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Classificação das orquídeas por habitat: as terrestres

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Muitos se perguntam se podemos colocar orquídeas diretamente na terra. A resposta é simples: depende.

Sim, temos orquídeas terrestres. Talvez muitas passem desapercebidas ao olhar de muitos, mas espécies interessantes podem ser cultivadas desta forma sem nenhum problema.

Orquídeas terrestres vivem no solo como plantas comuns. Suas raízes encontram-se espessadas em pequenas ou grandes estruturas parecidas com tubérculos de esféricos a longamente cilíndricos que servem de reserva de nutrientes e água e substituem os pseudobulbos presentes nas espécies epífitas. Ocasionalmente estes tubérculos separam-se da planta principal originando novas plantas. Podem ou não apresentar caules desenvolvidos e estes, diferente das epífitas, que sempre apresentam caules perenes, podem ser parcialmente decíduos. Algumas das orquídeas terrestres apresentam caules muito longos, que podem chegar a mais de seis metros de comprimento.

Seus frutos são mais finos e com paredes mais delicadas. Geralmente são triangulares, mais ou menos arredondados, com números de lamelas que variam de três a nove. Alguns são lisos outros rugosos ou mesmo cheios de tricomas, verrugas ou protuberâncias em sua superfície. Os frutos desenvolvem-se com o engrossamento do ovário na base da flor, o qual geralmente é dividido em três câmaras. Quando maduro o fruto seca e abre-se em três ou seis partes ao longo do comprimento, embora não inteiramente, mantendo-se sempre preso à inflorescência. Boa parte das sementes logo cai, depositando-se entre as raízes da planta mãe, as sementes são também amplamente dispersas com o vento por longas distâncias.

Em nossas casas, podem ser plantadas diretamente em canteiros preparados com compostos orgânicos e alguns elementos que facilitem a drenagem da água, como cascas, fibras e areia. Devido ao seu tamanho, preferencialmente plante-as em lugares espaçosos, pois estas orquídeas são normalmente grandes. Além disto, gostam de locais ensolarados para crescer, apesar de se adaptarem facilmente a outros ambientes. Isto acaba causando um efeito colateral, fazendo com que ela necessite de regas frequentes, já que gosta de umidade, principalmente nos períodos de desenvolvimento. Como estão diretamente na terra, é importante ter uma atenção especial à sua nutrição, com adubos de qualidade e um composto bem feito.

Aqui no Brasil sofremos com a falta de espécies terrestres, comparando-nos com outros países. Enquanto temos lá fora o gênero Ophrys, conhecidíssimo por suas orquídeas que parecem animais, no Brasil temos espécies mais comuns como as Arundina bambusifolia – única representante da espécie, Bletia catenulata e Epidendrum cinnabarinum – que pode ser cultivada de outras formas não terrestres.

Arundina graminifolia
Arundina graminifolia

Arundina graminifolia

Bletia catenulata
Bletia catenulata
Epidendrum cinnabarinum
Epidendrum cinnabarinum

Para deleite, o gênero Ophrys

Ophrys insectifera
Ophrys insectifera
Ophrys apifera
Ophrys apifera
Ophrys tenthredinifera
Ophrys tenthredinifera
Ophrys sulcata
Ophrys speculum
Ophrys speculum
Ophrys reinholdii
Ophrys reinholdii
Ophrys lutea
Ophrys lutea
Ophrys apifera
Ophrys apifera
Ophrys bombyliflora
Ophrys bombyliflora

Referência

  • wikipedia.org

Classificação das orquídeas por habitat: as epífitas ou dendrícolas

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Orquídeas do mato (3) – conscientize-se

É hora de começar mais uma série de artigos. Desta vez, vou falar sobre um assunto que gera bastante dúvidas nos orquidófilos iniciantes: a classificação das orquídeas de acordo com o seu habitat.

Neste artigo estarei focando as epífitas, mas falarei mais adiantes sobre as terrestres, rupícolas e saprófitas.

Epifitismo

Antes de mais nada, é necessário entender o que significa ser epífita. Muitos acreditam que as orquídeas são parasitas por estarem sobre outras
plantas, principalmente árvores. Não é bem o caso.

Segundo o Wikipedia, epífitas são, por etimologia, plantas sobre plantas, ou seja, plantas que vivem sobre outras plantas.

O epifitismo é algo comum nas florestas tropicais. A competição por um espaço onde um pouco de luz forneça o necessário para que a planta prospere é acirrada. E, como natureza é sábia, certas espécies são capazes de germinar em ambientes um pouco diferentes do habitual, como cascas de árvores ou outros objetos. Resumindo, é como uma seleção natural: as espécies que foram capazes de se adaptar e germinar nestes ambientes até então inóspitos conseguiram sobreviver.

As epífitas possuem sistemas complexos e específicos para absorver umidade do ar e extrair sua alimentação dos elementos que são depositados sobre si, resultando muitas vezes em plantas com necessidades específicas de umidade e de luz. Na maioria das vezes, vicejam sobre o tronco das árvores e dispõem de raízes superficiais que se espalham pela casca e absorvem a matéria orgânica ali presente em decomposição.

Aí vem a parte interessante.

Muitas vezes, as raízes das orquídeas são acompanhadas por um fungo microscópico conhecido como micorriza, que se encarrega de transformar a matéria orgânica morta em sais minerais, facilitando a sua absorção pela planta. Por outro lado, se as epífitas não conseguem absorver matéria prima da superfície da árvore, a planta pode utilizar seu hospedeiro como suporte para alcançar seu ambiente ideal na floresta. É quase uma escalada, por assim dizer.

O mais importante nisto tudo é saber que as epífitas jamais buscam alimento nos organismos hospedeiros. Suas raízes superficiais não absorvem a seiva da planta hospedeira, ou seja, não há qualquer relação de parasitismo. A presença de epífitas não prejudica a árvore onde elas vegetam.

