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Pragas e doenças: podridão negra

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Uma das doenças mais chatas e cruéis que já vi em uma orquídea, a podridão negra ataca principalmente plantas dos gêneros Cattleya, Laelia e seus híbridos. Aparece principalmente no inverno ou em épocas muito úmidas, como a que estamos enfrentando agora no Sul do Brasil.

Plantas totalmente expostas à chuva ou plantas cuja a irrigação as mantém úmidas por um longo período facilitam o aparecimento da doença. No caso da irrigação, há relatos que plantas regadas pela manhã e em local pouco ventilado são mais propícias à doença, pois o calor emitido pelos raios solares aquecem a planta úmida que, ao atingir uma temperatura em torno de 28 graus, propicia um ambiente ideal para a eclosão de fungos.

orquideas.eco.br - podridão negra nas orquídeas
Podridão negra atacando um de meus híbridos

As condições úmidas nestes casos favorecem o crescimento da doença, pois os esporos inertes (Pythium ultimun e Phytophtora cactorum) sobrevivem no solo úmido até que um hospedeiro esteja disponível para proliferação. Então, os esporos inertes germinam e esporos móveis penetram as raízes. As raízes não precisam de feridas para serem infectadas, o que é mais um agravante, pois uma planta completamente sadia pode ser infectada rapidamente.

Outro fator que propicia o aparecimento da doença é a salinidade do substrato, portanto esteja atento ao excesso de fertilizantes. Os sais acumulados no substrato dos vasos pode ajudar à proliferação da doença.

Seu ataque começa pelo rizoma, passando depois para os pseudobulbos e folhas com incrível rapidez. A doença transforma essas partes da planta numa massa pardacenta e de odor desagradável, evidenciado por pequenas lesões negras. A doença continua a se espalhar até que ela finalmente mata a planta.

Podridão negra atacando uma de minhas tigrinas

Caso você tenha tido um surto da doença em seu orquidário, evite cultivar suas orquídeas perto de qualquer área aonde a podridão negra foi identificada. Mantenha ferramentas e regadores higienizados. Compre apenas orquídeas certificadas de uma fonte com boa reputação. Inspecione as plantas com cuidado por sinais de podridão negra quando você comprá-las. Cuidados nunca são demais e podem salvar seu orquidário de duras perdas.

Podridão negra e seus efeitos devastadores

Como controlar

Isole as plantas infectadas e pare totalmente as regas. Utilize compostos baseados em cobre nas orquídeas infectadas (um exemplo pode ser a calda bordalesa, que você confere a receita clicando aqui). Estes compostos incluem hidróxido de cobre, óxido de cobre, sulfato de cobre básico, oxicloreto de cobre, e carbonato de amônio de cobre. Aplique-os com moderação porque muito cobre pode danificar sua orquídea. Os fungicidas Manebe, Mancozeb, e Zinebe também são eficientes no controle de podridão negra. Compostos de estanho orgânico também são eficientes, mas muito mais tóxicos para a planta. Você também pode utilizar os compostos sistêmicos Fenilamida, Fosfonato, Acido Cinâmico e Quinina, já que eles se movimentam para cima das raízes para matar a podridão negra nas folhas.

Planta tomada pela podridão, infelizmente

Aplique o produto escolhido quando a planta estiver em crescimento ativo. Pulverize o local onde se encontrava a planta e todo o recinto para tentar sanar o problema no local. Corte o local afetado com uma tesoura flambada ou um bisturi esterilizado a parte atacada e a descarte, queimando-a, bem como todo o substrato e o vaso onde estava a planta. Se a planta estiver bem debilitada descarte-a, queimando-a.

Você também poderá fazer a imersão da planta numa solução de hipoclorito de cálcio e um fungicida sistêmico por uma hora, secando-a bem em seguida.

Por fim, aplique sobre a planta uma camada de canela em pó (você pode ler meu artigo sobre o uso de canela em orquídeas clicando aqui). Repita a dose sobre a planta e substrato alguns dias após o seu replante.

Lembre-se sempre de usar material de corte esterilizado e evitar que a água da rega caia da planta de cima diretamente na planta que esteja logo abaixo para não disseminar problemas. Mantenha as plantas em local arejado ou de temperatura amena.

Podridão Negra Bacteriana

Existe um outro tipo de podridão negra, não causada por fungos e sim por bactérias do gênero Erwinia. Não é muito freqüente no Brasil mas é extremamente letal, causando surgimento de manchas negras, com aspecto aquoso e cheiro repulsivo. É de desenvolvimento rápido, tomando conta da planta em poucas semanas, levando-a à morte. Muitas vezes provoca um colapso da estrutura das folhas, ficando totalmente amolecidas e murchas.

Referências

  • aorquidea.com.br
  • orkideas.com.br
  • ehow.com.br

Abraços!

Pragas e doenças – Lesmas e caracóis

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Ah, quem nunca viu uma lesminha brilhante devorando com vontade uma nova raiz ou pior, um botão floral?

Pois bem, cá estou eu com este problema em casa. E pior, em larga escala. Parece que em todo lugar que olho eu vejo um molusco chato detonando alguma planta minha. Ou seja, hora de agir.

Pesquisei muito sobre o que fazer em casos como este e a conclusão que cheguei é que tudo vai depender daquilo que você tem vontade ou tempo para fazer. No meu caso, devido a quantidade de plantas e ao tempo escasso que tenho para sair catando um por um, fui um pouco mais radical. Mas vamos com calma, vamos conhecer primeiro os causadores do problema.

Lesminha feliz em uma folha de Cattleya

Lesma

As lesmas são moluscos gastrópodes da sub-ordem Stylommatophora, que andam sobre o abdômen e que possuem respiração cutânea. Distinguem-se dos restantes gastrópodes, em particular dos caracóis, pela inexistência de concha externa proeminente. O corpo das lesmas é constituído por manto, pé e cabeça com um par de tentáculos ópticos e um par de tentáculos sensoriais, ambos retrácteis. São bastante sensíveis à desidratação e algumas também são sensíveis à luz. As lesmas são seres hermafroditas. Caracterizam-se pelo fato de que, durante o seu desenvolvimento, a massa visceral sofre uma torção de 180 graus (característica dos moluscos gastrópodes), enrolando-se sobre si mesma. Assim, adotam a forma espiral tão característica da concha dos caracóis.

Caracol

Caracóis são os moluscos gastrópodes terrestres de concha espiralada calcária, pertencentes à subordem Stylommatophora, que também inclui as lesmas. São animais com ampla distribuição ambiental e geográfica. Respiram através de um pulmão. As diversas espécies de caracóis se distinguem especialmente pela concha que é, na verdade, o esqueleto externo do animal. Essa concha é feita de calcário, e pesa pouco mais de um terço do peso total. Os caracóis não tem audição e utilizam especialmente os sentidos do tato e do olfato que se situam em todo o corpo mas principalmente nas antenas menores já que pouco enxergam com os olhos situados nas pontas das antenas maiores. Ao lado da boca fica o aparelho genital e a entrada e saída do ar dos pulmões, o pneumóstoma, que fica embaixo da concha.

É muito comum a confusão entre caramujo e caracol. Na verdade, são animais cuja aparência é muito próxima, mas bem diferentes. O caramujo é um animal aquático e respira por brânquias, enquanto o caracol é um animal terrestre e dotado de um pulmão.

Como combater

Estes animais possuem hábitos noturnos e gostam de ambientes abafados e úmidos. Por serem noturno, temos muita dificuldade para localizá-los. Durante os períodos de incidência de luz, eles costumam se esconder no substrato ou em cantos próximos ao orquidário. Apesar de lentas, fazem um estrago considerável pois são raspadores e se alimentam de raízes, folhas e caule das orquídeas. Tenho observado que o principal dano causado por estes animais é nas raízes. Infelizmente, só percebemos quando a planta já está desidratando e definhando. Neste momento é comum olharmos o vaso com mais atenção e aí notar estes animais no substrato.

Algumas raízes devoradas

Se você tem dúvidas se estes animais estão presentes em seu orquidário, basta olhar se há algum tipo de raspagem ou parte de folha ou raízes comidas. Outra forma é verificar se o famoso rastro brilhante está presente no ambiente, indicando que alguma lesma passou por ali deixando parte de seu muco.

Resultado de apenas uma noite de trabalho das esfomeadas

Muitos são os métodos utilizados para controle destas pragas. Alguns preferem algo 100% natural, outros já preferem métodos químicos. Eu estou testando um moluscicida pois sinceramente não tenho mais como fazer coleta manual.

Ambiente

Dentre as muitas formas de evitar o aparecimento de lesmas é ter um orquidário arejado e protegido. Plantas penduradas, bancadas bem arejadas e com pilares protegidos (com sal, por exemplo), chão de cimento ou com uma cobertura plástica entre a terra e a brita são opções que podem dificultar o aparecimento de infestações. Aliás, o chão do orquidário deve estar limpo, sem mato, afinal, ervas daninhas são hospedeiras intermediárias destas e outras pragas. Entretanto, acredito que o principal aqui é o ambiente arejado, afinal, uma ventilação adequada controla o excesso de umidade, evitando a proliferação destes animais. Por isto, nada de vasos amontoados, ok?

