Vasos

Depois de tanto falar sobre substratos é hora de falar um pouco sobre qual vaso é o mais indicado para sua orquídea, afinal, são assuntos complementares.

Antes de mais nada, se você perdeu a série sobre substratos, que tal dar uma olhada nos links abaixo?

Fatores que influenciam a escolha de um vaso

Beleza? Preço? Bom, depende muito de onde você quer chegar. Se você considerar estes fatores antes de considerar a espécie, o clima, o substrato e a praticidade, talvez você esteja pensando de forma errada.

É importante, antes de mais nada, conhecer a espécie que você irá cultivar ou transplantar para saber o tipo de substrato que irá utilizar (artigos citados acima) e o clima da região que você vive, para saber como irá tratar a umidade do vaso. Em um segundo plano, o tempo de dedicação que você irá dispor à sua coleção também é importante. Eu explico: se você não tiver tanto tempo disponível, talvez prefira vasos que, em conjunto com o substrato, irão manter sua orquídea em condições ideais por mais tempo. Em outras palavras, irá manter a umidade por mais ou menos tempo.

Tamanho dos vasos

– Ah, vou plantar em um vaso bem grande e não precisar replantá-la mais.

Errado. Sabem, eu pensava assim também. Ledo engano.

Antes de mais nada, quanto maior o vaso, mais substrato você irá usar. Normalmente este material não é barato, se você usar um de qualidade. Se você vai se tornar colecionador de quantidade, ira ser muito, mas muito caro.

Se você pensa que assim irá passar um longo período sem replantá-la, você corre riscos. Os substratos que utilizamos hoje tem validade. Substratos antigos podem liberar elementos em uma quantidade danosa à planta e/ou ter uma alteração significativa de pH, também prejudicial à planta. A não ser que você efetue o plantio em pedra, claro. Mas lembre-se que mesmo assim você deverá ter cuidados com o acumulo de sais.

Com o vaso maior, a planta terá mais dificuldades na fixação física e na absorção de elementos da adubação. Das duas uma: com as raízes mais espaçadas, o aproveitamento será menor. Se o orquidófilo compensar com mais adubo, irá perder dinheiro com o excesso de adubo e ainda correrá o risco de intoxicar a planta.

O ideal é sempre replantar sua orquídea em um vaso um pouco maior do que a planta em si. Mas apenas um pouco maior. Vamos analisar as imagens abaixo:

orquideas.eco.br - vasos
Vaso que ainda não precisa de replante

No exemplo acima temos algumas plantas. Apesar de parecer que elas necessitam de mais espaço, ainda é possível que elas passem outra temporada nos vasos onde elas se encontram. Claro, se o substrato estiver apto para mais este tempo sem o replante.

orquideas.eco.br - Raízes
Esta sim parece que precisa de um vasinho maior 🙂

Nesta imagem notamos que as raízes estão saindo do vaso, inclusive com partes aéreas. Neste caso o replante é quase uma obrigação. Orquídeas gostam de ficar apertadas nos vasos, mas aí já é um exagero.

Qual modelo usar?

Existem vários tipos de vasos, vou comentar sobre os mais comuns.

Plástico

Amplamente usado pelos comerciantes, tem a característica de reter mais a umidade, sendo indicado para regiões secas e quentes. É de fácil reutilização, bastando lavá-lo e esterilizá-lo. Por outro lado, é um vaso leve, que necessita de uma camada de brita (ou materiais equivalentes) para efetuar a drenagem e manter ele firme no lugar.

Existem vasos plásticos construídos com material transparente. Estes tem a vantagem de permitir que a luz chegue às raízes. Este modelo é recomendado para as Phalaenopsis, pois elas fazem fotossíntese pelas raízes. Os modelos mais comuns – não transparentes – podem ser usados com Cattleyas, Dendrobiuns e Oncidiuns.

Caso você opte por este modelo e necessite que ele não retenha tanta umidade, você poderá fazer furos na lateral do vaso.

