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Pragas e doenças: podridão negra

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Uma das doenças mais chatas e cruéis que já vi em uma orquídea, a podridão negra ataca principalmente plantas dos gêneros Cattleya, Laelia e seus híbridos. Aparece principalmente no inverno ou em épocas muito úmidas, como a que estamos enfrentando agora no Sul do Brasil.

Plantas totalmente expostas à chuva ou plantas cuja a irrigação as mantém úmidas por um longo período facilitam o aparecimento da doença. No caso da irrigação, há relatos que plantas regadas pela manhã e em local pouco ventilado são mais propícias à doença, pois o calor emitido pelos raios solares aquecem a planta úmida que, ao atingir uma temperatura em torno de 28 graus, propicia um ambiente ideal para a eclosão de fungos.

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Podridão negra atacando um de meus híbridos

As condições úmidas nestes casos favorecem o crescimento da doença, pois os esporos inertes (Pythium ultimun e Phytophtora cactorum) sobrevivem no solo úmido até que um hospedeiro esteja disponível para proliferação. Então, os esporos inertes germinam e esporos móveis penetram as raízes. As raízes não precisam de feridas para serem infectadas, o que é mais um agravante, pois uma planta completamente sadia pode ser infectada rapidamente.

Outro fator que propicia o aparecimento da doença é a salinidade do substrato, portanto esteja atento ao excesso de fertilizantes. Os sais acumulados no substrato dos vasos pode ajudar à proliferação da doença.

Seu ataque começa pelo rizoma, passando depois para os pseudobulbos e folhas com incrível rapidez. A doença transforma essas partes da planta numa massa pardacenta e de odor desagradável, evidenciado por pequenas lesões negras. A doença continua a se espalhar até que ela finalmente mata a planta.

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Podridão negra atacando uma de minhas tigrinas

Caso você tenha tido um surto da doença em seu orquidário, evite cultivar suas orquídeas perto de qualquer área aonde a podridão negra foi identificada. Mantenha ferramentas e regadores higienizados. Compre apenas orquídeas certificadas de uma fonte com boa reputação. Inspecione as plantas com cuidado por sinais de podridão negra quando você comprá-las. Cuidados nunca são demais e podem salvar seu orquidário de duras perdas.

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Podridão negra e seus efeitos devastadores

Como controlar

Isole as plantas infectadas e pare totalmente as regas. Utilize compostos baseados em cobre nas orquídeas infectadas (um exemplo pode ser a calda bordalesa, que você confere a receita clicando aqui). Estes compostos incluem hidróxido de cobre, óxido de cobre, sulfato de cobre básico, oxicloreto de cobre, e carbonato de amônio de cobre. Aplique-os com moderação porque muito cobre pode danificar sua orquídea. Os fungicidas Manebe, Mancozeb, e Zinebe também são eficientes no controle de podridão negra. Compostos de estanho orgânico também são eficientes, mas muito mais tóxicos para a planta. Você também pode utilizar os compostos sistêmicos Fenilamida, Fosfonato, Acido Cinâmico e Quinina, já que eles se movimentam para cima das raízes para matar a podridão negra nas folhas.

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Planta tomada pela podridão, infelizmente

Aplique o produto escolhido quando a planta estiver em crescimento ativo. Pulverize o local onde se encontrava a planta e todo o recinto para tentar sanar o problema no local. Corte o local afetado com uma tesoura flambada ou um bisturi esterilizado a parte atacada e a descarte, queimando-a, bem como todo o substrato e o vaso onde estava a planta. Se a planta estiver bem debilitada descarte-a, queimando-a.

Você também poderá fazer a imersão da planta numa solução de hipoclorito de cálcio e um fungicida sistêmico por uma hora, secando-a bem em seguida.

Por fim, aplique sobre a planta uma camada de canela em pó (você pode ler meu artigo sobre o uso de canela em orquídeas clicando aqui). Repita a dose sobre a planta e substrato alguns dias após o seu replante.

Lembre-se sempre de usar material de corte esterilizado e evitar que a água da rega caia da planta de cima diretamente na planta que esteja logo abaixo para não disseminar problemas. Mantenha as plantas em local arejado ou de temperatura amena.

Podridão Negra Bacteriana

Existe um outro tipo de podridão negra, não causada por fungos e sim por bactérias do gênero Erwinia. Não é muito freqüente no Brasil mas é extremamente letal, causando surgimento de manchas negras, com aspecto aquoso e cheiro repulsivo. É de desenvolvimento rápido, tomando conta da planta em poucas semanas, levando-a à morte. Muitas vezes provoca um colapso da estrutura das folhas, ficando totalmente amolecidas e murchas.

Referências

  • aorquidea.com.br
  • orkideas.com.br
  • ehow.com.br

Abraços!

Pragas e doenças – Lesmas e caracóis

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Ah, quem nunca viu uma lesminha brilhante devorando com vontade uma nova raiz ou pior, um botão floral?

Pois bem, cá estou eu com este problema em casa. E pior, em larga escala. Parece que em todo lugar que olho eu vejo um molusco chato detonando alguma planta minha. Ou seja, hora de agir.

Pesquisei muito sobre o que fazer em casos como este e a conclusão que cheguei é que tudo vai depender daquilo que você tem vontade ou tempo para fazer. No meu caso, devido a quantidade de plantas e ao tempo escasso que tenho para sair catando um por um, fui um pouco mais radical. Mas vamos com calma, vamos conhecer primeiro os causadores do problema.

Lesminha feliz em uma folha de Cattleya

Lesma

As lesmas são moluscos gastrópodes da sub-ordem Stylommatophora, que andam sobre o abdômen e que possuem respiração cutânea. Distinguem-se dos restantes gastrópodes, em particular dos caracóis, pela inexistência de concha externa proeminente. O corpo das lesmas é constituído por manto, pé e cabeça com um par de tentáculos ópticos e um par de tentáculos sensoriais, ambos retrácteis. São bastante sensíveis à desidratação e algumas também são sensíveis à luz. As lesmas são seres hermafroditas. Caracterizam-se pelo fato de que, durante o seu desenvolvimento, a massa visceral sofre uma torção de 180 graus (característica dos moluscos gastrópodes), enrolando-se sobre si mesma. Assim, adotam a forma espiral tão característica da concha dos caracóis.

Caracol

Caracóis são os moluscos gastrópodes terrestres de concha espiralada calcária, pertencentes à subordem Stylommatophora, que também inclui as lesmas. São animais com ampla distribuição ambiental e geográfica. Respiram através de um pulmão. As diversas espécies de caracóis se distinguem especialmente pela concha que é, na verdade, o esqueleto externo do animal. Essa concha é feita de calcário, e pesa pouco mais de um terço do peso total. Os caracóis não tem audição e utilizam especialmente os sentidos do tato e do olfato que se situam em todo o corpo mas principalmente nas antenas menores já que pouco enxergam com os olhos situados nas pontas das antenas maiores. Ao lado da boca fica o aparelho genital e a entrada e saída do ar dos pulmões, o pneumóstoma, que fica embaixo da concha.

É muito comum a confusão entre caramujo e caracol. Na verdade, são animais cuja aparência é muito próxima, mas bem diferentes. O caramujo é um animal aquático e respira por brânquias, enquanto o caracol é um animal terrestre e dotado de um pulmão.

Como combater

Estes animais possuem hábitos noturnos e gostam de ambientes abafados e úmidos. Por serem noturno, temos muita dificuldade para localizá-los. Durante os períodos de incidência de luz, eles costumam se esconder no substrato ou em cantos próximos ao orquidário. Apesar de lentas, fazem um estrago considerável pois são raspadores e se alimentam de raízes, folhas e caule das orquídeas. Tenho observado que o principal dano causado por estes animais é nas raízes. Infelizmente, só percebemos quando a planta já está desidratando e definhando. Neste momento é comum olharmos o vaso com mais atenção e aí notar estes animais no substrato.

