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Polinizadores de orquídeas – abelhas

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Dando continuidade ao post de ontem, vou apresentar minhas grandes amigas na árdua tarefa da geração de sementes: abelhas.

Neste caso, a Tetragonisca angustula. O quê? Ok, em miúdos, a abelhinha jataí. Sem ferrão, sociável e de mel muito saboroso, tento mantê-las perto do meu orquidário para que haja mútuo aproveitamento: a abelha produzindo mel e as orquídeas produzindo sementes.

Como disse ontem, em breve detalharei mais sobre este assunto. No momento estou apenas jogando o assunto no ar para que todos pensem e reflitam.

Eis um videozinho das minhas meninas trabalhando (full hd):

Abraços!

Pragas e doenças – pulgões

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orquideas.eco.br - pragas e doenças nas orquídeas - pulgões

O cenário é mais ou menos este: você está olhando suas orquídeas e vê um bichinho minúsculo, dependendo da cor até bonitinho, com no máximo 5 milímetros de tamanho. Você pensa: que mal pode fazer um ser deste tamanho? Pois não se engane, estes insetos são extremamente vorazes e pode ser considerado umas das pragas mais perigosas às espécies vegetais. Lembre-se que eles nunca estão sozinhos, ou seja, quando não controlada rapidamente, uma infestação de pulgões pode ser fatal.

Também conhecidos como piolhos-das-plantas, estas pequenas pragas também podem transmitir doenças virais que prejudicam bastante as produções em escala. São atualmente conhecidas cerca de mil espécies de afidoideos, de ocorrência mais freqüente nas regiões temperadas com certa incidência também em zonas tropicais. Eles podem ser que podem ser pretos, brancos, marrons, amarelos, cinzas e verdes.

Folhas mais novas e delicadas são os alvos preferidos desses intrusos sugadores de seivas. Vivendo em colônias, os grupos são compostos quase que exclusivamente por animais do sexo feminino, que se reproduzem rapidamente por partenogênese, ou seja, sem participação de machos. Isto resulta em uma infestação rápida, notada primeiramente através de folhas amarelas e enroladas, depois do atrofiamento da planta. Os pulgões podem aparecer em qualquer época do ano, mas os períodos mais propícios ao ataque são a primavera, o verão e o início do outono.

Os pulgões excretam um líquido açucarado que favorece o crescimento de fungos de coloração escura, levando à diminuição da área fotossintética da folha. Além disto, as formigas, por seu lado, usam a gosma adocicada excretada pelos pulgões numa simbiose em que chegam até a transportá-los para plantas mais saudáveis, quando as hospedeiras já estão muito danificadas. São as formigas-pastoras, que usam os pulgões como “vaquinhas de ordenha”. A joaninha é o seu principal predador, entretanto os pulgões são defendidos delas pelas formigas.

orquideas.eco.br - pragas e doenças nas orquídeas - pulgões

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As plantas atacadas por pulgões sofrem engruvinhamento das folhas, provocado pela sucção que ocorre na face debaixo da mesma. Essa lesão nas folhas acaba por reduzir o crescimento da planta. Além disto, os pulgões são vetores de metade dos 600 vírus conhecidos das plantas. Também com os vírus os pulgões tem uma simbiose, mas essa é intermediada por uma bactéria que habita no seu interior.

Controle

A melhor forma de controlar uma infestação de pulgões em suas plantas é através de remédios naturais feitos em casa, como por exemplo a calda de fumo. Isto porque alguns pulgões podem desenvolver resistência a esses pesticidas químicos, sobretudo quando aplicados repetidamente. Além disto, o veneno tende a eliminar os predadores naturais do pulgão.

Existe uma forma de realizar o controle biológico com pequenas vespinhas parasitóides. Estas colocam ovos dentro do corpo dos pulgões e alimentam-se do conteúdo interno do hospedeiro. O pulgão parasitado transforma-se em uma múmia, adquirindo aspecto e coloração diferente dos demais. Estas “múmias” não precisam ser removidas, uma vez que darão origem a outra geração de parasitóides que atacará outros pulgões sadios.

Se a orquídea infectada estiver muito “gosmenta”, lave suas folhas e caules com água e sabão em barra. Sempre que pulverizar sua planta infetada, prefira fazê-lo à noite para evitar que o sol interaja com o remédio aplicado causando queimaduras nas folhas.

