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O que devo observar ao comprar uma orquídea?

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Dendrochilum wenzelii

Se você está começando neste maravilhoso hobby, já deve ter se perguntando como comprar uma orquídea. Afinal, o que você deve observar ao comprar uma orquídea?

Muitos, ainda leigos no assunto, necessitam de ajudar ao comprar uma planta e, infelizmente, nem sempre quem está vendendo está apto a oferecer a melhor consultoria. Ou pior, muitos vendedores são inescrupulosos e não vendem orquídeas provenientes de orquidários idôneos e sim de coletas ilegais na natureza. Mas Luis, que mal tem comprar orquídeas assim? Este assunto eu já abordei em outros artigos, como o que falo sobre a ilegalidade e as consequências da coleta em nossas matas e também sobre as consequências que isso pode ter para suas plantas já estabelecidas.

Enfim, aqui vão algumas dicar úteis para observar se você estiver na frente de uma que quer realmente levar para casa:

A planta

Deve ser proporcional ao recipiente em que ela está plantada, ter raízes na mídia, estar limpa e sem manchas, túrgido e verde médio (verde meio amarelado) e, principalmente livre de pragas visíveis. Novamente, aconselho a ler sobre como identificar as orquídeas provenientes de coleta. Orquídeas provenientes de coleta fazem muito mal à mata e a sua coleção, pois normalmente trazem consigo doenças que podem se tornar incontroláveis.

As flores

Devem ser brilhantes e mantidas bem acima da folhagem através de um suporte bem resistente. Deve estar livre de manchas fúngicas e ainda ter alguns botões para abrir, pois isso indica que ainda é uma floração jovem e duradoura.

O vendedor

O local onde você compra suas plantas – considero aqui que você não está comprando em um supermercado – deve ser limpo e organizado. Orquidários profissionais permitem que você olhe a produção e ela deve estar imaculada. Orquidófilos comprometidos, além de mostrar sua produção, possuem conhecimento e gostam de partilhá-lo. Provavelmente ele será seu amigo neste hobby, portanto dê preferência àqueles que estão dispostos a ajudar sempre. Novamente, quem coleta dificilmente conhece aquilo que arranca do mato, ou seja, não poderá te ajudar e você poderá descartar facilmente.

O mais importante: nunca compre orquídeas sem identificação. É com ela que você poderá pesquisar e se aprofundar sobre seus cuidados.

O nascer de uma orquídea

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Sei que muitos amigos que acessam este site ainda não tiveram a experiência de ver como uma orquídea nasce e se desenvolve. Aquilo que vemos nas prateleiras das lojas é o resultado de um longo processo, que normalmente começa anos antes.

Uma simples Cattleya híbrida, tão comum nos pontos de venda, leva cerca de cinco anos para chegar à sua primeira floração e, logicamente, ser exposta para venda.

Talvez em função de não conhecer isto, muitas vezes as pessoas não entendem porque determinadas plantas são tão caras e aí acontece o erro, quando optam por comprar plantas de origem ilegal ou duvidosa.

Bom, o objetivo deste post não é falar sobre a ilegalidade na compra de espécies nativas coletas em nossas matas. Para tal, aconselho a leitura deste artigo (clique aqui). As consequências da coleta ilegal podem ser vistas neste artigo (clique aqui). Por fim, caso você queira evitar este tipo de comércio, saiba como identificar uma orquídea proveniente de nossas matas lendo este artigo (clique aqui).

Hoje, o objetivo é ser breve e mostrar a simplicidade e a beleza de algo que é incomum em nossas casas: a germinação de uma orquídea ao natural. Talvez você até tenha visto aqueles frascos com inúmeras mudas de orquídeas, hoje muito vendidos em grupos espalhados pelo Facebook, mas já viu uma germinando espontaneamente em, por exemplo, algum vaso em sua casa? Se não, veja a foto abaixo:

Germinação in natura
Germinação in natura

A beleza deste momento fica mais intensa se considerarmos que as sementes das orquídeas são muito pequenas e desprovidas de qualquer reserva nutritiva na natureza. Assim, para germinarem, dependem da associação de fungos micorrízicos, sendo que para cada grupo de orquídeas as espécie do fungo varia. E o resultado é este:

orquideas.eco.br - germinando uma orquídea (1)
Detalhe para a nova raiz, timidamente saindo da base.
orquideas.eco.br - germinando uma orquídea (8)
Esta está um pouco maior, aproveitando bem a madeira velha
orquideas.eco.br - germinando uma orquídea (3)
Outro ângulo da anterior.