Esta seria a primeira linha de defesa contra estes animais, visto que eles se reproduzem com grande facilidade em meios ricos em matéria orgânica (chão úmido, substratos, etc) por serem hermafroditas (bissexuados) e passam diretamente dos ovos para a fase adulta.

Tenho o problema?

Pode ser que você veja alguns sinais característicos de lesmas em suas orquídeas, como raízes e folhas raspadas. Afinal, como ter certeza se há algum tipo de infestação de lesmas em seu orquidário? Faça armadilhas para elas!

Início da refeição – felizmente evitada

Existem várias formas de preparar armadilhas para estes animais:

  • usando chuchu;
  • estopa umedecida;
  • estopa com cerveja;
  • estopa com uma mistura de uma parte de leite integral para quarto partes de água;
  • bandejas de isopor com cavidades para baixo.

A vantagem de atraí-las é que você poderá realizar a coleta manual, controlando a população de lesmas.

Coleta manual

Alguns dizem que este é o melhor método. Eu prefiro dizer que é o mais natural, pois dependendo do tamanho da sua coleção e do tamanho da infestação, a coleta manual pode ser um trabalho quase impossível. Além das armadilhas descritas acima, uma alternativa ao tedioso método de coleta manual é mergulhar o vaso em um balde com solução de calda de fumo. Desta forma as lemas irão à superfície, sendo facilmente coletados.

Para preparamos esta calda, eis os ingredientes:

  • 100 gramas de fumo de corda;
  • 1 litro de água;
  • uma colher de sabão em coco (pó).

Pique o fumo, junte com os outros ingredientes e ferva. Depois é só coar em um pano fino e diluir em 10 litros de água.

Mergulhando na solução para coleta manual

Depois de coletados, uma forma eficiente de eliminá-los é colocá-los em uma vasilha com uma solução saturada de sal.

Métodos químicos

Aqui a coisa fica um pouco mais séria. Se você realmente tem uma infestação que se faz impossível de ser controlada (ou coletada manualmente), você pode recorrer aos artifícios químicos comumente conhecidos como iscas ou moluscicidas.

Moluscicidas são pesticidas usados no controle de moluscos, como as lesmas e caracóis. Essas substâncias geralmente incluem metaldeído, metiocarbe e sulfato de alumínio, e devem ser usadas com cautela para não causar danos a outros seres que não são alvo de sua aplicação. A maioria dos moluscicidas não são usados na jardinagem e agricultura orgânica pois são proibidos, mas há exceções, como o fosfato férrico.

O fosfato férrico é substância ativa autorizada para agricultura orgânica pelo Ministério da Agricultura e está presente no lesmicida Ferramol Organic, importado da Alemanha. É um produto de venda livre, registrado na ANVISA. O produto age interrompendo a alimentação das pragas que se recolhem em suas tocas e morrem dentro de 2 a 6 dias. Depois de aplicado, o Ferramol tem durabilidade durante vários dias mesmo na ocorrência de chuva, pois apresenta ótima resistência contra umidade. Os grânulos que não forem consumidos serão decompostos, servindo como adubo natural para as plantas.

Outro bastante utilizado é o Metarex. Pertencente à família química de aldeídos, é um tétramere de acetaldeído. O metaldeído presente no lesmicida Metarex SP atua principalmente pela ingestão por destruir as células responsáveis pela produção de muco. Ele é irreversível, provocando uma destruição total do sistema de membrana, a fragmentação dos vacúolos, a destruição das mitocôndrias e do núcleo celular. Por sua natureza tóxica, você deverá ter atenção especial se possuir animais que frequentam o mesmo ambiente das orquídeas. Nestes casos é mais seguro não espalhar as iscas pelo chão do orquidário, apenas nos vasos.

Um dos meus Meterex perdidos por aí

Por fim, existem alguns inseticidas organofosforados como o Malathion também são eficientes em aplicação total no orquidário, mas devem ser evitados ao máximo pela sua alta toxidez ao meio ambiente e aos mamíferos em geral, incluindo nós mesmo.

Plantas moluscicidas

Em minhas pesquisas para a confecção deste artigo me deparei com um artigo muito interessante, dos autores Joana D’Arc Ximenes Alcanfor, Pedro H. Ferri, Suzana C. Santos e José Clecildo B. Bezerra, na Universidade Federal de Goiás.

Resumidamente, o artigo trata de plantas moluscicidas para o controle de caramujos transmissores de doenças, enfatizando na ação química de taninos. Ali você poderá ler sobre algumas plantas que possuem este efeito e, quem sabe, utilizá-las de alguma forma em seu ambiente. Não vou discorrer muito sobre o artigo pois acho que ele vale a leitura como um todo.

Eis o link: Plantas moluscicidas no controle dos caramujos (…), com ênfase na ação de taninos

Resultado de um ataque de lesmas

Referências

  • orquideassemmisterio.blogspot.com.br
  • bworquideas.blogspot.com.br
  • revistas.ufg.br

Orquídeas do mato (3) – conscientize-se

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Bom, eis a hora de voltar a um assunto que nem todos aqui gostam.

Com as mudanças do site e os problemas que tive nos últimos dias, acabei me deparando com algumas coisas interessantes no Google. Sim, o Google é muito útil para analisarmos as fontes de visitas que tenho, bem como as palavras chave que acabaram convergindo neste site.

Aí me deparei com uma coisa um pouco preocupante: muitas pessoas procurando informações sobre orquídeas do mato ou orquídeas coletadas.

Mas Luis, por que isto é ruim?

Simples, meu amigo. O que está me assustando é o que as pessoas estão buscando na internet sobre as “orquídeas do mato”. Vejamos os dados da última semana:

– 28 pessoas chegaram com a palavra chave “orquídeas do mato” e suas variantes (como orkideas e orquidias);
– 4 pessoas chegaram com “fotos de orquídeas do mato”;

Estas são as pesquisas boas, ou pelo menos acredito que sejam. Entretanto, há algumas pesquisas mais suspeitas, como (copiadas do analytics, com erros e tudo mais):

– “como cuidar de orquídeas do mato”;
– “onde achar orquídeas no mato”;
– “como identificar muda de orquideas no meio do mato”;
– “como identificar uma orquidea no mato”
– “como plantar orquidea do mato”;
– “orquideas do mato compar” (comprar);
– “orquideas pequenas do mato”;
– “para que eh bom a orquidea do mato”;
– “tipos de orquideas do mato”;
– “especies de orquideas do mato”;
– “encontra orquidea no mato”;
– “mato para pegar oorquideas” – sobrou um o ali;
– “minhas orquideas do mato”;
– “orkidias do mato da região do para”;
– “orquidea do mato mais comum”;
– “orquideas de mato em minas”;
– “orquideas são as mesmas que dão em arvores no mato”;
– “plantas orquideas do mato”;
– “tem orquideas no mato”;
e a mais legal:
– “www.orquideas do mato.com.br”;

Parace pouco, mas não é. As pesquisas acima somam mais de 150 pessoas chegando ao site do orquideas.eco.br nos meses de junho e julho, o que me faz parar para pensar duas coisas: primeiro, como a internet emburreceu as pessoas – poxa, escrevem tudo errado! Isso que deixei as piores palavras de fora para não mostrar de que tipo de “orkidia” nós estamos falando.

Ok, desabafo feito, hora de voltar ao assunto. Um blog despretensioso como o meu não deveria ter tanta palavra chave sobre reconhecimento, coleta, locais, cuidados e afins de orquídeas do mato. Sim, publiquei um texto no começo do ano sobre isto, as pessoas acabam caindo aqui quando procuram pelo tema. Mas o teor destas palavras chave me assusta. A maioria quer saber como cuidar daquilo que coletou, onde coletar ou comprar mudas, o que fazer quando acha estas pobres plantas na mata, enfim, tudo que já falei algumas vezes aqui: não faça!

Você que está lendo este texto e se encaixa no perfil de aventureiro destemido, que sai a procura de plantas no meio do mato? Sim, você mesmo! Use cinco minutos do seu tempo e leia os textos abaixo que já voltamos a conversar:

Orquídeas do mato – texto principal, aborda a questão da legalidade e também das consequências
Orquídeas do mato (2) – complemento ao primeiro texto

Entendeu agora? Não é simplesmente retirar uma planta do mato e achar que conseguiu algo a mais na sua coleção. É uma questão de bom senso, é uma questão de consciência ecológica.

Ainda dá tempo de mudar. Nunca escondi que no começo cheguei a coletar plantas no mato. Mas aprendi a lição, e você?