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Pulgões em uma dama da noite
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Pulgões em uma dama da noite

Algumas receitas fáceis de fazer em casa

  1. Alho e cebola são remédios caseiros fáceis de preparar. Você deverá cozinhar o alho inteiro, ou as cascas de cebola, em 500 ml de água. Deixe ferver, esfriar e filtrar, depois do que pode ser pulverizado nas plantas;
  2. Infusão de ervas diversas: Neste caso você pode usar, por exemplo, cavalinha, anis, coentro á razão de um punhado de ervas secas para 1 l de água fervente. Deixe descansar, esfriar, coe e pulverize;
  3. Água de pimenta: bata no liquidificador algumas pimentas em 2 copos de água. Deixe repousar durante a noite toda. Na manhã seguinte, coe a mistura e dilua em ais um copo de água. Pulverize à noite, 1 a 2 vezes por semana;
  4. Macerado de urtiga: deixe um molho grande de urtigas verdes, novas, de molho durante 10 dias. Mexe-se esse molho diariamente, com uma varinha, até as folhas se separarem do caule. Com esse preparado pode-se regar as plantas infestadas ou pulverizá-las.

Calda de fumo

Existem várias receitas de calda de fumo por aí, bastando você escolher uma e testá-la. Vou colocar duas aqui que, embora um pouco diferentes, deverá ter o mesmo resultado. Deverá ser pulverizada em toda a planta por dias seguidos, até o total extermínio dos pulgões.

Calda de fumo – receita sem álcool

Ingredientes
  • 1 litro de água;
  • 10 centímetros de fumo de rolo, ralado;
  • ½ sabão em barra, ralado.
Modo de preparo

Faça um macerado com todos os ingredientes e deixe-o descansar por 24 horas. Com a calda resultante, pulverize suas plantas. O sabão é usado para facilitar a permanência da água de fumo nas folhas e caules. Pulverize sobre as plantas.

Calda de fumo – receita com álcool

Ingredientes
  • 250 g de fumo de corda;
  • 100 ml de álcool hidratado (comum);
  • 1 litro de água fervente;
  • detergente comum.
Modo de preparo

Pique o fumo de corda e coloque-o em uma vasilha com tampa. Acrescente a água fervente e tampe, deixando a mistura em repouso por 24 horas. Depois disso, agite o conteúdo e filtre-o em pano fino espremendo bem para retirar o máximo de extrato. Acrescente o álcool, que servirá de conservante para a solução. Guarde-a em um frasco escuro. Para o tratamento das plantas infestadas, dilua 100 ml da solução de fumo em 1 litro de água. Acrescente dez gotas de detergente caseiro (para quebrar a tensão superficial da água) e pulverize sobre as plantas.

Referências

  • Casa e decoração
  • greenme.com.br
  • wikipedia.org

Abraços!

Como preparar calda de fumo

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orquideas.eco.br - Como preparar calda de fumo

Existem várias receitas de calda de fumo por aí, bastando você escolher uma e testá-la. Vou colocar duas aqui que, embora um pouco diferentes, deverá ter o mesmo resultado. Deverá ser pulverizada em toda a planta por dias seguidos, até o total extermínio da praga em questão. No fim deixo outro vídeo mostrando mais uma forma de fazer a calda de fumo. O objetivo é o mesmo, combater percevejos, besouros, pulgões e cochonilhas.

Calda de fumo – receita sem álcool

Ingredientes

  • 1 litro de água;
  • 10 centímetros de fumo de rolo, ralado;
  • ½ sabão em barra, ralado.

Modo de preparo

Faça um macerado com todos os ingredientes e deixe-o descansar por 24 horas. Com a calda resultante, pulverize suas plantas. O sabão é usado para facilitar a permanência da água de fumo nas folhas e caules. Pulverize sobre as plantas.

Calda de fumo – receita com álcool

Ingredientes

  • 250 g de fumo de corda;
  • 100 ml de álcool hidratado (comum);
  • 1 litro de água fervente;
  • detergente comum.

Modo de preparo

Pique o fumo de corda e coloque-o em uma vasilha com tampa. Acrescente a água fervente e tampe, deixando a mistura em repouso por 24 horas. Depois disso, agite o conteúdo e filtre-o em pano fino espremendo bem para retirar o máximo de extrato. Acrescente o álcool, que servirá de conservante para a solução. Guarde-a em um frasco escuro. Para o tratamento das plantas infestadas, dilua 100 ml da solução de fumo em 1 litro de água. Acrescente dez gotas de detergente caseiro (para quebrar a tensão superficial da água) e pulverize sobre as plantas.

Vídeo sobre o preparo da calda de fumo

Não vou entrar no mérito se é bom ou não usar a calda de fumo em suas plantas, mas caso você queira saber mais, é interessante ler o artigo de Rosana Kunst, sobre o lado ruim de se usar a calda de fumo. É só clicar aqui.