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Algumas raízes devoradas

Se você tem dúvidas se estes animais estão presentes em seu orquidário, basta olhar se há algum tipo de raspagem ou parte de folha ou raízes comidas. Outra forma é verificar se o famoso rastro brilhante está presente no ambiente, indicando que alguma lesma passou por ali deixando parte de seu muco.

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Resultado de apenas uma noite de trabalho das esfomeadas

Muitos são os métodos utilizados para controle destas pragas. Alguns preferem algo 100% natural, outros já preferem métodos químicos. Eu estou testando um moluscicida pois sinceramente não tenho mais como fazer coleta manual.

Ambiente

Dentre as muitas formas de evitar o aparecimento de lesmas é ter um orquidário arejado e protegido. Plantas penduradas, bancadas bem arejadas e com pilares protegidos (com sal, por exemplo), chão de cimento ou com uma cobertura plástica entre a terra e a brita são opções que podem dificultar o aparecimento de infestações. Aliás, o chão do orquidário deve estar limpo, sem mato, afinal, ervas daninhas são hospedeiras intermediárias destas e outras pragas. Entretanto, acredito que o principal aqui é o ambiente arejado, afinal, uma ventilação adequada controla o excesso de umidade, evitando a proliferação destes animais. Por isto, nada de vasos amontoados, ok?

Esta seria a primeira linha de defesa contra estes animais, visto que eles se reproduzem com grande facilidade em meios ricos em matéria orgânica (chão úmido, substratos, etc) por serem hermafroditas (bissexuados) e passam diretamente dos ovos para a fase adulta.

Tenho o problema?

Pode ser que você veja alguns sinais característicos de lesmas em suas orquídeas, como raízes e folhas raspadas. Afinal, como ter certeza se há algum tipo de infestação de lesmas em seu orquidário? Faça armadilhas para elas!

Início da refeição - felizmente evitada
Início da refeição – felizmente evitada

Existem várias formas de preparar armadilhas para estes animais:

  • usando chuchu;
  • estopa umedecida;
  • estopa com cerveja;
  • estopa com uma mistura de uma parte de leite integral para quarto partes de água;
  • bandejas de isopor com cavidades para baixo.

A vantagem de atraí-las é que você poderá realizar a coleta manual, controlando a população de lesmas.

Coleta manual

Alguns dizem que este é o melhor método. Eu prefiro dizer que é o mais natural, pois dependendo do tamanho da sua coleção e do tamanho da infestação, a coleta manual pode ser um trabalho quase impossível. Além das armadilhas descritas acima, uma alternativa ao tedioso método de coleta manual é mergulhar o vaso em um balde com solução de calda de fumo. Desta forma as lemas irão à superfície, sendo facilmente coletados.

Para preparamos esta calda, eis os ingredientes:

  • 100 gramas de fumo de corda;
  • 1 litro de água;
  • uma colher de sabão em coco (pó).

Pique o fumo, junte com os outros ingredientes e ferva. Depois é só coar em um pano fino e diluir em 10 litros de água.

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Mergulhando na solução para coleta manual

Depois de coletados, uma forma eficiente de eliminá-los é colocá-los em uma vasilha com uma solução saturada de sal.

Métodos químicos

Aqui a coisa fica um pouco mais séria. Se você realmente tem uma infestação que se faz impossível de ser controlada (ou coletada manualmente), você pode recorrer aos artifícios químicos comumente conhecidos como iscas ou moluscicidas.

Moluscicidas são pesticidas usados no controle de moluscos, como as lesmas e caracóis. Essas substâncias geralmente incluem metaldeído, metiocarbe e sulfato de alumínio, e devem ser usadas com cautela para não causar danos a outros seres que não são alvo de sua aplicação. A maioria dos moluscicidas não são usados na jardinagem e agricultura orgânica pois são proibidos, mas há exceções, como o fosfato férrico.

O fosfato férrico é substância ativa autorizada para agricultura orgânica pelo Ministério da Agricultura e está presente no lesmicida Ferramol Organic, importado da Alemanha. É um produto de venda livre, registrado na ANVISA. O produto age interrompendo a alimentação das pragas que se recolhem em suas tocas e morrem dentro de 2 a 6 dias. Depois de aplicado, o Ferramol tem durabilidade durante vários dias mesmo na ocorrência de chuva, pois apresenta ótima resistência contra umidade. Os grânulos que não forem consumidos serão decompostos, servindo como adubo natural para as plantas.

Outro bastante utilizado é o Metarex. Pertencente à família química de aldeídos, é um tétramere de acetaldeído. O metaldeído presente no lesmicida Metarex SP atua principalmente pela ingestão por destruir as células responsáveis pela produção de muco. Ele é irreversível, provocando uma destruição total do sistema de membrana, a fragmentação dos vacúolos, a destruição das mitocôndrias e do núcleo celular. Por sua natureza tóxica, você deverá ter atenção especial se possuir animais que frequentam o mesmo ambiente das orquídeas. Nestes casos é mais seguro não espalhar as iscas pelo chão do orquidário, apenas nos vasos.

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Um dos meus Meterex perdidos por aí

Por fim, existem alguns inseticidas organofosforados como o Malathion também são eficientes em aplicação total no orquidário, mas devem ser evitados ao máximo pela sua alta toxidez ao meio ambiente e aos mamíferos em geral, incluindo nós mesmo.

Plantas moluscicidas

Em minhas pesquisas para a confecção deste artigo me deparei com um artigo muito interessante, dos autores Joana D’Arc Ximenes Alcanfor, Pedro H. Ferri, Suzana C. Santos e José Clecildo B. Bezerra, na Universidade Federal de Goiás.

Resumidamente, o artigo trata de plantas moluscicidas para o controle de caramujos transmissores de doenças, enfatizando na ação química de taninos. Ali você poderá ler sobre algumas plantas que possuem este efeito e, quem sabe, utilizá-las de alguma forma em seu ambiente. Não vou discorrer muito sobre o artigo pois acho que ele vale a leitura como um todo.

Eis o link: Plantas moluscicidas no controle dos caramujos (…), com ênfase na ação de taninos

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Resultado de um ataque de lesmas

Referências

  • orquideassemmisterio.blogspot.com.br
  • bworquideas.blogspot.com.br
  • revistas.ufg.br

Orquídeas nas redes sociais

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Orquídeas nas redes sociais

Orquídeas nas redes sociais? Afinal, qual a relevância disso?

Pois bem, como muitos de vocês sabem, estou presente em redes como Facebook, Instagram, Pinterest e Twitter. Não sou muito de publicar coisas além de fotos de minhas plantas, mas sempre estou de olho nas descobertas, nas dúvidas e nas conversas em geral. Tenho notado algumas coisas positivas, como o maior interesse em saber a identificação de plantas e como cuidar corretamente delas. Mas, infelizmente, tenho notado coisas que ainda me incomodam bastante, os quais explico melhor abaixo.