Quem dera fosse mais fácil germinar estas maravilhas. Em tempo: não se deixe enganar pelas sementes vendidas por aí. Elas não são o que parecem. Clique aqui e leia o artigo onde mostro estas falcatruas e instrua seus amigos para que ninguém mais caia neste tipo de golpe.

Referência

  • Orquídeas Sem Mistério

Abraços!

Rotuladora – minha solução para etiquetar orquídeas

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Rotuladora? Pois é, o fato é que cansei de escrever nas plaquinhas e depois de um tempo perder tudo.

Tenho algumas plantas no orquidário que, como são jovens, não faço ideia de quem são. Nomes? Tinham sim, mas o tempo se encarregou de mandar tudo para o espaço.

Não adianta você me dizer que caneta, lápis, o que for, aguenta o passar do tempo. Não.

Pensei bastante e resolvi modernizar a brincadeira aqui em casa. Comprei uma rotuladora e mandei ver nas etiquetas. Após os testes e agora o uso contínuo, só posso dizer que estou satisfeito. Não preciso traduzir minha letra e sempre o nome e o código da planta estão perfeitamente visíveis quando preciso.

Recomendo para quem quiser investir um pouco em sua coleção. Ela grava a fita como se fosse uma tatuagem, não é tinta. Não sai com o Sol, chuva, nem nada. Tem fitas de várias cores e tamanhos (na época destas fotos utilizava fita branca, hoje utilizo transparente, já que minhas etiquetas são coloridas). E não é caro, para etiquetas de plantas rende um monte…

Abraços

Orquídeas nas redes sociais

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Orquídeas nas redes sociais

Orquídeas nas redes sociais? Afinal, qual a relevância disso?

Pois bem, como muitos de vocês sabem, estou presente em redes como Facebook, Instagram, Pinterest e Twitter. Não sou muito de publicar coisas além de fotos de minhas plantas, mas sempre estou de olho nas descobertas, nas dúvidas e nas conversas em geral. Tenho notado algumas coisas positivas, como o maior interesse em saber a identificação de plantas e como cuidar corretamente delas. Mas, infelizmente, tenho notado coisas que ainda me incomodam bastante, os quais explico melhor abaixo.

Plantas nativas

Apesar daqueles que realmente se preocupam com as orquídeas e sua preservação enfatizarem sempre os danos e os perigos da coleta ilegal de plantas em nossas matas, sempre vejo nos grupos, principalmente do Facebook, pessoas pedindo identificação de plantas provenientes da natureza.
Mas Luis, qual o problema de pegar uma plantinha de uma árvore? Bom, há vários problemas nesta atitude. Já escrevi bastante sobre isso, principalmente como você pode ser enquadrado criminalmente ou como você pode destruir sua coleção introduzindo espécies nativas em seu orquidário, portanto não vou me alongar muito no assunto. Porém, vamos simplificar, fazendo com que você pense sem ser uma pessoa egoísta e com um exemplo simples: considere um ecossistema não muito grande, pois já foi largamente devastado pelos humanos. Aquele restinho de ecossistema cria uma dependência de uma cadeia alimentar que começa justamente em uma espécie (ou até espécies, como queira) de orquídea. Um único inseto poliniza essa flor. Este inseto é o principal alimento de animais de pequeno porte que, por sua vez, alimentam os maiores. Ao eliminar a orquídea deste ambiente, o inseto não tem mais seu alimento exclusivo, migrando ou perecendo. Animais menores sofrem escassez de alimento e diminuem sua população, afetando os maiores que, por precisarem de mais alimentos, perecem e desaparecem.

Triste? Quer um exemplo mais atual? Pense no que está acontecendo com as abelhas.

Portanto, a não ser em casos extremos e controlados, deixe a orquídea onde ela está. Ela faz parte do ecossistema e sempre encontra uma forma de sobreviver. Em casa, ou a matamos, ou matamos nossas outras orquídeas (sim, pois plantas da natureza trazem pragas e doenças), ou simplesmente ficamos sem nada em nosso orquidário.

Se quiser ler mais sobre o assunto, recomendo os seguintes artigos:

Aproveitadores

Sim, o que a Internet tem de bom tem de ruim também, principalmente nas redes sociais. Já falei aqui sobre o famoso caso das pessoas que vendem sementes no Mercado Livre. Pior, há aqueles que ainda tentam vender a famosa Cattleya com cara de papagaio.