Referências

  • greenme.com.br
  • comofazerhorta.com.br

Abraços!

Pragas e doenças: prevenção e cuidados gerais

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Infelizmente, todas as espécies vegetais são acometidas por um determinado número de pragas e patógenos. O grupo das orquídeas não é uma exceção à esta regra e, embora sejam plantas resistentes a muitas doenças que acabam com outros cultivares, são necessários cuidados para que não sofram consequências danosas.

Cerca de 130 doenças conhecidas afetam, em maior ou menor grau, as orquídeas. Estas doenças podem ser ocasionadas por fungos, bactérias ou vírus. Dada a complexidade do cultivo, é possível afirmar que não há coleção que não apresente um determinado número de plantas atacadas por doenças.

O maior problema das coleções de orquídeas são as infestações por fungos. Porém, também são eles os patógenos com mais chance de serem combatidos. Já a infecção viral, uma vez instalada, nada mais poderá ser feito para debelá-la. A única solução é a prevenção.

Considerando que a convivência com estas doenças é inevitável, é essencial conhecê-las e mantê-las sob controle, evitando assim o estresse com tratamentos mais agudos e perdas significativas.

Cuidados gerais

Em grande parte das vezes as doenças são associadas a estresses por fatores abióticos tais como variações bruscas de temperatura, exposição ao sol em demasia, excesso de umidade, excesso de nutrientes e salinidade do substrato pela administração excessiva de adubos. É muito importante o cuidado com as regas, a adubação e até mesmo aplicação de medicamentos em horários do dia em que a temperatura está alta ou que raios solares estejam incidindo sobre as folhas, afim de evitar queimaduras, possíveis portas de entrada para o patógeno. Lembre-se que uma simples gota de água sobre uma folha poderá se transformar em uma lente que potenciará os raios solares e poderão queimar a folha rapidamente.

É importantíssimo ter uma rotina bem definida para a aplicação de adubos. Lembre-se que as orquídeas não recebem esta quantidade elevada de nutrientes na natureza. Uma das consequências do exagero na aplicação de adubos é a salinização do substrato, podendo causar a interrupção do desenvolvimento das raízes e, consequentemente, da planta. Alguns defendem que uma adubação mensal é mais que suficiente e uma periodicidade maior causaria estresse à planta. Eu sou meio suspeito para dizer algo sobre isto, pois minhas adubações são semanais, porém em doses homeopáticas. Vai de cada um, acredito eu.

Outro problema, não menos importante, é o fator rega. Irrigação excessiva pode ser um fator de estresse para a planta. Se a drenagem for insuficiente, o acúmulo de água será fatal.

Prevenção

Eis algumas dicas que, embora simples, podem contribuir para evitar o aparecimento de doenças:

  • Manter telados, estufas e piso completamente limpos, tanto em relação ao meio ambiente, quanto às plantas;
  • Evitar ter nesses locais outras plantas ornamentais de pequeno ou médio porte, árvores ou arbustos. Eles são hospedeiros e futuros vetores para a transmissão de doenças e pragas;
  • Muito importante: mantenha o entorno do orquidário limpo. Cuide com orifícios, desníveis no solo, acúmulo de lixo, buracos na parede, pilhas de vasos velhos, xaxim usado, tudo que servir de abrigo para insetos e como depósitos de esporos de fungos;
  • Limpar as bancadas com escovas, água e sabão, fazendo uma lavagem geral. Em seguida, pinte com pasta fungicida. Há algumas receitas para isto, como por exemplo: 1 quilo de fungicida, 1 quilo de cal virgem queimado, meio quilo de inseticida em pó molhável a 50% para 10 litros de água. Outra forma de limpar a bancada é usando hipoclorito de cálcio, numa solução aquosa a 10%. Também há outros produtos à base de cloro, estes encontrados facilmente no mercado, que podem ser utilizados para a desinfecção das bancadas;
  • Cultive espécies ou híbridos adequados ao clima predominante de sua região, proporcionando às orquídeas melhores condições possíveis em termos de cultivo (luz, água, adubação, umidade relativa, ventilação e substrato). Isto evita que as plantas fiquem estressadas por terem condições vegetativas insatisfatórias, que são um convite ao ataque, tanto de pragas como doenças;
  • Procure adquirir plantas isentas de doenças aparentes e em bom estado de cultivo. Cuidado com aqueles presentes de um ou dois bulbos traseiros;
  • Mantenha as plantas recém adquiridas afastadas do restante da coleção, por algum tempo (por exemplo, 6 semanas), até ter certeza que não portam doenças ou pragas. Faça pelo menos um tratamento contra doenças nestas plantas durante este período;
  • Faça uma inspeção detalhada de suas plantas, no mínimo uma vez por mês;
  • Se surgirem problemas nestas inspeções, aja rápido, para evitar que o problema assuma proporções epidêmicas no orquidário, após o que, o combate se torna caro e incerto;
  • A adequada ventilação do ambiente é ponto crucial no controle da maioria das doenças causadas por fungos e bactérias, que, em sua maioria, são transmitida pela água parada nas folhas e no substrato;
  • Utilize fungicidas e bactericidas quando necessário. Nunca aplique fungicidas sistêmicos de forma preventiva. Sempre alterne entre produtos, de modo a evitar o surgimento de resistência.