No cultivo caseiro as coisas não são muito diferentes. Se você optar pode deixar suas orquídeas em árvores, deverá ter a certeza que o ambiente em torno desta árvore favorecerá o crescimento da planta. De nada adianta, por exemplo, você colocar uma orquídea em uma árvore ou toco ou casca e esperar que por si só ela evolua. Lembre-se que sua casa não é uma floresta tropical, logo, muitas variáveis para o desenvolvimento dela faltarão. O mais importante aqui é a regra de não matá-la de sede ou afogada. E não esquecer de outra coisa muito importante: que as raízes irão querer respirar.

Eis alguns exemplos de minha coleção:

 
 
 
 
 
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Abraços

Etimologia, pronúncia e nomenclatura das orquídeas (3)

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1417 - Zygolum Louisendorf Rhein Moonlight
1417 - Zygolum Louisendorf Rhein Moonlight

Neste terceiro artigo da série vou abordar um tema que não deixa de ser também uma curiosidade.

Quantas vezes você já se pegou perguntando o que significava cada um dos sufixos em determinados nomes? Particularmente, eu sempre me confundo com estes sufixos. Por exemplo:

Pleurothallis amarelo-limão e branco. Conhece?

Mas espere, isto existe? Sim, existe.

Se chamarmos de Pleurothallis chloroleuca todo o planeta irá pensar na mesma planta. A palavra chloroleuca, derivada do latim, pode ser entendida em português como amarelo-limão e branco.

Temos inúmeros casos em que podemos entender o que significa o sufixo quando conhecemos seu significado. Particularmente acho isto muito bacana, além de muito útil. Vamos para a tabelinha:

Em LatimEm Português
acuminata, -umpontuda
aggregata, -umagregada, reunida
alba, -umbranca
amabilisdigno de amor, agradável
amethystoglossae língua (labelo) ametista
amicata, -umvestida
ampliatumamplo, largo
ampullaceumem forma de vaso
ancepsde duas cabeças
arcuatacurvada em arco
atropurpureacom cavidade púrpura
auranthiacaornada de ouro
aurea, -umcor de ouro
barbata, -umcom barba
bicolorde duas cores
bufosapo
calceolussapatinho
calceolarissapateiro
candida, -umbranco-puro
capitatuscom cabeça baixa
carinatadisposto em forma de quilha
caudata, -umcom cauda
cernua, -umde cabeça inclinada
chloroleucaamarelo-limão e branco
chrysanthumdourado
cocciniavestida de escarlate
coelestisazul da cor do céu
coeruleaazul
coerulescensazulada
concolorde uma só cor
cornigerumcom chifres
crispa, -umencrespada, ondulada
crispataencrespada, ondulada
crispilabiacom labelo ondulado
cristatacom crista, penacho
cruentamanchada de sangue
cucculatacom capuz
cupreumcor de cobre
cuneataem forma de cunha
denudansdescoberta, nua
difformede formas afastadas, divididas
discolorde diferentes cores
dolosaenganadora
eburnea, -umbranco, marfim
elatanobre, sublime
ensifoliumfolhas em forma de espada
falcata, -umem forma de foice, curva
fimbriatumfranjado, recortado
flabelattumem forma de leque
flavaamarela
flavescensamarelada
flos-aerisflor aérea
fragansde cheiro agradável
fucatapintada
furcatacom dois dentes
flagelariscom chicote
gigasgigante
glaucaesverdeada, verde-mar, cinzenta
grandifloraflores grandes
granulosasalpicada, pintada
guttatamalhada, mosqueada
harpophyllaem forma de espada curva
imarginatasem borda
incurvumcurvado, arredondado, corcunda
infractaquebrada, desanimada
insigne, -isadorno, enfeite, ornamento
intermediusintermediário
jugosusmontanhoso
lanceanumem forma de lança
leucoglossalabelo branco
lithophylla, -umque habita as pedras
longipescomprido
luridumpálido, amarelado
lutea, -umamarela
lutescensamarelado, avermelhado
macrocarpumfruta grande
maculata, -umpintada
megalanthagigante
miniatumavermelhado
nidus-avisninho de passarinho
nobilefamoso, nobre
ochroleucaocre e branca
oculataque tem olhos
odorata, -umperfumada
ornithoidesde forma de pássaro
papilioborboleta
parviflorumde flor pequena
patulaaberta, larga
picta, -umpintada, ornada, florida
pileatumcoberto com capacete, píleo
porphyroglossalíngua púrpura, língua grande
procumbensinclinada para frente, dobrada
pubescoberta de pelos
pubescenscoberta de pelos
pulchella, -umencantador
pulvinatumarqueado, boleado
pulmila, -umanã, pigmeu
retusaembotada, bronca, de cara feia
rexrei
rubensvermelho, colorido
rufescensruivo, avermelhado
rupestrisque habita as pedras
russelianapuxada a vermelho, ruiva
spectabilisvisível, belo, notável, brilhante
splendidumbrilhante, magnífico
spicatumdisposta em forma de espiga
striatacom estrias
strictaestreita
tenuisdelgada
teresdelgada, delicada
tricolorde três cores
thyrsiflorumcacho de flor
umbonulatade forma côncova ou convexa
unicolorde uma única cor
variegatade diferentes matizes
varicosumde pernas afastadas
venustaencantadora, formosa
verecundaruborizada, avermelhada
vernucosacom verrugas
viridiflavumverde-amarelo
viridisde cor verde
vittataenfeitada com fitas
xanthinaamarela
xanthoglossalíngua amarela

Espero que esta série de textos tenha ajudado vocês a compreender melhor como ler, falar e escrever o nome de suas plantas.

Abraços!