Plantas nativas

Apesar daqueles que realmente se preocupam com as orquídeas e sua preservação enfatizarem sempre os danos e os perigos da coleta ilegal de plantas em nossas matas, sempre vejo nos grupos, principalmente do Facebook, pessoas pedindo identificação de plantas provenientes da natureza.
Mas Luis, qual o problema de pegar uma plantinha de uma árvore? Bom, há vários problemas nesta atitude. Já escrevi bastante sobre isso, principalmente como você pode ser enquadrado criminalmente ou como você pode destruir sua coleção introduzindo espécies nativas em seu orquidário, portanto não vou me alongar muito no assunto. Porém, vamos simplificar, fazendo com que você pense sem ser uma pessoa egoísta e com um exemplo simples: considere um ecossistema não muito grande, pois já foi largamente devastado pelos humanos. Aquele restinho de ecossistema cria uma dependência de uma cadeia alimentar que começa justamente em uma espécie (ou até espécies, como queira) de orquídea. Um único inseto poliniza essa flor. Este inseto é o principal alimento de animais de pequeno porte que, por sua vez, alimentam os maiores. Ao eliminar a orquídea deste ambiente, o inseto não tem mais seu alimento exclusivo, migrando ou perecendo. Animais menores sofrem escassez de alimento e diminuem sua população, afetando os maiores que, por precisarem de mais alimentos, perecem e desaparecem.

Triste? Quer um exemplo mais atual? Pense no que está acontecendo com as abelhas.

Portanto, a não ser em casos extremos e controlados, deixe a orquídea onde ela está. Ela faz parte do ecossistema e sempre encontra uma forma de sobreviver. Em casa, ou a matamos, ou matamos nossas outras orquídeas (sim, pois plantas da natureza trazem pragas e doenças), ou simplesmente ficamos sem nada em nosso orquidário.

Se quiser ler mais sobre o assunto, recomendo os seguintes artigos:

Aproveitadores

Sim, o que a Internet tem de bom tem de ruim também, principalmente nas redes sociais. Já falei aqui sobre o famoso caso das pessoas que vendem sementes no Mercado Livre. Pior, há aqueles que ainda tentam vender a famosa Cattleya com cara de papagaio.

Agora tenho notado outra leva de aproveitadores, aqueles que tentam vender cursos e apostilas sobre como cuidar e ter orquídeas lindas e blá blá blá. Nada contra informação, pois acredito que só com conhecimento e educação podemos chegar a algum lugar, evoluir. O problema é como isso é feito: esses aproveitadores pegam material de outras pessoas, como textos e fotos, colocam em um documento e vendem como se fosse algo deles!

Instagram

Se entre suas redes sociais você tem Instagram (tem no Facebook também), já deve ter presenciado algum perfil que contenha as palavras “como cuidar de orquídeas” ou algo assim. Não é difícil ver que o conteúdo é enganoso, pois há fotos de plantas que não são de orquídeas, há muitos erros grotescos de português (escrevem orquídeas de várias formas), há fotos descaradamente roubadas de outras pessoas, enfim, tudo é feito para que você clique no tal link azul (como a maioria chama) e ser ludibriado a comprar um material que nada mais é do que um compilado de informações que estão disponíveis gratuitamente na Internet.

Tome cuidado. Procure sempre mais e mais informação mas não caia na tentação de pagar por algo que, de certa forma, é ilegal. Pesquise a fundo para saber a procedência e, caso queira pagar por conteúdos, prefira os bons e velhos livros. O orquidofilia possui uma vasta biblioteca de livros nacionais e importados que podem ajudar muito o aperfeiçoamento de seu cultivo.

Se quiser ler mais sobre alguns tipo de enganações que tem pela Internet, recomendo os seguintes artigos:

Sejam conscientes, a Natureza agradece. Seja cuidadoso, seu bolso agradece.

Abraços

Calda bordalesa: fungicida caseiro

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orquideas.eco.br - calda bordalesa

Algumas regiões do Brasil estão sofrendo bastante com chuvas e a consequência disto é o aumento de doenças em nossos orquidários. Algumas destas doenças são tratadas com fungicidas, conforme visto em outros artigos aqui no site. Entretanto, pessoas comuns tem dificuldade em adquirir fungicidas (e outros produtos do gênero) em lojas especializadas justamente por serem pessoas físicas não ligadas ao meio rural. Pensando nisto, compartilho com vocês uma receita de fungicida caseiro bastante eficiente que pode ajudar você naquelas horas em que o problema aperta e você não sabe o que fazer.

Histórico

Originária de Bordeaux, região da França, a calda bordalesa é datada do século XIX por uma descoberta acidental do botânico Pierre Marie Alexis Millardet. Millardet notou que alguns vinhedos locais não apresentavam debilitações por fungos. Questionando os agricultores, estes revelaram já usar a calda porém com o intuito único de amargar o sabor das uvas para ninguém furtá-las. A partir daí, Millardet promoveu pesquisas e publicou, em 1885, recomendação da fórmula aperfeiçoada para o combate de doenças por fungos.

Tratamento

A mistura atua por meio dos íons de Cobre (Cu2+). Estes íons afetam as enzimas dos esporos do fungo de tal forma que impede o seu desenvolvimento. Sendo assim, a calda bordalesa deveria ser usada preventivamente antes do estabelecimento de doenças fúngicas.

Recomenda-se o uso com cautela, evitando-se abusos nas quantidades. Na realidade cada espécie de planta apresenta uma sensibilidade e necessidade específica de concentração desse preparado. Contudo, como regra genérica, a fórmula apresentada neste artigo é indicada para a maioria das plantas adultas, enquanto no caso de mudas ou brotações recomenda-se diluir essa mistura a 50% com água.

Utilizando um bom pulverizador, o ideal é aplicar o produto em dia ensolarado, borrifando a planta inteiramente. Afim de evitar o entupimento do pulverizador, pode-se filtrar a calda.

A calda tende a oxidar e por isso deve ser aplicada em no máximo 24 horas para melhor eficácia e repetido 15 dias depois para melhor eficácia.

Para um melhor resultado, existindo plantas já infectadas por fungos, estas deverão ser podadas antes da pulverização. Lembre-se de usar ferramentas esterilizadas e eliminar (incinerar) as partes destacada

Importante: cuidados com a calda

O sulfato de cobre desequilibra o ambiente através da lixiviação (processo de extração de uma substância de um meio sólido por meio de sua dissolução) do solo. Com isso o cobre tende a se acumular danosamente na terra.

O excesso desta calda polui os rios, prejudica os peixes e criações de animais. Ela extermina por completo as minhocas no solo, que são benéficas em qualquer cultivo saudável e imprescindíveis na agricultura orgânica.

A calda bordalesa é um produto com certo grau de toxidade. Desta forma, frutas, sementes, folhas, etc. que foram tratadas com esse preparado devem ser evitados e não ingeridos. Embora seja de baixa volatilidade, ela pode produzir irritações na pele e mucosas quando em contato direto com o corpo. Sendo assim, como na maioria das aplicações de produtos agrícolas, durante sua manipulação é necessário seguir procedimentos padrões de segurança. Ou seja, deve-se usar trajes apropriados e cuidados como luvas impermeáveis, máscaras de proteção e botas de borracha.

Como fazer a calda

Ingredientes:

  • 10 gramas de cal virgem (prefira cal virgem, pois a cal hidratada não tem a eficiência necessária, sendo necessário dobrar a quantidade);
  • 10 gramas de sulfato de cobre em pó;
  • 1 litro de água;
  • Vasilhames de plástico, vidro ou louça, ou seja, não metálico. Não pode ser de lata, latão ou alumínio, por reagir com o cobre.

Caso queira quantidades maiores, é só multiplicar as quantidade.