Calda bordalesa: fungicida caseiro

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Algumas regiões do Brasil estão sofrendo bastante com chuvas e a consequência disto é o aumento de doenças em nossos orquidários. Algumas destas doenças são tratadas com fungicidas, conforme visto em outros artigos aqui no site. Entretanto, pessoas comuns tem dificuldade em adquirir fungicidas (e outros produtos do gênero) em lojas especializadas justamente por serem pessoas físicas não ligadas ao meio rural. Pensando nisto, compartilho com vocês uma receita de fungicida caseiro bastante eficiente que pode ajudar você naquelas horas em que o problema aperta e você não sabe o que fazer.

Histórico

Originária de Bordeaux, região da França, a calda bordalesa é datada do século XIX por uma descoberta acidental do botânico Pierre Marie Alexis Millardet. Millardet notou que alguns vinhedos locais não apresentavam debilitações por fungos. Questionando os agricultores, estes revelaram já usar a calda porém com o intuito único de amargar o sabor das uvas para ninguém furtá-las. A partir daí, Millardet promoveu pesquisas e publicou, em 1885, recomendação da fórmula aperfeiçoada para o combate de doenças por fungos.

Tratamento

A mistura atua por meio dos íons de Cobre (Cu2+). Estes íons afetam as enzimas dos esporos do fungo de tal forma que impede o seu desenvolvimento. Sendo assim, a calda bordalesa deveria ser usada preventivamente antes do estabelecimento de doenças fúngicas.

Recomenda-se o uso com cautela, evitando-se abusos nas quantidades. Na realidade cada espécie de planta apresenta uma sensibilidade e necessidade específica de concentração desse preparado. Contudo, como regra genérica, a fórmula apresentada neste artigo é indicada para a maioria das plantas adultas, enquanto no caso de mudas ou brotações recomenda-se diluir essa mistura a 50% com água.

Utilizando um bom pulverizador, o ideal é aplicar o produto em dia ensolarado, borrifando a planta inteiramente. Afim de evitar o entupimento do pulverizador, pode-se filtrar a calda.

A calda tende a oxidar e por isso deve ser aplicada em no máximo 24 horas para melhor eficácia e repetido 15 dias depois para melhor eficácia.

Para um melhor resultado, existindo plantas já infectadas por fungos, estas deverão ser podadas antes da pulverização. Lembre-se de usar ferramentas esterilizadas e eliminar (incinerar) as partes destacada

Importante: cuidados com a calda

O sulfato de cobre desequilibra o ambiente através da lixiviação (processo de extração de uma substância de um meio sólido por meio de sua dissolução) do solo. Com isso o cobre tende a se acumular danosamente na terra.

O excesso desta calda polui os rios, prejudica os peixes e criações de animais. Ela extermina por completo as minhocas no solo, que são benéficas em qualquer cultivo saudável e imprescindíveis na agricultura orgânica.

A calda bordalesa é um produto com certo grau de toxidade. Desta forma, frutas, sementes, folhas, etc. que foram tratadas com esse preparado devem ser evitados e não ingeridos. Embora seja de baixa volatilidade, ela pode produzir irritações na pele e mucosas quando em contato direto com o corpo. Sendo assim, como na maioria das aplicações de produtos agrícolas, durante sua manipulação é necessário seguir procedimentos padrões de segurança. Ou seja, deve-se usar trajes apropriados e cuidados como luvas impermeáveis, máscaras de proteção e botas de borracha.

Como fazer a calda

Ingredientes:

  • 10 gramas de cal virgem (prefira cal virgem, pois a cal hidratada não tem a eficiência necessária, sendo necessário dobrar a quantidade);
  • 10 gramas de sulfato de cobre em pó;
  • 1 litro de água;
  • Vasilhames de plástico, vidro ou louça, ou seja, não metálico. Não pode ser de lata, latão ou alumínio, por reagir com o cobre.

Caso queira quantidades maiores, é só multiplicar as quantidade.

Sulfato de Cobre

Modo de preparo

  1. Coloque o sulfato de cobre em um saco de pano poroso e deixe imerso em meio litro de água (pode ser morna) por 24 horas. Desta forma ocorrerá a completa dissolução dos cristais, pois um dia representa um tempo seguro para a diluição para a maioria das condições.
  2. Em outro recipiente é feita a reação da cal com pequenas quantidades de água. À medida que a cal “queima” segue-se adicionando água até o outro meio litro do total da receita.
  3. Em um terceiro recipiente, unir os dois preparados acrescentando aos poucos a mistura de sulfato de cobre à solução de cal, misturando vigorosamente com um utensílio não metálico. Importante: não coloque a solução de cal sobre a de sulfato de cobre, pois há o risco de empelotar, perdendo a eficácia.

Neste ponto a calda bordalesa estará pronta para uso. Entretanto, é importante verificar se a mistura está neutra ou, de preferência, levemente alcalina para evitar a fitotoxicidade provocada pelo sulfato de cobre livre. A forma mais fácil de verificar, sem precisar usar medidores de pH como o papel de Tornassol, é improvisar uma checagem da acidez através de um objeto metálico, como uma faca de aço. Para tal, mergulhe a faca por 2 ou 3 minutos no preparado. Se a faca escurecer, isto indica acidez excessiva. Neste caso seria necessário elevar o pH, adicionando-se mais mistura de cal à calda. Se a faca não escurecer, a mistura está pronta!

Eis um vídeo sobre o assunto:

Referências

  • wikipedia.org
  • emater.mg.gov.br
  • portaldojardim.com
  • cpra.pr.gov.br
  • jardimdasideias.com.br

Abraços!

Substratos para orquídeas – Xaxim e sua proibição

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Xaxim

Desde que comecei neste hobby, grande parte da discussão acalorada parte do substrato, mais especificamente o xaxim.

Xaxim, segundo a Wikipedia, é um feto arborescente, da família das dicksoniáceas, nativo da Mata Atlântica e América Central (especialmente dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Possui cáudice ereto, cilíndrico, e frondes bipenadas de até 2 metros. Devido à extração desenfreada do cáudice para uso no cultivo de outras plantas, a espécie está ameaçada de extinção e sua extração está proibida em todo o Brasil. Também é conhecido pelos nomes de samambaiaçu e samambaiaçu-imperial.

Lembro-me do dia que postei em um forum a imagem de uma planta em uma placa de xaxim e algum espertinho resolveu encrencar com isto. Pronto, iniciou-se uma discussão em que nenhuma das partes teriam razão no final. Antes de mais nada: eu uso, não nego. Não compro, não extraio. Mas uso. Uso aquilo que tenho em casa há mais ou menos 30 anos. Havia alguns sacos com pedaços de xaxim guardados em casa e hoje tenho aproveitado para colocar algumas orquídeas neles.

Mas um dia meu estoque vai acabar, terei que procurar fontes alternativas de substratos e tutores para minhas plantas. E tenho testado alguns. Ainda não gostei de nenhum, para falar a verdade. Mas tenho testado. Por exemplo, não tenho planta que sobreviva em fibra de coco. Parece praga, é só colocar no coco que a planta definha. Acho que o xaxim me acostumou mal.

Antes de mais nada, precisamos entender porque a extração do xaxim está proibida. A Dicksonia sellowiana (xaxim) é uma planta de crescimento lento. Muito lento. Se você acha que suas orquídeas têm um crescimento lento, o xaxim é pior. O xaxim leva de 50 a 100 anos para atingir um metro de altura. Some isto ao fato que houve um período de extração desenfreada. Pronto, quase não há mais xaxim em nossas matas.

Hoje existem leis municipais e federais (Resolução CONAMA n.º 278 de 24 de maio de 2001) impedindo a extração de espécies ameaçadas de extinção. Aliás, existe uma lei internacional sobre isto, mas não vou me aprofundar em leis desta vez. A questão é que o xaxim, assim como outras espécies ameaçadas em nossa Mata Atlântica, estão protegidas por lei e precisamos pensar nas alternativas a isto.

Para procurarmos alternativas, temos que entender porque o xaxim é tão bom para as orquídeas. O xaxim retém uma quantidade ideal de água, nem muito nem pouca. É capaz de liberar lentamente nutrientes para as plantas. Facilita a fixação e a areação da raízes. Complicado bater uma coisa com tantas qualidades? Talvez não, é o que veremos daqui para frente nesta série de artigos sobre substratos.

Referências

  • mma.gov.br
  • auepaisagismo.com
  • wikipedia.org

Abraços!

10 dicas para iniciar o cultivo de orquídeas

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Então você está querendo entrar no mundo da orquidofilia e ter uma vasta e bela coleção de plantas. Bom, então me permita opinar um pouco, pois vou dar umas dicas e uns pitacos baseados naquilo que aprendi ao longo dos anos. Não que eu, Luis, seja o dono da verdade. Pelo contrário, cometo erros todos os dias. Porém aprendi muita coisa, e isto pode ajudar muito quem está começando.

Para começar, antes de mais nada, seja humilde. Entenda suas limitações e busque aprimoramento. O estudo é essencial para você ter mais do que apenas olhos-de-boneca em uma árvore em casa.