Agora tenho notado outra leva de aproveitadores, aqueles que tentam vender cursos e apostilas sobre como cuidar e ter orquídeas lindas e blá blá blá. Nada contra informação, pois acredito que só com conhecimento e educação podemos chegar a algum lugar, evoluir. O problema é como isso é feito: esses aproveitadores pegam material de outras pessoas, como textos e fotos, colocam em um documento e vendem como se fosse algo deles!

Instagram

Se entre suas redes sociais você tem Instagram (tem no Facebook também), já deve ter presenciado algum perfil que contenha as palavras “como cuidar de orquídeas” ou algo assim. Não é difícil ver que o conteúdo é enganoso, pois há fotos de plantas que não são de orquídeas, há muitos erros grotescos de português (escrevem orquídeas de várias formas), há fotos descaradamente roubadas de outras pessoas, enfim, tudo é feito para que você clique no tal link azul (como a maioria chama) e ser ludibriado a comprar um material que nada mais é do que um compilado de informações que estão disponíveis gratuitamente na Internet.

Tome cuidado. Procure sempre mais e mais informação mas não caia na tentação de pagar por algo que, de certa forma, é ilegal. Pesquise a fundo para saber a procedência e, caso queira pagar por conteúdos, prefira os bons e velhos livros. O orquidofilia possui uma vasta biblioteca de livros nacionais e importados que podem ajudar muito o aperfeiçoamento de seu cultivo.

Se quiser ler mais sobre alguns tipo de enganações que tem pela Internet, recomendo os seguintes artigos:

Sejam conscientes, a Natureza agradece. Seja cuidadoso, seu bolso agradece.

Abraços

Pragas e doenças – cochonilhas

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orquideas.eco.br - Pragas e doenças - cochonilhas

Aí você está olhando sua bela coleção de orquídeas e nota umas bolinhas brancas nos caules, próximos às folhas: são cochonilhas. Se você não agir rapidamente, as folhas de sua orquídea começam a apresentar manchas e ela perde totalmente o vigor, podendo até morrer.

Uma das pragas mais prejudiciais às plantas ornamentais, cochonilha refere-se tanto ao corante cor carmim utilizado em tintas, cosméticos e como aditivo alimentar, quanto ao pequeno inseto (Dactylopius coccus) de onde ele é extraído.

Parentes próximos das cigarras e dos pulgões, as cochonilhas apresentam formas muito variadas, o que dificulta a sua identificação. Medindo não mais que 35 milímetros, sua coloração pode ser branca, marrom, avermelhada, verde ou enegrecida. Algumas espécies possuem corpo mole e se depositam sobre as plantas como se fosse algodão, enquanto outras têm uma carapaça dura. Sempre em conjunto, os insetos normalmente se instalam nas axilas das folhas (ponto onde a folha encontra o caule), sob as folhas, nos ramos e troncos das árvores e até mesmo em frutos e raízes.

Esses insetos sugadores de seiva podem fazer grandes estragos pois secretam uma espécie de cera que facilita o ataque de fungos – como o fungo fuliginoso -, diminuem a capacidade fotossintética da planta e, de quebra, atraem formigas doceiras. Além disto, roubam nutrientes da planta.

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Cochonilhas

Orquídeas submetidas a condições ambientais ou de nutrição impróprias são suscetíveis ao ataque de cochonilhas. Por isto, a manutenção da planta em condições saudáveis é extremamente importante. Vários fatores contribuem para o aparecimento de cochonilhas. Entre eles, destacam-se: solo ou substrato inadequados, quantidade insuficiente de luz, falta de água, déficit de nutrientes ou adubação em excesso.

A eliminação de seus predadores naturais também contribui para seu aparecimento. Seus predadores mais conhecidos são os percevejos, joaninhas, moscas e alguns fungos.

Combate

Se a infestação não for muito grande, faça uma escovação com escova macia, de preferência embebida em um pouco de inseticida. Depois é só manter o o controle dessas pragas, aplicando quinzenalmente um inseticida diluível em água com algumas gotas de detergente líquido.

Caso uma simples limpeza do local afetado não funcione, e/ou você não queira utilizar inseticidas comerciais de baixa toxicidade, você poderá pulverizar a orquídea atacada com emulsões de sabão de coco ou detergente neutro e, em seguida, pulverizar óleo mineral emulsionável. O óleo mata os animais por asfixia ao formar uma película sobre eles que impede a respiração. Para maior proteção das plantas, é importante que a pulverização seja feita sempre no final da tarde quando há menor incidência de sol.