Referências

  • Questões práticas de nomenclaturas de Orquidáceas, José Gonzales Rapozo
  • Dicionário etmológico das orquídeas do Brasil, José Gonzales Rapozo
  • A etimologia a serviço dos orquidófilos, José Gonzales Rapozo
  • www.damianus.bmd.br/CursoLabiata

Etimologia, pronúncia e nomenclatura das orquídeas (2)

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1426 - Dendrobium
1426 - Dendrobium

Neste segundo artigo da série sobre etimologia, pronúncia e nomenclatura das orquídeas, irei abordar aquilo que mais nos interessa: nomenclatura botânica.

Pois bem, a partir do momento que começamos uma coleção e a levamos a sério, a vontade de organizá-la é inerente. Dentre as várias formas de organização está a identificação correta da planta. Conhecer o nome correto de uma planta nos possibilita saber sua história, suas características e, principalmente, como cuidar dela.

Nomenclatura botânica

Como visto no primeiro artigo desta série, simplesmente não se escolhe um nome de uma orquídea no chutômetro. Derivada do latim ou grego, os nomes são assim construídos para que haja um padrão internacionalmente conhecido. Assim, uma Cattleya X aqui no Brasil será a mesma Cattleya X na Rússia, por exemplo. Isto não é exclusividade das orquídeas e sim de todas as espécies botânicas. Porém, como o foco aqui são as orquídeas, vamos nos ater a elas.

Na nomenclatura botânica, as orquídeas são divididas em espécies e híbridos. O nome deve obedecer à um critério rigoroso para que seja aceito mundialmente e tenha um registro guardado sem que sofra alterações. Para tal, dois órgãos são envolvidos em sua nomenclatura: Código Internacional e Nomenclatura Botânica e o Código Internacional de Nomenclatura para Plantas Cultivadas.

O nome científico de uma espécie é composto por dois nomes derivados do latim. O primeiro é o gênero ao qual a planta pertence, como por exemplo: Cattleya, Laelia ou Vanda. O segundo é o epíteto referente à qual espécie essa planta pertence dentro daquele gênero. Quando impresso, temos sempre o gênero escrito em maiúsculo e a espécie escrito em minúsculo e em itálico:

Exemplo: Cattleya labiata, onde “Cattleya” é o gênero e deve ser escrito em maiúsculo e “labiata” é a espécie, em minúsculo e itálico.

Obviamente a nomenclatura não para por aí. Muitas vezes as variedades de cultivo acabam por formar um terceiro elemento. Este elemento deve ser adicionado junto com a abreviação “var.”. Esta junção forma o nome varietal da planta. A abreviação “var.” deve ser escrita em minúsculo e o epíteto varietal em minúsculo e itálico.

Exemplo: Cattleya labiata var. rubra, onde “Cattleya” é o gênero e deve ser escrito em maiúsculo e “labiata” é a espécie, em minúsculo e itálico. Por fim, “rubra” é o epíteto varietal, escrito em minúsculo e itálico.

Por fim, sempre temos aquele cultivar diferente, uma variante natural ou uma procedência distinta. Uma forma de classificar esta variação é através da adição do epíteto cultivar. O epíteto cultivar seria o nome fantasia da planta, devendo ser escrito sempre em maiúsculo, na forma romana e entre aspas.

Exemplo: Cattleya labiata var. rubra “Schüller”, onde “Cattleya” é o gênero e deve ser escrito em maiúsculo e “labiata” é a espécie, em minúsculo e itálico. O epíteto “rubra” é o epíteto varietal, escrito em minúsculo e itálico. Já o epíteto “Schüller” é o epíteto cultivas, escrito em maiúsculo, na forma romana e entre aspas.

No próximo artigo mostrarei algumas etimologias específicas dos nomes das espécies das orquídeas.

Abraços!

Referências

  • Questões práticas de nomenclaturas de Orquidáceas, José Gonzales Rapozo
  • Dicionário etmológico das orquídeas do Brasil, José Gonzales Rapozo
  • A etimologia a serviço dos orquidófilos, José Gonzales Rapozo
  • www.damianus.bmd.br/CursoLabiata

Etimologia, pronúncia e nomenclatura das orquídeas (1)

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Etimologia, pronúncia e nomenclatura das orquídeas (1)
Etimologia, pronúncia e nomenclatura das orquídeas (1)

Muitas dúvidas pairam sobre quem está iniciando no hobby sobre como nomear corretamente sua planta. Não é uma tarefa fácil nem difícil, apenas necessita de um pouco de dedicação para que os conceitos e a fonética sejam entendidos corretamente. A pronúncia é difícil no começo, mas nada que o treino não resolva.

Bom, antes de mais nada é importante salientar a importância da correta identificação de uma planta. De nada adianta você ter uma coleção sem identificação alguma. Você provavelmente acabará adquirindo plantas repetidas ou trocando plantas que não são aquilo que a contra parte da negociação está esperando. Outra coisa boa de possuir uma planta corretamente identificada é poder difundir sua imagem com a nomenclatura correta. Não é raro encontrar imagens na internet, principalmente nos milhões de grupos desunidos que temos, com nomes que não correspondem às plantas fotografadas. Considero isto pior do que postar um planta sem o nome, pois acaba induzindo ao erro daquele que busca a informação e o aprendizado.

Eu mesmo devo ter plantas classificadas com erro. Infelizmente, a maioria de nós não possui um botânico ao nosso lado capaz de classificar corretamente todas as plantas que possuímos. Quando recorremos à livros, algumas vezes não encontramos a espécie a qual buscamos o nome. Quando caímos na internet, com seus fóruns e grupos, corremos o risco de ter a planta classificada incorretamente, pois podemos fornecer uma imagem que não seja a melhor para classificar uma planta ou a pessoa do outro lado interprete aquela imagem de outra forma. Enfim, erros acontecem e sempre vão acontecer.

De qualquer forma, o importante é organizar da melhor forma as plantas que você possui, certo?