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Sulfato de Cobre

Modo de preparo

  1. Coloque o sulfato de cobre em um saco de pano poroso e deixe imerso em meio litro de água (pode ser morna) por 24 horas. Desta forma ocorrerá a completa dissolução dos cristais, pois um dia representa um tempo seguro para a diluição para a maioria das condições.
  2. Em outro recipiente é feita a reação da cal com pequenas quantidades de água. À medida que a cal “queima” segue-se adicionando água até o outro meio litro do total da receita.
  3. Em um terceiro recipiente, unir os dois preparados acrescentando aos poucos a mistura de sulfato de cobre à solução de cal, misturando vigorosamente com um utensílio não metálico. Importante: não coloque a solução de cal sobre a de sulfato de cobre, pois há o risco de empelotar, perdendo a eficácia.

Neste ponto a calda bordalesa estará pronta para uso. Entretanto, é importante verificar se a mistura está neutra ou, de preferência, levemente alcalina para evitar a fitotoxicidade provocada pelo sulfato de cobre livre. A forma mais fácil de verificar, sem precisar usar medidores de pH como o papel de Tornassol, é improvisar uma checagem da acidez através de um objeto metálico, como uma faca de aço. Para tal, mergulhe a faca por 2 ou 3 minutos no preparado. Se a faca escurecer, isto indica acidez excessiva. Neste caso seria necessário elevar o pH, adicionando-se mais mistura de cal à calda. Se a faca não escurecer, a mistura está pronta!

Eis um vídeo sobre o assunto:

Referências

  • wikipedia.org
  • emater.mg.gov.br
  • portaldojardim.com
  • cpra.pr.gov.br
  • jardimdasideias.com.br

Abraços!

Pragas e doenças – cochonilhas

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Aí você está olhando sua bela coleção de orquídeas e nota umas bolinhas brancas nos caules, próximos às folhas: são cochonilhas. Se você não agir rapidamente, as folhas de sua orquídea começam a apresentar manchas e ela perde totalmente o vigor, podendo até morrer.

Uma das pragas mais prejudiciais às plantas ornamentais, cochonilha refere-se tanto ao corante cor carmim utilizado em tintas, cosméticos e como aditivo alimentar, quanto ao pequeno inseto (Dactylopius coccus) de onde ele é extraído.

Parentes próximos das cigarras e dos pulgões, as cochonilhas apresentam formas muito variadas, o que dificulta a sua identificação. Medindo não mais que 35 milímetros, sua coloração pode ser branca, marrom, avermelhada, verde ou enegrecida. Algumas espécies possuem corpo mole e se depositam sobre as plantas como se fosse algodão, enquanto outras têm uma carapaça dura. Sempre em conjunto, os insetos normalmente se instalam nas axilas das folhas (ponto onde a folha encontra o caule), sob as folhas, nos ramos e troncos das árvores e até mesmo em frutos e raízes.

Esses insetos sugadores de seiva podem fazer grandes estragos pois secretam uma espécie de cera que facilita o ataque de fungos – como o fungo fuliginoso -, diminuem a capacidade fotossintética da planta e, de quebra, atraem formigas doceiras. Além disto, roubam nutrientes da planta.

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Cochonilhas

Orquídeas submetidas a condições ambientais ou de nutrição impróprias são suscetíveis ao ataque de cochonilhas. Por isto, a manutenção da planta em condições saudáveis é extremamente importante. Vários fatores contribuem para o aparecimento de cochonilhas. Entre eles, destacam-se: solo ou substrato inadequados, quantidade insuficiente de luz, falta de água, déficit de nutrientes ou adubação em excesso.

A eliminação de seus predadores naturais também contribui para seu aparecimento. Seus predadores mais conhecidos são os percevejos, joaninhas, moscas e alguns fungos.

Combate

Se a infestação não for muito grande, faça uma escovação com escova macia, de preferência embebida em um pouco de inseticida. Depois é só manter o o controle dessas pragas, aplicando quinzenalmente um inseticida diluível em água com algumas gotas de detergente líquido.

Caso uma simples limpeza do local afetado não funcione, e/ou você não queira utilizar inseticidas comerciais de baixa toxicidade, você poderá pulverizar a orquídea atacada com emulsões de sabão de coco ou detergente neutro e, em seguida, pulverizar óleo mineral emulsionável. O óleo mata os animais por asfixia ao formar uma película sobre eles que impede a respiração. Para maior proteção das plantas, é importante que a pulverização seja feita sempre no final da tarde quando há menor incidência de sol.

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Cochonilhas

Outra forma natural de combater as cochonilhas é a utilização de caldas caseiras, como a calda de fumo ou a calda de santa maria.

Receitas caseiras, como fazer

Calda de fumo

Ingredientes:

  • 100 gramas de fumo de corda;
  • 1/2 litro de álcool;
  • 1/2 litros de água;
  • 100 gramas de sabão em pedra neutro.

Preparo

Misture 100 gramas do fumo cortado em pedacinhos em 1/2 litro de álcool. Acrescente 1/2 litro de água e deixe a mistura curtir por aproximadamente 15 dias. Após este período, corte o sabão em pedaços pequenos e dissolva-o em 10 litros de água. Misture o sabão à calda de fumo curtida. Em áreas com ataques muito intensos, pulverize a mistura diretamente sobre as plantas. Caso a infestação ainda seja pequena, dilua o preparo em até 20 litros de água limpa antes da pulverização. As aplicações devem ser feitas em períodos de sol ameno. Uma dose tende a resolver o problema, caso os bichinhos não desapareçam, porém, vale borrifar as plantas atacadas uma vez por semana, até que a infestação acabe.

Calda de Santa Maria

Ingredientes:

  • 200 gramas de erva–de–santa–maria (Dysphania ambrosioides);
  • 1 litro de água fria;

Preparo

Amoleça 200 gramas da erva de Santa Maria em 1 litro de água fria durante 6 horas. Aperte bem as folhas para extrair o suco. Dilua o extrato obtido em 5 litros de água limpa. Pulverize o preparado sobre as partes atacadas uma vez por semana, sempre sob sol ameno, até que a praga seja eliminada.

Referências

  • Casa e decoração
  • wikipedia.org
  • sindicatoruralmc.com.br
  • jardineiro.net
  • cynthiablanco.blogspot.com.br
  • clubedoorquidofilo.com.br
  • minhasorquideas.wordpress.com

Abraços!

O que devo observar ao comprar uma orquídea?

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Dendrochilum wenzelii

Se você está começando neste maravilhoso hobby, já deve ter se perguntando como comprar uma orquídea. Afinal, o que você deve observar ao comprar uma orquídea?

Muitos, ainda leigos no assunto, necessitam de ajudar ao comprar uma planta e, infelizmente, nem sempre quem está vendendo está apto a oferecer a melhor consultoria. Ou pior, muitos vendedores são inescrupulosos e não vendem orquídeas provenientes de orquidários idôneos e sim de coletas ilegais na natureza. Mas Luis, que mal tem comprar orquídeas assim? Este assunto eu já abordei em outros artigos, como o que falo sobre a ilegalidade e as consequências da coleta em nossas matas e também sobre as consequências que isso pode ter para suas plantas já estabelecidas.

Enfim, aqui vão algumas dicar úteis para observar se você estiver na frente de uma que quer realmente levar para casa:

A planta

Deve ser proporcional ao recipiente em que ela está plantada, ter raízes na mídia, estar limpa e sem manchas, túrgido e verde médio (verde meio amarelado) e, principalmente livre de pragas visíveis. Novamente, aconselho a ler sobre como identificar as orquídeas provenientes de coleta. Orquídeas provenientes de coleta fazem muito mal à mata e a sua coleção, pois normalmente trazem consigo doenças que podem se tornar incontroláveis.

As flores

Devem ser brilhantes e mantidas bem acima da folhagem através de um suporte bem resistente. Deve estar livre de manchas fúngicas e ainda ter alguns botões para abrir, pois isso indica que ainda é uma floração jovem e duradoura.