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Cochonilhas

Outra forma natural de combater as cochonilhas é a utilização de caldas caseiras, como a calda de fumo ou a calda de santa maria.

Receitas caseiras, como fazer

Calda de fumo

Ingredientes:

  • 100 gramas de fumo de corda;
  • 1/2 litro de álcool;
  • 1/2 litros de água;
  • 100 gramas de sabão em pedra neutro.

Preparo

Misture 100 gramas do fumo cortado em pedacinhos em 1/2 litro de álcool. Acrescente 1/2 litro de água e deixe a mistura curtir por aproximadamente 15 dias. Após este período, corte o sabão em pedaços pequenos e dissolva-o em 10 litros de água. Misture o sabão à calda de fumo curtida. Em áreas com ataques muito intensos, pulverize a mistura diretamente sobre as plantas. Caso a infestação ainda seja pequena, dilua o preparo em até 20 litros de água limpa antes da pulverização. As aplicações devem ser feitas em períodos de sol ameno. Uma dose tende a resolver o problema, caso os bichinhos não desapareçam, porém, vale borrifar as plantas atacadas uma vez por semana, até que a infestação acabe.

Calda de Santa Maria

Ingredientes:

  • 200 gramas de erva–de–santa–maria (Dysphania ambrosioides);
  • 1 litro de água fria;

Preparo

Amoleça 200 gramas da erva de Santa Maria em 1 litro de água fria durante 6 horas. Aperte bem as folhas para extrair o suco. Dilua o extrato obtido em 5 litros de água limpa. Pulverize o preparado sobre as partes atacadas uma vez por semana, sempre sob sol ameno, até que a praga seja eliminada.

Referências

  • Casa e decoração
  • wikipedia.org
  • sindicatoruralmc.com.br
  • jardineiro.net
  • cynthiablanco.blogspot.com.br
  • clubedoorquidofilo.com.br
  • minhasorquideas.wordpress.com

Abraços!

Quantidade vs qualidade de orquídeas

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Normalmente quem entra no mundo da orquidofilia deseja ter uma grande coleção, contando com várias plantas florescendo o ano inteiro. Muitas vezes temos plantas que não nos atraem muito, motivados apenas pela quantidade. No começo eu pensava mais ou menos assim. Depois de um tempo, percebi o grande erro que isto implica: principalmente no começo, não temos conhecimento para cuidar corretamente de todas e perdemos muitas plantas no caminho.

Quantidade

Por que estou tocando neste assunto? Quando comecei a levar mais a sério este hobby, comprei orquídeas de todos os lugares. Não me importava muito qual, lá estava eu comprando mais plantas. Em casa ainda não tinha construído meu orquidário, então eu as colocava no quintal sob as árvores e em pequenos bancos de madeira. Acredito que perdi algumas mudas ali, e até hoje não sei quais. Não tinha um controle sobre o que entrava em casa e muitas plantas nem o nome eu sabia. De certa forma, me frustra um pouco pois lembro que haviam plantas muito bonitas que acabaram sucumbindo ao meu descaso inicial.

Qualidade

Hoje procuro classificar melhor o que quero ou não, pois admito que não sou fã de todas as espécies que existem. Além disto, procuro manter um registro fotográfico e textual de tudo que envolve cada espécie que tenho. É um trabalho árduo, porém compensador. Tendo um conhecimento melhor sobre nossas espécies podemos prover um melhor habitat para cada uma delas. Tenha isto sempre em mente, quantidade não é tudo. Uma coleção de 10 plantas bem cuidadas e organizadas pode ser muito mais interessante do que uma de 100 plantas largadas em um canto. Com o orquidário construído, muitas espécies encontraram um cantinho legal para se desenvolver, proporcionando uma variação interessante de condições para aquelas mais chatinhas. Claro que há muito o que melhorar, mas ter um lugar específico já é um grande passo. Isto ajuda a controlar doenças, nutri-las melhor e assim ter uma coleção mais sadia e de qualidade!

Tenha sempre em mente que a orquídea não deve apenas sobreviver com você. Ela deve desenvolver-se sadiamente.

Abraços!

A ecologia da doença

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Há tempos não escrevo por aqui. Meu tempo tem sido escasso, mas quero dar mais atenção ao site. Enfim, enquanto isso, gostaria de compartilhar um texto que, dada a situação que estamos vivendo com o Coronavírus (COVID-19), não poderia ser mais atual. O original está em inglês, foi escrito por Jim Robbins para o The New York Times. O link está no final do artigo. A imagem é de Olaf Hajek.