Infelizmente, grande parte das pessoas que resolvem virar orquidófilas da noite para o dia compram absolutamente tudo que aparece pela frente, sem mensurar se devem ou podem ter determinada espécie. “Ah, mas eu posso ter o que eu quiser!“, você poderá dizer. Sim, o livre arbítrio existe, mas use-o com sabedoria. Vou explicar o porquê.

Livros

Comprar uma orquídea e depois encher a Internet com perguntas questionando o porquê que sua orquídea está morrendo não é o caminho. Primeiro, as espécies de orquídeas não são iguais e por isto não tem as mesmas necessidades. A relação disto é muito grande com a questão climática. O clima da região onde você mora influencia diretamente nas espécies que você poderá cultivar com menos esforço. Algumas espécies de orquídeas que gostam de um clima quente e seco não se desenvolverão em climas mais amenos e úmidos e vice versa. Fora isto, existem outras variáveis neste quebra-cabeça, como a forma de plantio, iluminação, aeração, umidade, substrato, vaso, enfim, uma série de coisas que fariam os mais preguiçosos desistirem logo de cara.

Conhecer a planta que que você adquiriu é o primeiro passo para o sucesso do seu cultivo. A melhor forma de fazer isto é, ao meu ver, com um bom embasamento teórico. Para isto, existem livros interessantíssimos disponíveis no mercado nacional que podem suprir suas necessidades de conhecimento para que, a curto prazo, nunca mais você pergunte porque, por exemplo, não se deve plantar uma Cattleya na terra. Sendo assim, minha primeira e valiosa dica é:

DICA 1: leia (e se possível compre) bons livros sobre orquidofilia.

Posso ajudar um pouco com esta lista, pois alguns dos livros que estão em minha estante são considerados indispensáveis para um orquidófilo que busca conhecimento. Os livros são muito mais do que apenas um catálogo de fotos de orquídeas. A maioria também traz uma bagagem interessante sobre como cultivar e como tratar possíveis problemas, como as doenças mais comuns. Eis minha lista para qualquer iniciante:

Local e espaço

Considerando que você deu uma boa lida em alguns dos livros acima, você deve estar pensando: “Ok, mãos à obra! Vou ali comprar umas plantinhas!”. Espere! Não se precipite tanto. Onde você vai colocar estas orquídeas? Sobre a máquina de lavar? Penduradas na área de serviço? Não são lugares muito adequados, não é? Aí temos outra questão importante: onde manter a coleção de forma a tentar sanar todas as necessidades das orquídeas?

O principal divisor de águas é se você possui espaço ou não. Como as formas de cultivo podem ser variadas, você pode adaptar seu cantinho de orquídeas da melhor forma possível, então não se preocupe se você mora em um apartamento pequeno ou uma imensa chácara, pois existirão formas de fazer seu espaço render. Claro que, se você mora em um pequeno apartamento, você deverá ser mais seletivo naquilo que irá cultivar. Entretanto, há uma vantagem nisto, você poderá dar uma intenção maior para cada planta e acabará entendendo muito mais sobre determinadas características sobre suas plantas. Sendo assim, minha segunda dica é:

DICA 2: escolha com sabedoria o local que você irá manter suas orquídeas.

A análise é válida para ambos os casos, se você tem ou não muito espaço disponível. Se você mora em um local pequeno, sem quintal, ainda sim poderá escolher um cantinho em algum cômodo da casa para cultivar suas plantinhas, ou a varanda se você morar em um apartamento. É importante que este local tenha algum tipo de iluminação e aeração. Sim, sei que neste caso você não poderá ter muitas plantas, mas mesmo assim irá usufruir deste hobby. Conheço algumas pessoas que cultivam em apartamentos com muito sucesso. Aliás, para você ter ideia, muitas pessoas cultivam orquídeas em países mais frios utilizam vivários para tal. O resultado é este da foto abaixo:

Neste caso, a pessoa pode ter orquídeas tropicais mesmo vivendo em lugares mais ermos, onde a neve predomina. Ou seja, tudo é possível. Mas, novamente, o conhecimento é necessário para que você possa ter sucesso em sua empreitada.

Por outro lado, se você tem espaço e está pensando em construir um orquidário de verdade para manter suas plantas, eu posso usar o meu exemplo como base para que você possa pensar melhor como fazer isto. Veja a sequência de fotos abaixo:

Primeira versão do meu orquidário – só o sombrite

Primeira reforma – estrutura e madeira como sombreamento, além de nivelamento do terreno

Onde minhas plantas ficavam durante as reformas…
Tirei as toras, coloquei sombrite novamente e fiz a irrigação automática
Por fim, a última reforma.
Coleta da água da chuva
Orquidário por dentro
E a frente, como ficou

Esta é uma pequena ideia da linha do tempo de tudo que fiz no orquidário aqui em minha casa. Esta mudança de visual e de conceitos aconteceu nos últimos cinco anos, fruto de estudo e muitos, mas muitos erros e poucos acertos. O que me leva a lembrá-lo que você também irá errar e isto é bom. Com os erros você irá aprender e evoluir e isto o tornará um orquidófilo cada vez melhor.

No meu caso, eu pequei muito no início porque não segui minha dica 1, ou seja, não busquei o conhecimento necessário para começar efetivamente a levar a sério o hobby. O que tenho hoje vai contra muitos dos orquidários amadores que eu vejo por aí mas, acredite, tem funcionando muito bem, fruto de alguns conceitos e do aprendizado que tive ao longo do tempo com os outros modelos de orquidários que tive. Pela primeira vez em anos não tenho mais plantas doentes, consigo controlar completamente a irrigação de minhas plantas (a importância disto? clique aqui e descubra) e o ambiente é muito mais limpo, o que se mostrou muito eficiente no cultivo.

Resumindo, o importante é você escolher um local que atenda os requisitos mínimos para o bem estar de sua planta, não importa o tamanho. Clique aqui e confira mais dicas de cultivo, assim poderá escolher melhor seu local!

Internet

Em um mundo cada vez mais conectado, é impossível não relacionar tudo que fazemos com as mídias digitais. A maioria esmagadora da população que tem acesso à um computador e, principalmente à um celular, consome vorazmente informações provenientes da Internet. As fontes são muitas, mas atualmente residem nas redes sociais. Sites como este e fóruns em geral perderam um pouco o apelo de outrora, sendo ultrapassados pelas tecnologias cada vez mais móveis. Hoje você tem tudo em seu celular e com isto torna-se muito dependente do mundo digital. Experimente um dia sem acessar o Facebook, o Twitter, o Instagram, enfim, seu e-mail. Difícil não?

Mas isto não é ruim. A grande conectividade que temos hoje permite coisas que até alguns anos atrás eram inimagináveis. Você consegue visitar um museu sem sair de casa ou ver uma orquídea rara da Indonésia sem precisar esperar meses por uma publicação especializada. Mas é aí que mora o perigo.

O grande volume de informações faz com que elas não sejam tão confiáveis. Não é difícil: experimente digitar o nome de uma orquídea no Google e clicar em imagens. Certamente aparecerão, além da planta correta, inúmeras orquídeas erradas. Acredito que um dos grandes malefícios desta nossa nova forma de interagir com o mundo é que qualquer um é uma fonte de informação, seja esta correta ou não. Aí temos a terceira dica de hoje:

DICA 3: pesquise suas dúvidas na Internet, mas tenha em mente que nem tudo é o que parece. Procure fontes de informação confiáveis!

Por pior que possa parecer, ainda pode piorar! Além da Internet fornecer informações erradas “meio sem querer”, ainda existem aqueles que se aproveitam da ingenuidade das pessoas para ganhar dinheiro. Conheço casos clássicos de vendedores de plantas no Facebook que nunca entregaram plantas. Outros, vendem plantas coletadas de nossas matas (isso é errado sim, clique aqui e saiba mais). Mas, para mim, nada supera a baixaria que alguns vendedores cometem ao vender sementes de orquídeas em sites como o Mercado Livre. Nem vou falar muito sobre este assunto, já escrevi um post inteiro sobre isto (clique aqui e leia mais sobre os pilantras da Internet) e todos os dias vejo pessoas sendo enganadas por estes salafrários. Neste ponto temos a quarta dica:

DICA 4: tenha certeza do que está comprando. Procure fornecedores confiáveis!

Infelizmente o mundo está repleto de pessoas inescrupulosas. Apenas tome cuidado para não caiu em golpes. Sempre procure informações e referências das pessoas com as quais estiver negociando. Nunca deposite na conta da pessoa, sempre opte por utilizar um meio de pagamento intermediário, como Mercado Pago ou PayPal. Mesmo que você pague um pouco a mais, você sempre estará seguro e respaldado pela empresa.

Revistas

Infelizmente o atual momento das revistas sobre orquidofilia aqui no Brasil não é muito legal. Muitas revistas estão deixando de circular e outras tantas não tem muita qualidade para oferecer um conteúdo aceitável aos seus leitores. Por este motivo, não vou escrever muito sobre o assunto, mas você pode conferir mais no meu post sobre as revistas sobre orquidofilia no Brasil clicando aqui. A dica é:

Dica 5: Fique sempre de olho em revistas sobre o tema.