Referências

  • aoc.org.br
  • orquidario.org
  • aorquidea.com.br
  • orkideas.com.br

Abraços!

Cápsulas e sementes de orquídeas

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Sementes de orquídeas? Mas todos pensamos sempre nas flores quando pensamos em orquídeas, certo?

Errado.

Comercialmente, muitos pensam naquilo que vem depois das flores, ou seja, os frutos. Neste caso, cápsulas que contém centenas de sementes microscópicas, prontas para serem levadas pelo vento e iniciarem a aventura da vida.

Há uma questão muito forte de hibridização também, afinal, é gerando estas sementes depois de uma mistureba de espécies que temos híbridos tão belos.

Enfim, é a continuação da vida, de uma forma ou de outra. Aliás, nem sempre significa que planta está bem, pode significar seu último suspiro, tentando a sobrevivência… mais escreverei mais depois que acertar tudo no novo blog. Estou preparando um artigo bacana sobre sementes e agentes polinizadores. Aliás, no próximo post vou colocar uns vídeos dos meus.

É importante você saber mais sobre sementes (e como não ser engano caso queira lidar com elas). Clique aqui e leia mais!

Se quiser saber mais sobre o processo que vai da semente até a flor, clique aqui!

Por fim, se quiser saber mais sobre o tempo de maturação destas cápsulas, clique aqui!

Abraços!

Orquídeas do mato: o seu habitat natural

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Fiquei surpreso com algumas pessoas que comentaram que nunca tinham visto orquídeas no mato. Ok, isto não é problema algum. Antes de eu me interessar realmente pelas orquídeas elas passavam desapercebidas mesmo. Resolvi escrever um segundo post sobre este tema para mostrar um exemplo urbano, retirado hoje, ao lado de minha casa. Fora isto, vou escrever algumas palavras sobre algumas questões foram levantas no blog e no Facebook.

Antes de mais nada, vamos fazer uma incursão ao terreno ao lado de minha casa. O cenário é mais ou menos o seguinte: moro em Curitiba, perto da avenida de maior movimento da cidade. Entre nós está um pequeno córrego e um terreno com mata ainda nativa. Resumindo, é um pedaço de mata ao lado do maior fluxo de movimento automotivo da cidade. Aliás, agradeço a esta mata por estar aqui. Ela filtra quase todo ruído da avenida.

Vamos começar. Esta foto é do local. Na verdade, existem dois terrenos, um de cada lado da rua. Um grande, com quase 70 metros de frente, e este, com uns 15, que dá direto para o córrego. Vamos ver o que tem nele…

Local

Se vocês notarem, há uma planta no centro da foto, daquelas que usamos as folhas para brincar de espadas com os amigos quando crianças. Eis o que ela nos reserva:

Gomesa recurva

Gomesa recurva

Sim, Gomesas. Gomesa recurva, para ser preciso. Sempre depois da florada (final do ano), temos vários pontos com esta plantinha brotado. Outro exemplo? Este é no quintal de casa, em uma goiabeira:

Gomesa recurva

Entrando um pouco no mato, vemos as plantas mais antigas, provavelmente as mães destas pequenas mudas:

Gomesa recurva

Gomesa recurva

Gomesa recurva

Bacana, não?

E tem mais:

Eurystyles actinosophila

Eurystyles actinosophila

Campylocentrum aromaticum

Campylocentrum aromaticum

Campylocentrum aromaticum

Acianthera

Acianthera sp

Acianthera sonderana

Acianthera sonderana

Isto sem contar as outras que não achei… sei que ali tem uma muda de Barbosella, algumas Leptotes, Pleurobotryum… mas estas não achei para fotografar hoje. A mata está mais fechada e não rolou entrar muito (cobras, sabe como é).

Viram só, talvez prestando mais atenção todos nós podemos achar alguma coisinha bacana em meio ao mundaréu de concreto que vivemos. Imaginem só o que podemos achar nas matas nativas.