O vendedor

O local onde você compra suas plantas – considero aqui que você não está comprando em um supermercado – deve ser limpo e organizado. Orquidários profissionais permitem que você olhe a produção e ela deve estar imaculada. Orquidófilos comprometidos, além de mostrar sua produção, possuem conhecimento e gostam de partilhá-lo. Provavelmente ele será seu amigo neste hobby, portanto dê preferência àqueles que estão dispostos a ajudar sempre. Novamente, quem coleta dificilmente conhece aquilo que arranca do mato, ou seja, não poderá te ajudar e você poderá descartar facilmente.

O mais importante: nunca compre orquídeas sem identificação. É com ela que você poderá pesquisar e se aprofundar sobre seus cuidados.

A história das orquídeas

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Este artigo é um compilado de vários textos, contando um pouco da história e dos encantos das orquídeas.

A palavra orquídea tem origem no vocábulo grego “orkhis“, que significa testículo. Tal palavra parece referir-se à Orchis morio, uma orquídea que ainda pode ser vista naquela região. O nome da família, Orchidaceae, foi assim estabelecido pelo fato das primeiras espécies conhecidas possuírem duas pequenas túberas (espécie de calo) gêmeas, que na visão dos povos que as descobriram sugeriam os testículos humanos. Essa família é a maior e mais diversificada de todo o universo das plantas florais, com mais de 25 mil espécies observadas até agora. A cada ano, cerca de 300 novas espécies são acrescentadas à esta lista, e alguns cientistas estimam que mais de cinco mil novas orquídeas ainda não foram descobertas. Mais de 100 mil orquídeas híbridas já foram cultivadas por especialistas em floricultura.

Supõe-se que a história da cultura das orquídeas tenha começado no extremo oriente, sobretudo no Japão e na China, há cerca de 4000 anos, e tem fascinado os homens desde então. Foram utilizadas no passado em poções curativas, afrodisíacos, para decoração e ocuparam grande papel nas superstições. E, por muito tempo, a ciência acreditava que todos os seus segredos haviam sido revelados.

Entretanto, novas descobertas sugerem que as orquídeas surgiram quando os dinossauros ainda percorriam a superfície do planeta, ou seja, muito antes do que se acreditava. Uma investigação na República Dominicana revelou, perfeitamente preservados, no interior de uma pedra de âmbar (parece coisa do filme Jurassic Park), grãos do pólen de uma orquídea grudados nas asas de uma abelha datada de 20 milhões de anos. Até então, os botânicos especializados em história das plantas eram obrigados a basear os seus cálculos em alguns poucos exemplares fossilizados na tentativa de detectar a origem dessas plantas, mas esta descoberta indicou que as orquídeas surgiram em tempos muito remotos. Mais alguns vestígios fósseis foram encontrados, datando do período entre o Jurássico, da era Mesozoica (de 195 a 136 milhões de anos), e o período Cenozoico (64 milhões de anos).

Sua relação com a humanidade iniciou, obviamente, muito depois. A relação homem orquídea teve início, provavelmente, na costa do Mar Mediterrâneo, onde Orchis e Ophrys são nativas ou, então, na China, com o Homem de Pequim.

Há cerca de 4 mil anos, a palavra “lan“, que significa orquídea em chinês, foi citada pelo imperador chinês Sheng Nung, ao dar alguns conselhos sobre o uso do Dendobrium com finalidade medicinal. Não se sabe ao certo quando ela passou a ser cultivada pelo homem e nem se este cultivo foi motivado por razões estéticas ou apenas medicinais. O célebre filósofo Confúcio (551 a 479 a.C.) também faz algumas referências às orquídeas em poemas, principalmente ao seu perfume. Confúcio cultivava orquídeas em casa e disse certa vez que “ligar-se a uma pessoa superior é como entrar em um jardim de orquídeas”.

O primeiro registro no ocidente encontra-se no Enquiry Into Plants (Pesquisa sobre Plantas), pelo filósofo e naturalista grego escrito por Teofrasto, discípulo de Aristóteles, cerca de 300 a.C. Teofrasto é considerado o pai da Botânica. Teofrasto usa a palavra “orchis” para denominar certas espécies. “Orkhis” é a palavra grega para testículos e, apesar dele ter sido o primeiro a mencioná-las, possivelmente não foi o primeiro a observar a semelhança entre as raízes de certas orquídeas terrestres, que vegetam sobretudo nas zonas temperadas da Europa, e os testículos. Ainda hoje, estas espécies são conhecidas pelo mesmo nome: Orchis maculata, simia, mascula, spectabilis e dele derivou o nome de toda família: “Orchidaceae”. Naquela época, as pessoas acreditavam que esses “tubérculos” existentes nas orquídeas locais tinham poderes afrodisíacos e então os usavam na alimentação.

Após a obra de Teofrasto, apareceu uma obra intitulada “De Matéria Médica”, escrita entre 50 e 70 d.C., onde o autor, um médico grego de nome Pedanius Dioscorides e que serviu como cirurgião do exército romano, reuniu informações sobre 500 plantas ditas medicinais, entre as quais se incluíram duas “orchis” – orquídeas. Dioscorides era especializado em botânica medicinal, e usava as orquídeas no tratamento de problemas sexuais. Esta obra foi um referencial da área até a Idade Média.

No século III, um manuscrito chinês de botânica menciona duas espécies que hoje são conhecidas como Cymbidium ensifolium e Dendrobium moniliforme. Desde então, a palavra chinesa para orquídea “lan” já aparece no herbário chinês. Em outros livros chineses, datados de 290 a 370 de nossa era, há referências diretas às orquídeas. Apesar das inúmeras citações também feitas aos gêneros Vanda e Dendrobium, o Cymbidium foi sempre o mais citado dos três. Mais tarde, durante a Dinastia Sung (960 à 1279), apareceram alguns trabalhos dissertando sobre as orquidáceas, abrangendo os mais diversos aspectos dessas plantas.

Antes dos espanhóis conquistarem o México, a fruta de “Tlilxochitl”, uma espécie de Vanilla, era a mais estimada dentre as especiarias astecas. Este povo admirava também as “Coatzontecomaxochitl”, Stanhopea, como flores sagradas as quais cultivavam em seus jardins. Os astecas utilizavam também algumas espécies de orquídeas para fabricação de cola. Antigas inscrições astecas falam de como a fava da Vanilla era usada pelos seus ancestrais para perfumar a bebida feita a partir do cacau. Os Maias também a utilizavam, e as chamavam de “sisbic”.

Os colonizadores espanhóis foram responsáveis pela introdução da utilização da fava de Vanilla – baunilha – na Europa. Em 1552, no “Manuscrito de Badianus”, pela primeira vez na literatura do Ocidente foi mencionada uma orquídea originária do novo mundo, a Vanilla. Este primeiro estudo sobre a flora da América do Sul. informava que ela era usada como especiaria, como perfume e sob a forma de poção, indicada para se ter uma boa saúde.

A descoberta de novos mundos, durante a Grande Era da Navegação, levou outros gêneros de orquídeas, principalmente epífitas até então desconhecidas, a fazer parte do universo europeu, que só conhecia as “orchis” terrestres. A primeira a alcançar a Europa foi a Bletia verecunda, oriunda das Bahamas, em 1731. Esta floresceu em 1732, na Inglaterra. Tratava-se de uma orquídea nativa, descoberta nas Índias Ocidentais. Outros indicam como sendo a Brassavola nodosa, no século XVII, na Holanda. No século XVIII, foram introduzidas na Europa várias espécies trazidas da China e das Antilhas e em 1794, 17 espécies estrangeiras já eram cultivadas no Jardim Botânico Real de Kew, na Inglaterra.