Já mostrei aqui como eu organizo minhas plantas com o auxílio da rotuladora. Fora isto, tenho uma planilha com todas as plantas que possuo catalogadas com informações básicas como nome, número, tipo de vaso, tipo de substrato, origem, data de origem e mês de florada em todos os anos. É hora de entendermos como escrever corretamente o nome de uma determinada planta.

<h3<Etimologia

De acordo com as regras de nomenclatura botânica, o nome da família deve ser escrito em latim, ou seja, Orchidaceae, derivado do grego Orchis. O termo Orchis significa testículos e foi usado pela primeira vez por Theophrastus (372~287 a.C.), filósofo grego, discípulo de Aristóteles. Theophrastus comparou as raízes tuberosas de algumas orquídeas mediterrâneas com os testículos humanos. Por este motivo, desde a
Idade Média, propriedades afrodisíacas são atribuídas às orquídeas.

Latim? Bom, há um motivo para tal: padronização. Os nomes das orquídeas (e muitas outras coisas) são dados em latim ou grego clássico por serem línguas mortas. Desta forma, serão iguais em todo o mundo e nenhuma língua viva irá prevalecer sobre ela.

Pronúncia

Isto gera alguns problema na hora da pronúncia. Eu mesmo vivo falando errado, passando a maior vergonha na frente das pessoas que entendem melhor este assunto. Alguns exemplos:

  • O encontro de vogais ae pronuncia-se e – exemplo: Laelia -> Lélia;
  • O encontro de vogais oe pronuncia-se e – exemplo: Coelogyne -> Celogine;
  • O encontro de consoantes ch pronuncia-se k – exemplo: pulchelum -> pulkelum;
  • O encontro da consoante e vogal ti pronuncia-se ci, exceto quando precedido de s, t ou x – exemplos: Constantina -> Constancia, Neofinetia -> Neofinecia, Bletia -> Blecia, Comparettia -> Comparettia, Pabstia -> Pabistia.

Algumas regras básicas

Consoantes

– A letra x tem sempre o som cs:

xánthina -> csántina;
chrysotóxum -> chrysotócsum.

– O conjunto ch tem som de k:

chocoénsis -> kocoénsis;
Dichaea -> Dia;
Dendrochílum -> Dendrokílum.

– O conjunto ti, quando seguida de vogal, soa como ci:

Binotia -> Binócia;
Blétia -> Blécia;
martiána -> marciána.

Porém, se precedida de s, x ou t, soa mesmo como ti:

Comparéttia -> Comparettia.

– O ph soa como f:

Phragmipédium -> Fragmipédium;
Phymatídium -> Fimatídium.

Ditongos

ae e oe soam como e:

Laelia -> Lélia;
triánae -> triáne;
Coeloglóssum -> Celoglóssum;
Aeónia -> Eónia.

– Quando a e e não formam ditongos devem ser pronunciados distintamente. Neste caso deve-se colocar um trema sobre o e.

rángis, ránthes, rides.

Acentuação do latim

No latim, apenas a penúltima e a antepenúltima sílabas levam acentuação tônica, ou seja, palavras paroxítonas e proparoxítonas.

anceps -> ánceps;
Colax -> Cólax.

Localizando a sílabatônica em palavras com mais de duas sílabas

A que serve de base para localizar a tônica é sempre a penúltima:

  • Se a vogal dessa sílaba for seguida de x ou z ou de duas consoantes duplas (ll, tt) ou de duas simples (nt, sc, …), a tônica será nesta mesma sílaba. Exemplos: Bulbophýllum , Polyrhízia, chysotóxum, Scaphyglóttis, colóssus, rufescéns, flavéscens, pubéscens, nigréscens, albéscens, e outros terminados em scens.
  • Se na penúltima houver ditongo: ae -> e, oe -> e, au, eu, e, ei, oi, ui, a tônica estará também nesta sílaba, por exemplo: Promenaea -> Promenéa; Dichæa -> Dikéa, amoenum -> aménum;
  • Se a vogal da penúltima sílaba for seguida de outra vogal (da última sílaba), o acento tônico estará na antepenúltima, por exemplo: Stanhópea -> Stan-hó-pe-a; Blétia -> Blé-ti-a -> Blécia; Loddigésii -> Lod-di-gé-si-i; Neomóre -> Ne-o-mó-re-a; Cymbídium -> Cym-bí-di-um;
  • O i pode influenciar na acentuação quando estiver na penúltima sílaba. Exemplo: longipes deverá pronunciar como proparoxítona -> lóngipes. Nos compostos de color o acento deverá estar na antepenúltima. Exemplos: bícolor, díscolor, trícolor unícolor, cóncolor.
  • O sufixo inus das palavras latinas deverão ser pronunciadas como paroxítona. Exemplos: matutína, velutína, tigrínum, lilacínus. Nas palavras derivadas do grego deverão ser pronunciadas como proparoxítonas. Exemplos: cinnabárina, xánthina, tyriánthina.

Na continuação deste artigo falarei sobre a etimologia dos nomes das espécies das orquídeas, assim como sua nomenclatura botânica.

Referências

  • Questões práticas de nomenclaturas de Orquidáceas, José Gonzales Rapozo
  • Dicionário etmológico das orquídeas do Brasil, José Gonzales Rapozo
  • A etimologia a serviço dos orquidófilos, José Gonzales Rapozo
  • www.damianus.bmd.br/CursoLabiata

O vaso ideal para sua orquídea

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Vasos

Depois de tanto falar sobre substratos é hora de falar um pouco sobre qual vaso é o mais indicado para sua orquídea, afinal, são assuntos complementares.

Antes de mais nada, se você perdeu a série sobre substratos, que tal dar uma olhada nos links abaixo?

Fatores que influenciam a escolha de um vaso

Beleza? Preço? Bom, depende muito de onde você quer chegar. Se você considerar estes fatores antes de considerar a espécie, o clima, o substrato e a praticidade, talvez você esteja pensando de forma errada.