Agora atenção! O maior presente que podemos dar ao nosso planeta é preservar isto, não retirando nada do lugar, deixando a natureza fluir seu curso com o menor número possível de danos causados pelo homem. Acho que o maior barato disto é observar, fotografar, refletir. Existem muitos grupos de pessoas que apenas fotografam orquídeas, sabia? Por não poderem ter em casa, fotografam tudo que podem para ter uma lembrança. É só procurar, por exemplo, no Flickr.

Ok, após este momento de exposição, algumas questões que foram levantadas na discussão do post anterior e que valem um comentário:

Recolocação de plantas nas matas

Como disse no outro post sobre o assunto, é uma coisa que demanda cuidado. Repetindo minhas próprias palavras, a reintrodução de espécies exóticas (não nativas da região) pode causar sérios danos à flora local. Imaginem o cenário: você coloca em uma floresta um híbrido lindão. Nesta floresta existem Cattleyas ameaçadas de extinção. Seu híbrido começa a se desenvolver rapidamente, afinal, é um melhoramento genético das Cattleyas nativas. Talvez até daquela que está ali, ameaçada. Após alguns anos as duas espécies começam a competir por recursos e o híbrido é mais forte, se sobrepõe à espécie nativa. Pronto, fim da história, mais uma espécie extinta.

Sementes

Também vale o mesmo raciocínio que fiz no outro post. As orquídeas são plantas exigentes e especializadas e, consequentemente, sofrem com as interferências nas florestas primitivas. Elas possuem frutos em forma de cápsulas, capazes de armazenar, cada uma, até três milhões de sementes. As sementes não possuem reservas (endospermas) e só germinam ao encontrar ambiente propício. Assim, quando a cápsula explode, a matriz ‘aposta’ em muitas possibilidades, na expectativa de que pelo menos algumas caiam em um local ideal e uma nova planta germine. Vejam por exemplo os exemplos das Gomesas que coloquei acima. Se as sementes das Gomesas que tem ao lado de casa tivessem uma taxa de germinação levemente notável, as árvores aqui do lado teriam milhares de mudas. Não é o que acontece. Moro aqui há três anos e só vi até hoje estas pequenas que fotografei. Claro, há mais, mas não contem com uma população muito maior do que 10 ou 15 indivíduos.

Queimadas

Sim, perdemos muito com as queimadas. Uma pequena área queimada infelizmente elimina tudo da região. Mas também temos que lembrar que a natureza é sábia e, parafraseando Ian Malcolm no filme Jurassic Park, “a natureza sempre encontra um caminho“.

Orquídeas em troncos caídos

Aqui são dois pesos para a mesma moeda. Se o tronco estiver na mata, deixe a orquídea lá. Faz parte do ecossistema e da tal natureza. Ela sabe o que faz. Ali no chão ela estará encerrando seu ciclo, mas ainda poderá florir e semear a região. Já em troncos urbanos, em um lugar que não tem mais nada ao redor a não ser a selva de concreto, sinceramente não sei. Aqui em casa eu sei que posso deixar a orquídea no tronco caído, afinal, há a mata aqui do lado e o ciclo irá continuar. Mas se for, por exemplo, em uma casa onde não há muitas árvores, com muito movimento. Sinceramente, neste caso eu a pegaria para tratá-la melhor. Já é uma questão de dó e da pouca probabilidade da planta gerar descendentes. Mas, convenhamos, estes casos são quase nulos. Comigo só aconteceu uma vez, quando na casa de praia de um amigo ele resolveu tirar a única árvore de lá. Não tinha árvores por perto para amarrar novamente a orquídea. Trouxe para casa e ela está lindona aqui. Lá, iria ficar no tronco, seria recolhida pela prefeitura como lixo vegetal e iria acabar em um aterro soterrada.

Bom pessoal, se surgirem novos pontos sobre este tema, estarei postando novamente. Agradeço ao apoio de todos. O incentivo a este trabalho tem me dado muita energia para continuar!

Abraços!

Camuflagem e as orquídeas – Bifrenaria aureofulva

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Fotografei há pouco minha Bifrenaria aureofulva e, ao “revelar” as fotos, notei uma coisa muito interessante: camuflagem!

Olhe atentamente a imagem. Se for necessário, clique na mesma que ela abrirá em um tamanho maior.

Bifrenaria aureofulva

Você, amigo deste blog, consegue achar o pulgão nesta flor?

E se eu disser que há vários ali?

A Mãe Natureza é fantástica, não?

Abraços!

