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Classificação das orquídeas por habitat: as saprófitas e as humícolas

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Por fim, as menos comuns e, por assim dizer, alvos de muita discussão ainda.

Orquídeas saprófitas

As orquídeas saprófitas são extremamente raras. Desprovidas de clorofila, nutrem-se de restos vegetais ou animais em decomposição. Em uma das classificações atuais, apenas uma orquídea pode ser considerada saprófita, a Rhizanthella gardneri. Mesmo assim, muitos a consideram um parasita e não saprófita). Esta orquídea foi coletada pela primeira vez na Austrália, em 1928. Ela é tão interessante que as vezes floresce dentro do solo.

Esquecendo um pouco o fato que alguns consideram apenas a Rhizanthella gardneri como saprófita, plantas assim possuem raízes do tipo rizoma, curtas e grossas. Vivem no subsolo em simbiose com fungos. Geralmente não possuem folhas, porém, quando estas aparecem são numerosas e “escamiformes” (em forma de escama), saindo da haste floral e protegendo a emas. Sua florescência é em forma racêmica. Normalmente soltam de cinco até dezesseis hastes florais, que brotam do chão rijas, com as flores protegidas por um invólucro. São encontradas na Austrália, Norte da África, Ásia Ocidental e sul da Europa, em solos bastante ricos por decomposição de pinheiros e carvalhos.

Rhizanthella gardneri
Rhizanthella gardneri só com a flor exposta
Rhizanthella gardneri só com a flor exposta
Rhizanthella gardneri e sua parte escondida no solo
Rhizanthella gardneri e sua parte escondida no solo

As saprófitas são motivo de muita discórdia entre os orquidófilos. Muitos costumam classificar suas plantas como saprófitas mesmo quando estas possuem clorofila e, portanto, realizam fotossíntese. Isto biologicamente é um erro. Outros preferem usar o termo humícola que, biologicamente e conceitualmente não está errado (assim como saprófita), mas não serve para designar algumas espécies de orquídeas que não se encaixam muito bem nesta classificação. E onde elas se encaixam?

Orquídeas humícolas

Mais afinal, o que são orquídeas humícolas? Como podem ser parecidas com as saprófitas? Bom, o conceito é bastante parecido, porém as orquídeas humícolas são aquelas que se nutrem a partir de matéria orgânica em decomposição mas que, ao contrário das saprófitas, possuem clorofila e realizam fotossíntese.

Olhando sua estrutura, podem ser confundidas com orquídeas terrestres, mas a principal diferença está na orientação e forma radicular. As orquídeas humícolas sempre apresentam raízes extremamente grossas e que se orientam, em geral, paralelamente ao solo, sempre encobertas pela camada de serrapilheira das matas, não se aprofundando mais do que alguns poucos centímetros no solo.

Um exemplo de orquídea humícola seria o gênero Chloraea. Mas vai ter gente falando que é terrestre e aí a discórdia começa…

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Chloraea bletioides
Chloraea longipetala
Chloraea longipetala
Chloraea alpina
Chloraea alpina

Glossário do orquidófilo

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Nós, meros mortais, que nos aprofundamos no estudo da orquidofilia por hobby, normalmente (ou sempre) esbarramos em termos que até então não conhecíamos. São muitos os termos que, para aqueles que não são oriundos de uma área de formação relacionada à Biologia, acabam por confundir mais do que ajudar. Pensando nisto, eis um pequeno glossário voltado aos orquidófilos.

É simples, mas sempre ajuda.

Em tempo: este texto será atualizado constantemente.

A

  • Abaxial – face inferior ou dorsal das folhas;
  • Acume – ponta aguda e comprida;
  • Acuminado(a) – agudo(a), aguçado(a), pontiagudo(a); terminado(a) em, ou provido(a) de acume, folha terminando gradualmente em ponta;
  • Adaxial – face superior ou ventral das folhas;
  • Adnato – ligado a alguma coisa de que parece fazer parte, que nasce junto de; fusão de diferentes partes, como labelo e coluna;
  • Adsorção – adesão (fixação) de moléculas de um fluido (o adsorvido) a uma superfície sólida (o adsorvente);
  • Aecial – estado esporifico dos fungos destinado à multiplicação zigótica;
  • Agente polinizador – ave ou inseto que fecunda a flor;
  • Alba ou albina – variedade de flor branca, sem pigmentação, podendo ter nuances amarelos na fauce;
  • AM – “Award of Merit“, prêmio de mérito, segunda maior premiação dada pela American Orchid Society e outras sociedades orquidófilas a plantas com qualidade de flor avaliada entre 79,5 e 89,4 pontos;
  • Anamórfico – estado assexuado, conidial ou clonal dos fungos;
  • Androceu – conjunto dos órgãos masculçinos da flor, conjunto dos estames;
  • Antera – porção dilatada, sacular, que se acha no ápice do filete do estame e que encerra os grãos de pólen;
  • Antracnose – infecção fúngica caracterizada por manchas de coloração castanha-marrom, arredondadas ou irregulares, sobre as folhas ou pseudobulbos;
  • AOSAmerican Orchid Society, sociedade orquidófila dos EUA, com sede na Flórida, com mais de 550 sociedades afiliadas. Edita mensalmente a revista “Orchids“;
  • Apiculado – provido de apículo, ponta aguda, rija e curta;
  • Aquinada – diz-se das Cattleya e Laelia que apresentam as pétalas manchadas, lembrando a Cattleya intermedia var. Aquini;
  • Assimbiótico – processo de germinação de sementes, criado por Knudson em 1922, em laboratório, em que as sementes são introduzidas dentro de um frasco esterilizado contendo micronutrientes, onde não é necessária a presença do fungo micorriza, para germinar e se desenvolver. Quando bem executado, pode-se obter milhares de plantas com uma única cápsula de sementes.

B

  • Bainha – bráctea protetora que envolve, total ou parcialmente, o escapo floral, quando ainda em formação, protegendo-o até que o mesmo esteja em condições de irromper de seu interior. Também conhecida por espata;
  • Bifoliada – que apresenta duas folhas num só pseudobulbo;
  • Botão – a flor antes de desabrochar; pode ser usado também para a pequena saliência que nos vegetais dá origem a novos ramos, folhas ou flores;
  • Bráctea – folha geralmente modificada, em cuja axila nasce uma flor ou uma inflorescência;
  • Bulbo – na orquídea, o que chamamos de bulbo chama-se pseudobulbo, pois o bulbo na realidade é um órgão que na maioria das plantas, fica abaixo do solo;
  • Bulbo traseiro – um velho pseudobulbo, frequentemente sem folhas, simpodial, que ainda está vivo e pode ser usado para propagação de uma nova planta ecomo reserva de nutrientes para o restante da planta.

C

  • Cálice – invólucro exterior da flor periantada, composto por sépalas livres ou concrescidas/fundidas, total ou parcialmente;
  • Cápula – o fruto que contém as sementes das orquídeas, frequentemente com milhares e até mesmo milhões de sementes;
  • Catafilo – cada uma das duas folhas opostas de uma plântula, muitas vezes escamiformes e aclorofiladas, situadas acima dos cotilédones e abaixo das folhas propriamente ditas, mais simples que as folhas características da planta. As escamas de certas gemas, bulbos e rizomas também podem ser chamadas de catafilos;
  • Caule – parte de uma planta que suporta as folhas e as flores, com forma, organização e dimensões extremamente variáveis;
  • CBR – “Certificate of Botanical Recognition“, prêmio da AOS dado apenas uma vez a uma orquídea espécie quando é pela primeira vez apresentada em flor;
  • CCM – “Certificate of Cultural Merit“, prêmio da AOS dado ao cultivador de uma muito bem tratada planta de orquídea;
  • CHM – “Certificate of Horticultural Merit“, prêmio da AOS dado a uma espécie de interesse acima dos padrões dos cultivadores;
  • CITES – sigla de “Convention on International Trade in Endangered Species“, ou Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, acordo internacional que relaciona as espécies de plantas e animais consideradas em perigo de extinção e as regras que controlam ou proíbem seu comércio;
  • Clamidosporo – célula especial rica em nutrientes e de paredes espessas produzida por algumas espécies de fungos, destinada a resistir a condições ambientais adversas;
  • Cleitogamia – polinização que ocorre antes da flor desabrochar;
  • Cleistogâmica – flor que realiza autopolinização, sem estar aberta inteiramente;
  • Clone – todas as diversas manifestações vegetativas (divisões, propagação meristemática, etc…) de uma única planta de orquídea, cultivada originalmente de uma só semente;
  • Coalescência – junção de várias manchas ou lesões, normalmente fúngicas, formando uma área maior e contínua;
  • Colo – parte da planta situada entre a haste principal e as raízes, no nível do solo;
  • Coluna – nas orquídeas, estrutura constituída pelo concrescimento de filetes e estigmas. Orgão sexual, localizado na parte superior do labelo, podendo ou não ser envolvida por este. Órgão que se projeta do centro da flor da orquídea e que é o resultado da fusão dos órgãos, masculino (estame) e feminino (pistilo). É uma importante característica para a identificação das orquídeas;
  • Conidial – estado assexuado, anamórfico ou clonal dos fungos;
  • Coriáceo – de consistência e aspecto semelhante de couro;
  • Coroa – a parte central da roseta de folhas de uma orquídea monopodial, como Phalaenopsis, da qual novos brotos se elevam;
  • Corola – invólucro floral, por dentro do cálice, geralmente a parte mais vistosa das flores, de cores variadas, formada por um ou mais segmentos livres ou concrescidos, as pétalas;
  • Cromossomo – corpúsculo em que se divide o núcleo celular no curso da mitose; cada espécie vegetal ou animal possui um número constante de cromossomos, que transmitem os caracteres hereditários de cada ser e constituem unidades definidas na formação do novo ser;
  • Cruzamento – a progênie que resulta da transferência de pólen de uma planta para a flor de outra; o ato em si;
  • Cultivar – em orquídeas, uma planta específica cultivada de uma única semente; deve ser designada com aspas simples em seu nome. Ex.: Cattleya labiata var. ametistina ‘Canoinha’;
  • Cultura de tecidos – técnica de laboratório que consiste em fazer novas plantas mediante propagação de tecidos meristemáticos; micropopagação meristemática, merismática.