Particularmente, eu não gosto. Acho que não combinam muito com o ar de naturalidade que as orquídeas trazem ao ambiente que se encontram. Só utilizo em último caso. Ou quando ainda não replantei determinada planta.

Cerâmica

Normalmente encontramos os vasos de cerâmica já com os furos laterais, direcionado a quem cultiva orquídeas. É de secagem rápida, sendo indicada para ambientes mais úmidos. Caso você opte por este vaso, terá que observar mais suas plantas para evitar que elas sofram com longos períodos de seca.

Para reutilizá-lo é mais complicado, pois deverá ser bem lavado (esfregado mesmo!) e esterilizado, pois como é poroso, tende a acumular mais impurezas em suas laterais. Antes do plantio, é interessante colocá-lo submerso para que absorva bem a água. Desta forma, quando você plantar sua orquídea, ele não irá puxar a umidade da planta, conservando-a hidratada por mais tempo.

Por ser mais pesado e de secagem rápida, não necessita de uma camada de pedras no fundo. Mesmo assim eu costumo a colocar algumas, dependendo da planta. Particularmente gosto bastante deste tipo. A maioria das orquídeas que tenho em vasos estão em vasos de cerâmica. É um bom vaso para Cattleyas.

Cachepot

Suas características são semelhantes ao vaso de cerâmica, por ser um vaso aberto e de secagem rápida. Aliás, suas recomendações de uso e de reutilização são praticamente as mesmas. O que irá mudar mesmo é a planta que você irá colocar nos cachepots. Eles são amplamente utilizados para o cultivo de Vandas, Renantheras e Ascocendas, por causa do substrato. Aliás, por causa da ausência dele!

Normalmente ficam pendurados, fornecendo boa aeração. É importante fixar bem o material que você utilizará para pendurá-los para que não aconteçam surpresas com suas orquídeas.

Aqui em casa utilizo os cachepots para minhas Masdevallias e Draculas. Aparentemente, elas tem gostado bastante!

Fibra de coco

Não vou me estender muito sobre vasos de fibra de coco. Não gosto muito deste material. Como está no mercado, não posso deixar de comentar algo sobre ele. Suas características se encaixariam em um vaso intermediário entre o de plástico e o de cerâmica. Ele não retém tanta umidade quanto o de plástico, mas possui esta característica. É leve, neutro e permite certa aeração das raízes. A reutilização dele é mais complicada, visto que a esterilização é complexa, se houver um meio de realizá-la.

Existem outras formas de vasos que não abordei aqui. Por exemplo, muitas pessoas cultivam Catasetums em garrafas PET. Como não é um cultivo que tenho experiência – aliás, matei todos nas minhas PET’s – prefiro ainda não emitir uma opinião a respeito. Outros cultivam em árvores ou em tocos. As possibilidades são infinitas. Basta criatividade e um pouco de conhecimento, você poderá utilizar muitos materiais!

Referências

  • rv-orchidworks.com
  • orchidstocoffee.blogspot.com
  • cynthiablanco.blogspot.com.br
  • blog.morumby.com.br

Abraços!

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Nascido na apaixonante cidade de Curitiba. Fã de Formula 1, trabalha com tecnologia da informação. Divide seu tempo livre entre as suas paixões: família, fotografia, aquarismo e a orquidofilia. Tem quatro gatos e uma ararajuba barulhenta.

8 COMENTÁRIOS

  1. Olá excelente matéria, apenas um correção quanto na segunda foto, aparentemente se trata de um Cattleya Valkeriana, ou Nobilior ou outra…
    Essa família tem as raízes expostas dessa forma, como consta na foto, caso vc prive de liberdade as raízes nesse tipo de planta… ela poderão morrer… em resumo a saúde delas se resume em deixar as raízes expostas….

    abraços, obrigado pelas informações.

    • Andre,

      agradeço sua mensagem. A planta da foto não é nenhuma das que você comentou e sim uma das minhas mais antigas: Schomburgkia crispa. Das 3 variedades que tenho aqui, todas são cultivadas desta forma, largadas dentro de um cachepot e sem substrato. A foto foi usada apenas como ilustração mesmo.

      Abraços

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