Louva-a-deus orquídea

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orquideas.eco.br - Louva-a-deus orquídea

Em seu relato das peregrinações no Oriente 1879, o escritor de viagens James Hingston descreve como, no oeste de Java, ele passou por uma experiência bizarra:

“Estou no jardim, contemplando várias plantas e, entre outras coisas, uma flor, uma orquídea vermelha. Eis que ela captura e se alimenta de uma mosca viva. Em seguida, ela apoderou-se uma borboleta enquanto eu ainda estava presente, fechando-a em suas folhas bonitas mas mortais, como uma aranha teria envolvida-a em uma rede.”

Louva-a-deus orquídea: Hymenopus coronatus frupus, CC BY-NC

O que Hingston tinha visto não era uma orquídea carnívora, como ele pensava. Mas a realidade não é menos estranha ou fascinante. Ele tinha visto – e foi enganado por – um louva-a-deus orquídea, Hymenopus coronatus, não uma planta, mas sim um inseto.

O louva-a-deus orquídea já é conhecido há mais de 100 anos. Naturalistas famosos, como Alfred Russell Wallace, têm especulado sobre sua aparência extraordinária. Evitando o verde monótono ou marrom da maioria dos louva-a-deus, o Louva-a-deus orquídea é resplandecente em branco e rosa. As partes superiores das suas pernas são muito achatadas e são em forma de coração, parecendo com pétalas. Em uma folha seria altamente visível, mas quando sentado sobre uma flor, é extremamente difícil de ver. Nas fotos, o mantis aparece dentro ou ao lado de uma flor, desafiando sua identificação.

orquideas.eco.br - Louva-a-deus orquídea
Louva-a-deus orquídea

Mimetismo?

Esta é uma história evolucionária clássica e temos a pergunta a responder: o louva-a-deus orquídea evoluiu para imitar a flor – o que lhe permite esconder entre suas pétalas, alimentando-se de insetos que são atraídos por ela? O mimetismo por predadores é bem conhecido. Por exemplo, aranhas caranguejo camuflam-sem de acordo com a flor que estão, e podem mudar de amarelo para branco para combinar com sua flor hospedeira.

Infelizmente, não houve nenhuma evidência para apoiar esta hipótese. O louva-a-deus orquídea são raros, por isso o seu comportamento é pouco conhecido, exceto em cativeiro. Por exemplo, ninguém sabe exatamente qual flor ele supostamente imita.

orquideas.eco.br - Louva-a-deus orquídea
Louva-a-deus orquídea

Novos estudos apontam que o que temos imaginado estava errado todo esse tempo. Embora seja de fato um mímico de flor – o primeiro animal conhecido a fazer isso – o louva-a-deus orquídea não se esconde em uma orquídea. Aliás, ele não esconde nada. E para um inseto qualquer, ele nem sequer se parece como uma orquídea.

Uma atração fatal

O’Hanlon e seus colegas começaram a testar sistematicamente as idéias contidas dentro da visão tradicional do modus operandi dos louva-a-deus orquídea. Primeiro, eles testaram se eles realmente se camuflavam entre as flores ou se, alternativamente, atraiam insetos por conta própria. Para um inseto em busca da flor, como previsto, o padrão de cor mantis é indistinguível da maioria das flores comuns. No entanto, quando emparelhado ao lado da flor mais comum de seu habitat, os insetos aproximaram-se mais frequentemente do louva-a-deus orquídea do que das flores, mostrando que os louva-a-deus orquídea são atraentes para os insetos por si só, ao invés de simplesmente precisar se camuflar entre as flores.

Podemos observar claramente insetos, como abelhas, divergindo de suas rotas de voo e voar diretamente para este predador enganador“, segundo O’Hanlon. “Esses bichos são maravilhosos para esse tipo de atividade, porque podemos observar uma interação dinâmica entre predadores e presas.

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Louva-a-deus orquídea

Este fenômeno, conhecido como mimetismo agressivo, ocorre em outros animais. Por exemplo, há uma aranha que libera substâncias químicas que imitam os feromônios sexuais liberados por mariposas fêmeas que procuram um companheiro. Mariposas do sexo masculino, com suas antenas elaboradas e emplumadas, pode detectar esses feromônios há milhas de distância, e são atraídas para a sua morte.

Os pesquisadores também avaliaram onde o louva-a-deus orquídea escolhia para sentar. Surpreendentemente, eles não escolhiam se esconder entre as flores. Eles escolheram outros locais, como as folhas, com a mesma frequência. No entanto, sentado perto das flores trouxe benefícios, porque os insetos foram atraídos para a vizinhança – o “efeito imã“.

Qualquer flor afinal?