Por mais que não tenham a mesma qualidade de um livro, elas possuem o dinamismo que o livro não tem, normalmente carregando informações mais atuais e matérias interessantes sobre cultivo, habitats e exposições. No momento, recomendo fortemente a revista da AOSP. Clique aqui para conhecê-la.

Círculo de amizades

Considero que um hobby não é completo se não podermos compartilhar nossas alegrias, frustrações e dúvidas com outras pessoas de mesmo interesse. Ao longo dos anos fiz muitos amigos ligados à orquidofilia, que conheci nos mais diversos lugares: exposições, feiras, palestras, lojas, internet e por aí vai. A grande vantagem de vivermos em uma época digital é a facilidade que temos para achar pessoas que até então eram inacessíveis. Por exemplo, não é incomum conversarmos com grandes referências do meio orquidófilo através do Facebook e marcar um encontro em alguma exposição para trocar uma ideia pessoalmente. As pessoas se tornaram mais acessíveis neste era digital e as de nosso hobby, pelo menos em sua maioria, não são mesquinhas e adoram trocar experiências.

DICA 6: Cultive amizades além das orquídeas.

As amizades só ajudam nosso crescimento. Além de conhecimento, amigos verdadeiros trocam mudas de plantas e sempre estão disponíveis a ajudar se precisarmos de algo. Portanto, cultive amizades!

Associações

Associações são bons lugares para você conhecer pessoas ligadas ao meio orquidófilo. As associações realizam reuniões, normalmente semanais, onde os frequentadores compartilham informações, mostram as orquídeas floridas do momento, promovem palestras sobre cultivo, enfim, uma série de atividades que inserem você no mundo da orquidofilia mais facilmente.

Claro que nem tudo são flores. Em muitas associações existem pessoas ligadas ao comércio e/ou alguns dos membros não sabem lidar com pessoas, muitas vezes por se acharem melhor do que os outros. Isto acaba causando desavenças. Por isto, minha dica é:

DICA 7: Visite a associação orquidófila de sua região e analise se aquele ambiente e as pessoas que ali frequentam são benéficas à você e ao seu hobby.

Aconteceu comigo, pode acontecer com você: não frequento a associação de minha região porque alguns dos responsáveis pelo local foram desrespeitosos e desonestos comigo, então acabei optando por evitar este tipo de conflito em minha vida. Claro que este é um caso específico, pois conheço associações muito bacanas (que infelizmente não são muito próximas daqui).

Orquidários

Normalmente, os comerciantes locais são um bom termômetro de quão desenvolvido é o hobby em sua região. Se a variedade de plantas dos orquidários locais for significativamente alta, você está com sorte, pois sua coleção conseguirá prosperar para além do que chamamos de “orquídeas de mercado”, como os híbridos de Cattleya, Phalenopss e alguns Oncidium.

Eu, por exemplo, por gostar de algumas espécies da região do Equador (algumas espécies Dracula e Pleurothallis), converso muito com o pessoal aqui de Curitiba, mas também de outras regiões do Brasil. Apenas alguns orquidários conseguem importar este tipo de planta, portanto tenho que ficar antenado sempre que uma aparece disponível. O resultado de amizades assim é poder ter em sua coleção algumas das plantas abaixo:

Por isto, minha dica é:

DICA 8: conheça as pessoas dos orquidários de sua região e dos melhores orquidários online.

Estas pessoas irão te ajudar com sua coleção e também são uma importante fonte de informações e dicas de cultivo. Eu converso periodicamente com os mais próximos, visitando seus orquidários ou até, de vez em quando, recebendo-os em minha casa – o que é divertido, pois os mais dedicados já saem colocando nomes nas minhas plantas sem nome ou replantando aquelas que precisam.

Enfim, você certamente irá aprender bastante. Além do aprendizado, você terá acesso à plantas diferentes e muitas vezes receberá bons presentes deles.

Exposições

Por fim, as exposições. Adoro ir às exposições porque é outra excelente oportunidade de conversar com orquidófilos e comerciantes de outras localidades. Além disto, é uma boa fonte de produtos e plantas diferentes que, apesar do preço um pouco mais elevado, compensam por sua raridade no mercado. As maiores ainda oferecem cursos e sorteiam plantas e insumos. Por fim, é uma terapia visual que vale muito, nem que seja só para apreciar a beleza das flores ali expostas.

DICA 9: visite as exposições de sua região.

E, se possível, visite as maiores exposições do Brasil, como a de Rio Claro, Rio de Janeiro, São Paulo e a grandiosa Festa das Flores de Joinville.

Conclusão

Com estas dicas você certamente irá crescer no hobby sem muitos problemas e terá uma bela coleção de orquídeas em casa. Mas lembre sempre da minha dica número 10, a mais importante:

DICA 10: Seja humilde. Não sabemos tudo, a vida é um constante aprendizado.

Abraços!

Micorriza e as orquídeas

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Talvez você não saiba, mas uma das maiores famílias do reino vegetal é a Orchidaceae, com mais de 20.000 espécies identificadas. A maioria destas espécies estão distribuídas em regiões tropicais e subtropicais.

Esta diversidade é mais surpreendente porque, em algum momento de seu ciclo de vida, todas as orquídeas são dependentes de fungos micorrízicos. Não importa se elas são clorofiladas ou sem clorofila no estágio adulto, todas as orquídeas passam por uma fase em que elas não realizam atividade fotossintética e, portanto, dependem de fontes externas de nutrientes. Na grande maioria dos casos, é apenas no estágio de plântula (embrião vegetal já desenvolvido e ainda encerrado na semente) que elas são obrigatoriamente micorrízicas. Como as sementes de orquídeas são muito pequenas (cerca de 0,3-14 μg por semente), elas contêm uma pequena reserva de nutrientes. Esta reserva restringe-se a pequenas quantidades de proteína de alta energia e lípidos. Entretanto, há muito pouco açúcar. Algumas espécies também contêm pequenos grânulos de amido.

Os fungos micorrízicos podem fornecer os nutrientes e, particularmente, hidratos de carbono necessários para fazer crescer uma orquídea. Na verdade, a maioria das sementes de orquídeas não germinarão a menos que tenham sido infectadas por um fungo apropriado. Isto foi um problema no início do século 20 para os horticultores que tentavam propagar orquídeas visando um mercado altamente lucrativo. Agora, sabe-se agora que muitas espécies podem ser cultivadas em culturas puras (isto é, sem a infecção de micorriza) se a elas forem fornecidos com uma fonte exógena de açúcar.

Os fungos micorrízicos em orquídeas são do grupo Basidiomicelos, sendo normalmente da espécie Rhizoctonia, com a qual muitas orquídeas estão associadas. Algumas espécies de Rhizoctonia são conhecidas por formar associações ectomicorrízicos, mas se esta é uma ocorrência comum é ainda desconhecido. Esta associação é um relacionamento simbiótico que ocorre entre o fungo e a raiz da planta. Talvez por isto alguns orquidófilos tenham medo de usar fungicidas em suas orquídeas – e até canela (clique aqui para ler sobre a canela e as orquídeas).

Como funciona

A infecção de uma semente da orquídea por fungos ocorre após o embrião absorver água e inchar, rompendo o revestimento da semente. O embrião emerge e produz alguns poucos pêlos radiculares, que as hifas colonizam rapidamente. Como as hifas penetram as células do embrião, a membrana plasmática das células da orquídea invaginam, e a hifa torna-se rodeada por uma camada fina de citoplasma. Um embrião de orquídea é composto por apenas algumas centenas de células e os fungos se espalham rapidamente a partir de uma célula para outra.

Dentro das células, as hifas formam bobinas que aumentam consideravelmente a área de contato entre a orquídea e os fungos chamadas pelotons. Cada peloton tem uma vida curta, durando apenas alguns dias. Após este período, ela se degenera e é digerida pela célula da orquídea. Na verdade, as hifas na orquídea tem um período de vida curto também: as hifas mais velhas desenvolvem grandes vacúolos e paredes celulares espessas, e o citoplasma se degenera. As células das hifas eventualmente se separam e são consumidas pelas células da orquídea. Durante este processo, a célula da planta continua funcional e pode ser recolonizada por qualquer hifas sobrevivente ou por outros fungos provenientes de células adjacentes.

Pelotons em uma orquídea: manchas em vermelho em uma micrografia de luz em tecido seccionado – © Jim Deacon
Micrografia eletrônica de varredura de pelotons orquídeas – Smith & Read

A infecção por fungos micorrízicos não resulta necessariamente na germinação e crescimento de uma orquídea. Quando há a associação, três resultados são possíveis:

  • uma interação com as micorrizas, tal como descrito acima;
  • uma infecção parasitária, em que as células da orquídea são invadidas e o embrião morre;
  • as células da orquídea rejeitam a infecção fúngica.

Todas as três interações acima podem ocorrer em uma população de protocormos, destacando a natureza relativamente instável da associação.