É importante, antes de mais nada, conhecer a espécie que você irá cultivar ou transplantar para saber o tipo de substrato que irá utilizar (artigos citados acima) e o clima da região que você vive, para saber como irá tratar a umidade do vaso. Em um segundo plano, o tempo de dedicação que você irá dispor à sua coleção também é importante. Eu explico: se você não tiver tanto tempo disponível, talvez prefira vasos que, em conjunto com o substrato, irão manter sua orquídea em condições ideais por mais tempo. Em outras palavras, irá manter a umidade por mais ou menos tempo.

Tamanho dos vasos

– Ah, vou plantar em um vaso bem grande e não precisar replantá-la mais.

Errado. Sabem, eu pensava assim também. Ledo engano.

Antes de mais nada, quanto maior o vaso, mais substrato você irá usar. Normalmente este material não é barato, se você usar um de qualidade. Se você vai se tornar colecionador de quantidade, ira ser muito, mas muito caro.

Se você pensa que assim irá passar um longo período sem replantá-la, você corre riscos. Os substratos que utilizamos hoje tem validade. Substratos antigos podem liberar elementos em uma quantidade danosa à planta e/ou ter uma alteração significativa de pH, também prejudicial à planta. A não ser que você efetue o plantio em pedra, claro. Mas lembre-se que mesmo assim você deverá ter cuidados com o acumulo de sais.

Com o vaso maior, a planta terá mais dificuldades na fixação física e na absorção de elementos da adubação. Das duas uma: com as raízes mais espaçadas, o aproveitamento será menor. Se o orquidófilo compensar com mais adubo, irá perder dinheiro com o excesso de adubo e ainda correrá o risco de intoxicar a planta.

O ideal é sempre replantar sua orquídea em um vaso um pouco maior do que a planta em si. Mas apenas um pouco maior. Vamos analisar as imagens abaixo:

orquideas.eco.br - vasos
Vaso que ainda não precisa de replante

No exemplo acima temos algumas plantas. Apesar de parecer que elas necessitam de mais espaço, ainda é possível que elas passem outra temporada nos vasos onde elas se encontram. Claro, se o substrato estiver apto para mais este tempo sem o replante.

orquideas.eco.br - Raízes
Esta sim parece que precisa de um vasinho maior 🙂

Nesta imagem notamos que as raízes estão saindo do vaso, inclusive com partes aéreas. Neste caso o replante é quase uma obrigação. Orquídeas gostam de ficar apertadas nos vasos, mas aí já é um exagero.

Qual modelo usar?

Existem vários tipos de vasos, vou comentar sobre os mais comuns.

Plástico

Amplamente usado pelos comerciantes, tem a característica de reter mais a umidade, sendo indicado para regiões secas e quentes. É de fácil reutilização, bastando lavá-lo e esterilizá-lo. Por outro lado, é um vaso leve, que necessita de uma camada de brita (ou materiais equivalentes) para efetuar a drenagem e manter ele firme no lugar.

Existem vasos plásticos construídos com material transparente. Estes tem a vantagem de permitir que a luz chegue às raízes. Este modelo é recomendado para as Phalaenopsis, pois elas fazem fotossíntese pelas raízes. Os modelos mais comuns – não transparentes – podem ser usados com Cattleyas, Dendrobiuns e Oncidiuns.

Caso você opte por este modelo e necessite que ele não retenha tanta umidade, você poderá fazer furos na lateral do vaso.

Particularmente, eu não gosto. Acho que não combinam muito com o ar de naturalidade que as orquídeas trazem ao ambiente que se encontram. Só utilizo em último caso. Ou quando ainda não replantei determinada planta.

Cerâmica

Normalmente encontramos os vasos de cerâmica já com os furos laterais, direcionado a quem cultiva orquídeas. É de secagem rápida, sendo indicada para ambientes mais úmidos. Caso você opte por este vaso, terá que observar mais suas plantas para evitar que elas sofram com longos períodos de seca.

Para reutilizá-lo é mais complicado, pois deverá ser bem lavado (esfregado mesmo!) e esterilizado, pois como é poroso, tende a acumular mais impurezas em suas laterais. Antes do plantio, é interessante colocá-lo submerso para que absorva bem a água. Desta forma, quando você plantar sua orquídea, ele não irá puxar a umidade da planta, conservando-a hidratada por mais tempo.

Por ser mais pesado e de secagem rápida, não necessita de uma camada de pedras no fundo. Mesmo assim eu costumo a colocar algumas, dependendo da planta. Particularmente gosto bastante deste tipo. A maioria das orquídeas que tenho em vasos estão em vasos de cerâmica. É um bom vaso para Cattleyas.

Cachepot

Suas características são semelhantes ao vaso de cerâmica, por ser um vaso aberto e de secagem rápida. Aliás, suas recomendações de uso e de reutilização são praticamente as mesmas. O que irá mudar mesmo é a planta que você irá colocar nos cachepots. Eles são amplamente utilizados para o cultivo de Vandas, Renantheras e Ascocendas, por causa do substrato. Aliás, por causa da ausência dele!

Normalmente ficam pendurados, fornecendo boa aeração. É importante fixar bem o material que você utilizará para pendurá-los para que não aconteçam surpresas com suas orquídeas.

Aqui em casa utilizo os cachepots para minhas Masdevallias e Draculas. Aparentemente, elas tem gostado bastante!

Fibra de coco

Não vou me estender muito sobre vasos de fibra de coco. Não gosto muito deste material. Como está no mercado, não posso deixar de comentar algo sobre ele. Suas características se encaixariam em um vaso intermediário entre o de plástico e o de cerâmica. Ele não retém tanta umidade quanto o de plástico, mas possui esta característica. É leve, neutro e permite certa aeração das raízes. A reutilização dele é mais complicada, visto que a esterilização é complexa, se houver um meio de realizá-la.