Quando compararam a forma e cor do louva-a-deus orquídea com flores a partir da perspectiva de um inseto, o predador não se parecia com uma orquídea ou mesmo qualquer espécie particular de flor, mas sim uma flor generalizada. Isso se encaixa com o que já sabemos: alguns dos melhores imitadores na natureza são imitadores imperfeitos, com características de diversas espécies como modelo.

Colocando modelos experimentais plásticos em campo, os pesquisadores descobriram que para o louva-a-deus orquídea a cor era muito mais importante do que a forma. Eles acreditam que o louva-a-deus orquídea não pode realmente imitar precisamente um determinado tipo de flor. Em vez disso, eles podem explorar uma brecha criada por ganhos de eficiência evolutivas dentro do cérebro do inseto.

orquideas.eco.br - Louva-a-deus orquídea
Louva-a-deus orquídea

Conclusões precipitadas

Entretanto, ainda há um problema que persiste: se o louva-a-deus orquídea pode atrair insetos por exploração sensorial sozinho então por que as partes do corpo que se parecem com pétalas? Talvez os polinizadores eram inicialmente atraídos a uma certa distância através da exploração sensorial, mas depois o mimetismo caía por terra quando o inseto estava mais próximo, quando podem inspecionar o louva-a-deus orquídea mais de perto para ver o que realmente é.

O importante é que cada espécie tem uma história emocionante para contar e pode ajudar a moldar a nossa compreensão de como o mundo natural funciona.

Referência

  • theconversation.com

Abraços!

Pragas e doenças – cochonilhas

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orquideas.eco.br - Pragas e doenças - cochonilhas

Aí você está olhando sua bela coleção de orquídeas e nota umas bolinhas brancas nos caules, próximos às folhas: são cochonilhas. Se você não agir rapidamente, as folhas de sua orquídea começam a apresentar manchas e ela perde totalmente o vigor, podendo até morrer.

Uma das pragas mais prejudiciais às plantas ornamentais, cochonilha refere-se tanto ao corante cor carmim utilizado em tintas, cosméticos e como aditivo alimentar, quanto ao pequeno inseto (Dactylopius coccus) de onde ele é extraído.

Parentes próximos das cigarras e dos pulgões, as cochonilhas apresentam formas muito variadas, o que dificulta a sua identificação. Medindo não mais que 35 milímetros, sua coloração pode ser branca, marrom, avermelhada, verde ou enegrecida. Algumas espécies possuem corpo mole e se depositam sobre as plantas como se fosse algodão, enquanto outras têm uma carapaça dura. Sempre em conjunto, os insetos normalmente se instalam nas axilas das folhas (ponto onde a folha encontra o caule), sob as folhas, nos ramos e troncos das árvores e até mesmo em frutos e raízes.

Esses insetos sugadores de seiva podem fazer grandes estragos pois secretam uma espécie de cera que facilita o ataque de fungos – como o fungo fuliginoso -, diminuem a capacidade fotossintética da planta e, de quebra, atraem formigas doceiras. Além disto, roubam nutrientes da planta.

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Cochonilhas

Orquídeas submetidas a condições ambientais ou de nutrição impróprias são suscetíveis ao ataque de cochonilhas. Por isto, a manutenção da planta em condições saudáveis é extremamente importante. Vários fatores contribuem para o aparecimento de cochonilhas. Entre eles, destacam-se: solo ou substrato inadequados, quantidade insuficiente de luz, falta de água, déficit de nutrientes ou adubação em excesso.

A eliminação de seus predadores naturais também contribui para seu aparecimento. Seus predadores mais conhecidos são os percevejos, joaninhas, moscas e alguns fungos.

Combate

Se a infestação não for muito grande, faça uma escovação com escova macia, de preferência embebida em um pouco de inseticida. Depois é só manter o o controle dessas pragas, aplicando quinzenalmente um inseticida diluível em água com algumas gotas de detergente líquido.

Caso uma simples limpeza do local afetado não funcione, e/ou você não queira utilizar inseticidas comerciais de baixa toxicidade, você poderá pulverizar a orquídea atacada com emulsões de sabão de coco ou detergente neutro e, em seguida, pulverizar óleo mineral emulsionável. O óleo mata os animais por asfixia ao formar uma película sobre eles que impede a respiração. Para maior proteção das plantas, é importante que a pulverização seja feita sempre no final da tarde quando há menor incidência de sol.

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Cochonilhas

Outra forma natural de combater as cochonilhas é a utilização de caldas caseiras, como a calda de fumo ou a calda de santa maria.

