Esta postagem é quase que uma repostagem, mas não poderia deixar em branco o fato que meu amigo Renato Bolsanello e seu amigo Guy Chiron finalizaram esta estupenda coleção de livros sobre as orquídeas da Serra do Castelo, no Espírito Santo.

A Serra do Castelo

A Serra do Castelo, ou Serra Capixaba, é uma ramificação da Serra da Mantiqueira. Ela ocupa as áreas montanhosas centrais do Espírito Santo, se estendendo de meados de Cachoeiro do Itapemirim até Colatina, com 225km de extensão. Seu relevo tem como característica os muitos e belos vales, cortados por vários cursos d’agua ao leste (devido ao alto índice de precipitação de chuvas na região – 2300mm), e os pontões (ou pães-de-açúcar) a oeste. A altitude diminui progressivamente a medida que avança para o leste. As maiores altitudes se concentram na região central da serra, a 2039 metros acima do nível do mar.

Pedra Azul, Serra do Castelo
Pedra Azul

Conhecida por abrigar inúmeras orquídeas, também destaca-se por ser uma grande produtora de café e frutas de clima temperado, como uva e morango.
Infelizmente, o plantio de eucaliptos e pinheiros para a produção de celulose são uma constante ameaça à região. Consequentemente, uma ameaça a preservação das orquídeas.

Serra do Castelo – Foto do arquivo de Renato X. Bolsanello

O livro

A coleção é composta de quatro volumes. Por uma questão de tempo, dinheiro e estrutura, a publicação começou pelo segundo livro. Agora, completando a coleção, o volume 1 está sendo lançado. O sentido de tudo isto? Os autores Guy Chiron e Renato Bolsanello explicam que o segundo volume foi o primeiro a ser escrito porque toda a pesquisa, texto e material gráfico já haviam sido finalizados. Bom, para lançar os outros volumes era necessário fundos, então o volume 2 foi lançado com o objetivo de arrecadar mais dinheiro para o projeto. Isto veio a calhar com outro fator interessante: decidiu-se deixar o primeiro volume por último para que qualquer espécie descoberta no período pudesse ser acrescentada ao livro, fazendo com que a obra apresentasse o índice correto no volume 1.

Orchidées du Brésil – Orquídeas da Serra do Castelo, volume 1
Orchidées du Brésil – As orquídeas da Serra do Castelo, volume 1
Orchidées du Brésil – Orquídeas da Serra do Castelo, volume 2
Orchidées du Brésil – As orquídeas da Serra do Castelo, volume 2
Orchidées du Brésil – Orquídeas da Serra do Castelo, volume 3
Orchidées du Brésil – As orquídeas da Serra do Castelo, volume 3

O primeiro livro foi publicado em 2013, sob o título bilíngue “Orchidées du Brésil – As orquídeas da Serra do Castelo”. Esta obra abrange cerca de 730 espécies de orquídeas que habitam a região montanhosa do Espírito Santo. Isto significa que cerca de 30% das espécies de orquídeas existentes no Brasil estão representadas nos livros, ou seja, uma coleção de muito respeito, se considerarmos o quão escassas estas publicações são em nosso país.

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Orchidées du Brésil – As orquídeas da Serra do Castelo, volume 4

Os livros são impressos em papel couché com alto brilho e contém, além do material descritivo, fotografias e desenhos esquemáticos que auxiliam o leitor a compreender a morfologia de cada planta.

A obra

Segundo meu amigo Fred Gorski, do Jardim de Calatéia, a obra introduz uma nova classificação, rearranjado diversas espécies em outros ou ainda em novos gêneros. Essa reorganização não é mera invencionice dos autores, ainda que possa causar algum desconforto no meio orquidófilo mais conservador. Que método científico, afinal de contas, ousaria dizer que existem no Brasil apenas três espécies de Laelias e apenas um Pleurothallis?
O “crime”, no entanto, não foi cometido nem por Chiron, nem por Bolsanello. Trata-se de uma tendência nos estudos botânicos, após a introdução de métodos filogenéticos de análise do DNA das plantas. A análise do material genético permitiu uma maior precisão na taxionomia da família das Orchidaceae, ainda que, de início, pareça um pouco confuso.

Página do volume 2
Página do volume 2

E, no reino das orquídeas, nada mais comum do que o reordenamento das espécies, surgimento de novos gêneros etc. Veja-se o caso das Epidendrum. Descrito pela primeira vez por Lineu, já incluiu praticamente todos as orquídeas epífitas do novo mundo. Paulatinamente, no entanto, os botânicos foram aprofundando os estudos e descobrindo novas espécies.
A complexidade do tema é tal, que, mesmo com a drástica redução da Mata Atlântica desde a chegada dos portugueses ao Brasil, novas espécies continuam a ser descobertas. Falamos de espécies e não de híbridos naturais, que, como bem anotam os autores, são muito comuns no país. Por isso, a pesquisa que envolve a composição do livro Orquídeas da Serra do Castelo continua em andamento e já vislumbram uma nova publicação, com as plantas que ficaram de fora deste.

Página do volume 3
Página do volume 3
Página do volume 1
Página do volume 1

Autores

O botânico francês Guy Chiron, no alto dos seus quase 70 anos de idade, interessa-se por orquídeas brasileiras desde 1992. Nesta época, veio ao país para participar do Congresso do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A partir de 2002, começou a fazer viagens freqüentes ao Brasil e, em 2008, escreveu uma tese botânica sobre o gênero Baptistonia.
A amizade com Renato Bolsanello, 29 anos, plantou a semente para que esta coleção fantástica estivesse disponível para o nosso deleite.

Informações adicionais

Título: Orchidées du Brésil – As orquídeas da Serra do Castelo, 4 volumes;
Autores: Guy Chiron & Renato Bolsanello;
Bilingüe: sim, francês e português;
Editora: Tropicalia
Volumes já publicados: 1, 2, 3 e 4 (coleção completa).

Para comprar

Os interessados deverão enviar um e-mail para o autor Renato Bolsanello através do e-mail renatoxb@hotmail.com informando o nome completo, endereço completo e número de telefone para contato. O valor do volume atual – volume 1 – é 70 reais com o frete incluso.

Referências

  • Renato Bolsanello
  • Jardim de Calatéia
  • Wikipedia
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Nascido na apaixonante cidade de Curitiba. Fã de Formula 1, trabalha com tecnologia da informação. Divide seu tempo livre entre as suas paixões: família, fotografia, aquarismo e a orquidofilia. Tem quatro gatos e uma ararajuba barulhenta.

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