D

  • Decídua – diz-se da planta cujas folhas caem em certa época do ano ou após amadurecimento, com novas brotações após um período de repouso;
  • Descanso hibernal – descanso vegetativo da planta;
  • Diandras – planta que apresenta dois estames no androceu da flor;
  • Diplóide – planta com duas séries cromossomas, também conhecida como 2N;
  • Divisão – forma de obter novas plantas pelo corte do rizoma de uma orquídea simpodial (ex. Cattleya) em partes contendo pseudobulbos e rizomas, com gemas vivas, ou corte de uma parte superior do tronco de uma orquídea monopodial (ex. Vanda);
  • DOG – “Deutsche Orchideen Gesellschaft“, Associação Alemã de Orquídeas, que atribui, em ordem de valor, medalhas de ouro (GM), prata (SM) e bronze (BM) às plantas julgadas;
  • Dormência – um período de entorpecimento e repouso durante o qual não ocorre crescimento vegetativo, comumente após um período de crescimento ou a perda de folhas; normalmente requer temperaturas mais baixas e menos água.

E

  • Ectoparasita – parasita que se situa na parte externa do hospedeiro;
  • Ensiforme – em forma de espada;
  • Epífita – diz-se de uma planta que vive sobre outra, mas sem parasitá-la, ou seja, sem retirar dela nutrientes, que lhe são providos pela chuva, pelo ar e detritos disponíveis. Pode viver sobre outros tipos de suporte. Que vive sobre árvores usando-as apenas como hospedeiro; Ver post sobre orquídeas epífitas clicando aqui;
  • Equitante – diz-se das folhas conduplicadas quando as mais velhas envolvem as mais novas da mesma gema ou do mesmo broto (a palavra vem do latim equitare, cavalgar, montar sobre), como no conhecido Oncidium equitans, agora renominado como Tolumnia, ou na Maxillaria equitans (ex Marsupiaria matogrossensis);
  • Escapo floral – inflorescência;
  • Esfagno – musgo de água e que é um ótimo substrato para o desenvolvimento de plantas mais novas, pois ele mantém umidade por mais tempo e geralmente não produz fungos; Ver post sobre esfagno clicando aqui;
  • Espata – bráctea protetora que envolve total ou parcialmente, o escapo floral, quando ainda em formação, protegendo-o até que o mesmo esteja em condições de irromper de seu interior. Também conhecida como bainha. Bráctea que fica na base de uma inflorescência, em geral membranosa, que protege a flor em botão;
  • Espécie – conjunto de plantas ou outros seres vivos muito semelhantes que parecem ter um ancestral tão próximamente relacionado que suas características definitivamente os separam de qualquer outro grupo; várias espécies formam um gênero. Indivíduo representativo de uma classe, de um gênero, de uma espécie, etc; pode indicar também a espécie que tipifica um gênero;
  • Espermogonio – órgão produtor dos gametas sexuais masculinos;
  • Esporos – formação geralmente unicelular e uninuclear, capaz de germinar em condições determinadas, reproduzindo, vegetativa ou assexuadamente, o indivíduo que o formou; propágulo dos fungos;
  • Estame – órgão masculino da flor, onde se encontram a antera e os sacos polínicos, que encerram os grãos de pólen;
  • Estigma – cavidade existente na parte inferior da coluna, embaixo da antera, preenchida de uma substância gelatinosa, que recebe as políneas para a fertilização (parte feminina da flor);
  • Estômato – estrutura microscópica existente na epiderme das folhas e caules, constituída basicamente de duas células que se afastam e se aproximam, permitindo uma abertura pela qual se efetuam trocas gasosas entre a planta e o meio e absorção de água ou sua exsudação.

F

  • Fauce – extremidade do tubo do labelo. Abertura do tubo da corola, do labelo em orquídeas;
  • FCC – “First Class Classification”, o mais alto prêmio para qualidade de flor dado pela AOS, para plantas avaliadas entre 89,5 e 100 pontos. Este prêmio surgiu na RHS, que o mantém até hoje;
  • Ferrugem – infecção causada por determinados fungos, caracterizados por altas taxas de reprodução; no herbário do Instituto Biológico de S.Paulo existem mais de 11.000 espécies de ferrugens coletadas no Brasil;
  • Filiformes – em forma de fios;
  • Fimbriado – em forma de franja, principalmente com relação a segmentos finamente recortados;
  • Flabelado – em forma de leque; flabeliforme;
  • Flâmea, Flameada – diz-se da flor que apresenta as pétalas coloridas, da cor de chama, imitando o labelo; é um tipo de pelória;
  • Flor – órgão da planta adaptado à reprodução sexuada em que o pólen proveniente da parte masculina (estame) que é transferido para o ovário da parte feminina (pistilo ou estigma) para que se dê a fecundação e surjam então as sementes;
  • Florífera – diz-se de planta que floresce frequentemente;
  • Folha “terete” – folhas ‘terete’ são folhas cilíndricas e engrossadas, com aparência tipo uma cebolinha, para colocar em termos práticos. São uma adaptação comum ao xerofitismo (adaptação a áreas secas = xericas). Em plantas como Brassavola e Leptotes ainda ha um sulco na folha, equivalente ao sulco central em Cattleyas, Laelias etc… Outras espécies, como por exemplo Papilionanthe teres (ex Vanda teres), muito cultivada no Brasil, são completamente cilíndricas, sem qualquer evidencia de sulco (Cássio Van Den Berg);
  • Fonte de inóculo – tecidos ou órgãos de plantas sobre os quais os fungos produzem propágulos de disseminação e dispersão;
  • Forma lepto – ferrugem que produz teliosporos hialinos os quais germinam sem qualquer período de repouso;
  • Fotosíntese – síntese de materiais orgânicos a partir de água e gás carbônico, quando a fonte de energia é a luz, cuja utilização é mediada pela clorofila;
  • Frasco – vasilha, normalmente de vidro transparente, usado para germinação de sementes ou micropropagação de meristemas de orquídeas (e outras plantas) em laboratório;
  • Fusiforme – com a forma de fusos (bobinas), como alguns pseudobulbos.

G

  • Garganta – a parte mais interna de um labelo tubular de orquídea;
  • Gênero – subdivisão de uma família que agrupa espécies muito próximas. O nome do gênero vem em primeiro lugar na designação latina de uma planta. Um conjunto de orquídeas ou outros seres classificados juntos porque apresentam características similares e um presumível ancestral comum; há cerca de 900 gêneros naturais de orquídeas e cerca de 600 outros intergenéricos, poucos nativos, a maioria feitos pelo homem;
  • Gineceu – a parte feminina da flor; conjunto de pistilo, que por sua vez é formado de ovário, estilete e estigma;
  • Ginostêmio – órgão central, em forma de coluna, das flores das orquídeas, constituído pela junção do estame e do pistilo;
  • Grex – termo usado para referir toda a progênie de um específico cruzamento.

H

  • Habitat – lugar onde um determinado organismo vive ou habita;
  • Haste – parte da planta que sustenta alguma outra;
  • Haste floral – longo ramo desprovido de folhas que parte da base da planta e é guarnecido de flores;
  • HCC – “Highly Commended Certificate”, Certificado de Altamente Recomendável, o menor dos três prêmios para qualidade de flor dados pela AOS, para plantas avaliadas entre 74,5 e 79,4 pontos;
  • Herbário – coleção de espécimes de plantas que passaram por um processo de prensagem e secagem, ordenadas de acordo com um determinado sistema de classificação e disponíveis para referências e outros fins científicos;
  • Hialino – destituído de cor, transparente;
  • Híbrido – a progênie (descendência) resultante da união de duas diferentes espécies (o que seria um híbrido primário), ou de uma espécie e um híbrido, ou de dois híbridos (um híbrido complexo). É o resultado do cruzamento entre espécies, subespécies ou outros híbridos, dando origem a uma nova planta que apresenta a junção das características dos pais que a geraram;
  • Híbrido natural – aquele que ocorre na natureza, sem interferência do homem;
  • Hifas – qualquer filamento de um micélio;
  • Higrófito – vegetais adaptados à vida em ambientes de elevado grau de umidade.

I

  • In situ – locução latina que significa “no lugar”;
  • In vitro – cultivo assinbiótico, em meio estéril (sem o fungo micorríza);
  • Inflorescência – qualquer sistema de ramificacão (racimo, panícula ou escapo) terminado em flores. Cacho ou espiga agrupando flores;
  • Intergenérico – cruzamento entre dois ou mais gêneros, resultando um híbrido intergenérico.

J

  • JC – “Judges’ Commendation”, recomendação dos juízes, prêmio dado pela AOS para planta especial e/ou para flores muito características;
  • JOGA – “Japanese Orchid Growers Association”, Associação Japonesa dos Cultivadores de Orquídeas, que reúne orquidófilos do Japão.

K

  • Keiki – são plântulas que emergem nas hastes florais ou mesmo na base de determinados gêneros, como Phalaenopsis e Dendrobium, inicialmente com folhas e raízes, que, com determinado tamanho, podem ser retiradas e replantadas, constituindo uma nova planta. A palavra tem origem no Havaí e se pronuncia “quêiqui”.

L

  • Labelo – é a terceira, a maior e mais colorida pétala de uma flor de orquídea, modificada pela evolução num labelo (com a forma de lábio) quase sempre um atrativo campo de aterrissagem para polinizadores;
  • Lanceolada – folha larga no meio, atenuando-se para as extremidades, em forma de lança;
  • Linear – folha estreita com bordas paralelas;
  • Litófita, litófila – orquídea ou outra planta que cresce ou se desenvolve sobre rochas; rupreste, rupícola; Ver post sobre orquídeas rupícolas aqui;
  • Lobo, lóbulo – recorte pouco profundo e arredondado;
  • Lobos laterais – os dois lobos de cada lado do lobo central de um labelo trilobado;
  • Lumem, lux – unidades de medida de intensidade luminosa.

