Entender nossas orquídeas é um grande passo para cultivá-las corretamente. Desta forma, elas irão viver e não apenas sobreviver.

Neste quarto artigo da série sobre a morfologia das orquídeas, chegamos à parte que mais interessa à grande maioria das pessoas: as flores. Entretanto, não vou falar delas diretamente neste momento. Antes de falar das flores, é importante conhecer outra estrutura diretamente ligada à elas: suas inflorescências.

A inflorescência é a parte da orquídea em que se localizam as flores. Normalmente consiste em um prolongamento semelhante ao caule provido de folhas modificadas chamadas brácteas (clique aqui para ler mais sobre a morfologia das folhas e o que são brácteas). Nas axilas destas brácteas localizam-se as flores. Elas variam de acordo com a espécie, podendo ter de uma a algumas centenas de flores. De certa forma, o termo inflorescência diz respeito à tudo que envolve a forma como as flores serão apresentadas pela orquídea, ou seja, tem relação com a quantidade de flores em uma haste, a posição em que essa haste surge, a disposição em que essa haste se encontra e se ela produz flores indefinidamente ou de forma definida.

Forma

Uma inflorescência pode ter apenas uma flor ou centenas de flores, formando cachos sensacionais. Além disto, as inflorescências nas orquídeas podem variar, entre outras coisas, em relação a sua forma.

Posição

Em relação à posição das inflorescências, elas podem ser apicais, laterais ou basais. Nas orquídeas apicais, as inflorescências saem do topo dos caules. Já nas laterais, as inflorescências saem de uma gema lateral do caule. Por fim, nas basais, as inflorescências saem de uma gema na base do caule ou do nó mais próximo ao rizoma – ou do próprio rizoma. Estas hastes podem ser eretas, pendentes ou podem crescer em direção ao substrato e saírem por baixo dos recipientes de cultivo, como as Stanhopeas:

1091 - Stanhopea lietzei var. straminea (33)
Inflorescência basal em uma Stanhopea
orquideas.eco.br - glossário orquidófilo
Inflorescência apical em um híbrido

Forma da inflorescência

A forma das inflorescências também é bastante variada, sendo simples ou ramificadas. Além disto, elas podem ser racemosas ou paniculadas, formando corimbos ou umbelas, com flores simultâneas ou abrindo em sucessão, ao longo da inflorescência ou brotando sempre no mesmo local.

Racemo

Rácemo, racemo, racimo ou cacho é um tipo de inflorescência em que os pedicelos (estrutura originada da modificação do caule responsável pela sustentação e condução de seiva para as flores) das flores se inserem em diversos níveis no eixo comum, a ráquis (eixo central de estruturas biológicas ramificadas), atingindo diferentes alturas, e cujas flores se abrem sucessivamente na extremidade do ramo, conforme este vai crescendo, de maneira que as flores mais velhas ficam mais afastadas do ápice. Seu crescimento é indeterminado.

orquideas-eco-br-racemo
Racemo

Em alguns casos, quando o racemo é claramente visível, tal pode refletir-se no nome científico da planta.

1122 - Brassia Rex
Brassia Rex e sua inflorescência racemosa

Panícula

Panícula é um tipo de inflorescência que se caracteriza por um cacho (racemo) composto em que os ramos vão decrescendo da base para o ápice, razão porque assume forma piramidal.

orquideas-eco-br-panicula
Panícula
Oncidium Twinkle e sua inflorescência paniculada
Oncidium Twinkle e sua inflorescência paniculada

Corimbo

Corimbo é um tipo de inflorescência aberta, racemosa, na qual o eixo é curto e os pedicelos das flores são longos, inserindo-se a diferentes alturas do eixo. O comprimento de cada pedicelo floral é tal que todas as flores do corimbo abrem a um mesmo nível.

orquideas-eco-br-corimbo
Corimbo

Umbela

Umbela é um conjunto de flores que partem os pedicelos, iguais, do eixo central, com formato de um guarda-chuva. Pode ser simples ou composta.

orquideas-eco-br-umbela
Umbela simples
orquideas-eco-br-umbela-composta
Umbela composta
orquideas-eco-br-bulbophyllum-guttulatum-x-rothschildianum
Bulbophyllum guttulatum x rothschildianum: umbela

Espiga

Espiga é um tipo inflorescência de flores sésseis ao longo de um raquis (eixo da inflorescência). Quando o eixo é grosso e carnoso, a inflorescência chama-se de espádice.

orquideas-eco-br-espiga
Espiga simples
orquideas-eco-br-espiga-composta
Espiga composta
orquideas-eco-br-bulbophyllum-elassonotum
Bulbophyllum elassonotum: espiga
orquideas-eco-br-bulbophyllum-lilacinum
Bulbophyllum lilacinum: espiga

Outras estruturas

Algumas espécies apresentam estruturas perenes, que servem apenas para floração. É o caso de algumas Masdevallias, por exemplo. As flores apresentam brácteas em sua base, porém muitas vezes reduzidas em tamanho. Por outro lado, outra apresentam brácteas grandes, como em algumas espécies do gênero Eria e Cyrtopodium.

Como curiosidade, a inflorescência das espécies do gênero Dimorphorchis pode estender-se por quase cinco metros com flores espaçadas em quase um metro. Já a inflorescência das Octomeria mede poucos milímetros de comprimento.

orquideas-eco-br-oncidium
Que tal o tamanho da haste deste Oncidium?

Referências

  • orquideassemmisterio.blogspot.com.br
  • funghiitaliani.it
  • wikipedia.org

Abraços!

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Nascido na apaixonante cidade de Curitiba. Fã de Formula 1, trabalha com tecnologia da informação. Divide seu tempo livre entre as suas paixões: família, fotografia, aquarismo e a orquidofilia. Tem quatro gatos e uma ararajuba barulhenta.

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