Existem outras formas de vasos que não abordei aqui. Por exemplo, muitas pessoas cultivam Catasetums em garrafas PET. Como não é um cultivo que tenho experiência – aliás, matei todos nas minhas PET’s – prefiro ainda não emitir uma opinião a respeito. Outros cultivam em árvores ou em tocos. As possibilidades são infinitas. Basta criatividade e um pouco de conhecimento, você poderá utilizar muitos materiais!

Referências

  • rv-orchidworks.com
  • orchidstocoffee.blogspot.com
  • cynthiablanco.blogspot.com.br
  • blog.morumby.com.br

Abraços!

Substratos para orquídeas – qual o melhor?

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Substratos (7) – Resumão e considerações finais

É importante conhecer os fatores que influenciam o substrato a ser escolhido. Antes de mais nada, a planta. Se ela necessita de mais ou menos água ou aeração é primordial para saber que material usar no substrato. Outro fator é o clima na região onde ela estará plantada. Orquídeas que precisam de umidade, porém, estão em um lugar quente e seco, necessitam de um substrato que retenha mais umidade. O inverso também é valido, portanto, cuidado! Não existe mais cultivo de orquídea sem organização e preparo. Você tem que estudar e entender tudo que envolve a planta, inclusive as técnicas para proporcionar a ela a melhor ambientação possível.

Aí vem a questão: qual é o melhor substrato de todos? Vamos tentar responder esta questão no final deste artigo.

Principais propriedades de um bom substrato

Tenha em mente que um bom substrato deverá:

– Reter bem os nutrientes depois de cada adubação para liberá-lo aos poucos;
– Ser facilmente encontrado no mercado;
– Não possuir substâncias que sejam tóxicas para a planta;
– Sustentar a planta com firmeza;
– Permitir uma boa aeração para raízes;
– Reter água na quantidade ideal, sem encharcar;
– Manter o pH equilibrado;
– Durar de 2 a 3 anos, pelo menos.

E existe um substrato com todas estas características? Não. Por isto misturamos alguns elementos para chegarmos perto do substrato ideal.

Também é necessário lembrar que para utilizar um substrato são necessários alguns cuidados, como lavá-lo e esterilizá-lo (escrevi sobre isto no post sobre madeiras e afins). Também é importante realizar o que alguns chamam de “water flush”, ou seja, lavar o substrato periodicamente. Colocar o vaso embaixo de uma torneira por alguns minutos ou mergulhá-lo em um balde com água por algum tempo fará com que o substrato elimine o excesso de sais que poderiam prejudicar as raízes. Aliás, a segunda opção também fará com que pequenos animais saiam do substrato, afinal, eles precisam respirar. Por fim, adubação. Nenhum substrato é capaz de liberar tantos nutrientes quanto a planta necessita. O complemento com o adubo se torna extremamente necessário.

Novamente vem a questão: qual o melhor substrato? Calma…

Primeiro, assistam este vídeo e já voltamos ao assunto.

Agora, leiam (se ainda não leram) a minha série de artigos sobre substratos:

Substratos para orquídeas – Xaxim e sua proibição
Substratos para orquídeas – Fibra de coco
Substratos para orquídeas – Sphagnum, esfagno, musgo
Substratos para orquídeas – Cascas, lascas, troncos e madeiras em geral
Substratos para orquídeas – Materiais inertes
Substratos para orquídeas – Mix, misturas e afins

Então, depois de tudo isto, a que conclusão eu chego? Qual o melhor substrato?

Eu diria que o melhor substrato é o natural. Como assim? Ué, o melhor substrato do mundo é aquele onde a orquídea nativa está. Eu explico: quando sua semente saiu da cápsula, ao vento, procurando um lugar para iniciar um novo ciclo de vida, o lugar que ela parou e conseguiu germinar pode ser considerado um excelente substrato. Veja o empenho orquidófilos do mundo inteiro para fazer um punhado de sementes brotarem em um pequeno frasco de vidro. A natureza, sábia como só ela, consegue fazer isto naturalmente.

Preciso dizer mais? Ok, posso colocar toda a questão de outra forma: o melhor substrato para mim? Nenhum. E todos. Tudo ao mesmo tempo. Tudo dependerá de você.

Sim, tudo dependerá do tempo que você dedicará ao estudo, ao cultivo, à observação, enfim, ao aperfeiçoamento. Só assim você se tornará um excelente orquidófilo e terá plantas saudáveis, floridas e bem cuidadas.

Afinal, não é isto que buscamos?

Abraços!

Substratos para orquídeas – Mix, misturas e afins

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Substratos (6) – Mix, misturas e afins

Por fim, o tão conhecido mix.

É mix disto, mix daquilo, mix do mix, mix sem mix e por aí vai. São tantas as receitas milagrosas que muitos esquecem de um fator muito mais importante para a planta do que o próprio substrato: o lugar em que ela se encontra. De nada adianta você montar um mix que retenha umidade em um ambiente sempre úmido. Assim como de nada adianta você montar um mix de secagem ultra rápida em um lugar de clima seco.

Bom senso é primordial nestas horas. Veja só a quantidade de materiais que mostrei nos últimos 5 posts sobre substratos. Imagine que não são nada perto da imensa gama de opções disponíveis. É perfeitamente possível montar uma mistura bacana, assim como é muito provável montar algo desnecessário e até prejudicial.

Aqui eu gostaria de colocar a minha opinião: vá pelo caminho mais fácil, use as misturas consagradas. Você pode inventar uma mistura nova, usando materiais desconhecidos da grande maioria e ter sucesso. Mas a probabilidade de você matar a planta existe e deve ser considerada. Lembre-se que você está lidando com seres vivos!

Algumas misturas que você pode utilizar

Não vou falar de nomes, apesar de eu estar testando algumas marcas a convite dos fabricantes. Vou me restringir ao tipo da mistura de acordo com as necessidades da planta e a região onde você se encontra. Você poderá montá-las de acordo com sua necessidade e facilmente, visto que todos os materiais são bem fáceis de achar. Lembre-se que cada planta possui características específicas, que você deverá respeitar com o substrato.

