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Utilização de Extrato Pirolenhoso – ou Ácido Pirolenhoso – nas orquídeas

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Extrato pirolenhoso? Que é isso afinal?

Bom, se você teve a curiosidade de entrar neste artigo para tentar descobrir qual a relação entre o extrato pirolenhoso e as orquídeas, posso afirmar que não vai se arrepender. Convencido por um amigo, comecei a usar e tenho gostado dos resultados. Mas afinal, o que é o extrato pirolenhoso?

Histórico

Existem relatos de utilização do extrato pirolenhoso na China e na Índia antiga, onde era usado para tratamento de doenças. Na Europa do século XVII, já existiam relatos de destilação seca da madeira para a produção de alcatrão, com aproveitamento de extrato pirolenhoso. Entretanto, a produção em larga escala só ocorreu em 1813, na Inglaterra, quando o produto era utilizado na coloração do linho.

A divulgação das primeiras pesquisas com o extrato pirolenhoso datam de 1874, no Japão. Em 1893, as pesquisas experimentais visavam a construção de fornos e técnicas de obtenção de óleo de terebentina e alcatrão. Após a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se o uso de extrato pirolenhoso na agricultura. Em 1945 foi lançado o primeiro livro com relatos de utilização do produto, intitulado “Fabricação e Utilização do Extrato Pirolenhoso”, por Tatsujiro Fukuda.

O que é e como é obtido

O extrato pirolenhoso, em geral, é constituído em sua maior parte por água, compostos fenólicos, aldeídos e ácidos orgânicos.

O primeiro passo para se obter um ácido de qualidade é observar as melhores condições para a produção, como a temperatura, por exemplo, o tipo de equipamento para a extração não importa muito. Outros aspectos importantes estão ligados ao tipo de biomassa utilizada. Existem muitas espécies vegetais que podem ser tóxicas para os seres humanos, e essa toxidez é repassada para o Ácido, impossibilitando o seu uso na agricultura. Apesar de parecer um processo simples, a técnica de extrair o extrato pirolenhoso passa por uma série de cuidados.

O principio básico passa por captar a fumaça emanada da combustão de biomassa com oxigênio controlado (pirólise), canalizá-la para um cano, de PVC de preferência, com um comprimento suficiente de modo a ocorrer a condensação do vapor contido na fumaça. Isso pode ser feito através de um funil na ponta da chaminé do forno e um cano com saída para o extrato que ira voltar pelo mesmo cano, a medida que ele se condensa. O Ácido Pirolenhoso deve ser produzido com o máximo de cuidado e seguindo rigorosamente as suas recomendações de produção, pois um Ácido mal feito poderá conter muito alcatrão. O Alcatrão é uma substância altamente tóxica, contém componentes cancerígenos. A presença de alcatrão no Liquido Pirolenhoso o torna inviável para a utilização na agricultura, as impurezas precisam ser eliminadas. Imediatamente após a extração, continua uma espécie de reação química entre os componentes. Desse modo o líquido deve ficar decantando durante um período mínimo de seis meses, assim as reações vão se estabilizar, e ao mesmo tempo o Liquido Pirolenhoso irá se separar dos outros componentes tóxicos e desnecessários.

O produto se separará em três camadas distintas. A primeira camada (10%) predomina óleos vegetais, a segunda camada que varia entre (60 e 75%) é de Ácido Pirolenhoso e na terceira camada predomina o alcatrão (20 a 30%). O Ácido Pirolenhoso é a fração aquosa do liquido condensado, de cor marrom, o alcatrão insolúvel apresenta coloração negra que é a fração inferior decantada e os óleos leves vegetais provém da camada superior do liquido decantado. A separação mais completa é obtida mediante a destilação do liquido condensado.

Utilização e benefícios

O Extrato Pirolenhoso pode ser utilizado para diversos fins na agricultura, como fertilizante orgânico, desinfetante de solo, nematicida e fungicida. Outros estudos mostraram os efeitos benéficos no desenvolvimento radicular e aumento no teor de brix (açúcar) nos frutos. Há indícios de que as características físicas e químicas, especialmente o conteúdo de substâncias com o potencial quelatizante do extrato pirolenhoso, poderiam potencializar a eficiência de produtos fitossanitários e a absorção de nutrientes em pulverizações foliares. Este produto em água, quando aplicado no solo, melhora suas propriedades físicas, químicas e biológicas, proporciona aumento da população de organismos benéficos, como actinomicetos e micorrizas, favorecendo, portanto, a absorção de nutrientes do solo pelo sistema radicular das plantas.

Utilização nas orquídeas

Alguns estudos estão em curso sobre a utilização do Extrato Pirolenhoso em orquídeas. No meu caso, comecei a usar depois que um amigo relatou suas experiências e o sucesso que está obtendo no cultivo com o Extrato. Para efeito de comparação científica, existem alguns artigos que já ilustram a utilização do Extrato Pirolenhoso nas orquídeas, como o artigo “Substratos e extrato pirolenhoso no cultivo de orquídeas brasileiras Cattleya intermedia (John Lindley) e Miltonia clowesii (John Lindley) (Orchidaceae)”, dos autores Jenniffer Aparecida Schnitzer, Ricardo Tadeu de Faria, Mauricio Ursi Ventura e Mauren Sorace. Quem quiser lê-lo é só clicar aqui.

Minha experiência

Não tenho muito tempo de utilização para colocar dados mais concretos sobre a utilização do Extrato Pirolenhoso em minhas plantas. Posso relatar que notei que as raízes voltaram a brotar com vigor, característica relatada por todos que utilizam, ou seja, que o Extrato Pirolenhoso também é um excelente enraizador. Pode ser até que eu não utilize mais o SuperThrive depois disso. As plantas também estão com menos pragas e mais viçosas, com uma aparência muito mais saudável. Enfim, vou passar os próximos meses analisando os resultados e irei mostrar para vocês assim que eu tiver algo mais conclusivo, já que estou avaliando em plantas de todos os portes, desde as maiores até as micros.

Raízes felizes com o Extrato Pirolenhoso

Tenho utilizado, conforme indicação, 0,5ml por litro de água na irrigação. Como instalei um sistema de irrigação automática, coloco toda semana 100ml no tambor de 200 litros que fornece água ao meu sistema de irrigação. Assim, há uma variação na diluição do produto ao longo da semana, mas não considero isto um problema. Minha irrigação no momento é diária, cerca de 2 minutos logo cedo pela manhã. Aliás, se quiser saber mais sobre meu sistema automático de irrigação, acesse o post que fiz sobre o tema clicando aqui!.

Referências

  • Ebah.com.br
  • revistagloborural.globo.com
  • periodicos.uem.br
  • www.usp.br
  • pt.wikipedia.org
  • www.biocarbo.com

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