Eis o motivo pelo qual todos nós cultivamos orquídeas: suas flores! Alguns podem até discordar, dizendo que a planta importa tanto quanto sua flor, mas eu sou categórico em dizer que, salvo raras excessões em que o vegetal é tão lindo quanto a flor, cultivamos orquídeas para apreciar suas belas flores. E, diga-se de passagem, este não é um trabalho fácil, seja para a planta, seja para o orquidófilo. O tempo que uma orquídea pode levar para gerar uma flor pode ser bem longo, como pode ser visto no meu artigo “O longo caminho entre a semente e a flor da orquídea“.
A natureza, sábia, já pensa um pouco diferente de nós. Se cultivamos as orquídeas pela beleza de suas flores, as orquídeas as geram com a finalidade de perpetuar a espécie, gerando descendentes. Este processo, de alta complexidade, demanda esforço e energia, exigindo muito mais da planta e, por isto, devemos entender todo este processo e dar a devida atenção à ele.
A família das orquídeas é uma das que apresenta o maior espectro de variação floral. Geralmente apresentam flores hermafroditas, mas podem apresentar flores exclusivamente masculinas ou femininas em alguns gêneros. O tamanho das flores também varia bastante, podendo ser milimétrica, do tamanho da cabeça de um alfinete, ou grande o suficiente para ser maior que sua mão aberta. Suas cores variam bastante também, muitas vezes mesclando várias cores, sendo ainda mais atraentes. Veja alguns exemplos:
As flores normalmente apresentam simetria bilateral, possuindo seis tépalas, sendo que estas estão divididas em duas camadas. As três mais externas são chamadas de sépalas e as três mais internas são as pétalas. Uma das pétalas, a inferior, é chamada de labelo.
As tépalas variam bastante no formato e tamanho, podendo até se apresentar parcialmente ou inteiramente unidas em alguns casos. É o caso dos Paphiopediluns, que possuem a sépala dorsal completamente diferente das outras duas laterais, que são fundidas formando uma só. Essa sépala é colorida e curvada por cima do labelo, formando um copo, protegendo-o da entrada de água. Confira na imagem abaixo:
Labelo
O labelo é a pétala dorsal que, por uma torção de 180° no botão floral (ressupinação), termina por posicionar-se numa posição ventral, embora em certas orquídeas isto não ocorra. O labelo diferencia-se das outras pétalas, podendo ser bastante simples e parecido com as outras pétalas ou apresentar calos, lamelas ou verrugas, com formatos e tamanhos variados, até bastante intrincados com cores diversas e contrastantes. Isto se dá por um motivo muito nobre: o labelo também tem a função de ser o chamariz da orquídea para seus polinizadores. Normalmente ele se encontra-se em posição oposta aos órgãos reprodutivos, e utiliza sua forma e suas cores para guiar o polinizador de forma a que ele entre em contato com a antera e carregue as polínias por meio de calos na sua superfície. Além disso, o labelo pode produzir odor, guiando insetos pelo olfato em direção aos órgãos sexuais da flor. O labelo ainda pode secretar néctar, que é um atrativo para certos polinizadores. Quando o labelo é altamente especializado, ele pode simular a cor e a forma de uma abelha fêmea, atraindo os machos da espécie e fazendo com que eles copulem com a flor, carregando as polínias para outra flor e assim efetuando a polinização. A observação das estruturas e padrões do labelo é uma das maneiras mais simples de reconhecer as diferentes espécies de orquídeas.
Órgãos reprodutivos
O androceu e o giniceu, orgãos reprodutivos das orquídeas, encontram-se reduzidos e fundidos em uma estrutura central chamada coluna, ginostêmio ou androstilo. A quantidade de estames varia de acordo com a subfamília, mas a maioria apresenta apenas o estame central funcional, com os dois outros atrofiados ou ausentes. Assim como o labelo, a coluna ajuda muito na identificação das orquídeas.
Seu pólen normalmente está aglomerado em uma massa firme e cerosa denominada polínea, porém pode estar também agrupado em uma massa pastosa ou, em alguns casos, soltos. As políneas podem ter várias cores e tamanhos e ficam penduradas em uma haste chamada caudículo ou estipe. De acordo com sua estrutura, ficam presas por um disco viscoso chamado viscídio, coladas por um líquido espesso secretado pelo rostelo. A maioria das espécies epífitas apresenta uma pequena capa recobrindo as polínias, denominada antera. O estigma é normalmente uma cavidade na coluna, onde as polínias são inseridas pelo agente polinizador. O ovário é ínfero, tricarpelar e possui até cerca de um milhão de óvulos.
É importante entender que a complexidade das orquídeas é tamanha que o gasto energético que uma orquídea despende ao produzir suas flores é altíssimo. Plantas que não se encontram saudáveis também podem florescer, até por um impulso de preservação da espécie, mas você deverá decidir se levará a floração adiante, pois isto poderá resultar na morte da planta. Em casos assim, aconselha-se eliminar a floração e fortalecer a planta.
Referências
- orquideassemmisterio.blogspot.com.br
- Jardim Botânico do Rio de Janeiro
- wikipedia.org
- Malena Barretto
Abraços!
Olá , gostei muito de conhecer seu site pois estou começando com as orquideas e quando um assunto me interessa quero aprender tudo sobre ele e aqui estou fazendo isso .. Muito obrigada por passar seu conhecimento para nós ..
Rose, muito obrigado pelas palavras!
Estou sempre tentando passar o pouco que aprendo, pois julgo importante para que as pessoas cultivem melhor suas plantas.
Abraços