M

  • Mandaiana – diz-se da variedade de Laelia purpurata que não apresenta estrias na fauce, normalmente de cores suaves no labelo;
  • Mericlone – uma cópia exata de uma orquídea, salvo alterações genéticas, feita em laboratório pela técnica de propagação de tecidos meristemáticos; como um cultivar, deve ter seu nome escrito entre aspas simples;
  • Meristema – divisão clonal de uma planta, também chamada micropropagação ou cultura de tecido. Para utilizar este método, necessita-se de um ótimo microscópio esteroscópio para facilitar a propagação do núcleo meristemático da orquídea. A escolha da planta é fundamental para iniciar este método. Tecido que se caracteriza pela ativa divisão de suas células e que produz as novas células necessárias ao crescimento da planta; ex. gemas, pontas de raiz e outros. Pode ser usado como sinônimo de mericlone;
  • Meristemagem – técnica de laboratório que consiste em fazer novas plantas mediante propagação de tecidos meristemáticos; micropopagação meristemática, merismática;
  • Micélio – talos dos fungos, composto de filamentos, ditos hifas, destituídos de clorofila;
  • Micorriza – fungo que vive em simbiose com vários tipos de plantas, geralmente em suas raízes e que ajuda na conversão de alimento das plantas, existe em grande quantidade na raiz das orquídeas e além da conversão, esteriliza a semente propiciando as condições necessárias a sua germinação e desenvolvimento até chegar a um tamanho em que possa se desenvolver sozinha. Associação íntima de raízes de uma planta com as hifas de determinados fungos, necessária à germinação simbiótica de sementes de orquídeas;
  • Microcíclica – ferrugem de ciclo curto que produz somente espermogônios e teleosporos ou apenas teleosporos;
  • Microesclerócio – grupo de células ou de hifas enoveladas, formando um corpúsculo compacto, produzido por certas espécies de fungos, destinado a resistir a condições ambientais adversas;
  • Mitose – divisão celular em que o núcleo forma cromossomos e estes se bipartem, produzindo dois núcleos filhos com o mesmo patrimônio original;
  • Monofoliada – que apresenta apenas uma folha por pseudobulbo;
  • Monandra – diz-se da planta que apresenta um só estame no androceu da flor;
  • Monopodial – crescimento da planta somente na direção vertical. Tipo de ramificação em que o eixo principal mantém-se retilíneo e uniforme, gerando ramos menores que ele; ex. Vanda, Phalaenopsis, etc;
  • Multiflora – que apresenta muitas flores; multifloral.

N

  • Néctar – líquido açucarado que as orquídeas e outras plantas segregam em várias partes, denominadas nectários;
  • Nectário – estrutura glandular que produz néctar, podendo ser de diversos tipos, localizados na flor (nectários florais) ou fora delas (nectário extraflorais);
  • Nematóide – verme cilíndrico que apresenta espécies capazes de parasitar plantas;
  • Nidoepífitas – Esse termo foi inventado por Hoehne ao descrever as espécies que desenvolveram uma combinação específica de raízes; a Miltonia cuneata é um ótimo exemplo. Crescem nos topos dos troncos das árvores, depois da bifurcação principal, produzem raízes finas;
  • – um ponto de junção ou encaixe, numa inflorescência, caule ou pseudobulbo, de onde podem emergir uma haste floral, folhas ou mesmo raízes; o espaço entre dois nós consecutivos é chamado de entrenó;
  • Nomenclatura – vocabulário de nomes; Ver post sobre nomenclaturas das orquídeas clicando aqui, aqui ou aqui;
  • Nomenclatura binominal – expressão de dois nomes, em latim ou grego latinizado, método científico de nominar seres existentes, com o primeiro termo (com inicial maiúscula) um substantivo significando o gênero e o segundo um adjetivo (com inicial minúscula) significando a espécie. Deve ser grafado em itálico. Ex.: Homo sapiens, Canis domesticus, Cattleya labiata, Tyrannosaurus rex.

O

  • Oblongo – folha com base e ápice arredondados;
  • Obtuso – folha terminando num vértice arredondado;
  • Orquidácea – Provavelmente a família com o maior número de plantas. Algumas epífitas, outras rupícolas e as terrestres, rizomatosas na sua maioria;
  • Ovário – a parte do pistilo que contém óvulos;
  • Ovóides – de forma oval;
  • Óvulo – unidades contidas no ovário, a célula ovo que se transforma na semente.

P

  • Panduriforme – que tem formato de viola ou violino. Ex. Coelogyne pandurata;
  • Panícula – inflorescência do tipo cacho composto, em que os ramos vão crescendo da base para o ápice, assumindo uma forma aproximadamente piramidal;
  • Patógeno – organismo que tem a habilidade de produzir doenças;
  • Pedicelo – haste que suporta uma flor (e mais tarde um fruto) numa inflorescência; o mesmo que pedúnculo;
  • Pelória – anomalia vegetal, comum nas orquídeas, em que uma flor zigomorfa (com um só plano de simetria, simetria bilateral) mostra tendência a se tornar actinomorfa (com várias simetrias radiadas, ou seja, que permite sejam traçados vários planos de simetria); ex. típico: Cattleya intermedia var aquini;
  • Pelórico – que apresenta pelória; peloriado;
  • Pétala – segmento que compõe a corola, invólucro floral por dentro do cálice; podem ser livres ou concrescidas e geralmente formam a parte mais vistosa da flor, com cores as mais variadas; em orquídeas, os três segmentos que se posicionam entre as três sépalas, um deles modificado como labelo;
  • Picnídeo – estrutura globosa e microscópica onde são produzidos os esporos de alguns fungos;
  • Plântula – pequena planta recém-nascida; uma orquídea nova, que ainda não floriu; seedling;
  • Polínias ou políneas – grãos de pólen ou massa de consistência gelatinosa, cerosa ou granulosa (parte masculina da flor). Políneas ou polínias são as massas agrupadas de pólen comuns nos grupos mais avançados de orquídeas. São geralmente associadas a outras estruturas peculiares de orquídeas. Na ponta da coluna você encontra as anteras como uma ‘cápsula’ branca com pequenas subdivisões ‘caixas’ dentro das quais se formam as polínias. Ao conjunto de polínias chamamos polinário. Em Cattleya e Laelia ha um pequeno apêndice, amarelo, originado do tecido das polínias, que se chama ‘caudículo’ e que adere ao inseto polinizador. Em outros grupos tais como Oncidium, Catasetum, Zigopetalum, Stanhopea, Maxillaria, Vanda, Phalaenopsis etc. estas caudículas são quase inaparentes e há uma estrutura diferente, como uma pequena haste alongada, geralmente branca e originada de tecido da Coluna e não da Polínia… Este é chamado estipe. Na sua extremidade oposta as polínias freqüentemente ha um outro tecido aderente, que é chamado viscidio e ajuda a esta estrutura toda (polinário + estipe + viscidio) aderir ao polinizador. Grupos mais primitivos, tais como Sobralias, Epistephium e Cleistes e muitas outras terrestres tem o pólen granuloso ou farináceo e mais ou menos solto, ao invés de agrupados em massas (Cássio Van Den Berg);
  • Pólen – espécie de fina poeira que esvoaça das anteras das plantas floríferas e cuja função é fecundar os óvulos, representando, assim, o elemento masculino da sexualidade vegetal;
  • Poliplóide – planta com um número de séries de cromossomas maior que dois e que normalmente apresenta flores com ganho de tamanho e forma;
  • Propagação vegetativa – a criação de novas plantas mediante divisão (corte) formação de keikis, ou métodos meristemáticos, mas não por semente;
  • Propágulo – qualquer estrutura, conjunto de células ou mesmo gemas especiais que servem à propagação ou multiplicação vegetativa de uma planta; organela de reprodução;
  • Pulverolento – coberto ou cheio de pó; semelhante a pó;
  • Parasita – vegetal que suga a seiva de outro vegetal, o que não acontece com as orquidáceas;
  • Protótipo – original, modelo exemplar mais perfeito;
  • Pseudobulbo – bulbo ou parte da planta, que armazena água e substâncias nutritivas.

R

  • Racimo – inflorescência indefinida na qual as flores são pedunculadas e se inserem no eixo a distância considerável umas das outras; o mesmo que racemo ou cacho;
  • Raiz – órgão de fixação do vegetal ao solo ou onde esteja ancorado, por onde retira água e nutrientes, com variáveis morfologias interna e externa; no caso das orquídeas epífitas, as raízes não absorvem nutrientes dos hospedeiros;
  • Raiz nua – método para despachar uma orquídea, retirada do vaso e com as raízes limpas de substrato;
  • Raízes aéreas – que se desenvolvem no ar, emitidas por caules aéreos. Sua funções são freqüentemente, a de segurar a planta a árvores ou a outros suportes e a de absorver unidade do ar;
  • Reniforme – com a forma de rim;
  • Ressupinado – órgão ou segmento vegetal que está invertido em relação à posição normal; em orquídeas, aquelas flores cujos labelos estão posicionados para baixo em relação ao eixo da inflorescência;
  • Ressupinar – ato ou efeito de tornar ressupinado; no caso da grande maioria das orquídeas, o labelo está voltado para cima dentro do botão da flor;
  • Ressupinação – movimento que a flor faz, de até 180º, antes de abrir-se, colocando o labelo em posição horizontal;
  • RHS – “Royal Horticultural Society”, a Real Sociedade Horticultural, que reúne orquidófilos e cultivadores de outras plantas no Reino Unido e que mantém hoje o registro de híbridos de orquídeas, talvez a única família botânica com a grande maioria de seus híbridos registrados;
  • Rizoma – caule carnudo da planta que une os pseudobulbos. Pode estar no subsolo ou na superfície do solo nas espécies terrestres, ou ainda nas epífitas que ficam na superfície da casca da árvore. Caule que se desenvolve horizontalmente, sobre o solo ou substrato, de onde emergem os pseudobulbos das orquídeas simpodiais;
  • Rostelo – parte estéril do estigma das orquídeas que se projeta em ponta;
  • Rupestre – orquídea ou outra planta que nasce ou se desenvolve sobre rochas; litófila, rupícola;
  • Rupícola – orquídea ou outra planta que nasce ou se desenvolve sobre rochas; litófila, rupestre; ex. Laelia rupícolas. Planta que vegeta sobre as pedras. Veja também sobre litófitas. Ver post sobre orquídeas rupícolas aqui.