Vamos ao texto:

Existe um termo que biólogos e economistas usam hoje em dia – serviços ecossistêmicos – que se refere às muitas maneiras pelas quais a natureza apóia o esforço humano. As florestas filtram a água que bebemos, por exemplo, e as aves e as abelhas polinizam as culturas, ambas com valor econômico e biológico substancial.

Se não entendermos e cuidarmos do mundo natural, isso poderá causar um colapso desses sistemas e voltar a nos assombrar de maneiras que pouco sabemos. Um exemplo crítico é um modelo em desenvolvimento de doença infecciosa que mostra que a maioria das epidemias – AIDS, Ebola, Nilo Ocidental, SARS, doença de Lyme e outras centenas que ocorreram nas últimas décadas – não acontecem. Eles são o resultado de coisas que as pessoas fazem com a natureza.

A doença, ao que parece, é em grande parte uma questão ambiental. Sessenta por cento das doenças infecciosas emergentes que afetam os seres humanos são zoonóticas – elas se originam em animais. E mais de dois terços deles são originários da vida selvagem.

Equipes de veterinários e biólogos da conservação estão no meio de um esforço global com médicos e epidemiologistas para entender a “ecologia da doença”. Faz parte de um projeto chamado Predict, financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional. Os especialistas estão tentando descobrir, com base em como as pessoas alteram a paisagem – com uma nova fazenda ou estrada, por exemplo – onde as próximas doenças provavelmente se espalharão para os seres humanos e como identificá-las quando surgirem, antes que possam se espalhar . Eles estão coletando sangue, saliva e outras amostras de espécies selvagens de alto risco para criar uma biblioteca de vírus para que, se alguém infectar seres humanos, possa ser identificado mais rapidamente. E eles estão estudando maneiras de gerenciar florestas, animais selvagens e animais para impedir que doenças deixem a floresta e se tornem a próxima pandemia.

Não é apenas um problema de saúde pública, mas econômico. O Banco Mundial estimou que uma grave pandemia de gripe, por exemplo, poderia custar à economia mundial US$ 3 trilhões.

O problema é exacerbado pela maneira como o gado é mantido nos países pobres, o que pode ampliar doenças transmitidas por animais selvagens. Um estudo divulgado pelo International Livestock Research Institute descobriu que mais de dois milhões de pessoas por ano são mortas por doenças que se espalham para os seres humanos a partir de animais selvagens e domésticos.

O vírus Nipah, no sul da Ásia, e o vírus Hendra, estreitamente relacionado a Austrália, ambos no gênero dos vírus henipah, são os exemplos mais urgentes de como a desorganização de um ecossistema pode causar doenças. Os vírus se originaram de raposas voadoras, Pteropus vampyrus, também conhecidas como morcegos. Eles são comedores bagunçados, não importa pouco neste cenário. Eles costumam ficar de cabeça para baixo, parecendo Drácula enrolados firmemente em suas asas membranosas, e comem frutas mastigando a polpa e cuspindo os sucos e sementes.

Os morcegos evoluíram com o henipah ao longo de milhões de anos e, por causa dessa co-evolução, eles experimentam pouco mais do que o equivalente do resfriado a um morcego. Mas quando o vírus sair dos morcegos e se transformar em espécies que não evoluíram com ele, pode ocorrer um show de horror, como ocorreu em 1999 na zona rural da Malásia. É provável que um morcego jogou um pedaço de fruta mastigada em um porquinho em uma floresta. Os porcos foram infectados com o vírus, amplificaram e saltaram para os seres humanos. Foi surpreendente em sua letalidade. Das 276 pessoas infectadas na Malásia, 106 morreram e muitas outras sofreram distúrbios neurológicos permanentes e incapacitantes. Não há cura ou vacina. Desde então, houve 12 surtos menores no sul da Ásia.

Na Austrália, onde quatro pessoas e dezenas de cavalos morreram de Hendra, o cenário foi diferente: a suburbanização atraiu morcegos infectados que antes moravam na floresta para quintais e pastagens. Se um vírus da henipah evolui para ser transmitido rapidamente através de contatos casuais, a preocupação é que ele possa sair da floresta e se espalhar por toda a Ásia ou o mundo. “Nipah está transbordando e estamos observando esses pequenos grupos de casos – e é questão de tempo que a tensão certa se espalhe e se espalhe eficientemente entre as pessoas”, diz Jonathan Epstein, veterinário da EcoHealth Alliance, de Nova York. organização de base que estuda as causas ecológicas da doença.