Em 1735, o famoso botânico sueco Lineu (Linnaeus, ou Carl von Liné), no seu trabalho “Species Plantarum”, começou a estabelecer a primeira classificação das plantas usando um nome genérico seguido de um nome específico, empregando então pela primeira vez a palavra Orchis para designar um gênero de orquídeas, e citando 62 espécies diferentes nesse seu trabalho. Mais tarde Jussieu usou esse nome para designar toda a família Orchidaceae.

Em 1805, Robert Brown descobriu que as orquídeas tropicais eram epífitas, mas a crença de que elas seriam parasitas persistiu por muito tempo e ainda hoje muitas pessoas continuam acreditando nisto. Só a partir de 1818, o cultivo da orquídea começou a ser realmente difundido na Europa, quando William Cattley conseguiu fazer florir uma Cattleya labiata cujos bulbos chegaram até ele entre as folhagens que foram usadas para embalar um carregamento de plantas vindas do Brasil. A planta, batizada em homenagem ao botânico que a descobriu, foi o ponto de partida para uma verdadeira mania de caça a espécies ainda mais exóticas. Missões eram enviadas aos trópicos para buscarem orquídeas para um público ávido de consumí-las. Muitos habitats foram destruídos para que o preço delas não baixassem e para que a espécie colhida ficasse cada vez mais rara. Muitas orquídeas morriam no transporte pois não se fazia a menor de idéia de como elas deveriam ser transportadas nem como deveriam ser cultivadas. No mesmo século, alguns cultivadores passaram a se interessar em obter informações dos viajantes coletores de plantas sobre o habitat das orquídeas para, a partir daí, começarem a desenvolver uma técnica de cultivo mais adequada às espécies epífitas. Joseph Paxton, jardineiro de 7º Duc de Devonshire, estimulado por John Lindley e baseado nestas informações melhorou as condições de ventilação, rega e umidade. Em 1830, ele foi o primeiro a utilizar estufas separadas para espécies de climas diferentes.

Em 1830, John Lindley, botânico e taxonomista, fez a primeira classificação das orquídeas. Ele escreveu diversos livros sobre plantas mas foram seus trabalhos sobre orquídeas que mais lhe renderam fama, sobretudo “O gênero e espécies das plantas orquidáceas”. Ele deixou um livro inacabado mas que é ainda assim considerado um clássico da botânica, “Folia Orchidacea”. Além disto, ele é o responsável pelo estabelecimento de mais de 350 orquídeas brasileiras, ou seja, mais que 10% de todas as nossas espécies conhecidas até os dias de hoje. Darwin, em 1862, publicou “The Various Contrivances by which Orchids are fertilized by Insects”. Foi a primeira contribuição essencial para o conhecimento e compreensão das estratégias empregadas na propagação das espécies. A partir deste momento, cientistas, botânicos, jardineiros e coletores de plantas seus nomes ligados a estas plantas, como por exemplo:

  • John Lindley (Gênero: Lindleyella, Neolindleyella, Espécies: Barkeria lindleyana, Cattleyopsis lindleyana, Maxillaria lindleyana, Epindendrum Lindleyanum, Odontoglossum lindleyanum, Sobralia lindleyanum, Bulbophyllum lindleyanum);
  • Loddiges (Catlleya loddigesii);
  • Skninner (Cattleya skinneri);
  • Gould (Laelia gouldiana);
  • Sander (Vanda sanderiana, Paphiopedilum sanderiana).

Através dos anos, muitas pessoas eruditas participaram da classificação e da denominação do crescente número de orquídeas trazidas; de regiões tropicais, deixando-nos um legado de realizações substanciais. O cultivo de novas variedades teve início na última metade do século XIX, proporcionando um rápido avanço e produzindo uma infinidade de tipos. O critério de registro da Royal Hortícultural Society tem-se mantido até a presente data, conservando um padrão inigualável no mundo da floricultura.

Talvez pelo fato das plantas ocuparem um lugar importante no estilo de vida inglês e ser a Inglaterra, por esta razão, um país cheio de jardins, foi lá que se deu o grande interesse por estas belíssimas e até então desconhecidas orquídeas. Durante este século, a Inglaterra permaneceu como sendo o principal país importador, seguida da Holanda e da Bélgica.

No século XIX, tomou-se mais fácil importar orquídeas dos trópicos, e o progresso na fabricação de vidros facilitou a construção de estufas. As pessoas de alto poder aquisitivo e a aristocracia sentiram-se motivadas a cultivá-las, a ponto de competir na coleta de espécimes raros e bonitos. Embora aristocratas e eruditos tenham organizado expedições por regiões tropicais ainda inexploradas à procura das flores, a maior contribuição veio de coletores contratados por negociantes de orquídeas. Essas pessoas solitárias trabalhavam meses ou anos, arriscando suas vidas. Embora as recompensas fossem substanciais, caso encontrassem espécimes raros, muitos deles se deparavam com um trágico destino, após uma longa e solitária viagem. A Skinner (Skinneri) é uma das muitas plantas cujos nomes foram mantidos através dos séculos para homenagear coletores de orquídeas. Ainda no mesmo século, o checo Benedict Roezl deu a volta ao mundo para coletar mais de 800 espécies de orquídeas. Hoje, cerca de 40 plantas trazem o seu nome. Mais ou menos na mesma época, o botânico inglês John Day devotou toda a sua vida às plantas, criando uma série de mais de 50 álbuns contendo cerca de três mil belíssimos e bem detalhados desenhos e aquarelas.

Em 1906, foi publicado o volume III da “Flora Brasiliensis”, a primeira grande obra dedicada exclusivamente às orquídeas brasileiras e inclui descrição das plantas e apresentação de desenhos. A coleção de 40 volumes foi iniciada por Von Martius, e diversos cientistas trabalharam em sua conclusão. Coube a Cogniaux completar o estudo sobre as orquídeas, que contou com a colaboração de Barbosa Rodrigues, que cedeu seus desenhos e aquarelas. Barbosa Rodrigues (1842-1909), além de ter sido um importante botânico e respeitabilíssimo diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, deixou um legado muitas obras científicas nos mais diferentes campos (arqueologia, entomologia, zoologia, botânica e história) e também aquarelas e desenhos onde ele aliava o rigor científico a um agudo senso artístico. Os originais de suas aquarelas, recuperados pela Universidade da Basiléia, Suíça, foram publicados em 2 volumes – “Iconographie des Orchidées du Brésil” – depois de 6 anos de pesquisas, de trabalho e de longas negociações diplomáticas. São 380 aquarelas documentando 700 espécies de orquídeas e que ficaram praticamente inéditas durante 100 anos.

Em 1921, foi fundada nos Estados Unidos uma sociedade orquidófila chamada American Orchid Society (AOS), que passou a congregar a orquidofilia americana. Com o decorrer dos anos, ela se estendeu e passou a ter força mundial. Hoje temos espalhados pelo mundo uma infinidade de sociedades orquidófilas, que de certa forma se reportam a centralização da AOS. Houve então, um grande incremento no cultivo de híbridos, principalmente com a descoberta da cultura assimbiótica, por Knudson, em 1922, que foi divulgada no Congresso Internacional de Ciências Botânicas, reunido em Ithaca, em 1926, sob o título “Physiological investigations on Orchid seed germination”.

Hoje, as espécies estão voltando a ter o seu lugar nas coleções de orquídeas. Os híbridos são mais explorados pelos estabelecimentos comerciais, para corte de flores e aluguel de plantas. O mercado amador sofreu uma profunda mudança, porque, grande parte dos orquidófilos já produzem suas próprias plantas.

