Como regar suas orquídeas

Pode parecer estranho – ou incrível – mas um dos fatores que mais matam orquídeas no cultivo doméstico é a rega incorreta. E pior, normalmente as pessoas pecam pelo excesso de água, ou seja, é muito mais fácil matar uma orquídea afogada do que de sede. Por isso, é muito importante saber regar suas orquídeas.

Dois componentes são fundamentais para uma rega adequada: quando e como. A grande maioria das orquídeas cultivadas com fins comerciais são epífitas (clique aqui para ler sobre as orquídeas epífitas), ou seja, que crescem em árvores acima do solo e onde a luz é mais abundante. Ou seja, estas plantas são adaptadas para ter as suas raízes expostas à luz, ao ar e a água.

As raízes das epífitas precisam de ar por uma razão bastante óbvia: o núcleo central da raiz de uma orquídea é coberto com um material esponjoso chamado velame. O velame apresenta espaços e canais microscópicos em seu interior, onde usualmente aloja-se um fungo conhecido como micorriza, responsável pela decomposição da matéria orgânica presente no meio em que as epífitas vivem em sais minerais que podem ser absorvidos pelas plantas. Quando o velame permanece molhado por muito tempo, o núcleo central sufoca e começa a apodrecer. Uma vez que as raízes começam a apodrecer, a planta não pode mais absorver água corretamente e uma série de problemas começam. Na pior das hipóteses, a podridão da raiz vai se espalhar para cima, ou seja, para o rizoma e causar a morte da planta. Em outros casos, a perda de raízes impede a planta de absorver água suficiente para se manter em bom estado e as folhas vão assumir uma aparência enrugada.

Infelizmente, os sintomas de excesso e falta de rega são superficialmente semelhantes. Aí, normalmente tendemos a aumentar a rega em vez de inspecionar as raízes e verificar o que realmente a planta precisa. Se a raiz estiver com uma coloração marrom, ela está com excesso de água. Por outro lado, se ela estiver branca ou cinza, ela está seca.

Quando eu devo regar minha orquídea?

Via de regra, as orquídeas devem ser regadas apenas quando estão secas. Esta regra aplica-se à todas as orquídeas, porém com ligeiras variações, dependendo se a sua planta tem pseudobulbos ou não. Pseudobulbos são estruturas espessadas, preenchidas por parênquima aquífero, com funções de armazenamento de água e regulação do metabolismo de síntese de carboidratos na orquídea.

Em orquídeas com pseudobulbos, como Cattleyas e Oncidiums, você pode deixar a planta secar completamente entre as regas, visto que elas acabam armazenando água em sua estrutura. Para orquídeas sem órgãos de armazenamento de água, como Phalaenopsis e Vandas, você deverá regá-las antes que elas fiquem secas por completo. Este caso pode significar regas diárias em meses quentes de verão. Para efeito de análise, Vandas e Ascocendas devidamente irrigadas terão sempre um crescimento ativo das pontas das raízes. Por outro lado, se a planta não estiver sendo irrigada corretamente, as raízes secarão e parecerão seladas.

Infelizmente, não há uma fórmula mágica para determinar a forma e a periodicidade da rega de uma orquídea que está plantada em um vaso, pois cada planta tem uma área e uma forma de crescimento diferente. Além disto, fatores externos, como a umidade, o movimento do ar, o substrato (tipo e idade – clique aqui para saber mais) e os níveis de luz, desempenham um importante papel neste processo.

Mesmo assim, algumas dicas poderão ajudá-lo a determinar o momento certo de regar uma orquídea plantada em um vaso:

  • a superfície do substrato irá parecer seca;
  • o vaso está muito leve (quando molhado um vaso fica muito mais pesado);
    vasos de barro estarão secos;
  • ao colocar um palito de madeira no substrato, este sairá quase seco. Em caso de dúvida, coloque o dedo no substrato e sinta se haverá umidade. Neste caso, tome cuidado para não causar dano à orquídea;
  • por fim, lembre-se que substrato novos secam mais rapidamente, substrato mais velhos tendem a demorar mais para secar.

 

 
 
 
 
 
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Como faço para irrigar minha orquídea?

Como regar é tão importante para a planta como quando a regá-la.

Quando as orquídeas são regadas, elas devem ser molhadas copiosamente. A água deve ser fornecida até que os furos de drenagem dos vasos comecem a expulsar a água de forma tão abundante quanto a quantidade que está sendo fornecida à ela. Isto tem um motivo. Primeiramente, a rega abundante é necessária para alocar todo o substrato no vaso, de modo a ele ficar menos solto, evitando assim danificar raízes. Além disso, uma rega vigorosa ajuda a lavar os sais que naturalmente acumulam no substrato com os fertilizantes aplicados para o bom crescimento da planta. Por fim, esta é uma excelente oportunidade de examinar como o substrato está se comportando. Se a água não passar rapidamente pelo vaso e sair pelos furos de drenagem, o substrato pode estar muito denso e você corre o risco de matar sua orquídea ou de fome ou asfixiada. Se sair muito pó de substrato (algo parecido com terra na maioria das vezes), é hora de replantar sua orquídea. Se quiser saber mais sobre como replantar sua orquídea, clique aqui! Lembre-se sempre de regar abundantemente suas plantas pelo menos uma vez por mês.

Já as plantas que são cultivadas em vasos sem substrato adicional ou de forma aérea, como as Vandas, necessitam de outro tipo de cuidados. Em primeiro lugar, evite regar as orquídeas em baldes de água. Esta prática prolifera muito facilmente as doenças porque, se uma planta tem uma doença, todos as outras que forem mergulhadas no mesmo balde estarão expostas à mesma doença.

Por fim, outra dica valiosa: duas regas separadas por alguns minutos de intervalo são muito mais eficazes do que uma irrigação mais demorada. Isto porque, uma vez que a água corre para a planta, as raízes terão absorvido essencialmente todo o possível naquele momento e o excesso de água simplesmente escorre para o chão. A técnica mais apropriada é regar suas plantas e, alguns minutos mais tarde, molhá-las de novo, sempre começando com a primeira planta que você molhou. Isto dará o tempo necessário para que as raízes da última planta regada absorvam a água antes de serem molhadas novamente. Raízes saturadas de água apresentam uma cor sólida, enquanto as não saturadas parecerão manchadas.

Abraços!

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Nascido na apaixonante cidade de Curitiba. Fã de Formula 1, trabalha com tecnologia da informação. Divide seu tempo livre entre as suas paixões: família, fotografia, aquarismo e a orquidofilia. Tem quatro gatos e uma ararajuba barulhenta.

6 COMENTÁRIOS

  1. Maravilha Luis; bastante esclarecedor este seu artigo; no meu caso, acabei tendo uma ideia ao terminar de ler: vou tentar harmonizar no orquidário as orquídeas com bulbos e as sem bulbo, para poder ter um maior controle nas regas. Grande abraço!

    • É, são tantas as variáveis que você acaba tendo que fazer escolhas que serão melhores para algumas, piores para outras. Mas com o tempo e o conhecimento, provavelmente você tira isso de letra!

      Abraços

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