É por isso que os especialistas dizem que é fundamental entender as causas subjacentes. “Qualquer doença emergente nos últimos 30 ou 40 anos surgiu como resultado da invasão de terras selvagens e mudanças demográficas”, diz Peter Daszak, ecologista de doenças e presidente da EcoHealth.

As doenças infecciosas emergentes são novos tipos de patógenos ou antigos que sofreram mutações para se tornarem novos, como a gripe todos os anos. A AIDS, por exemplo, infectou os seres humanos a partir dos chimpanzés na década de 1920, quando caçadores de carne na África os mataram e os comeram.

As doenças sempre surgiram na floresta e na vida selvagem e chegaram às populações humanas – a peste e a malária são dois exemplos. Mas as doenças emergentes quadruplicaram no último meio século, dizem os especialistas, em grande parte por causa do aumento da invasão humana no habitat, especialmente nos “pontos quentes” de doenças em todo o mundo, principalmente nas regiões tropicais. E com as viagens aéreas modernas e um mercado robusto no tráfico de vida selvagem, o potencial de um surto grave em grandes centros populacionais é enorme.

A chave para prever e impedir a próxima pandemia, dizem os especialistas, é entender o que eles chamam intactos de “efeitos protetores” da natureza. Na Amazônia, por exemplo, um estudo mostrou um aumento no desmatamento em cerca de 4%, aumentando a incidência de malária em quase 50%, porque os mosquitos que transmitem a doença prosperam na mistura certa de luz solar e água em áreas recentemente desmatadas. Desenvolver a floresta da maneira errada pode ser como abrir a caixa de Pandora. Esses são os tipos de conexões que as novas equipes estão descobrindo.

Os especialistas em saúde pública começaram a incluir a ecologia em seus modelos. A Austrália, por exemplo, anunciou um esforço multimilionário para entender a ecologia do vírus e dos morcegos de Hendra.

Não é apenas a invasão de paisagens tropicais intactas que podem causar doenças. O vírus do Nilo Ocidental chegou aos Estados Unidos da África, mas se espalhou lá porque um de seus anfitriões favoritos é o Tordo-americano, que vive em um mundo de gramados e campos agrícolas. E os mosquitos, que espalham a doença, acham os Tordos especialmente atraentes. “O vírus teve um impacto importante na saúde humana nos Estados Unidos, porque aproveitou as espécies que se saem bem ao redor das pessoas”, diz Marm Kilpatrick, biólogo da Universidade da Califórnia em Santa Cruz. O papel central do Tordo-americano no Nilo Ocidental ganhou o título de “super espalhador”.

E a doença de Lyme, o flagelo da costa leste, é um produto das mudanças humanas no meio ambiente: a redução e a fragmentação de grandes florestas contíguas. O desenvolvimento perseguiu predadores – lobos, raposas, corujas e falcões. Isso resultou em um aumento de cinco vezes nos camundongos de patas brancas, que são ótimos “reservatórios” para a bactéria Lyme, provavelmente por terem um sistema imunológico deficiente. E eles são péssimos cuidadores. Quando gambás ou esquilos cinzentos se preparam, eles removem 90% dos carrapatos larvais que espalham a doença, enquanto os ratos matam apenas metade. “Portanto, os ratos estão produzindo um grande número de ninfas infectadas”, diz o pesquisador da doença de Lyme, Richard Ostfeld.

“Quando fazemos coisas em um ecossistema que corroem a biodiversidade – cortamos florestas em pedaços ou substituímos habitat por campos agrícolas – tendemos a nos livrar de espécies que desempenham um papel protetor”, disse-me o Dr. Ostfeld. “Existem poucas espécies que são reservatórios e muitas espécies que não são. Os que incentivamos são os que desempenham papéis de reservatório.”

Ostfeld viu duas doenças emergentes – babesiose e anaplasmose – que afetam os seres humanos nos carrapatos que estuda, e ele despertou o alarme sobre a possibilidade de sua propagação.

Os especialistas dizem que a melhor maneira de prevenir o próximo surto em seres humanos é com o que eles chamam de One Health Initiative – um programa mundial, envolvendo mais de 600 cientistas e outros profissionais, que avança a idéia de que a saúde humana, animal e ecológica é inextricavelmente ligados e precisam ser estudados e gerenciados de forma holística.