A evolução da propagação

Até o fim do século XIX, a germinação das sementes das orquídeas era um mistério. Em 1899, um biólogo francês, de nome Noël Bernard, examinando umas plântulas no microscópio, percebeu, com surpresa, a presença de filamentos envolvendo suas raízes: um fungo, identificado mais tarde, como Rhizoctonia. A partir de suas observações publicou-se diversos estudos descrevendo a natureza e o papel desempenhado pela associação orquídea-fungo na germinação das sementes. Seu trabalho, resultado de 10 anos de pesquisa, foi publicado em 1909 e explicava a associação entre as orquídeas e o fungo (micorriza). Foi um grande revolução na cultura das orquídeas e seu trabalho abriu caminhos para novos estudos.

O alemão Hans Burgell prosseguiu com os estudos e elaborou um outro método também utilizando a cultura de fungo para fazer germinar as sementes. Mas em 1922, a fórmula de Lewis Knudson (cientista americano) suplantou todas as outras. Utilizando uma gelatina estéril contendo sais minerais e açúcares, podia-se reproduzir em laboratório os mesmos efeitos do tal fungo, possibilitando a germinação. Outras soluções foram desenvolvidas, algumas bastantes eficazes mas a maior parte é baseada no método de Knudson.

Com a Primeira Guerra Mundial, devido à carência de combustível para manter as estufas, muitas coleções foram perdidas. Nas Américas, inclusive nos Estados Unidos, onde não ocorreu esta carência, o interesse pela orquídea foi despertado e diversos viveiros foram criados em todos os continentes sobretudo nas áreas tropicais. Houve grande progresso na hibridização de orquídeas que passaram a ser cultivadas em maior escala.

Em 1960, Professor George Morel, outro botânico francês, descobriu uma maneira de obter centenas de espécies idênticas a partir de uma só planta mãe, através da cultura meristêmica, sem haver necessidade de recorrer à germinação da semente. Trata-se de um método difícil que necessita de muitos equipamentos e só pode ser executado em laboratório. Obtêm-se mudas a partir da cultura do meristema ou mesmo de uma ponta da folha. Meristema é um tecido vegetal cujas células se multiplicam de forma rápida e intensa, é uma bolinha de aproximadamente 1 milímetro de diâmetro, localizada no interior da gema.

Referências

  • wikipedia.org
  • delfinadearaujo.com
  • orquidario.org
  • revistaplaneta.com.br
  • damianus.bmd.br

Abraços!

Como eu faço as plaquinhas de identificação das minhas orquídeas

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Aproveitando as perguntas que recebi recentemente sobre como faço as plaquinhas de identificação de minhas orquídeas, eis um vídeo mostrando o que uso e como faço.

Materiais necessários:

  • Rotuladora;
  • Abraçadeira;
  • Tesoura.

Com isto, você terá uma plaquinha de identificação duradoura, resistente ao tempo, Sol e chuva, além de ser muito mais legível do que uma escrita à mão.

Também escrevi há algum tempo atrás um artigo sobre isto, que você pode ler aqui!

Abração!

Orquídeas do mato (3) – conscientize-se

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Orquídeas do mato (3) – conscientize-se

Bom, eis a hora de voltar a um assunto que nem todos aqui gostam.

Com as mudanças do site e os problemas que tive nos últimos dias, acabei me deparando com algumas coisas interessantes no Google. Sim, o Google é muito útil para analisarmos as fontes de visitas que tenho, bem como as palavras chave que acabaram convergindo neste site.

Aí me deparei com uma coisa um pouco preocupante: muitas pessoas procurando informações sobre orquídeas do mato ou orquídeas coletadas.

Mas Luis, por que isto é ruim?

Simples, meu amigo. O que está me assustando é o que as pessoas estão buscando na internet sobre as “orquídeas do mato”. Vejamos os dados da última semana:

– 28 pessoas chegaram com a palavra chave “orquídeas do mato” e suas variantes (como orkideas e orquidias);
– 4 pessoas chegaram com “fotos de orquídeas do mato”;

Estas são as pesquisas boas, ou pelo menos acredito que sejam. Entretanto, há algumas pesquisas mais suspeitas, como (copiadas do analytics, com erros e tudo mais):

– “como cuidar de orquídeas do mato”;
– “onde achar orquídeas no mato”;
– “como identificar muda de orquideas no meio do mato”;
– “como identificar uma orquidea no mato”
– “como plantar orquidea do mato”;
– “orquideas do mato compar” (comprar);
– “orquideas pequenas do mato”;
– “para que eh bom a orquidea do mato”;
– “tipos de orquideas do mato”;
– “especies de orquideas do mato”;
– “encontra orquidea no mato”;
– “mato para pegar oorquideas” – sobrou um o ali;
– “minhas orquideas do mato”;
– “orkidias do mato da região do para”;
– “orquidea do mato mais comum”;
– “orquideas de mato em minas”;
– “orquideas são as mesmas que dão em arvores no mato”;
– “plantas orquideas do mato”;
– “tem orquideas no mato”;
e a mais legal:
– “www.orquideas do mato.com.br”;

Parace pouco, mas não é. As pesquisas acima somam mais de 150 pessoas chegando ao site do orquideas.eco.br nos meses de junho e julho, o que me faz parar para pensar duas coisas: primeiro, como a internet emburreceu as pessoas – poxa, escrevem tudo errado! Isso que deixei as piores palavras de fora para não mostrar de que tipo de “orkidia” nós estamos falando.

Ok, desabafo feito, hora de voltar ao assunto. Um blog despretensioso como o meu não deveria ter tanta palavra chave sobre reconhecimento, coleta, locais, cuidados e afins de orquídeas do mato. Sim, publiquei um texto no começo do ano sobre isto, as pessoas acabam caindo aqui quando procuram pelo tema. Mas o teor destas palavras chave me assusta. A maioria quer saber como cuidar daquilo que coletou, onde coletar ou comprar mudas, o que fazer quando acha estas pobres plantas na mata, enfim, tudo que já falei algumas vezes aqui: não faça!

Você que está lendo este texto e se encaixa no perfil de aventureiro destemido, que sai a procura de plantas no meio do mato? Sim, você mesmo! Use cinco minutos do seu tempo e leia os textos abaixo que já voltamos a conversar:

Orquídeas do mato – texto principal, aborda a questão da legalidade e também das consequências
Orquídeas do mato (2) – complemento ao primeiro texto

Entendeu agora? Não é simplesmente retirar uma planta do mato e achar que conseguiu algo a mais na sua coleção. É uma questão de bom senso, é uma questão de consciência ecológica.

Ainda dá tempo de mudar. Nunca escondi que no começo cheguei a coletar plantas no mato. Mas aprendi a lição, e você?

O fascinante mundo dos Bulbophyllum

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Bulbophyllum (abreviação Bulb.) é o maior gênero de orquídeas. Com predominância nas Américas (na faixa tropical), África e Ásia. Somente em Papua Nova Guiné ocorrem mais de 500 espécies. Existem cerca de 2500 a 3000 espécies registradas, fora centenas de híbridos criados pelo homem.

São em sua maioria são epífitas, isto é, vegetam em arvores para se desenvolverem sem tirar nutrientes da mesma. Os Bulbophyllum brasileiros vegetam em sua maioria como epífitas e rupicolas, ou seja, vegetam em rochas (veja o artigo sobre orquídeas epífitas clicando aqui e sobre orquídeas rupícolas clicando aqui).

Origem do nome

A palavra Bulbophyllum procede da latinização das palavras gregas: βολβος, que significa “bulbo”, “tubérculo”, “raiz carnuda”; e φύλλον, que significa “folha”, aludindo à forma bulbosa das folhas da primeira planta descrita, que tinha folhas grossas. O termo foi criado em 1822 por Thouars.