Receitas caseiras, como fazer

Calda de fumo

Ingredientes:

  • 100 gramas de fumo de corda;
  • 1/2 litro de álcool;
  • 1/2 litros de água;
  • 100 gramas de sabão em pedra neutro.

Preparo

Misture 100 gramas do fumo cortado em pedacinhos em 1/2 litro de álcool. Acrescente 1/2 litro de água e deixe a mistura curtir por aproximadamente 15 dias. Após este período, corte o sabão em pedaços pequenos e dissolva-o em 10 litros de água. Misture o sabão à calda de fumo curtida. Em áreas com ataques muito intensos, pulverize a mistura diretamente sobre as plantas. Caso a infestação ainda seja pequena, dilua o preparo em até 20 litros de água limpa antes da pulverização. As aplicações devem ser feitas em períodos de sol ameno. Uma dose tende a resolver o problema, caso os bichinhos não desapareçam, porém, vale borrifar as plantas atacadas uma vez por semana, até que a infestação acabe.

Calda de Santa Maria

Ingredientes:

  • 200 gramas de erva–de–santa–maria (Dysphania ambrosioides);
  • 1 litro de água fria;

Preparo

Amoleça 200 gramas da erva de Santa Maria em 1 litro de água fria durante 6 horas. Aperte bem as folhas para extrair o suco. Dilua o extrato obtido em 5 litros de água limpa. Pulverize o preparado sobre as partes atacadas uma vez por semana, sempre sob sol ameno, até que a praga seja eliminada.

Referências

  • Casa e decoração
  • wikipedia.org
  • sindicatoruralmc.com.br
  • jardineiro.net
  • cynthiablanco.blogspot.com.br
  • clubedoorquidofilo.com.br
  • minhasorquideas.wordpress.com

Abraços!

Substratos para orquídeas – Xaxim e sua proibição

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Xaxim
Xaxim

Desde que comecei neste hobby, grande parte da discussão acalorada parte do substrato, mais especificamente o xaxim.

Xaxim, segundo a Wikipedia, é um feto arborescente, da família das dicksoniáceas, nativo da Mata Atlântica e América Central (especialmente dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Possui cáudice ereto, cilíndrico, e frondes bipenadas de até 2 metros. Devido à extração desenfreada do cáudice para uso no cultivo de outras plantas, a espécie está ameaçada de extinção e sua extração está proibida em todo o Brasil. Também é conhecido pelos nomes de samambaiaçu e samambaiaçu-imperial.

Lembro-me do dia que postei em um forum a imagem de uma planta em uma placa de xaxim e algum espertinho resolveu encrencar com isto. Pronto, iniciou-se uma discussão em que nenhuma das partes teriam razão no final. Antes de mais nada: eu uso, não nego. Não compro, não extraio. Mas uso. Uso aquilo que tenho em casa há mais ou menos 30 anos. Havia alguns sacos com pedaços de xaxim guardados em casa e hoje tenho aproveitado para colocar algumas orquídeas neles.

Mas um dia meu estoque vai acabar, terei que procurar fontes alternativas de substratos e tutores para minhas plantas. E tenho testado alguns. Ainda não gostei de nenhum, para falar a verdade. Mas tenho testado. Por exemplo, não tenho planta que sobreviva em fibra de coco. Parece praga, é só colocar no coco que a planta definha. Acho que o xaxim me acostumou mal.

Antes de mais nada, precisamos entender porque a extração do xaxim está proibida. A Dicksonia sellowiana (xaxim) é uma planta de crescimento lento. Muito lento. Se você acha que suas orquídeas têm um crescimento lento, o xaxim é pior. O xaxim leva de 50 a 100 anos para atingir um metro de altura. Some isto ao fato que houve um período de extração desenfreada. Pronto, quase não há mais xaxim em nossas matas.

Hoje existem leis municipais e federais (Resolução CONAMA n.º 278 de 24 de maio de 2001) impedindo a extração de espécies ameaçadas de extinção. Aliás, existe uma lei internacional sobre isto, mas não vou me aprofundar em leis desta vez. A questão é que o xaxim, assim como outras espécies ameaçadas em nossa Mata Atlântica, estão protegidas por lei e precisamos pensar nas alternativas a isto.

Para procurarmos alternativas, temos que entender porque o xaxim é tão bom para as orquídeas. O xaxim retém uma quantidade ideal de água, nem muito nem pouca. É capaz de liberar lentamente nutrientes para as plantas. Facilita a fixação e a areação da raízes. Complicado bater uma coisa com tantas qualidades? Talvez não, é o que veremos daqui para frente nesta série de artigos sobre substratos.

Referências

  • mma.gov.br
  • auepaisagismo.com
  • wikipedia.org

Abraços!

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