Uma infecção fúngica de sucesso resulta na germinação da semente da orquídea. O fungo pode ser a única fonte de nutrição durante o primeiro ciclo de vida da orquídea. A partir daí, a maioria das espécies de orquídeas desenvolvem moléculas de clorofila em sua fase adulta e tornam-se menos dependentes da micorriza. No entanto, a maioria das orquídeas ainda têm o fungo em suas raízes para absorver nitrogênio e fósforo a partir do fungo. Ainda é desconhecido se as orquídeas induzem os fungos a transferir carbono para elas.

Em contrapartida, é sabido que cerca de 200 espécies de orquídeas permanecem sem clorofila ao longo das suas vidas. Espécies como Galeola, Gastrodia, Corallorhiza, Rhizanthella e muitas outras continuam a receber o carbono de seus fungos micorrízicos. Mesmo algumas espécies clorofiladas, como Cephalanthera rubra, passam vários anos no subsolo antes de produzir belíssimas floradas, ou seja, sobrevivendo através dos fungos micorrízicos.

Referências

  • davidmoore.org.uk
  • damianus.bmd.br

Abraços!

Louva-a-deus orquídea

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Em seu relato das peregrinações no Oriente 1879, o escritor de viagens James Hingston descreve como, no oeste de Java, ele passou por uma experiência bizarra:

“Estou no jardim, contemplando várias plantas e, entre outras coisas, uma flor, uma orquídea vermelha. Eis que ela captura e se alimenta de uma mosca viva. Em seguida, ela apoderou-se uma borboleta enquanto eu ainda estava presente, fechando-a em suas folhas bonitas mas mortais, como uma aranha teria envolvida-a em uma rede.”

Louva-a-deus orquídea: Hymenopus coronatus frupus, CC BY-NC

O que Hingston tinha visto não era uma orquídea carnívora, como ele pensava. Mas a realidade não é menos estranha ou fascinante. Ele tinha visto – e foi enganado por – um louva-a-deus orquídea, Hymenopus coronatus, não uma planta, mas sim um inseto.

O louva-a-deus orquídea já é conhecido há mais de 100 anos. Naturalistas famosos, como Alfred Russell Wallace, têm especulado sobre sua aparência extraordinária. Evitando o verde monótono ou marrom da maioria dos louva-a-deus, o Louva-a-deus orquídea é resplandecente em branco e rosa. As partes superiores das suas pernas são muito achatadas e são em forma de coração, parecendo com pétalas. Em uma folha seria altamente visível, mas quando sentado sobre uma flor, é extremamente difícil de ver. Nas fotos, o mantis aparece dentro ou ao lado de uma flor, desafiando sua identificação.

Louva-a-deus orquídea

Mimetismo?

Esta é uma história evolucionária clássica e temos a pergunta a responder: o louva-a-deus orquídea evoluiu para imitar a flor – o que lhe permite esconder entre suas pétalas, alimentando-se de insetos que são atraídos por ela? O mimetismo por predadores é bem conhecido. Por exemplo, aranhas caranguejo camuflam-sem de acordo com a flor que estão, e podem mudar de amarelo para branco para combinar com sua flor hospedeira.

Infelizmente, não houve nenhuma evidência para apoiar esta hipótese. O louva-a-deus orquídea são raros, por isso o seu comportamento é pouco conhecido, exceto em cativeiro. Por exemplo, ninguém sabe exatamente qual flor ele supostamente imita.

Louva-a-deus orquídea

Novos estudos apontam que o que temos imaginado estava errado todo esse tempo. Embora seja de fato um mímico de flor – o primeiro animal conhecido a fazer isso – o louva-a-deus orquídea não se esconde em uma orquídea. Aliás, ele não esconde nada. E para um inseto qualquer, ele nem sequer se parece como uma orquídea.

Uma atração fatal

O’Hanlon e seus colegas começaram a testar sistematicamente as idéias contidas dentro da visão tradicional do modus operandi dos louva-a-deus orquídea. Primeiro, eles testaram se eles realmente se camuflavam entre as flores ou se, alternativamente, atraiam insetos por conta própria. Para um inseto em busca da flor, como previsto, o padrão de cor mantis é indistinguível da maioria das flores comuns. No entanto, quando emparelhado ao lado da flor mais comum de seu habitat, os insetos aproximaram-se mais frequentemente do louva-a-deus orquídea do que das flores, mostrando que os louva-a-deus orquídea são atraentes para os insetos por si só, ao invés de simplesmente precisar se camuflar entre as flores.

Podemos observar claramente insetos, como abelhas, divergindo de suas rotas de voo e voar diretamente para este predador enganador“, segundo O’Hanlon. “Esses bichos são maravilhosos para esse tipo de atividade, porque podemos observar uma interação dinâmica entre predadores e presas.

Louva-a-deus orquídea

Este fenômeno, conhecido como mimetismo agressivo, ocorre em outros animais. Por exemplo, há uma aranha que libera substâncias químicas que imitam os feromônios sexuais liberados por mariposas fêmeas que procuram um companheiro. Mariposas do sexo masculino, com suas antenas elaboradas e emplumadas, pode detectar esses feromônios há milhas de distância, e são atraídas para a sua morte.

Os pesquisadores também avaliaram onde o louva-a-deus orquídea escolhia para sentar. Surpreendentemente, eles não escolhiam se esconder entre as flores. Eles escolheram outros locais, como as folhas, com a mesma frequência. No entanto, sentado perto das flores trouxe benefícios, porque os insetos foram atraídos para a vizinhança – o “efeito imã“.

Qualquer flor afinal?

Quando compararam a forma e cor do louva-a-deus orquídea com flores a partir da perspectiva de um inseto, o predador não se parecia com uma orquídea ou mesmo qualquer espécie particular de flor, mas sim uma flor generalizada. Isso se encaixa com o que já sabemos: alguns dos melhores imitadores na natureza são imitadores imperfeitos, com características de diversas espécies como modelo.

Colocando modelos experimentais plásticos em campo, os pesquisadores descobriram que para o louva-a-deus orquídea a cor era muito mais importante do que a forma. Eles acreditam que o louva-a-deus orquídea não pode realmente imitar precisamente um determinado tipo de flor. Em vez disso, eles podem explorar uma brecha criada por ganhos de eficiência evolutivas dentro do cérebro do inseto.

Louva-a-deus orquídea

Conclusões precipitadas

Entretanto, ainda há um problema que persiste: se o louva-a-deus orquídea pode atrair insetos por exploração sensorial sozinho então por que as partes do corpo que se parecem com pétalas? Talvez os polinizadores eram inicialmente atraídos a uma certa distância através da exploração sensorial, mas depois o mimetismo caía por terra quando o inseto estava mais próximo, quando podem inspecionar o louva-a-deus orquídea mais de perto para ver o que realmente é.

O importante é que cada espécie tem uma história emocionante para contar e pode ajudar a moldar a nossa compreensão de como o mundo natural funciona.

Referência

  • theconversation.com

Abraços!

Orquídeas ameaçadas de extinção no Brasil

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Estou sempre falando das questões ambientais que envolvem adquirir e manter uma orquídea. No último post, que você pode ler clicando aqui, falei sobre como identificar as orquídeas provenientes da extração ilegal em nossas matas e florestas. Antes, já falei sobre as consequências legais e naturais das coletas ilegais, que você pode ler clicando aqui, e também falei um pouco sobre as orquídeas e seus ambientes naturais, que você também pode ler clicando aqui.

Infelizmente, apesar de leis (se são cumpridas é outra história) e, principalmente, apesar de sermos seres dotados de inteligência, ainda existe em grande escala a extração indiscriminada e ilegal de várias espécies das nossas matas e florestas. A prova disto é o constante fluxo de pessoas que vejo, seja nas redes sociais, seja aqui mesmo no site, que buscam como ter e manter este tipo de plantas.

Novamente, prefiro acreditar que a maioria das vezes é por falta de informação. Se este é o seu caso, leia os posts acima. Se ainda não está convencido, saiba que muitas estão correndo um sério risco de serem extintas. Para ajudar a entender o tamanho do problema, eis a listagem mais atualizada que achei das espécies de orquídeas ameaçadas de extinção em território nacional:

Lista oficial de espécies brasileiras ameaçadas de extinção – Orchidaceae

Clique aqui para ver o documento original da Portaria nº 443, de 17 de dezembro de 2014, do Ministério do Meio Ambiente, que reconhece as espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção.