S

  • Saprófita – planta que retira o alimento de organismos mortos. São raríssimas. A primeira orquídea foi coleta em 1928 na Austrália, trata-se da Rhizanthella gardneri; Ver post sobre orquídeas saprófitas aqui;
  • Saprófito – organismo que vive da matéria orgânica morta;
  • Seedling – planta nova. Período que varia do nascimento da semente, até à 1ª floração. Plântula, uma orquídea nova ainda não florida;
  • Self – orquídea obtida pela fertilização da mesma flor, aplicando-se o seu pólen sobre o próprio estigma;
  • Semi-alba – variedade de orquídea com pétalas e sépalas brancas e labelo colorido;
  • Sépala – segmentos que compõem o invólucro exterior (cálice) da flor periantada, podendo ser livres (cálice dialissépalo), como em Cattleya, ou fundidos total ou parcialmente em uma só peça (cálice gamossépalo), como em Paphiopedilum, Masdevalia e outras;
  • Sépala dorsal – aquela que se posiciona na parte superior da orquídea;
  • Sépala lateral – aquelas duas que se apresentam nos lados, apontando para baixo, formando um triângulo com a sépala dorsal, na maioria das orquídeas;
  • Septo – parede que separa os segmentos das hifas ou de esporos dos fungos;
  • Sibling – orquídea resultante de um cruzamento selecionado de plantas da mesma sementeira;
  • Simbiose – processo de propagação das plantas, na natureza, em que o embrião das sementes, é atacado pelo fungo micoriza, que vive em simbiose nas raízes. Esse fungo transforma a água, o ar e os detritos que são depositados nas raízes, em elementos nutritivos para que as sementes germinem;
  • Simbiótico – processo de propagação das plantas na natureza em que o embrião das sementes é atacado pelo fungo micorriza;
  • Simpetalia – fenômeno de concrescimento de pétalas em maior ou menor extensão;
  • Simpodial – crescimento da planta em dois sentidos(horizontal e vertical). Tipo de ramificação lateral em que o eixo não prevalece, sendo substituído por outro ramo, que, posteriormente, será substituído por outro, horizontalmente, de forma mais irregular que na ramificação monopodial; no caso das orquídeas, o tipo de crescimento dos rizomas que, após crescimento de um pseudobulbo e sua floração, abrem uma gema na base do pseudobulbo e iniciam novo crescimento, sempre seguindo horizontamente, em frente ou irregularmente;
  • Sinsepalia – fenômeno de concrescimento de sépalas em maior ou menor extensão;
  • Sistêmico – assim são chamados os inseticidas, fungicidas e outros pesticidas que, quando aplicados, são absorvidos pelas folhas e vegetações, atuando de dentro da planta;
  • Sphagnum – musgo d’água (ótimo substrato, por manter a umidade por mais tempo) e não proliferar fungos; Ver post sobre sphagnum aqui;
  • Substrato – material onde se plantam as orquídeas o meio, o material ou mistura de materiais usado para se plantar uma orquídea, envolvendo suas raízes e onde essas podem se desenvolver adequadamente; no Brasil, são mais comuns o xaxim em fibra (raízes de samambaia), esfagno (musgo), coxim (fibras de coco), cascas de pinhos e outras madeiras, piaçava ou piaçaba (fibras de folhas de determinadas palmeiras) pedaços de carvão, cascalho fino, etc. Para orquídeas terrestres e rupícolas há outros substratos, que incluem terra, areia, compostos orgânicos etc. Ver minhas postagens sobre substrato clicando aqui;

T

  • Teleosporo – tipo de propágulo (esporo) dos ficomicetos que possui a capacidade de se movimentar na água;
  • Terete – folhas ‘terete’ são folhas cilíndricas e engrossadas, com aparência tipo uma cebolinha, para colocar em termos práticos. São uma adaptação comum ao xerofitismo (adaptação a áreas secas = xericas). Em plantas como Brassavola e Leptotes ainda ha um sulco na folha, equivalente ao sulco central em Cattleyas, Laelias etc… Outras espécies, como por exemplo Papilionanthe teres (ex Vanda teres), muito cultivada no Brasil, são completamente cilíndricas, sem qualquer evidencia de sulco. Que tem forma cilíndrica, redonda; teretiforme;
  • Tereticaule – que tem caule cilíndrico. Ex. Vanda teres, hoje reclassificada como Papilionanthe teres;
  • Teretifoliado – que tem folhas de seção circular;
  • Terrestre – plantas que vegetam na terra, em orquídeas, aquelas que vivem no solo ou no pouco substrato, normalmente detritos vegetais, sobre o solo;Ver post sobre orquídeas terrestres clicando aqui;
  • Tetraplóide – planta com quatro séries de cromossomas, também conhecida como 4N e que normalmente apresenta flores com ganho de tamanho e forma;
  • Triplóide – planta com três séries de cromossomas, também conhecida como 3N e que dificilmente pode ser cruzada;
  • Túnica – invólucro exterior livre, membranoso ou fibroso, que envolve vários tipos de bulbo.

U

  • Unguiculado – de forma semelhante à unha;
  • Unifoliada – que apresenta apenas uma folha por ramo ou, em orquídeas, no pseudobulbo;
  • Urediniosporo – esporo clonal ou assexual das ferrugens.

V

  • Variedade – uma subdivisão de uma espécie que agrupa plantas com uma forma diferenciada que se transmite à progênie;
  • Vaso coletivo – muitas plântulas, ou “seedlings”, plantadas junto num único vaso, antes de atingir um tamanho que permita serem replantadas individualmente;
  • Velame – células de paredes espessadas e cheias de ar, absorventes, que envolvem as raízes das orquídeas epífitas e que têm um papel protetor e também de reservatório de água; velâmen;
  • Viscoso – que tem visco, que é pegajoso, grudento; o mesmo que visguento e víscido;
  • Virasole – produto utilizado para eliminar vírus em orquidáceas, segundo Malavolta (Instituto Botânico do Estado de São Paulo).

X

  • Xaxim – tronco de determinadas samambaias arborescentes, cuja massa fibrosa é utilizada como substrato para cultura de orquídeas e outras plantas. Ver post sobre xaxim clicando aqui;
  • Xerófito – vegetais adaptados, morfológica ou fisiologicamente, à vida em ambientes secos.

Referência

  • damianus.bmd.br

Abraços!

Substratos para orquídeas – Materiais inertes

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Substratos (5) – Materiais inertes

Materiais inertes? Que raios é isso?

Um substrato inerte seria aquele que não sofre variação ou não reagem com os elementos ao seu redor. Pelo menos deveriam ser assim.

Bom, já falei sobre o xaxim, a fibra de coco, o musgo e madeiras em geral. Todos eles tem suas propriedades no que se diz respeito à umidade e retenção de nutrientes. Mas utilizar apenas estes materiais (a exceção do xaxim, claro, por ser proibido) não é limitar e condicionar a planta a uma situação que poderia ser um pouquinho melhor? Ou mais econômica para o dono dela?

Sim. Você não irá montar um vaso apenas com musgo ou com fibras. Torna-se caro. E talvez a planta não se adapte só àquele substrato. Precise de alguma variação, aquilo que dê liga, que dê areação, secagem, umidade, ou simplesmente o controle necessário ao micro-habitat que ela se encontra.

Eu ia finalizar esta série de artigos falando das misturas que temos disponíveis por aí. Mas pensando bem, acho importante mostrar certos elementos que podem ser utilizados em conjunto com outros substratos para auxiliar o orquidófilo na tarefa de aclimatizar a planta da melhor maneira possível.

Alguns materiais inertes utilizados pelos orquidófilos são: cacos de cerâmica (telhas e vasos), pedras (brita, cascalho, seixos e ardósia), argila expandida, isopor e carvão vegetal. Estes materiais são normalmente usados em complemento a algum outro elemento no vaso. Se usado como substrato principal, deve-se redobrar a atenção com as regas e fertilizações, já que os materiais inertes tendem a secar rapidamente e não segurar o adubo por muito tempo. Além disto, é sempre bom efetuar a limpeza do material a ser utilizado para evitar a proliferação de fungos e bactérias. Uma boa fervida ou o tratamento com cloro deve resolver.

Carvão vegetal

Facílimo de achar, já que nada mais é do que o bom e velho carvão do churrasco de final de semana. Deve ser utilizado novo, pois o usado tem suas propriedades químicas alteradas e certamente prejudicará a planta. Bom para locais de clima úmido, pois não retém umidade. É ineficiente na retenção de adubo, mas tende a acumular sair com o tempo, sendo necessária lavagem periódica igual a que fazemos quando há acumulo de sais nos vasos, ou seja, uma boa ducha com água limpa. Leve, não dá sustentação à planta. É um excelente elemento para se utilizar em conjunto com substratos que retenham umidade, caso haja necessidade. Dura cerca de dois anos. Após este período satura em sais minerais e começa a esfarelar.

Brita, dolomita, cascalho e seixo

Brita nada mais é do que a pedra que utilizamos nas construções. É facilmente encontrada e ajudam no enraizamento das plantas. Em contrapartida, retém sais, sendo necessária lavagem de vez em quando para evitar a queima das raízes. Algumas possuem muito cálcio, podendo prejudicar algumas espécies de orquídeas. Possui durabilidade indeterminada, pseudo-eterna :).

Cacos de cerâmica

Obtidos das mais diversas fontes, como por exemplo vasos e telhas. Sempre utilizar materiais novos, pois os antigos podem estar contaminados por fungos e bactérias. Bastante porosos, retém umidade e adubo, além de serem bastante arejados. Entretanto, secam rapidamente. Fornecem uma boa sustentação à planta. Duram em média 5 anos, porém, acredito que possam durar bem mais se conservados corretamente.

Aqui eu dou uma dica: vá a uma cerâmica que fabrique aqueles vasos furados para orquídeas. Normalmente eles também cozinham as sobras destes vasos furados (as rodelinhas) e colocam à venda. Tem a vantagem de ser uma cerâmica nova (nunca usada) e em um formato interessante para o uso.

Ardósia

Basicamente, possui as mesmas qualidades e defeitos da brita. Entretanto, possui ferro, podendo ser interessante para o cultivo de orquídeas como as Laelias mineiras e outras rupícolas.

Isopor

Extremamente leve, normalmente é usado como dreno em vasos. Particularmente eu não gosto muito, como sou meio desajeitado, faz muita sujeira comigo. Não gosto de ficar caçando bolinhas de isopor. Não retém umidade nem adubo, porém, a planta se agarra bem nele por ser levemente rugoso.

Argila expandida

Utiliza o mesmo princípio que comentei das rodelinhas dos vasos de orquídeas, já que é sobra de material das cerâmicas. Retém umidade e adubo.

Perlita

Este estou colocando pois algumas pessoas o sugeriram. Perlita é um mineral de origem vulcânica que quando aquecido a altas temperaturas expande de quatro a vinte vezes o seu volume original. É leve, neutro, com alta capacidade de retenção de líquidos e adubos. Mas a grande sacada da perlita é a areação que ela fornece. Além disto, é interessante por conter alguns elementos como alumínio, silício, ferro, magnésio, cálcio, sódio e potássio. Devido a retenção de sais, sua durabilidade é de aproximadamente um ano.

