Em sua maioria aéreas, as raízes das orquídeas não apresentam raízes primárias, ou seja, raízes centrais de onde brotam outras raízes secundárias, como árvores. As orquídeas apresentam apenas as raízes secundárias, as quais brotam diretamente do caule e, ocasionalmente, de outras raízes. Sua principal característica é a presença de um tecido especial chamado velame.

Velame

O velame é uma espécie de esponja para as orquídeas, pois apresenta espaços e canais microscópicos em seu interior, onde usualmente aloja-se um fungo conhecido como micorriza (clique aqui para ler sobre), responsável pela decomposição da matéria orgânica presente no meio em que as epífitas vivem em sais minerais que podem ser absorvidos pelas plantas. Entretanto, o fungo micorriza, na grande maioria das orquídeas adultas, não representa sua fonte principal de nutrientes.

Morfologia: as raízes das orquídeas
Velame para todo lado!

O velame também evita que as raízes expostas sequem com mais facilidade e, por ser um tecido altamente especializado, realiza a absorção de água ou umidade do ar. Possui uma textura e consistência papirácea ou esponjosa, de cor esbranquiçada. É facilmente identificado, pois quando quebramos uma raiz viva, ele representa toda a estrutura que circunda a pequena e fina parte funcional da raiz, onde passam os feixes vasculares.

Forma

As raízes das orquídeas variam em espessura dependendo da espécie. Aliás, a própria estrutura das raízes diferencia-se muito entre as orquídeas de acordo com o local e a maneira onde crescem. Nas epífitas são, em geral, bem desenvolvidas, sendo robustas e cilíndricas enquanto aéreas e achatadas após aderirem ao substrato. As rupícolas também apresentam uma boa estrutura, porém mais finas e curtas, já que em seu habitat elas se limitam ao espaço em que estão alocadas, como pequenas porções de substrato existentes nas fissuras de rochas onde vivem. Já nas terrestres, as raízes normalmente encontram-se espessadas em pequenas ou grandes estruturas parecidas com tubérculos esféricos e longamente cilíndricos, servindo de reserva de nutrientes e água, substituindo os pseudobulbos nesta tarefa.

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A ponta de uma raiz: meristema subapical e coifa

A ponta, em geral, é esverdeada, pois ali é a região de crescimento da raiz chamada meristema subapical. Ele é subapical porque não fica na ponta da raiz e sim envolvido por uma camada protetora que funciona como uma capa chamada coifa.

Papel

As raízes se orientam pela umidade. E isto não é por acaso. Elas desempenham o papel de depósito de nutrientes e água. Assim, ajudam as orquídeas a reterem e acumularem o material nutritivo que se deposita em suas bases. Também são, em alguns casos, órgãos clorofilados capazes de realizarem fotossíntese durante os períodos em que as plantas perdem as folhas ou, em outros casos, de orquídeas que não possuem folhas, apenas rudimentos foliares.

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As raízes desta Seidenfadenia mitrata busca seu caminho pela casca de madeira
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Mas também pode ficar no ar, sem problemas
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Raízes de Seidenfadenia mitrata, entrando na madeira
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As raízes desta Seidenfadenia mitrata chegam a entalar nos buracos da madeira
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E são capazes de seguir os veios, sulcos e buracos
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Nas caixetas, elas fazem diversos caminhos

A durabilidade das raízes varia em função dos fatores ambientais, mas geralmente é inferior à duração dos caules. Novas raízes costumam brotar durante ou no final do período de crescimento vegetativo da planta.

Curiosidade

Algumas orquídeas, como os Catasetum e os Grammatophyllum, podem desenvolver mais uma especialização em suas raízes. Em geral, essas plantas possuem raízes mais grossas utilizadas para fixação e absorção de água e nutrientes. Entretanto, também desenvolvem raízes finas, que curiosamente crescem no sentido contrário ao do substrato, formando uma estrutura semelhante a um ninho. Esta estrutura provavelmente devem ter a função de manter um ambiente mais úmido perto da planta, além de aproveitar a matéria orgânica em decomposição que se deposita ali.

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Raízes de Coryanthes, formando ninhos e indo para cima
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Esta caixeta foi tomada por raízes!
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Novas raízes de uma Acampe

Plantio

O tamanho da raiz nos dá uma grande dica de que tipo de substrato você deverá utilizar no plantio. A regra é simples: orquídeas de raízes mais finas podem ser plantadas em substratos mais finos; já as orquídeas de raízes médias preferem substratos mais grossos; por fim, as orquídeas de raízes mais grossas em geral gostam de substratos formados por pedaços maiores e bem arejados.

Lembre-se: cultivar orquídeas é cultivar raízes!

Entender nossas orquídeas é um grande passo para cultivá-las corretamente. Desta forma, elas irão viver e não apenas sobreviver.

Referências

  • orquideassemmisterio.blogspot.com.br
  • wikipedia.org
  • fcorquidofilia.com.br

Abraços!

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Nascido na apaixonante cidade de Curitiba. Fã de Formula 1, trabalha com tecnologia da informação. Divide seu tempo livre entre as suas paixões: família, fotografia, aquarismo e a orquidofilia. Tem quatro gatos e uma ararajuba barulhenta.

29 COMENTÁRIOS

  1. Seu texto é muito gostoso de ler.Bem compilado tratando exatamente do que precisamos para aprender sobre as orquídeas numa leitura gostosa e prazerosa deixando um gostinho de quero mais.Você está de parabéns mas quem ganha o presente somos nós.Obrigada

  2. Boa noite, Eu acho q tem muito a se falar delas mas nem todos passam estas informação o q é uma pena pois muitos matam sua orquideas por ñ saber cuidar, quanto mais saber mais vamos ter plantas bonitas ok obg por seu artigo, Mari

  3. Gratidão, cada vez mais apaixonada pela Natureza. Quanto às Orquídeas, nem te conto o quanto seus artigos me tornam mais e mais prazeroso estar com elas!

  4. Olá boa noite.. ganhei uma orquídea linda de uma amiga .. no entanto as folhas dela estão ressecando pelo o meio… E eu não sei o pode ser…. Vc pode mim ajudar..
    Obg

  5. Minha esposa esta me pedindo para pedir explicaçao sobre uma orquidea que ela tem, e que subiu um ramo dela de uns vinte e cinco centimetro, e na parte de cima ela deu raizes, isso é normal, ela acha que as raizes so poderiam nascer dentro do vazo ou na parte de baixo da planta, e nao na parte mais alta dela, eu agradeço por uma resposta, obrigado

  6. Luís Renato, seu blog é uma daquelas fontes de informação que fazem valer a pena (para mim) pagar EUR 65,00 por mês pela conexão doméstica à Internet 🙂

    Parabéns, e continue assim!!!!

    Grande abraço do frígido Inverno do Norte-Europeu.

  7. Não sei se ainda esta por aí … Li e gostei muito deste seu artigo … Muito agradecida por partilhar … Vai-me ser muito util ! … 😉 Abraços de Portugal …

  8. Bom dia!!!!
    Excelente artigo, muito esclarecedor e prático para àqueles que já tem experiência ou não.
    Muito bom!!!
    Porém, estou com dúvidas: posso através de uma ponta de raiz, de mais ou menos 14 cm, plantar e através dessa raiz fazer ela se transformar em um broto novo, ou seja, em uma nova orquídea???

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