Para facilitar, eis a listagem:

Espécie Risco
Acianthera adiri (Brade) Pridgeon & M.W.Chase CR
Acianthera heringeri (Hoehne) F.Barros CR
Acianthera langeana (Kraenzl.) Pridgeon & M.W.Chase EN
Acianthera papillosa (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase VU
Adamantinia miltonioides van den Berg & C.N.Gonç. CR
AlatiglossumCRoesus (Rchb.f.) Baptista CR
Anathallis colnagoi (Pabst) F.Barros & L.Guimarães CR
Anathallis gehrtii (Hoehne & Schltr.) F.Barros VU
Anathallis pabstii (Garay) Pridgeon & M.W.Chase EN
Anathallis tigridens (Loefgr.) F.Barros & Barberena VU
Baptistonia kautskyi (Pabst) Chiron & V.P.Castro EN
Baptistonia truncata (Pabst) Chiron & V.P.Castro CR
Barbosella trilobata Pabst EN
Bifrenaria silvana V.P.Castro CR
Bifrenaria wittigii (Rchb.f.) Hoehne EN
Bipinnula biplumata (L.f.) Rchb.f. CR
Bipinnula penicillata (Rchb.f.) Cisternas & Salazar EN
Brachionidium restrepioides (Hoehne) Pabst VU
Brachystele camporum (Lindl.) Schltr. VU
BrasilaeliaCRispa (Lindl.) Campacci VU
Brasilaelia grandis (Lindl. & Paxton) Gutfreund VU
Brasilaelia lobata (Lindl.) Gutfreund EN
Brasilaelia perrinii (Lindl.) Campacci VU
Brasilaelia purpurata (Lindl. & Paxton) Campacci VU
Brasilaelia tenebrosa (Rolfe) Campacci EN
Brasilaelia xanthina (Lindl.) Campacci EN
Brasilidium marshallianum (Rchb.f.) Campacci CR
Brasilidium pectorale (Lindl.) Campacci CR
Brasiliorchis schunkeana (Campacci & Kautsky) R.B.Singer et al. EN
Brassia arachnoidea Barb.Rodr. VU
Bulbophyllum arianeae Fraga & E.C.Smidt CR
Bulbophyllum boudetianum Fraga EN
Bulbophyllum kautskyi Toscano VU
Campylocentrum pernambucense Hoehne EN
Catasetum mattosianum Bicalho EN
Cattleya aclandiae Lindl. VU
Cattleya dormaniana Rchb.f. EN
Cattleya granulosa Lindl. VU
Cattleya guttata Lindl. VU
Cattleya harrisoniana Batem. ex Lindl. VU
Cattleya intermedia Grah. VU
Cattleya labiata Lindl. VU
Cattleya porphyroglossa Linden & Rchb.f. CR
Cattleya schilleriana Rchb.f. EN
Cattleya schofieldiana Rchb.f. CR
Cattleya tenuis Campacci & Vedovello EN
Cattleya tigrina A.Rich. VU
Cattleya velutina Rchb.f. VU
Cattleya walkeriana Gardner VU
Cattleya warneri T.Moore VU
Centroglossa castellensis Brade CR
Chloraea membranacea Lindl. EN
Cirrhaea fuscolutea Lindl. EN
Cirrhaea loddigesii Lindl. CR
Cirrhaea longiracemosa Hoehne VU
Cleistes aphylla (Barb.Rodr.) Hoehne EN
Codonorchis canisioi Mansf. CR
Constantia cipoensis Porto & Brade CR
Coppensia macronyx (Rchb.f.) F.Barros & V.T.Rodrigues VU
Coppensia majevskyi (Toscano & V.P.Castro) Campacci EN
Cyclopogon dutrae Schltr. EN
Cycnoches pentadactylum Lindl. EN
Cyrtopodium caiapoense L.C.Menezes VU
Cyrtopodium hatschbachii Pabst EN
Cyrtopodium lamellaticallosum J.A.N.Bat. & Bianch. CR
Cyrtopodium latifolium Bianch. & J.A.N.Bat. CR
Cyrtopodium linearifolium J.A.N.Batista & Bianchetti CR
Cyrtopodium lissochiloides Hoehne & Schltr. VU
Cyrtopodium palmifrons Rchb.f. & Warm. VU
Cyrtopodium poecilum var. roseum Bianch. & J.A.N.Bat. EN
Cyrtopodium triste Rchb.f. & Warm. VU
Dichaea mosenii Cogn. VU
Dryadella auriculigera (Rchb.f.) Luer CR
Dryadella lilliputiana (Cogn.) Luer VU
Dryadella susanae (Pabst) Luer CR
Dungsia harpophylla (Rchb.f.) Chiron & V.P.Castro VU
Dungsia kautskyi (Pabst) Chiron & V.P.Castro CR
Encyclia bragancae Ruschi EN
Epidendrum addae Pabst VU
Epidendrum ecostatum Pabst VU
Epidendrum henschenii Barb.Rodr. EN
Epidendrum robustum Cogn. VU
Epidendrum zappii Pabst EN
Grandiphyllum divaricatum (Lindl.) Docha Neto VU
Grandiphyllum hians (Lindl.) Docha Neto VU
Grobya cipoensis F.Barros & Lourenço CR
Grobya fascifera Rchb.f. VU
Habenaria achalensis Kraenzl. VU
Habenaria brachyplectron Hoehne & Schltr. CR
Habenaria ernestulei Hoehne EN
Habenaria galeandriformis Hoehne CR
Habenaria itaculumia Garay CR
Habenaria novaesii Edwall & Hoehne CR
Habenaria piraquarensis Hoehne EN
Hadrolaelia alaori (Brieger & Bicalho) Chiron & V.P.Castro CR
Hadrolaelia brevipedunculata (Cogn.) Chiron & V.P.Castro VU
Hadrolaelia jongheana (Rchb.f.) Chiron & V.P.Castro EN
Hadrolaelia pumila (Hook.) Chiron & V.P.Castro VU
Hadrolaelia pygmaea (Pabst) Chiron & V.P.Castro EN
Hadrolaelia sincorana (Schltr.) Chiron & V.P.Castro EN
Hadrolaelia wittigiana (Barb.Rodr.) Chiron & V.P.Castro EN
Hoehneella heloisae Ruschi CR
Hoffmannseggella briegeri (Blumensch. ex Pabst) V.P.Castro & Chiron EN
Hoffmannseggella caulescens (Lindl.) H.G.Jones EN
Hoffmannseggella endsfeldzii (Pabst) V.P.Castro & Chiron CR
Hoffmannseggella ghillanyi (Pabst) H.G.Jones EN
Hoffmannseggella gloedeniana (Hoehne) Chiron & V.P.Castro CR
Hoffmannseggella kautskyana V.P.Castro & Chiron CR
Hoffmannseggella milleri (Blumensch. ex Pabst) V.P.Castro & Chiron CR
Hoffmannseggella mixta (Hoehne) Chiron & V.P.Castro EN
Hoffmannseggella munchowiana (F.E.L.Miranda) V.P.Castro & Chiron CR
Houlletia brocklehurstiana Lindl. EN
Isabelia virginalis Barb.Rodr. VU
Lophiaris schwambachiae (V.P.Castro & Toscano) Braem VU
Malaxis jaraguae (Hoehne & Schltr.) Pabst VU
Masdevallia discoidea Luer & Würstle CR
Miltonia kayasimae Pabst CR
Myoxanthus ruschii Fraga & L.Kollmann CR
Myoxanthus seidelii (Pabst) Luer CR
Neogardneria murrayana (Gardner ex Hook.) Schltr. EN
Notylia microchila Cogn. EN
Octomeria alexandri Schltr. EN
Octomeria chamaeleptotes Rchb.f. VU
Octomeria geraensis Barb.Rodr. VU
Octomeria hatschbachii Schltr. VU
Octomeria hoehnei Schltr. EN
Octomeria lichenicola Barb.Rodr. EN
Octomeria truncicola Barb.Rodr. VU
Octomeria wawrae Rchb.f. EN
Octomeria wilsoniana Hoehne CR
Pabstia jugosa (Lindl.) Garay EN
Pabstia schunkiana V.P.Castro CR
Pabstiella bacillaris (Pabst) Luer EN
Pabstiella carinifera (Barb.Rodr.) Luer VU
Pabstiella castellensis (Brade) Luer CR
Pabstiella conspersa (Hoehne) Luer EN
Pabstiella garayi (Pabst) Luer CR
Pabstiella lingua (Lindl.) Luer EN
Pabstiella ruschii (Hoehne) Luer CR
Phragmipedium vittatum (Vell.) Rolfe VU
Phymatidium geiselii Ruschi EN
Phymatidium glaziovii Toscano VU
Phymatidium vogelii Pabst VU
Polystachya rupicola Brade CR
Pseudolaelia brejetubensis M.Frey CR
Pseudolaelia canaanensis (Ruschi) F.Barros VU
Pseudolaelia cipoensis Pabst CR
Pseudolaelia citrina Pabst EN
Pseudolaelia dutrae Ruschi VU
Pteroglossa hilariana (Cogn.) Garay EN
Rauhiella silvana Toscano EN
Sarcoglottis alexandri Schltr. ex Mansf. EN
Saundersia mirabilis Rchb.f. EN
Saundersia paniculata Brade VU
Scuticaria irwiniana Pabst EN
Scuticaria itirapinensis Pabst CR
Scuticaria kautskyi Pabst CR
Scuticaria strictifolia Hoehne EN
Specklinia gomesferreirae (Pabst) Luer CR
Stigmatosema hatschbachii (Pabst) Garay CR
Thelyschista ghillanyi (Pabst) Garay VU
Thysanoglossa jordanensis Porto & Brade EN
Trichopilia santoslimae Brade CR
Vanilla dietschiana Edwall VU
Vanilla dubia Hoehne EN
Zygopetalum pabstii Toscano EN
Zygostates kuhlmannii Brade EN
Zygostates linearisepala (Senghas) Toscano CR

Legenda: Extintas na Natureza (EW), Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN) e Vulnerável (VU)

Referências

  • ibama.gov.br
  • orquidecampos

Abraços!