Substrato de secagem lenta para locais de baixa umidade

O mais indicado aqui é utilizar um vaso de plástico, esfagno, isopor, brita nº 0, casca de pinus (fina), carvão em pedaços (médio) e chips de coco.

Substrato de secagem média para locais de umidade moderada

Aqui já podemos usar um vaso de barro, isopor, brita nº 0, casca de pinus (média), carvão em pedaços (médio) e chips de coco.

Substrato de secagem rápida para locais com muita umidade

Aqui é interessante usarmos vasos de barro ou caixetas, isopor em pedaços grandes, brita nº 1, casca de pinus (grossa), carvão em pedaços (médio) e chips de coco.

Substrato de secagem ultra rápida para locais com muita umidade e calor

Neste caso podemos usar tocos madeira ou casca de peroba. Pode ser utilizado sozinho ou em conjunto com algum tipo de musgo ou fibra, para dar liga e um bom “start” na planta no toquinho.

Vale lembrar que não é necessário todos os componentes juntos, mas pelo menos um para cada função, como sustentação, fixação, aeração, retenção de umidade e nutrientes.

Para alguns, nada supera o xaxim. De certa forma, eu concordo. O xaxim é fabuloso, possui qualidades que nenhum outro substrato sozinho possui. Mas vamos encarar a realidade e ser ecologicamente corretos. Estas misturas são muito boas e, de certa forma, trabalham em conjunto para tentar realizar o mesmo que o xaxim é capaz de fazer.

Tenho utilizado algumas em meus principais vasos e não posso reclamar. Vale da experiência de cada um.

E você, o que tem usado?

Referências

  • jsalmazo.blogspot.com.br

Abraços!

Substratos para orquídeas – Materiais inertes

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Substratos (5) – Materiais inertes

Materiais inertes? Que raios é isso?

Um substrato inerte seria aquele que não sofre variação ou não reagem com os elementos ao seu redor. Pelo menos deveriam ser assim.

Bom, já falei sobre o xaxim, a fibra de coco, o musgo e madeiras em geral. Todos eles tem suas propriedades no que se diz respeito à umidade e retenção de nutrientes. Mas utilizar apenas estes materiais (a exceção do xaxim, claro, por ser proibido) não é limitar e condicionar a planta a uma situação que poderia ser um pouquinho melhor? Ou mais econômica para o dono dela?

Sim. Você não irá montar um vaso apenas com musgo ou com fibras. Torna-se caro. E talvez a planta não se adapte só àquele substrato. Precise de alguma variação, aquilo que dê liga, que dê areação, secagem, umidade, ou simplesmente o controle necessário ao micro-habitat que ela se encontra.

Eu ia finalizar esta série de artigos falando das misturas que temos disponíveis por aí. Mas pensando bem, acho importante mostrar certos elementos que podem ser utilizados em conjunto com outros substratos para auxiliar o orquidófilo na tarefa de aclimatizar a planta da melhor maneira possível.

Alguns materiais inertes utilizados pelos orquidófilos são: cacos de cerâmica (telhas e vasos), pedras (brita, cascalho, seixos e ardósia), argila expandida, isopor e carvão vegetal. Estes materiais são normalmente usados em complemento a algum outro elemento no vaso. Se usado como substrato principal, deve-se redobrar a atenção com as regas e fertilizações, já que os materiais inertes tendem a secar rapidamente e não segurar o adubo por muito tempo. Além disto, é sempre bom efetuar a limpeza do material a ser utilizado para evitar a proliferação de fungos e bactérias. Uma boa fervida ou o tratamento com cloro deve resolver.

Carvão vegetal

Facílimo de achar, já que nada mais é do que o bom e velho carvão do churrasco de final de semana. Deve ser utilizado novo, pois o usado tem suas propriedades químicas alteradas e certamente prejudicará a planta. Bom para locais de clima úmido, pois não retém umidade. É ineficiente na retenção de adubo, mas tende a acumular sair com o tempo, sendo necessária lavagem periódica igual a que fazemos quando há acumulo de sais nos vasos, ou seja, uma boa ducha com água limpa. Leve, não dá sustentação à planta. É um excelente elemento para se utilizar em conjunto com substratos que retenham umidade, caso haja necessidade. Dura cerca de dois anos. Após este período satura em sais minerais e começa a esfarelar.

Brita, dolomita, cascalho e seixo

Brita nada mais é do que a pedra que utilizamos nas construções. É facilmente encontrada e ajudam no enraizamento das plantas. Em contrapartida, retém sais, sendo necessária lavagem de vez em quando para evitar a queima das raízes. Algumas possuem muito cálcio, podendo prejudicar algumas espécies de orquídeas. Possui durabilidade indeterminada, pseudo-eterna :).

Cacos de cerâmica

Obtidos das mais diversas fontes, como por exemplo vasos e telhas. Sempre utilizar materiais novos, pois os antigos podem estar contaminados por fungos e bactérias. Bastante porosos, retém umidade e adubo, além de serem bastante arejados. Entretanto, secam rapidamente. Fornecem uma boa sustentação à planta. Duram em média 5 anos, porém, acredito que possam durar bem mais se conservados corretamente.

Aqui eu dou uma dica: vá a uma cerâmica que fabrique aqueles vasos furados para orquídeas. Normalmente eles também cozinham as sobras destes vasos furados (as rodelinhas) e colocam à venda. Tem a vantagem de ser uma cerâmica nova (nunca usada) e em um formato interessante para o uso.

Ardósia

Basicamente, possui as mesmas qualidades e defeitos da brita. Entretanto, possui ferro, podendo ser interessante para o cultivo de orquídeas como as Laelias mineiras e outras rupícolas.