Vermiculita

Equivalente a perlita, destaca-se pela retenção de líquidos. Deve-se evitar porque algumas jazidas estão contaminadas com amianto, prejudicial a nossa saúde. O certo é conhecer bem a procedência do produto.

Referências

  • aorquidea.com.br
  • jsalmazo.blogspot.com.br

Abraços

Adubação de orquídeas – o que são macronutrientes e micronutrientes

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Estes dias comentei com vocês como eu realizava a adubação de minhas plantas. Agora é hora de falar sobre os nutrientes propriamente ditos.

Este é um tema muito abrangente. Existem variáveis a serem consideradas que demandam dias de pesquisa e muito cuidado na escrita. Um exemplo disto é como o pH da água influencia a absorção de cada nutriente pela planta. Antes de chegarmos neste ponto, acho válido escrever um pouco sobre a importância de cada nutriente para a orquídea.

Antes de mais nada, vale lembrar que temos os seguintes macronutrientes e micronutrientes:

  • Macronutrientes – nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S);
  • Micronutrientes – boro (B), cloro (Cl), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), cobre (Cu) e zinco (Zn).

De certa forma, é difícil determinar o papel de cada nutriente em uma determinada planta. Primeiro, existem coleções com milhares de plantas, cada uma com características próprias e diferentes daquela do vaso ao lado. Depois, cada elemento pode desempenhar mais de um papel para a fisiologia da planta.

Tomando como base o mais conhecido, o nitrogênio, sabemos que ele é indispensável para a síntese de proteínas. Contudo, ele também é um constituinte de fosfolipídios, de algumas vitaminas e da clorofila. Ou seja, várias funções para o mesmo nutriente. Com o agravante que não basta o nitrogênio estar ali, é necessário condições para que todos os papéis sejam realizados a contento, como a qualidade da água, quantidade e tempo de iluminação, entre outros.

Como vocês podem ver, este assunto é muito mais complexo do que apenas colocar água no regador, dosar uma medida de adubo e simplesmente regá-las.

O conhecimento dos elementos utilizados e sua função torna-se primordial para aqueles que desejam ter coleções mais vigorosas e sucesso no cultivo.

Aqui vai um resumo de cada nutriente e suas funções:

Macronutrientes

  • Nitrogênio – O nitrato (N03) é a forma de nitrogênio predominantemente absorvida pela planta nas condições naturais. O nitrogênio é importante no metabolismo de compostos como aminoácidos e proteínas, amidas, amino açúcares , purinas, pirimidinas e alcaloides. Excetuando-se a água, nenhuma outra deficiência é tão dramática nos seus efeitos para a planta, quanto a de nitrogênio. A clorose geral e o estiolamento são os sintomas mais característicos da deficiência de nitrogênio na planta. O crescimento é atrasado e lento e as plantas têm aparência raquítica. O fruto é freqüentemente muito colorido. As partes mais maduras da planta são as primeiras a ser afetadas porque o nitrogênio é translocado das regiões mais velhas para as mais novas em crescimento. Por outro lado, um excesso de N no meio (solo ou solução nutritiva) faz com que a planta vegete muito, produza poucos frutos ou sementes e armazene menos carboidratos. Para complementar o que é fornecido pelo solo em quantidade insuficiente recorre-se aos fertilizantes nitrogenados; entre os naturais estão os estercos e tortas e as próprias plantas (adubo verde); entre os adubos produzidos pelo homem aparecem os amoniacais (sulfato de amônio), os nitratos (de sódio, de cálcio, de potássio) os nítrico-amoniacais (nitrato de amônio) e os amídicos (ureia).
  • Enxofre – Nas condições naturais de solo é absorvido pelas raízes predominantemente como So4 2-; as plantas podem, porém, absorver também S orgânico de aminoácidos, S02 (gasoso) pelas folhas e até mesmo enxofre elementar (como S “molhável” finamente dividido) e também pelas folhas e frutos. Além de fazer parte de alguns aminoácidos e de todas as proteínas vegetais, o S desempenha outras funções: como é ativador enzimático, como SH é grupo ativo de enzimas e de coenzimas (ácido lipólico, tiamina, biotina) na fotossíntese participa da síntese da clorofila, da absorção de C02 , da atividade da carboxilase e de ribulose -2P e de reações de fosforilação; é essencial ainda no processo de fixação do N2 pelas leguminosas nodulares.
  • Fósforo – Os papéis fundamentais do P na vida da planta são a sua participação nos chamados compostos ricos de energia, de que é exemplo mais comum o trio-fosfato de adenosina, ATP, produzido nas fosforilações oxidativas e fotossintéticas e, em menor grau, nas que se dão ao nível de substrato. O ATP, participa das reações de síntese e desdobramento de carboidratos (inclusive do amido), de síntese de proteínas, de síntese e desdobramento de óleos e gorduras, do trabalho mecânico, da absorção salina. Assim como o N, o fósforo se redistribui facilmente na planta, em particular quando sobrevêm a sua falta; as folhas mais velhas das plantas carentes em P mostram a princípio uma coloração verde-azulada, podendo ocorrer tonalidades roxas nelas e no caule. O fósforo é o elemento que mais limita a produção das culturas. O crescimento é reduzido e, em condições de deficiência severa, as plantas ficam anãs. Os principais fertilizantes fosfatados comerciais são os “superfosfatos” , fosfatos de amônio e nitro fosfatos. Os fertilizantes também são obtidos pela extração de rochas fosfáticas e de depósito espessos de guano (fezes de aves marinhas, ricas em fósforo, derivado do peixe da qual se alimenta).
  • Potássio – O K é absorvido da solução do solo como K+ e é conduzido pela corrente transpiratória. Cerca de meia centena de enzimas são ativadas pelo K, algumas delas especificamente. O K participa em fases diversas do metabolismo: reações de fosforilação, síntese de carboidratos, respiração, síntese de proteínas. Além disso o nível de K nas células-guardas regula a abertura e o fechamento do estômato.A carência de K, prejudica o transporte de carboidrato da folha para outros órgãos da planta. A alta concentração de K nos tecidos de plantas terrestres se explica em parte pelo seu papel na regulação da viscosidade do citoplasma e pela sua baixa afinidade por ligantes orgânicos. Os sintomas de carência de K se manifesta primeiramente nas folhas mais velhas como clorose e depois necrose das pontas e das margens. O crescimento é abaixo do normal e em condições severas os ramos terminais e laterais podem morrer.
  • Cálcio – É absorvido do solo como Ca 2+. O cálcio faz parte da lamela média e ativa diversas enzimas.
    Desempenha outros papéis como: regulação da permeabilidade da membrana citoplasmática, neutralização de ácidos tóxicos, desenvolvimento e funcionamento de raízes, germinação do grão de pólen e desenvolvimento do tubo polínico. O transporte do cálcio no xilema está sobre controle metabólico e no floema é praticamente imóvel, em conseqüência, quando há falta desse elemento, as regiões de crescimento (gemas, ápice de raízes) são as primeiras a ser afetadas. As folhas mais novas mostram clorose e as gemas podem morrer. Em pH ácido o cálcio aparece em baixos teores no solo, elevando-se o pH e conseqüentemente neutralizando-se a acidez, aumenta-se a saturação em cálcio do solo.
  • Magnésio – É absorvido do solo como Mg 2+. Altas concentrações de K+ no substrato (solo ou solução nutritiva) inibem competitivamente a absorção do magnésio a ponto de causar deficiência. Por outro lado, p Mg é essencial para a absorção do P. Além de fazer parte da clorofila o Mg é ativador de enzimas que são “ativadoras de aminoácidos” , que catalisam o primeiro passo da síntese proteica  Diferente do cálcio o Mg é facilmente translocado no floema para regiões novas de crescimento ativo. Como conseqüência é nas folhas mais maduras que os sintomas de deficiência primeiro aparecem sob a forma de clorose.

Micronutrientes

  • Boro – Até hoje não se conseguiu isolar um composto sequer vital para a planta que contenha boro (B); do mesmo modo não se conseguiu identificar nenhuma reação crucial para o metabolismo que somente ocorra na presença deste elemento. Mesmo assim, o boro, pertence a lista dos elementos essenciais, por satisfazer o critério indireto de essencialidade. Na ausência do boro, os pontos de crescimento são afetados e podem morrer. Os tecidos parecem duros, secos e quebradiços. As folhas podem tornar-se deformadas e o caule rachado. O florescimento é afetado severamente e quando ocorre a frutificação estes freqüentemente apresentam sintomas semelhantes aos encontrados no caule. O B é essencial para a formação da parede celular, para a divisão e aumento no tamanho das células, para o funcionamento da membrana citoplasmática. A presença do boro facilita, ainda,o transporte dos carboidratos. Da mesma forma que o Ca é praticamente imóvel no floema e por isso quando há deficiência a gema terminal morre e as folhas mais novas se mostram menores, amareladas e muitas vezes deformadas. A matéria orgânica constitui a fonte imediata de boro para as plantas, libertando o elemento no processo de sua mineralização.
  • Cloro – O Cl não entra na constituição de nenhum composto orgânico tido como essencial. É necessário para a fotólise da água. Os sintomas de sua deficiência causa murchamento, bronzeamento e necrose em folhas de muitas espécies, tendo sido pela primeira vez demonstrado os sintomas de sua de sua deficiência em plantas de tomate. Não se conhece no campo a ocorrência da falta de cloro, o que, pelo menos em parte, é devido à precipitação do “sal cíclico”, isto é, cloreto de sódio que o vento traz do mar e a chuva deposita no solo em quantidade suficiente para atender as necessidades da planta.
  • Cobre – É absorvido como Cu +2. Não é redistribuído apreciavelmente pelo floema e por isso os sintomas de carência se mostram primeiramente nas folhas novas: murchamento, cor verde-azulada, deformação do limbo e depois clorose e necrose em manchas irregulares. É ativador de enzimas de óxido-redução que oxidam fenóis e que participam do transporte de elétrons na respiração e fotossíntese. Tem participação indireta na fixação do N2.
  • Ferro – As plantas absorvem o ferro do solo na forma bivalente, Fe +2. No xilema o Fe encontra-se principalmente como quelato do ácido cítrico. Não se distribui pelo floema: o sintoma típico de falta de ferro é uma clorose das folhas novas cujas nervuras formam uma rede fina é verde contra o fundo verde-amarelado do limbo.
    Além de ser componente estrutural de citocromos o ferro ativa enzimas ou faz parte de coenzimas que entram em reações as mais diversas da planta: formação da clorofila, transporte eletrônico na fotossíntese, fixação do N2, desdobramento da H2O e síntese proteica.
  • Manganês – Além de ativar enzimas muito diversas, o manganês participa do transporte eletrônico na fotossíntese e é essencial para a formação da clorofila e para a formação, multiplicação e funcionamento dos cloroplastos.
  • Molibdênio – É o micronutriente menos abundante no solo e que na planta aparece em menor concentração. O molibdênio está diretamente ligado ao metabolismo do N. A carência de molibdênio se manifesta como amarelecimento das folhas seguido do enrolamento do limbo.
  • Zinco – O zinco é necessário para a síntese de triptofana que depois de várias reações, produz o ácido indolilacético (AIA), além disso o zinco regula a atividade da ribonuclease que hidrolisando o RNA, causa diminuição na síntese proteica  A carência de zinco provoca o encurtamento dos nós em algumas plantas. O florescimento e a frutificação podem ser muito reduzidos e a planta inteira pode se tornar anã e deformada.