Quem foi Thouars?

Louis-Marie Aubert Du Petit-Thouars que foi um grande botânico francês. Nasceu em Boumois dia 5 de novembro de 1758 e faleceu em Paris dia 11 de maio de 1831.

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Louis-Marie Aubert Du Petit-Thouars
  • Thouars veio de uma família aristocrática da região de Anjou (ou Anju – uma antiga província francesa correspondendo à atual região de Maine-et-Loire). Cresceu no “Castelo de Boumois“, perto de Saumur;
  • Em 1792, após uma prisão de dois anos durante a revolução francesa, ele foi para o exílio em Madagascar e ilhas vizinhas. Ele recolheu muitos espécimes em Madagáscar, Maurício (em francês, Mauritius, país a leste de Madagascar), e nas ilhas Reunião (em francês, îles de la Réunion) – grato pela correção, Marina. Dez anos mais tarde, volta para França, com 2.000 plantas. Grande parte de sua coleção foi para o Museu de Paris, enquanto algumas estavam em Kew (Royal Botanic Gardens, Kew Reino Unido – Inglaterra);
  • Em 10 de abril de 1820 foi eleito membro da Académie des Sciences;
  • Ele foi um pioneiro em botânica com trabalhos e descrevendo as orquídeas da região: 52 espécies provenientes da Mauritânia e 55 de La Réunion;
  • No ano de 1822 é lançado o livro Histoire Particulière des Plantes Orchidées, abreviado Hist. Orchid., onde é descrito o Phyllorkis thouars (atualmente Bulbophyllum nutans).
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Bulbophyllum nutans – fonte: orchidspecies.com
Bulbophyllum nutans – fonte: orchidspecies.com

Como reconhecer um Bulbophyllum?

  1. Bulbos ovoides, alguns raramente achatados, outros cilíndricos;
  2. Frequentemente apresentam rizoma bastante longo crescendo de forma desordenada com bulbos bem espaçados;
  3. Seu aspecto é bastante desarrumado e muitas espécies apresentam crescimento cespitoso (termo botânico que se refere ao modo como algumas plantas crescem lançando novos brotos ou caules de maneira aglomerada, geralmente formando uma touceira ou espesso tapete);
  4. Em geral são unifoliadas, saindo folhas na base superior do bulbo. Existem bifoliadas e ainda folhas teres (cilíndricas), Ex.: Bulbophyllum rupiculum;
  5. As flores tem o labelo móvel, que se movimenta com qualquer brisa, assim facilitando a polinização principalmente em flores menores.
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Bulbophyllum rupiculum

Dimensões

Há uma grande variação de cor, tamanho e na forma das flores e das plantas. As folhas de alguns Bulbophyllum podem medir apenas alguns centímetros, como o Bulbophyllum moniliforme.

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Bulbophyllum moniliforme

Já outros podem apresentar folhas com mais de um metro como o Bulbophyllum fletcherianum.

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Bulbophyllum fletcherianum

A dimensão das flores varia de milímetros à 40 centímetros. Em algumas espécies, a flor é solitária. Em outras, a haste floral tem forma de uma mini espiga. Por fim, há aquelas cuja haste termina em forma de “leque”.

Seções

Devido a grande quantidade de espécies que o gênero abriga, os Bulbophyllum são divididos em 78 seções. Cada seção abriga grupo de Bulbophyllum com características similares para facilitar o seu estudo e entender melhor a grande riqueza de variedades que existe.

Sestochilus

A seção Sestochilus é uma das mais chamativas e discutidas das seções. Neste grupo os Bulbophyllum têm bulbos de bom porte em rizomas rastejantes de uma folha por bulbo e quase sempre uma flor, raramente duas ou três por inflorescência. Alguns exemplos:

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Bulbophyllum lobbii – Foto e cultivo: Marcelo Invernizzi
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Bulbophyllum coweniorum
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Bulbophyllum uniflorum – foto e cultivo: Marcelo Invernizzi

Cirrhopetalioides

A seção Cirrhopetalioides apresenta plantas com uma folha por bulbo. Suas flores são unidas a um ponto central de sua haste lembrando um guarda chuva ou um leque. Por exemplo:

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Bulbophyllum longissimum
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Bulbophyllum lepidum
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Bulbophyllum medusae

Megaclinium

Na seção Megaclinium, a haste floral lembra uma vagem ou até mesmo a forma espiral do modelo usado para representar a forma do DNA. Por exemplo:

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Bulbophyllum falcatum – foto da internet
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Bulbophyllum purpureorachis – foto da internet

Aroma

Outra característica marcante dos Bulbophyllum quando floridos é o odor de carne putrefata. A razão disto é simples: sobrevivência. As mal cheirosas, como o Bulbophyllum basisetum, Bulbophyllum phalaenopsis, Bulbophyllum echinolabium, habitam locais onde não existem pássaros ou insetos como abelhas polinizá-las. Para se multiplicarem, a solução encontrada pela natureza foi desenvolver um odor que atraíssem moscas que se alimentam de carne morta.

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Bulbophyllum echinolabium
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Bulbophyllum phalaenopsis
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Bulbophyllum basisetum – foto da intenet

Embora sejam poucos, existem os inodoros, como o Bulbophyllum crassipes.

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Bulbophyllum crassipes

Por fim, há os perfumados, como o Bulbophyllum lilacinum e seu agradável aroma de maçã, o Bulbophyllum ambrosea com cheiro de mel, o Bulbophyllum elassonotum com o aroma de de azeite e o híbrido Bulbophyllum Kalimpongum, com perfume de bagaço de cana.

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Bulbophyllum Kalimpongum
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Bulbophyllum lilacinum
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Bulbophyllum ambrosia
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Bulbophyllum elassonotum

Híbridos

A produção de híbridos artificiais de orquídeas vem ocorrendo há mais de um século. Estima-se que sejam hoje mais de cem mil híbridos. A Royal Horticultural Society é responsável pelo registro oficial de híbridos, no entanto, a produção doméstica e por pequenos produtores locais é bastante grande e só pequena parte destes híbridos caseiros é registrada, de modo que o número total de híbridos já produzidos pelo homem permanecerá sempre apenas uma suposição. De acordo com as regras do Código Internacional de Nomenclatura de Plantas Cultivadas, os híbridos de espécies de um mesmo gênero são sempre classificados com nomes pertencentes ao mesmo gênero – Roberto Martins.

Existem cerca de 200 Bulbophyllum híbridos registrados. Alguns deles podem florescer inúmeras vezes no mesmo ano. Alguns exemplos:

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Bulbophyllum Sunshine Queen ‘Orange’ (mastersianum x corolliferum)
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Bulbophyllum Cindy Dukes (rothschildianum x putidum)
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Bulbophyllum Emily Siegerist (Elizabeth Ann x lasiochilum)
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Bulbophyllum Fascination (fascinator x longissimum)
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(guttulatum x rothschildianum)
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Bulbulbophyllum Krairit Vejvarut (longissimum x phalaenopsis) – foto e cultivo: Marcelo Invernizzi
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Bulbophyllum Louis Sander (longissimum x ornatissimum)
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Bulbophyllum Meen Garuda (lasiochilum x echinolabium)
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Bulbophyllum Nudda (longissimum x putidum)
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Bulbophyllum S. y N. Ignis Draconis = Dragão de Fogo (Emily Siegerist x putidum) Hibrido registrado em 2014 na Argentina – foto da internet

No próximo artigo da série sobre Bulbophyllum, compartilharei com vocês algumas dicas de cultivo. Abraços!

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