Infelizmente, todas as espécies vegetais são acometidas por um determinado número de pragas e patógenos. O grupo das orquídeas não é uma exceção à esta regra e, embora sejam plantas resistentes a muitas doenças que acabam com outros cultivares, são necessários cuidados para que não sofram consequências danosas.

Cerca de 130 doenças conhecidas afetam, em maior ou menor grau, as orquídeas. Estas doenças podem ser ocasionadas por fungos, bactérias ou vírus. Dada a complexidade do cultivo, é possível afirmar que não há coleção que não apresente um determinado número de plantas atacadas por doenças.

O maior problema das coleções de orquídeas são as infestações por fungos. Porém, também são eles os patógenos com mais chance de serem combatidos. Já a infecção viral, uma vez instalada, nada mais poderá ser feito para debelá-la. A única solução é a prevenção.

Considerando que a convivência com estas doenças é inevitável, é essencial conhecê-las e mantê-las sob controle, evitando assim o estresse com tratamentos mais agudos e perdas significativas.

Cuidados gerais

Em grande parte das vezes as doenças são associadas a estresses por fatores abióticos tais como variações bruscas de temperatura, exposição ao sol em demasia, excesso de umidade, excesso de nutrientes e salinidade do substrato pela administração excessiva de adubos. É muito importante o cuidado com as regas, a adubação e até mesmo aplicação de medicamentos em horários do dia em que a temperatura está alta ou que raios solares estejam incidindo sobre as folhas, afim de evitar queimaduras, possíveis portas de entrada para o patógeno. Lembre-se que uma simples gota de água sobre uma folha poderá se transformar em uma lente que potenciará os raios solares e poderão queimar a folha rapidamente.

É importantíssimo ter uma rotina bem definida para a aplicação de adubos. Lembre-se que as orquídeas não recebem esta quantidade elevada de nutrientes na natureza. Uma das consequências do exagero na aplicação de adubos é a salinização do substrato, podendo causar a interrupção do desenvolvimento das raízes e, consequentemente, da planta. Alguns defendem que uma adubação mensal é mais que suficiente e uma periodicidade maior causaria estresse à planta. Eu sou meio suspeito para dizer algo sobre isto, pois minhas adubações são semanais, porém em doses homeopáticas. Vai de cada um, acredito eu.

Outro problema, não menos importante, é o fator rega. Irrigação excessiva pode ser um fator de estresse para a planta. Se a drenagem for insuficiente, o acúmulo de água será fatal.

Prevenção

Eis algumas dicas que, embora simples, podem contribuir para evitar o aparecimento de doenças:

  • Manter telados, estufas e piso completamente limpos, tanto em relação ao meio ambiente, quanto às plantas;
  • Evitar ter nesses locais outras plantas ornamentais de pequeno ou médio porte, árvores ou arbustos. Eles são hospedeiros e futuros vetores para a transmissão de doenças e pragas;
  • Muito importante: mantenha o entorno do orquidário limpo. Cuide com orifícios, desníveis no solo, acúmulo de lixo, buracos na parede, pilhas de vasos velhos, xaxim usado, tudo que servir de abrigo para insetos e como depósitos de esporos de fungos;
  • Limpar as bancadas com escovas, água e sabão, fazendo uma lavagem geral. Em seguida, pinte com pasta fungicida. Há algumas receitas para isto, como por exemplo: 1 quilo de fungicida, 1 quilo de cal virgem queimado, meio quilo de inseticida em pó molhável a 50% para 10 litros de água. Outra forma de limpar a bancada é usando hipoclorito de cálcio, numa solução aquosa a 10%. Também há outros produtos à base de cloro, estes encontrados facilmente no mercado, que podem ser utilizados para a desinfecção das bancadas;
  • Cultive espécies ou híbridos adequados ao clima predominante de sua região, proporcionando às orquídeas melhores condições possíveis em termos de cultivo (luz, água, adubação, umidade relativa, ventilação e substrato). Isto evita que as plantas fiquem estressadas por terem condições vegetativas insatisfatórias, que são um convite ao ataque, tanto de pragas como doenças;
  • Procure adquirir plantas isentas de doenças aparentes e em bom estado de cultivo. Cuidado com aqueles presentes de um ou dois bulbos traseiros;
  • Mantenha as plantas recém adquiridas afastadas do restante da coleção, por algum tempo (por exemplo, 6 semanas), até ter certeza que não portam doenças ou pragas. Faça pelo menos um tratamento contra doenças nestas plantas durante este período;
  • Faça uma inspeção detalhada de suas plantas, no mínimo uma vez por mês;
  • Se surgirem problemas nestas inspeções, aja rápido, para evitar que o problema assuma proporções epidêmicas no orquidário, após o que, o combate se torna caro e incerto;
  • A adequada ventilação do ambiente é ponto crucial no controle da maioria das doenças causadas por fungos e bactérias, que, em sua maioria, são transmitida pela água parada nas folhas e no substrato;
  • Utilize fungicidas e bactericidas quando necessário. Nunca aplique fungicidas sistêmicos de forma preventiva. Sempre alterne entre produtos, de modo a evitar o surgimento de resistência.

Referências

  • aoc.org.br
  • orquidario.org
  • aorquidea.com.br
  • orkideas.com.br

Abraços!

4 COMENTÁRIOS

  1. De fato não é simples…afinal um universo de seres vivos, cada um com sua função, permeia o ambiente na qual se encontram nossas orquídeas; acho que a experiência é aliada nessa problemática, juntamente com os conhecimentos que adquirimos, inclusive quando se acessa sites como o seu! Abraço!

  2. Oi Luis! Parabéns pelo Blog, continua excelente e o novo visual ta show..
    Gostaria que vc fizesse um post sobre a podridão mole. Estou com algumas phals com este problema.. confesso que não estou achando informações confiaveis sobre o assunto..
    Um Abração!

    • Oi Simara, obrigado pelos elogios!

      Vou verificar o que descubro sobre a podridão mole e prepararei algum material. Mas até onde lembro, é de origem bacteriana, sendo bem mais complicadinha de tratar. Teria que separar a planta, cortar as partes afetadas e cuidar para não contaminar as outras. Muitos que conheço descartam plantas assim.

      Abraços

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