Claro que existem outros elementos a serem considerados nesta salada da tabela periódica. Da mesma forma, algumas plantas podem não necessitar de um ou mais elementos já listados acima.

Um exemplo disto é o sódio, normalmente não exigido por plantas verdes, mas extremamente necessário para certas plantas halófitas (terrestres adaptadas a viver perto do mar).

Em um outro exemplo, o selênio é geralmente tóxico as plantas. Entretanto, certas plantas em solos ricos nesse elemento, não somente acumulam e toleram altas concentrações mas podem até ter uma certa necessidade dele.

Como podemos notar, cada planta tem sua necessidade. Muitos orquidófilos não costumam adubar suas plantas e elas estão lindas. Eu mesmo não o fazia até pouco tempo atrás. Mas depois que comecei a fornecer estes elementos a elas, notei uma grande melhora em sua fisiologia e também nas floradas.

Cabe a cada um decidir a melhor forma de conduzir sua coleção.

Nos próximos textos sobre adubação, irei comentar a influencia do cloro presente na água quando irrigamos nossas plantas e em que o pH influencia neste processo.

Referência

  • portalsaofrancisco.com.br

Abraços!

Morfologia: a inflorescência das orquídeas

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Entender nossas orquídeas é um grande passo para cultivá-las corretamente. Desta forma, elas irão viver e não apenas sobreviver.

Neste quarto artigo da série sobre a morfologia das orquídeas, chegamos à parte que mais interessa à grande maioria das pessoas: as flores. Entretanto, não vou falar delas diretamente neste momento. Antes de falar das flores, é importante conhecer outra estrutura diretamente ligada à elas: suas inflorescências.

A inflorescência é a parte da orquídea em que se localizam as flores. Normalmente consiste em um prolongamento semelhante ao caule provido de folhas modificadas chamadas brácteas (clique aqui para ler mais sobre a morfologia das folhas e o que são brácteas). Nas axilas destas brácteas localizam-se as flores. Elas variam de acordo com a espécie, podendo ter de uma a algumas centenas de flores. De certa forma, o termo inflorescência diz respeito à tudo que envolve a forma como as flores serão apresentadas pela orquídea, ou seja, tem relação com a quantidade de flores em uma haste, a posição em que essa haste surge, a disposição em que essa haste se encontra e se ela produz flores indefinidamente ou de forma definida.

Forma

Uma inflorescência pode ter apenas uma flor ou centenas de flores, formando cachos sensacionais. Além disto, as inflorescências nas orquídeas podem variar, entre outras coisas, em relação a sua forma.

Posição

Em relação à posição das inflorescências, elas podem ser apicais, laterais ou basais. Nas orquídeas apicais, as inflorescências saem do topo dos caules. Já nas laterais, as inflorescências saem de uma gema lateral do caule. Por fim, nas basais, as inflorescências saem de uma gema na base do caule ou do nó mais próximo ao rizoma – ou do próprio rizoma. Estas hastes podem ser eretas, pendentes ou podem crescer em direção ao substrato e saírem por baixo dos recipientes de cultivo, como as Stanhopeas:

1091 - Stanhopea lietzei var. straminea (33)
Inflorescência basal em uma Stanhopea
orquideas.eco.br - glossário orquidófilo
Inflorescência apical em um híbrido

Forma da inflorescência

A forma das inflorescências também é bastante variada, sendo simples ou ramificadas. Além disto, elas podem ser racemosas ou paniculadas, formando corimbos ou umbelas, com flores simultâneas ou abrindo em sucessão, ao longo da inflorescência ou brotando sempre no mesmo local.

Racemo

Rácemo, racemo, racimo ou cacho é um tipo de inflorescência em que os pedicelos (estrutura originada da modificação do caule responsável pela sustentação e condução de seiva para as flores) das flores se inserem em diversos níveis no eixo comum, a ráquis (eixo central de estruturas biológicas ramificadas), atingindo diferentes alturas, e cujas flores se abrem sucessivamente na extremidade do ramo, conforme este vai crescendo, de maneira que as flores mais velhas ficam mais afastadas do ápice. Seu crescimento é indeterminado.

orquideas-eco-br-racemo
Racemo

Em alguns casos, quando o racemo é claramente visível, tal pode refletir-se no nome científico da planta.

1122 - Brassia Rex
Brassia Rex e sua inflorescência racemosa

Panícula

Panícula é um tipo de inflorescência que se caracteriza por um cacho (racemo) composto em que os ramos vão decrescendo da base para o ápice, razão porque assume forma piramidal.

orquideas-eco-br-panicula
Panícula
Oncidium Twinkle e sua inflorescência paniculada
Oncidium Twinkle e sua inflorescência paniculada

Corimbo

Corimbo é um tipo de inflorescência aberta, racemosa, na qual o eixo é curto e os pedicelos das flores são longos, inserindo-se a diferentes alturas do eixo. O comprimento de cada pedicelo floral é tal que todas as flores do corimbo abrem a um mesmo nível.

orquideas-eco-br-corimbo
Corimbo

Umbela

Umbela é um conjunto de flores que partem os pedicelos, iguais, do eixo central, com formato de um guarda-chuva. Pode ser simples ou composta.

orquideas-eco-br-umbela
Umbela simples
orquideas-eco-br-umbela-composta
Umbela composta
orquideas-eco-br-bulbophyllum-guttulatum-x-rothschildianum
Bulbophyllum guttulatum x rothschildianum: umbela

Espiga

Espiga é um tipo inflorescência de flores sésseis ao longo de um raquis (eixo da inflorescência). Quando o eixo é grosso e carnoso, a inflorescência chama-se de espádice.

orquideas-eco-br-espiga
Espiga simples
orquideas-eco-br-espiga-composta
Espiga composta
orquideas-eco-br-bulbophyllum-elassonotum
Bulbophyllum elassonotum: espiga
orquideas-eco-br-bulbophyllum-lilacinum
Bulbophyllum lilacinum: espiga

Outras estruturas

Algumas espécies apresentam estruturas perenes, que servem apenas para floração. É o caso de algumas Masdevallias, por exemplo. As flores apresentam brácteas em sua base, porém muitas vezes reduzidas em tamanho. Por outro lado, outra apresentam brácteas grandes, como em algumas espécies do gênero Eria e Cyrtopodium.

Como curiosidade, a inflorescência das espécies do gênero Dimorphorchis pode estender-se por quase cinco metros com flores espaçadas em quase um metro. Já a inflorescência das Octomeria mede poucos milímetros de comprimento.

orquideas-eco-br-oncidium
Que tal o tamanho da haste deste Oncidium?

Referências

  • orquideassemmisterio.blogspot.com.br
  • funghiitaliani.it
  • wikipedia.org

Abraços!

Etimologia, pronúncia e nomenclatura das orquídeas (1)

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Etimologia, pronúncia e nomenclatura das orquídeas (1)
Etimologia, pronúncia e nomenclatura das orquídeas (1)

Muitas dúvidas pairam sobre quem está iniciando no hobby sobre como nomear corretamente sua planta. Não é uma tarefa fácil nem difícil, apenas necessita de um pouco de dedicação para que os conceitos e a fonética sejam entendidos corretamente. A pronúncia é difícil no começo, mas nada que o treino não resolva.

Bom, antes de mais nada é importante salientar a importância da correta identificação de uma planta. De nada adianta você ter uma coleção sem identificação alguma. Você provavelmente acabará adquirindo plantas repetidas ou trocando plantas que não são aquilo que a contra parte da negociação está esperando. Outra coisa boa de possuir uma planta corretamente identificada é poder difundir sua imagem com a nomenclatura correta. Não é raro encontrar imagens na internet, principalmente nos milhões de grupos desunidos que temos, com nomes que não correspondem às plantas fotografadas. Considero isto pior do que postar um planta sem o nome, pois acaba induzindo ao erro daquele que busca a informação e o aprendizado.

Eu mesmo devo ter plantas classificadas com erro. Infelizmente, a maioria de nós não possui um botânico ao nosso lado capaz de classificar corretamente todas as plantas que possuímos. Quando recorremos à livros, algumas vezes não encontramos a espécie a qual buscamos o nome. Quando caímos na internet, com seus fóruns e grupos, corremos o risco de ter a planta classificada incorretamente, pois podemos fornecer uma imagem que não seja a melhor para classificar uma planta ou a pessoa do outro lado interprete aquela imagem de outra forma. Enfim, erros acontecem e sempre vão acontecer.

De qualquer forma, o importante é organizar da melhor forma as plantas que você possui, certo?

Já mostrei aqui como eu organizo minhas plantas com o auxílio da rotuladora. Fora isto, tenho uma planilha com todas as plantas que possuo catalogadas com informações básicas como nome, número, tipo de vaso, tipo de substrato, origem, data de origem e mês de florada em todos os anos. É hora de entendermos como escrever corretamente o nome de uma determinada planta.

<h3<Etimologia

De acordo com as regras de nomenclatura botânica, o nome da família deve ser escrito em latim, ou seja, Orchidaceae, derivado do grego Orchis. O termo Orchis significa testículos e foi usado pela primeira vez por Theophrastus (372~287 a.C.), filósofo grego, discípulo de Aristóteles. Theophrastus comparou as raízes tuberosas de algumas orquídeas mediterrâneas com os testículos humanos. Por este motivo, desde a
Idade Média, propriedades afrodisíacas são atribuídas às orquídeas.