“Não se trata de manter a floresta intocada intocada e livre de pessoas”, diz Simon Anthony, virologista molecular do Centro de Infecção e Imunidade da Escola de Saúde Pública Mailman da Universidade de Columbia. “É aprender a fazer as coisas de maneira sustentável. Se você conseguir entender o que é que leva ao surgimento de uma doença, poderá aprender a modificar os ambientes de maneira sustentável. ”

O escopo do problema é enorme e complexo. Apenas 1% dos vírus da vida selvagem são conhecidos. Outro fator importante é a imunologia da vida selvagem, uma ciência em sua infância. Raina K. Plowright, bióloga da Universidade Estadual da Pensilvânia que estuda a ecologia da doença, descobriu que os surtos do vírus Hendra em raposas voadoras em áreas rurais eram raros, mas eram muito mais altos em animais urbanos e suburbanos. Ela supõe que os morcegos urbanizados são sedentários e perdem a exposição frequente ao vírus que costumavam pegar na natureza, o que mantinha a infecção em níveis baixos. Isso significa que mais morcegos – sejam de má nutrição, perda de habitat ou outros fatores – são infectados e lançam mais vírus no quintal.

O destino da próxima pandemia pode estar na obra de Predict. A EcoHealth e seus parceiros – a Universidade da Califórnia em Davis, a Wildlife Conservation Society, a Smithsonian Institution e a Global Viral Forecasting – estão analisando vírus transmitidos pela vida selvagem nos trópicos, construindo uma biblioteca de vírus. A maior parte do trabalho se concentra em primatas, ratos e morcegos, com maior probabilidade de transmitir doenças que afetam as pessoas.

O mais crítico é que os pesquisadores do Predict estão observando a interface onde se sabe que existem vírus mortais e onde as pessoas estão abrindo a floresta, ao longo da nova estrada do Atlântico ao Pacífico, através dos Andes no Brasil e no Peru. “Ao mapear a invasão na floresta, você pode prever onde a próxima doença poderá surgir”, diz Daszak, presidente da EcoHealth. “Então, estamos indo para as margens das aldeias, para lugares onde as minas acabaram de abrir, áreas onde novas estradas estão sendo construídas. Vamos conversar com pessoas que vivem nessas zonas e dizer: ‘o que você está fazendo é potencialmente um risco’ ”.

Isso pode significar conversar com as pessoas sobre como eles abatem e comem carne de animais selvagens ou com aqueles que estão construindo um lote de ração no habitat de morcegos. Em Bangladesh, onde Nipah estourou várias vezes, a doença foi atribuída a morcegos que estavam invadindo contêineres que coletavam seiva de tamareira, que as pessoas bebiam. A fonte da doença foi eliminada colocando telas de bambu (que custavam 8 centavos cada) sobre os coletores.

A EcoHealth também examina bagagens e pacotes nos aeroportos, procurando animais selvagens importados que provavelmente carregam vírus mortais. E eles têm um programa chamado PetWatch para alertar os consumidores sobre animais de estimação exóticos que são retirados da floresta em locais de doenças e enviados ao mercado.

Em suma, o conhecimento adquirido nos últimos anos sobre doenças emergentes deve nos permitir dormir um pouco mais fácil, diz o Dr. Epstein, veterinário da EcoHealth. “Pela primeira vez”, disse ele, “há um esforço coordenado em 20 países para desenvolver um sistema de alerta precoce para surtos zoonóticos emergentes”.

Como vimos no texto, há 8 anos o cenário já era muito complicado. Hoje, estamos vivenciando isso em uma escala global. Nem os esforços para estudar e evitar pandemias funcionam se cada um de nós não fizermos a nossa parte.

Cuide das florestas. Não retire orquídeas das matas. Cuidem-se!

Referência:

Como começar a cultivar orquídeas

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Pleurothallis purpureoviolacea

Muitas vezes me deparo com pessoas que tem dificuldades ao cultivar orquídeas e acabam desistindo por isso. Outras se conformam que vão matar as plantas e fazem isso sem ao menos tentar buscar conhecimento para tentar evoluir, e isso é muito triste.

Quando comecei na orquidofilia matei inúmeras orquídeas. As causas eram várias: ambiente inadequado, cultivo incorreto, rega equivocada, adubação ineficiente e por aí vai. Mas eu tinha muita dó das plantas e isso me fez buscar conhecimento. Comprei livros, li muito sobre o assunto, conversei com pessoas com mais experiência, tentei até participar da associação da região – que infelizmente não deu certo até agora pois a diretoria lá é amadora, para não dizer outra coisa.