O fascinante mundo dos Bulbophyllum

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Bulbophyllum (abreviação Bulb.) é o maior gênero de orquídeas. Com predominância nas Américas (na faixa tropical), África e Ásia. Somente em Papua Nova Guiné ocorrem mais de 500 espécies. Existem cerca de 2500 a 3000 espécies registradas, fora centenas de híbridos criados pelo homem.

São em sua maioria são epífitas, isto é, vegetam em arvores para se desenvolverem sem tirar nutrientes da mesma. Os Bulbophyllum brasileiros vegetam em sua maioria como epífitas e rupicolas, ou seja, vegetam em rochas (veja o artigo sobre orquídeas epífitas clicando aqui e sobre orquídeas rupícolas clicando aqui).

Origem do nome

A palavra Bulbophyllum procede da latinização das palavras gregas: βολβος, que significa “bulbo”, “tubérculo”, “raiz carnuda”; e φύλλον, que significa “folha”, aludindo à forma bulbosa das folhas da primeira planta descrita, que tinha folhas grossas. O termo foi criado em 1822 por Thouars.

Quem foi Thouars?

Louis-Marie Aubert Du Petit-Thouars que foi um grande botânico francês. Nasceu em Boumois dia 5 de novembro de 1758 e faleceu em Paris dia 11 de maio de 1831.

Louis-Marie Aubert Du Petit-Thouars
  • Thouars veio de uma família aristocrática da região de Anjou (ou Anju – uma antiga província francesa correspondendo à atual região de Maine-et-Loire). Cresceu no “Castelo de Boumois“, perto de Saumur;
  • Em 1792, após uma prisão de dois anos durante a revolução francesa, ele foi para o exílio em Madagascar e ilhas vizinhas. Ele recolheu muitos espécimes em Madagáscar, Maurício (em francês, Mauritius, país a leste de Madagascar), e nas ilhas Reunião (em francês, îles de la Réunion) – grato pela correção, Marina. Dez anos mais tarde, volta para França, com 2.000 plantas. Grande parte de sua coleção foi para o Museu de Paris, enquanto algumas estavam em Kew (Royal Botanic Gardens, Kew Reino Unido – Inglaterra);
  • Em 10 de abril de 1820 foi eleito membro da Académie des Sciences;
  • Ele foi um pioneiro em botânica com trabalhos e descrevendo as orquídeas da região: 52 espécies provenientes da Mauritânia e 55 de La Réunion;
  • No ano de 1822 é lançado o livro Histoire Particulière des Plantes Orchidées, abreviado Hist. Orchid., onde é descrito o Phyllorkis thouars (atualmente Bulbophyllum nutans).
Bulbophyllum nutans – fonte: orchidspecies.com
Bulbophyllum nutans – fonte: orchidspecies.com

Como reconhecer um Bulbophyllum?

  1. Bulbos ovoides, alguns raramente achatados, outros cilíndricos;
  2. Frequentemente apresentam rizoma bastante longo crescendo de forma desordenada com bulbos bem espaçados;
  3. Seu aspecto é bastante desarrumado e muitas espécies apresentam crescimento cespitoso (termo botânico que se refere ao modo como algumas plantas crescem lançando novos brotos ou caules de maneira aglomerada, geralmente formando uma touceira ou espesso tapete);
  4. Em geral são unifoliadas, saindo folhas na base superior do bulbo. Existem bifoliadas e ainda folhas teres (cilíndricas), Ex.: Bulbophyllum rupiculum;
  5. As flores tem o labelo móvel, que se movimenta com qualquer brisa, assim facilitando a polinização principalmente em flores menores.
Bulbophyllum rupiculum

Dimensões

Há uma grande variação de cor, tamanho e na forma das flores e das plantas. As folhas de alguns Bulbophyllum podem medir apenas alguns centímetros, como o Bulbophyllum moniliforme.

Bulbophyllum moniliforme

Já outros podem apresentar folhas com mais de um metro como o Bulbophyllum fletcherianum.

Bulbophyllum fletcherianum

A dimensão das flores varia de milímetros à 40 centímetros. Em algumas espécies, a flor é solitária. Em outras, a haste floral tem forma de uma mini espiga. Por fim, há aquelas cuja haste termina em forma de “leque”.

Seções

Devido a grande quantidade de espécies que o gênero abriga, os Bulbophyllum são divididos em 78 seções. Cada seção abriga grupo de Bulbophyllum com características similares para facilitar o seu estudo e entender melhor a grande riqueza de variedades que existe.

Sestochilus

A seção Sestochilus é uma das mais chamativas e discutidas das seções. Neste grupo os Bulbophyllum têm bulbos de bom porte em rizomas rastejantes de uma folha por bulbo e quase sempre uma flor, raramente duas ou três por inflorescência. Alguns exemplos:

Bulbophyllum lobbii – Foto e cultivo: Marcelo Invernizzi
Bulbophyllum coweniorum
Bulbophyllum uniflorum – foto e cultivo: Marcelo Invernizzi

Cirrhopetalioides

A seção Cirrhopetalioides apresenta plantas com uma folha por bulbo. Suas flores são unidas a um ponto central de sua haste lembrando um guarda chuva ou um leque. Por exemplo:

Bulbophyllum longissimum
Bulbophyllum lepidum
Bulbophyllum medusae

Megaclinium

Na seção Megaclinium, a haste floral lembra uma vagem ou até mesmo a forma espiral do modelo usado para representar a forma do DNA. Por exemplo:

Bulbophyllum falcatum – foto da internet
Bulbophyllum purpureorachis – foto da internet

Aroma

Outra característica marcante dos Bulbophyllum quando floridos é o odor de carne putrefata. A razão disto é simples: sobrevivência. As mal cheirosas, como o Bulbophyllum basisetum, Bulbophyllum phalaenopsis, Bulbophyllum echinolabium, habitam locais onde não existem pássaros ou insetos como abelhas polinizá-las. Para se multiplicarem, a solução encontrada pela natureza foi desenvolver um odor que atraíssem moscas que se alimentam de carne morta.

Bulbophyllum echinolabium
Bulbophyllum phalaenopsis
Bulbophyllum basisetum – foto da intenet

Embora sejam poucos, existem os inodoros, como o Bulbophyllum crassipes.

Bulbophyllum crassipes

Por fim, há os perfumados, como o Bulbophyllum lilacinum e seu agradável aroma de maçã, o Bulbophyllum ambrosea com cheiro de mel, o Bulbophyllum elassonotum com o aroma de de azeite e o híbrido Bulbophyllum Kalimpongum, com perfume de bagaço de cana.

Bulbophyllum Kalimpongum
Bulbophyllum lilacinum
Bulbophyllum ambrosia
Bulbophyllum elassonotum

Híbridos

A produção de híbridos artificiais de orquídeas vem ocorrendo há mais de um século. Estima-se que sejam hoje mais de cem mil híbridos. A Royal Horticultural Society é responsável pelo registro oficial de híbridos, no entanto, a produção doméstica e por pequenos produtores locais é bastante grande e só pequena parte destes híbridos caseiros é registrada, de modo que o número total de híbridos já produzidos pelo homem permanecerá sempre apenas uma suposição. De acordo com as regras do Código Internacional de Nomenclatura de Plantas Cultivadas, os híbridos de espécies de um mesmo gênero são sempre classificados com nomes pertencentes ao mesmo gênero – Roberto Martins.

Existem cerca de 200 Bulbophyllum híbridos registrados. Alguns deles podem florescer inúmeras vezes no mesmo ano. Alguns exemplos:

Bulbophyllum Sunshine Queen ‘Orange’ (mastersianum x corolliferum)
Bulbophyllum Cindy Dukes (rothschildianum x putidum)
Bulbophyllum Emily Siegerist (Elizabeth Ann x lasiochilum)
Bulbophyllum Fascination (fascinator x longissimum)
(guttulatum x rothschildianum)
Bulbulbophyllum Krairit Vejvarut (longissimum x phalaenopsis) – foto e cultivo: Marcelo Invernizzi
Bulbophyllum Louis Sander (longissimum x ornatissimum)
Bulbophyllum Meen Garuda (lasiochilum x echinolabium)
Bulbophyllum Nudda (longissimum x putidum)
Bulbophyllum S. y N. Ignis Draconis = Dragão de Fogo (Emily Siegerist x putidum) Hibrido registrado em 2014 na Argentina – foto da internet

No próximo artigo da série sobre Bulbophyllum, compartilharei com vocês algumas dicas de cultivo. Abraços!

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