proteger a inflorescência ou as flores em desenvolvimento. Nas orquídeas, tem o papel de preparação da planta para o período reprodutivo. Pode assumir diversas formas, tamanhos e funções, sendo a mais comum a proteção, chamada espata.

Espatas

Espatas são um tipo de bráctea fechada que garante a segurança das hastes e botões que ali se desenvolvem. Possuem uma região mais frágil que permite que os botões ou haste a rompam sem muitas dificuldades. Algumas orquídeas podem apresentar espatas duplas ou simplesmente não apresentar espatas.

Espata

Espata

Pode acontecer de plantas florescerem com espatas secas ou com espatas verdes. Nestes casos, é bom conhecer a espécie para saber se ela floresce com espata seca ou verde, pois o orquidófilo mais desavisado poderá remover uma espata assim e acabar perdendo uma floração.

Mais fotos

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Entender nossas orquídeas é um grande passo para cultivá-las corretamente. Desta forma, elas irão viver e não apenas sobreviver.

Referências

  • orquideassemmisterio.blogspot.com.br
  • wikipedia.org

Abraços!

Morfologia: as raízes das orquídeas

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Em sua maioria aéreas, as raízes das orquídeas não apresentam raízes primárias, ou seja, raízes centrais de onde brotam outras raízes secundárias, como árvores. As orquídeas apresentam apenas as raízes secundárias, as quais brotam diretamente do caule e, ocasionalmente, de outras raízes. Sua principal característica é a presença de um tecido especial chamado velame.

Velame

O velame é uma espécie de esponja para as orquídeas, pois apresenta espaços e canais microscópicos em seu interior, onde usualmente aloja-se um fungo conhecido como micorriza (clique aqui para ler sobre), responsável pela decomposição da matéria orgânica presente no meio em que as epífitas vivem em sais minerais que podem ser absorvidos pelas plantas. Entretanto, o fungo micorriza, na grande maioria das orquídeas adultas, não representa sua fonte principal de nutrientes.

Morfologia: as raízes das orquídeas
Velame para todo lado!

O velame também evita que as raízes expostas sequem com mais facilidade e, por ser um tecido altamente especializado, realiza a absorção de água ou umidade do ar. Possui uma textura e consistência papirácea ou esponjosa, de cor esbranquiçada. É facilmente identificado, pois quando quebramos uma raiz viva, ele representa toda a estrutura que circunda a pequena e fina parte funcional da raiz, onde passam os feixes vasculares.

Forma

As raízes das orquídeas variam em espessura dependendo da espécie. Aliás, a própria estrutura das raízes diferencia-se muito entre as orquídeas de acordo com o local e a maneira onde crescem. Nas epífitas são, em geral, bem desenvolvidas, sendo robustas e cilíndricas enquanto aéreas e achatadas após aderirem ao substrato. As rupícolas também apresentam uma boa estrutura, porém mais finas e curtas, já que em seu habitat elas se limitam ao espaço em que estão alocadas, como pequenas porções de substrato existentes nas fissuras de rochas onde vivem. Já nas terrestres, as raízes normalmente encontram-se espessadas em pequenas ou grandes estruturas parecidas com tubérculos esféricos e longamente cilíndricos, servindo de reserva de nutrientes e água, substituindo os pseudobulbos nesta tarefa.

orquideas.eco.br - Morfologia: as raízes das orquídeas
A ponta de uma raiz: meristema subapical e coifa

A ponta, em geral, é esverdeada, pois ali é a região de crescimento da raiz chamada meristema subapical. Ele é subapical porque não fica na ponta da raiz e sim envolvido por uma camada protetora que funciona como uma capa chamada coifa.

Papel

As raízes se orientam pela umidade. E isto não é por acaso. Elas desempenham o papel de depósito de nutrientes e água. Assim, ajudam as orquídeas a reterem e acumularem o material nutritivo que se deposita em suas bases. Também são, em alguns casos, órgãos clorofilados capazes de realizarem fotossíntese durante os períodos em que as plantas perdem as folhas ou, em outros casos, de orquídeas que não possuem folhas, apenas rudimentos foliares.

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As raízes desta Seidenfadenia mitrata busca seu caminho pela casca de madeira

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Mas também pode ficar no ar, sem problemas

orquideas.eco.br - Morfologia: as raízes das orquídeas
Raízes de Seidenfadenia mitrata, entrando na madeira

orquideas.eco.br - Morfologia: as raízes das orquídeas
As raízes desta Seidenfadenia mitrata chegam a entalar nos buracos da madeira

orquideas.eco.br - Morfologia: as raízes das orquídeas
E são capazes de seguir os veios, sulcos e buracos

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Nas caixetas, elas fazem diversos caminhos

A durabilidade das raízes varia em função dos fatores ambientais, mas geralmente é inferior à duração dos caules. Novas raízes costumam brotar durante ou no final do período de crescimento vegetativo da planta.

Curiosidade

Algumas orquídeas, como os Catasetum e os Grammatophyllum, podem desenvolver mais uma especialização em suas raízes. Em geral, essas plantas possuem raízes mais grossas utilizadas para fixação e absorção de água e nutrientes. Entretanto, também desenvolvem raízes finas, que curiosamente crescem no sentido contrário ao do substrato, formando uma estrutura semelhante a um ninho. Esta estrutura provavelmente devem ter a função de manter um ambiente mais úmido perto da planta, além de aproveitar a matéria orgânica em decomposição que se deposita ali.

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Raízes de Coryanthes, formando ninhos e indo para cima

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Esta caixeta foi tomada por raízes!

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Novas raízes de uma Acampe

Plantio

O tamanho da raiz nos dá uma grande dica de que tipo de substrato você deverá utilizar no plantio. A regra é simples: orquídeas de raízes mais finas podem ser plantadas em substratos mais finos; já as orquídeas de raízes médias preferem substratos mais grossos; por fim, as orquídeas de raízes mais grossas em geral gostam de substratos formados por pedaços maiores e bem arejados.

Lembre-se: cultivar orquídeas é cultivar raízes!

Entender nossas orquídeas é um grande passo para cultivá-las corretamente. Desta forma, elas irão viver e não apenas sobreviver.

Referências

  • orquideassemmisterio.blogspot.com.br
  • wikipedia.org
  • fcorquidofilia.com.br

Abraços!

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