Latim? Bom, há um motivo para tal: padronização. Os nomes das orquídeas (e muitas outras coisas) são dados em latim ou grego clássico por serem línguas mortas. Desta forma, serão iguais em todo o mundo e nenhuma língua viva irá prevalecer sobre ela.

Pronúncia

Isto gera alguns problema na hora da pronúncia. Eu mesmo vivo falando errado, passando a maior vergonha na frente das pessoas que entendem melhor este assunto. Alguns exemplos:

  • O encontro de vogais ae pronuncia-se e – exemplo: Laelia -> Lélia;
  • O encontro de vogais oe pronuncia-se e – exemplo: Coelogyne -> Celogine;
  • O encontro de consoantes ch pronuncia-se k – exemplo: pulchelum -> pulkelum;
  • O encontro da consoante e vogal ti pronuncia-se ci, exceto quando precedido de s, t ou x – exemplos: Constantina -> Constancia, Neofinetia -> Neofinecia, Bletia -> Blecia, Comparettia -> Comparettia, Pabstia -> Pabistia.

Algumas regras básicas

Consoantes

– A letra x tem sempre o som cs:

xánthina -> csántina;
chrysotóxum -> chrysotócsum.

– O conjunto ch tem som de k:

chocoénsis -> kocoénsis;
Dichaea -> Dia;
Dendrochílum -> Dendrokílum.

– O conjunto ti, quando seguida de vogal, soa como ci:

Binotia -> Binócia;
Blétia -> Blécia;
martiána -> marciána.

Porém, se precedida de s, x ou t, soa mesmo como ti:

Comparéttia -> Comparettia.

– O ph soa como f:

Phragmipédium -> Fragmipédium;
Phymatídium -> Fimatídium.

Ditongos

ae e oe soam como e:

Laelia -> Lélia;
triánae -> triáne;
Coeloglóssum -> Celoglóssum;
Aeónia -> Eónia.

– Quando a e e não formam ditongos devem ser pronunciados distintamente. Neste caso deve-se colocar um trema sobre o e.

rángis, ránthes, rides.

Acentuação do latim

No latim, apenas a penúltima e a antepenúltima sílabas levam acentuação tônica, ou seja, palavras paroxítonas e proparoxítonas.

anceps -> ánceps;
Colax -> Cólax.

Localizando a sílabatônica em palavras com mais de duas sílabas

A que serve de base para localizar a tônica é sempre a penúltima:

  • Se a vogal dessa sílaba for seguida de x ou z ou de duas consoantes duplas (ll, tt) ou de duas simples (nt, sc, …), a tônica será nesta mesma sílaba. Exemplos: Bulbophýllum , Polyrhízia, chysotóxum, Scaphyglóttis, colóssus, rufescéns, flavéscens, pubéscens, nigréscens, albéscens, e outros terminados em scens.
  • Se na penúltima houver ditongo: ae -> e, oe -> e, au, eu, e, ei, oi, ui, a tônica estará também nesta sílaba, por exemplo: Promenaea -> Promenéa; Dichæa -> Dikéa, amoenum -> aménum;
  • Se a vogal da penúltima sílaba for seguida de outra vogal (da última sílaba), o acento tônico estará na antepenúltima, por exemplo: Stanhópea -> Stan-hó-pe-a; Blétia -> Blé-ti-a -> Blécia; Loddigésii -> Lod-di-gé-si-i; Neomóre -> Ne-o-mó-re-a; Cymbídium -> Cym-bí-di-um;
  • O i pode influenciar na acentuação quando estiver na penúltima sílaba. Exemplo: longipes deverá pronunciar como proparoxítona -> lóngipes. Nos compostos de color o acento deverá estar na antepenúltima. Exemplos: bícolor, díscolor, trícolor unícolor, cóncolor.
  • O sufixo inus das palavras latinas deverão ser pronunciadas como paroxítona. Exemplos: matutína, velutína, tigrínum, lilacínus. Nas palavras derivadas do grego deverão ser pronunciadas como proparoxítonas. Exemplos: cinnabárina, xánthina, tyriánthina.

Na continuação deste artigo falarei sobre a etimologia dos nomes das espécies das orquídeas, assim como sua nomenclatura botânica.

Referências

  • Questões práticas de nomenclaturas de Orquidáceas, José Gonzales Rapozo
  • Dicionário etmológico das orquídeas do Brasil, José Gonzales Rapozo
  • A etimologia a serviço dos orquidófilos, José Gonzales Rapozo
  • www.damianus.bmd.br/CursoLabiata

Substratos para orquídeas – qual o melhor?

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Substratos (7) – Resumão e considerações finais

É importante conhecer os fatores que influenciam o substrato a ser escolhido. Antes de mais nada, a planta. Se ela necessita de mais ou menos água ou aeração é primordial para saber que material usar no substrato. Outro fator é o clima na região onde ela estará plantada. Orquídeas que precisam de umidade, porém, estão em um lugar quente e seco, necessitam de um substrato que retenha mais umidade. O inverso também é valido, portanto, cuidado! Não existe mais cultivo de orquídea sem organização e preparo. Você tem que estudar e entender tudo que envolve a planta, inclusive as técnicas para proporcionar a ela a melhor ambientação possível.

Aí vem a questão: qual é o melhor substrato de todos? Vamos tentar responder esta questão no final deste artigo.

Principais propriedades de um bom substrato

Tenha em mente que um bom substrato deverá:

– Reter bem os nutrientes depois de cada adubação para liberá-lo aos poucos;
– Ser facilmente encontrado no mercado;
– Não possuir substâncias que sejam tóxicas para a planta;
– Sustentar a planta com firmeza;
– Permitir uma boa aeração para raízes;
– Reter água na quantidade ideal, sem encharcar;
– Manter o pH equilibrado;
– Durar de 2 a 3 anos, pelo menos.

E existe um substrato com todas estas características? Não. Por isto misturamos alguns elementos para chegarmos perto do substrato ideal.

Também é necessário lembrar que para utilizar um substrato são necessários alguns cuidados, como lavá-lo e esterilizá-lo (escrevi sobre isto no post sobre madeiras e afins). Também é importante realizar o que alguns chamam de “water flush”, ou seja, lavar o substrato periodicamente. Colocar o vaso embaixo de uma torneira por alguns minutos ou mergulhá-lo em um balde com água por algum tempo fará com que o substrato elimine o excesso de sais que poderiam prejudicar as raízes. Aliás, a segunda opção também fará com que pequenos animais saiam do substrato, afinal, eles precisam respirar. Por fim, adubação. Nenhum substrato é capaz de liberar tantos nutrientes quanto a planta necessita. O complemento com o adubo se torna extremamente necessário.

Novamente vem a questão: qual o melhor substrato? Calma…

Primeiro, assistam este vídeo e já voltamos ao assunto.

Agora, leiam (se ainda não leram) a minha série de artigos sobre substratos:

Substratos para orquídeas – Xaxim e sua proibição
Substratos para orquídeas – Fibra de coco
Substratos para orquídeas – Sphagnum, esfagno, musgo
Substratos para orquídeas – Cascas, lascas, troncos e madeiras em geral
Substratos para orquídeas – Materiais inertes
Substratos para orquídeas – Mix, misturas e afins

Então, depois de tudo isto, a que conclusão eu chego? Qual o melhor substrato?

Eu diria que o melhor substrato é o natural. Como assim? Ué, o melhor substrato do mundo é aquele onde a orquídea nativa está. Eu explico: quando sua semente saiu da cápsula, ao vento, procurando um lugar para iniciar um novo ciclo de vida, o lugar que ela parou e conseguiu germinar pode ser considerado um excelente substrato. Veja o empenho orquidófilos do mundo inteiro para fazer um punhado de sementes brotarem em um pequeno frasco de vidro. A natureza, sábia como só ela, consegue fazer isto naturalmente.

Preciso dizer mais? Ok, posso colocar toda a questão de outra forma: o melhor substrato para mim? Nenhum. E todos. Tudo ao mesmo tempo. Tudo dependerá de você.

Sim, tudo dependerá do tempo que você dedicará ao estudo, ao cultivo, à observação, enfim, ao aperfeiçoamento. Só assim você se tornará um excelente orquidófilo e terá plantas saudáveis, floridas e bem cuidadas.

Afinal, não é isto que buscamos?

Abraços!

Substratos para orquídeas – Mix, misturas e afins

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Substratos (6) – Mix, misturas e afins

Por fim, o tão conhecido mix.

É mix disto, mix daquilo, mix do mix, mix sem mix e por aí vai. São tantas as receitas milagrosas que muitos esquecem de um fator muito mais importante para a planta do que o próprio substrato: o lugar em que ela se encontra. De nada adianta você montar um mix que retenha umidade em um ambiente sempre úmido. Assim como de nada adianta você montar um mix de secagem ultra rápida em um lugar de clima seco.

Bom senso é primordial nestas horas. Veja só a quantidade de materiais que mostrei nos últimos 5 posts sobre substratos. Imagine que não são nada perto da imensa gama de opções disponíveis. É perfeitamente possível montar uma mistura bacana, assim como é muito provável montar algo desnecessário e até prejudicial.

Aqui eu gostaria de colocar a minha opinião: vá pelo caminho mais fácil, use as misturas consagradas. Você pode inventar uma mistura nova, usando materiais desconhecidos da grande maioria e ter sucesso. Mas a probabilidade de você matar a planta existe e deve ser considerada. Lembre-se que você está lidando com seres vivos!

Algumas misturas que você pode utilizar

Não vou falar de nomes, apesar de eu estar testando algumas marcas a convite dos fabricantes. Vou me restringir ao tipo da mistura de acordo com as necessidades da planta e a região onde você se encontra. Você poderá montá-las de acordo com sua necessidade e facilmente, visto que todos os materiais são bem fáceis de achar. Lembre-se que cada planta possui características específicas, que você deverá respeitar com o substrato.

Substrato de secagem lenta para locais de baixa umidade

O mais indicado aqui é utilizar um vaso de plástico, esfagno, isopor, brita nº 0, casca de pinus (fina), carvão em pedaços (médio) e chips de coco.

Substrato de secagem média para locais de umidade moderada

Aqui já podemos usar um vaso de barro, isopor, brita nº 0, casca de pinus (média), carvão em pedaços (médio) e chips de coco.

Substrato de secagem rápida para locais com muita umidade

Aqui é interessante usarmos vasos de barro ou caixetas, isopor em pedaços grandes, brita nº 1, casca de pinus (grossa), carvão em pedaços (médio) e chips de coco.