Busque sempre conhecimento. Isso faz você entender o que pode ou não ser feito e quais limitações você ter, seja de ambiente, espaço, região, clima, ou qualquer outro fator que possa influenciar no seu cultivo.

Dito isso, se você está disposto a começar, é bom entender alguns aspectos básicos que podem ajudá-lo a ter sucesso mais rapidamente. Antes de mais nada, saiba qual orquídea você está tentando cultivar. Sabendo seu gênero e espécie você poderá pesquisar sobre a planta e saber mais sobre suas necessidades de luz, água, substrato, nutrição, ventilação e temperatura.

Luz

A luz é fundamental para o crescimento correto de sua orquídea. Você poderá ter plantas lindas, mas que nunca florescem. Isso pode ser justificado pela ausência de luz. Não é porque as orquídeas vivem em florestas que elas não precisam de luz. É justamente o contrário: as orquídeas evoluíram como epífitas para aproveitar a maior quantidade de luz disponível na floresta alta.

Mas quanta luz é o suficiente? Depende muito de cada espécie, por isso é bom saber que planta você está cultivando. Muitos se baseiam na quantidade suficiente para ter a planta sem que ela se queime. Você pode fazer isso de outra forma, testando quantidade de luz até que a folha da orquídea apresente uma colocação correta. Em resumo, as orquídeas não devem ter folhagens verde-escura e exuberantes. Se cultivadas sob luz suficiente, terão uma folhagem mais clara, um pouco verde-amarelada e um forte crescimento vertical.

Ar

Já falei isso algumas vezes aqui no site: as raízes são a parte mais importante da orquídea. Por esta razão, ventilá-las é fundamental. Orquídeas sem raízes arejadas, salvo algumas variedades terrestres, morrerão facilmente. Aliás, a planta toda é sensível ao fato de não haver ventilação suficiente no local, portanto, tenha sempre em mente que a orquídea não poderá estar em um local totalmente fechado, sem circulação de ar. Na pior das hipóteses, pequenos ventiladores podem ser utilizados para isso, se o ambiente não for propício. Muitos orquidófilos de regiões extremamente frias utilizam este tipo de artifício para poder ter determinadas espécies. Lembre-se sempre de a orquídea precisa de ar e umidade suficiente para suas necessidades.

Água

É muito mais fácil você matar uma orquídea afogada do que de sede. Este talvez seja o motivo pelo qual mais se mata orquídeas: o excesso de água. Uma orquídea irrigada em excesso terá suas raízes comprometidas e, consequentemente, a planta toda será afetada. Infelizmente, não há uma regra para regar suas orquídeas, visto que cada pessoa possui uma quantidade e uma variedade diferente de espécies, mantidas muitas vezes em ambientes totalmente diferentes (leia-se quantidade de ar e iluminação disponível, além da temperatura), cultivadas em vasos e substratos diferenciados. Como estabelecer um padrão desta forma? Infelizmente não tem como, tudo dependerá da sua percepção. Na pior das hipóteses, um dedo inserido na mistura de envasamento pode ser a melhor ferramenta para determinar o quão seca sua planta está.

Ao regá-las, de vez em quando faça-o copiosamente. Já falei sobre isto em outro artigo aqui no site, mas não custa lembrar: dê um bom banho em sua planta e vaso. Desta forma, além de suprir sua necessidade de água, você estará eliminando os sais que ali se acumulam, principalmente os provenientes da adubação. Ou seja, é bom fazer isso periodicamente.

Fertilizante

As orquídeas crescerão e florescerão, desde que suas outras exigências sejam atendidas, por períodos razoavelmente longos sem fertilizantes. Porém, você obterá melhores resultados com algum nível de alimentação para sua planta. Normalmente, as plantas são fertilizadas uma vez por semana durante o verão e a cada duas semanas no outono e inverno. Independentemente do fertilizante que você escolheu usar, os produtores mais experientes não usam mais que ½ da dosagem recomendada pelo rótulo. Ah, e a propósito, é melhor regar primeiro para molhar o substrato antes de fertilizar, como já falei em outro artigo aqui do site.

Os fertilizantes usados ​​em orquídeas devem conter pouca ou nenhuma uréia. Isso ocorre porque os organismos do solo devem primeiro converter o nitrogênio na uréia em uma forma utilizável pelas plantas e, como as orquídeas não crescem no solo, essa conversão não ocorre de forma eficiente.

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