Substrato de secagem ultra rápida para locais com muita umidade e calor

Neste caso podemos usar tocos madeira ou casca de peroba. Pode ser utilizado sozinho ou em conjunto com algum tipo de musgo ou fibra, para dar liga e um bom “start” na planta no toquinho.

Vale lembrar que não é necessário todos os componentes juntos, mas pelo menos um para cada função, como sustentação, fixação, aeração, retenção de umidade e nutrientes.

Para alguns, nada supera o xaxim. De certa forma, eu concordo. O xaxim é fabuloso, possui qualidades que nenhum outro substrato sozinho possui. Mas vamos encarar a realidade e ser ecologicamente corretos. Estas misturas são muito boas e, de certa forma, trabalham em conjunto para tentar realizar o mesmo que o xaxim é capaz de fazer.

Tenho utilizado algumas em meus principais vasos e não posso reclamar. Vale da experiência de cada um.

E você, o que tem usado?

Referências

  • jsalmazo.blogspot.com.br

Abraços!

Classificação das orquídeas por habitat: as terrestres

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Muitos se perguntam se podemos colocar orquídeas diretamente na terra. A resposta é simples: depende.

Sim, temos orquídeas terrestres. Talvez muitas passem desapercebidas ao olhar de muitos, mas espécies interessantes podem ser cultivadas desta forma sem nenhum problema.

Orquídeas terrestres vivem no solo como plantas comuns. Suas raízes encontram-se espessadas em pequenas ou grandes estruturas parecidas com tubérculos de esféricos a longamente cilíndricos que servem de reserva de nutrientes e água e substituem os pseudobulbos presentes nas espécies epífitas. Ocasionalmente estes tubérculos separam-se da planta principal originando novas plantas. Podem ou não apresentar caules desenvolvidos e estes, diferente das epífitas, que sempre apresentam caules perenes, podem ser parcialmente decíduos. Algumas das orquídeas terrestres apresentam caules muito longos, que podem chegar a mais de seis metros de comprimento.

Seus frutos são mais finos e com paredes mais delicadas. Geralmente são triangulares, mais ou menos arredondados, com números de lamelas que variam de três a nove. Alguns são lisos outros rugosos ou mesmo cheios de tricomas, verrugas ou protuberâncias em sua superfície. Os frutos desenvolvem-se com o engrossamento do ovário na base da flor, o qual geralmente é dividido em três câmaras. Quando maduro o fruto seca e abre-se em três ou seis partes ao longo do comprimento, embora não inteiramente, mantendo-se sempre preso à inflorescência. Boa parte das sementes logo cai, depositando-se entre as raízes da planta mãe, as sementes são também amplamente dispersas com o vento por longas distâncias.

Em nossas casas, podem ser plantadas diretamente em canteiros preparados com compostos orgânicos e alguns elementos que facilitem a drenagem da água, como cascas, fibras e areia. Devido ao seu tamanho, preferencialmente plante-as em lugares espaçosos, pois estas orquídeas são normalmente grandes. Além disto, gostam de locais ensolarados para crescer, apesar de se adaptarem facilmente a outros ambientes. Isto acaba causando um efeito colateral, fazendo com que ela necessite de regas frequentes, já que gosta de umidade, principalmente nos períodos de desenvolvimento. Como estão diretamente na terra, é importante ter uma atenção especial à sua nutrição, com adubos de qualidade e um composto bem feito.

Aqui no Brasil sofremos com a falta de espécies terrestres, comparando-nos com outros países. Enquanto temos lá fora o gênero Ophrys, conhecidíssimo por suas orquídeas que parecem animais, no Brasil temos espécies mais comuns como as Arundina bambusifolia – única representante da espécie, Bletia catenulata e Epidendrum cinnabarinum – que pode ser cultivada de outras formas não terrestres.

Arundina graminifolia
Arundina graminifolia

Arundina graminifolia

Bletia catenulata
Bletia catenulata
Epidendrum cinnabarinum
Epidendrum cinnabarinum

Para deleite, o gênero Ophrys

Ophrys insectifera
Ophrys insectifera
Ophrys apifera
Ophrys apifera
Ophrys tenthredinifera
Ophrys tenthredinifera
Ophrys sulcata
Ophrys speculum
Ophrys speculum
Ophrys reinholdii
Ophrys reinholdii
Ophrys lutea
Ophrys lutea
Ophrys apifera
Ophrys apifera
Ophrys bombyliflora
Ophrys bombyliflora

Referência

  • wikipedia.org

Adubação de orquídeas – pH (potencial hidrogeniônico) e salinidade

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Como prometido, mais um pouco sobre a química que envolve os nutrientes para as plantas.

pH (potencial hidrogeniônico)

Segundo o Wikipedia, o termo pH foi introduzido, em 1909, pelo bioquímico dinamarquês Søren Peter Lauritz Sørensen (1868-1939) com o objetivo de facilitar seus trabalhos no controle de qualidade de cervejas (à época trabalhava no Laboratório Carlsberg, da cervejaria homônima). O “p” vem do alemão potenz, que significa poder de concentração, e o “H” é para o íon de hidrogênio (H+).

O pH refere-se a uma medida que indica se uma solução líquida é ácida (pH < 7, a 25 °C), neutra (pH = 7, a 25 °C), ou básica/alcalina (pH > 7, a 25°C). Uma solução neutra só tem o valor de pH = 7 a 25 °C, o que implica variações do valor medido conforme a temperatura. Em outras palavras, a temperatura é uma variável a ser considerada na hora de medir o pH. De nada adianta medirmos o pH a 10° ou a 40° e o pH resultante ser 7. Tomando como exemplo uma medição a 45°C em que o resultado do pH foi 7, a água está alcalina. A esta temperatura, o neutro está em torno do pH 6,7. Existem equações matemáticas para calcular esta variação, mas acredito que não vem ao caso aqui. Existe no mercado pHmetros capazes de realizar a compensação do valor medido automaticamente, oferecendo ao aferidor um resultado completo e preciso.

Água, pH, irrigação

Afinal, por que o pH é tão importante? Não é só regar as orquídeas e pronto?

Não é bem assim. O pH interfere diretamente na retenção ou liberação de nutrientes na água utilizada para irrigação. Esta retenção de nutrientes pode ser problemática dependendo do pH em que água de irrigação encontra-se. Em termos gerais, o pH ideal após a mistura com algum tipo de fertilizante é entre 6 e 7. Mas não em 100% dos casos, ou melhor, dos elementos.

Existem orquidófilos que recomendam o pH entre 5 e 6, pois nesta faixa a orquídea absorve melhor os nutrientes no substrato através das suas raízes. Se a planta está em um substrato com pH inadequado (sim, o substrato também influencia) ou é irrigado com uma mistura de água e fertilizante com o pH considerado inadequado, podem acontecer a deficiência ou o excesso de algum elemento. O excesso de um determinado elemento pode ser tóxico e até fatal para uma planta.

Um resuminho básico:

O pH muito baixo ou ácido:

  • Tornam-se tóxicos: Fe, Mn, Zn, Cu;
  • Deficiência de: Ca, Mg, Mo.

O pH muito alto ou alcalino:

  • Tornam-se tóxicos: Mo;
  • Deficiência de: Fe, Mn, Zn, Cu e B.

Salinidade

Segundo o Wikipedia, salinidade é uma medida da quantidade de sais existentes em massas de água naturais, como sejam um oceano, um lago, um estuário ou um aquífero. A forma mais simples de descrever a salinidade é como a razão entre a quantidade total de sólidos (em massa) dissolvidos e a massa da água que lhe serve de solvente (daí que a forma mais comum de expressão seja em g/kg ou em percentagem ou permilagem, sendo que 1 % representa 10 g/kg). A salinidade tem grande importância na caracterização das massas de água, já que a salinidade determina diversas propriedades físico-químicas, entre as quais a densidade, condutividade, o tipo de fauna e flora e os potenciais usos humanos da água.

A relação entre a salinidade e pH

Elevado pH resulta geralmente de alta salinidade. Em certas circunstâncias, o pH pode ser afetado por certos sais, como o bicarbonato, e este sal isoladamente ter pouco efeito sobre a salinidade. Com o uso repetido de água rica em bicarbonato o pH do substrato da orquídea aumenta gradativamente a níveis não aceitáveis. Isto vale para outros elementos também.

Eis um bom motivo pelo qual temos que realizar uma lavagem (water flush) em nossos vasos periodicamente. O acúmulo de sais provenientes dos adubos e da própria água torne-se tóxico para as plantas.

Ajustando o pH

Existem algumas receitinhas básicas para alterar o pH de um líquido. Não vou sugerir métodos pois isto varia de pessoa para pessoa e também da finalidade.

Exemplo: tenho em casa um aquário de ciclídeos africanos, cujo pH deve estar em torno de 8. Antigamente eu costumava a usar bicarbonato para alcalinizá-lo. Quando o montei pela última vez, utilizei pedras alcalinas na montagem do fundo e do substrato. Resultado: nunca mais precisei ajustar o pH. Por outro lado, tenho um aquário que deve ficar levemente ácido. Nele, utilizo troncos de aroeira, que acidificam naturalmente a água.

Mas Luis, você está comentando de métodos demorados, naturais e voltados ao aquarismo.

Calma. Isto é para mostrar que podemos fazer naturalmente com o que temos em casa. É o mesmo princípio para as orquídeas. Existem substratos acidificantes (xaxim, fibras e troncos específicos, por exemplo) e alcalinizantes (pedras calcárias, como halimeda).

Mas, e para fazer a correção rapidamente na água? Dificilmente a água de sua residência estará em uma faixa diferente de 6 a 8 no pH. As estações de tratamento tentam entregar em sua residência uma água muito próxima do pH neutro, ou seja, 7. Caso haja necessidade de correções, existem produtos específicos nas lojas de piscinas e de aquarismo. Ah, mas são caros. Na verdade não são, mas em casos de emergência, lembre-se: vinagre acidifica e bicarbonato alcaliniza.

Bom, por enquanto é isto. A ideia aqui é atiçar a curiosidade de todos, mesmo porque não sou expert nestes assuntos. Quem sabe é uma semente que faça com que muita gente procure mais informações e consigam resultados melhores.

Referências

  • Orquídeas – Manual de Cultivo Vol. 1 – Denitiro Watanabe
  • Orquídeas – Manual de Cultivo Vol. 2 – Denitiro Watanabe
  • ABC do Orquidófilo – José René Rocha
  • orquidariocuiaba.com.br
  • wikipedia.com

Abraços!

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