Isopor

Extremamente leve, normalmente é usado como dreno em vasos. Particularmente eu não gosto muito, como sou meio desajeitado, faz muita sujeira comigo. Não gosto de ficar caçando bolinhas de isopor. Não retém umidade nem adubo, porém, a planta se agarra bem nele por ser levemente rugoso.

Argila expandida

Utiliza o mesmo princípio que comentei das rodelinhas dos vasos de orquídeas, já que é sobra de material das cerâmicas. Retém umidade e adubo.

Perlita

Este estou colocando pois algumas pessoas o sugeriram. Perlita é um mineral de origem vulcânica que quando aquecido a altas temperaturas expande de quatro a vinte vezes o seu volume original. É leve, neutro, com alta capacidade de retenção de líquidos e adubos. Mas a grande sacada da perlita é a areação que ela fornece. Além disto, é interessante por conter alguns elementos como alumínio, silício, ferro, magnésio, cálcio, sódio e potássio. Devido a retenção de sais, sua durabilidade é de aproximadamente um ano.

Vermiculita

Equivalente a perlita, destaca-se pela retenção de líquidos. Deve-se evitar porque algumas jazidas estão contaminadas com amianto, prejudicial a nossa saúde. O certo é conhecer bem a procedência do produto.

Referências

  • aorquidea.com.br
  • jsalmazo.blogspot.com.br

Abraços

Substratos para orquídeas – Cascas, lascas, troncos e madeiras em geral

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Substratos (4) – Cascas, lascas, troncos e madeiras em geral
Substratos (4) – Cascas, lascas, troncos e madeiras em geral

Pessoal, dando continuidade aos posts sobre substratos, é hora de falar um pouco sobre cascas, lascas, troncos e madeiras disponíveis por aí.

Este é um tipo de substrato e/ou suporte para fixação da planta que aprecio muito. Muitas das minhas orquídeas estão em tocos de madeiras. Mas engana-se quem pensa que toda madeira é propícia para elas. Um bom exemplo a própria Mãe Natureza nos ensina. Bom, deixe-me explicar.

Vou tomar como exemplo alguns passeios que fiz no último final de semana, para o litoral do Paraná e ao Zoológico de Curitiba. Como de praxe, vou observando as orquídeas nas árvores. Virou um costume, um vício, quase uma obsessão: achar orquídeas e fotografá-las em seu habitat. Chega a ser engraçado estar no Zoo e olhar mais para as árvores do que para os animais. Este costume, estranho para alguns, me ensinou que determinadas orquídeas habitam apenas determinadas árvores. É até engraçado de ver. Uma mata cheia de árvores e apenas uma delas, em meio a tantas, com uma determinada espécie. Questão de preferência? De certa forma sim.

Já é sabido que algumas orquídeas preferem determinados tipos de árvores. Exemplos? Ionopsis são fanáticas por goiabeiras. Phymatidium gosta bastante de cítricas em geral. Alguns Pleutothallis gostam bastante de troncos de Araucária, vejam só. Talvez por causa da casca bem rugosa. Amoreiras e jabuticabeiras também são muito apreciadas por várias espécies.

Enfim, é um material sem contra indicação. Será?

Engano seu. É preciso certo cuidado sim. Uma coisa que o aquarismo me ensinou é ter cuidado com o tanino presente nos troncos que eu quisesse utilizar no aquário. A mesma coisa se aplica para as orquídeas, pois o tanino por ser prejudicial para as raízes.

Tratando os trocos

Muitos não efetuam nenhum tipo de tratamento. Bom, não posso afirmar com 100% de certeza que isto vai ocasionar problemas à sua planta. Mas por que arriscar? Troncos recém cortados possuem ainda muita seiva e outros tipos de secreções que podem prejudicar a planta. Mesmo secos, eles possuem o tanino que, dependendo da quantidade, pode também danificar a planta.

Vou considerar que não vamos utilizar troncos verdes (recém cortados) e sim aqueles já secos e próprios para o uso. Para retirar boa parte do tanino (sim, porque nunca conseguiremos eliminar todo o tanino), o ideal é deixá-lo de molho por alguns dias, trocando a água diariamente (o ideal é mais vezes por dia). Por quanto tempo? Bom, para valer o esforço, eu diria que de 20 a 30 dias, dependendo da madeira.

Existem pessoas que fervem o tronco para ajudar a eliminar o tanino. Outras, além de ferver, adicionam sal grosso ou cloro para ajudar no processo. Nunca li nada que comprove que estes elementos ajudem a eliminar o tanino. Mas confesso que fervo o tronco algumas vezes, até a água não ficar tão marrom. E adiciono um salzinho de vez em quando.

É bom ressaltar que quando utilizamos elementos como sal e cloro, é necessário deixar o tronco de molho por alguns dias em água limpa (efetuando trocas), para que estes elementos possam ser eliminados.

Ainda sobre o tanino, muitas das cascas que compramos nas floriculturas não são tratadas, ou seja, possuem bastante tanino e também outras secreções. Cuidado.

Comércio

Os mais comercializados são:

Casca de Pinus

Também chamada de Pinus elliottii. É o que normalmente encontramos por aí, pelo menos aqui no Sul. Não tem tanta facilidade em fixar a planta no vaso, porém, retém quantidades significativas de adubo, além de umidade. Sua durabilidade média é de um ano.

Nó-de-pinho

Nada mais é do que um pedaço da Araucária, ou Pinheiro do Paraná, que não se decompõe. Pelo menos não tão facilmente. Uma árvore é capaz de cair e se decompor e ainda assim seus nós irão ficar. Não possui toxinas e de alta durabilidade, porém, difícil de encontrar (legalmente). Retém um pouco de umidade e adubo.

Casca de peroba

Boa por ser rugosa, tem origem na peroba-rosa, ou Aspidosperma pyrifolium. É utilizada para o cultivo vertical, sendo bastante durável. Não retém umidade nem adubo. Mas é ótima para espécies que gostam de raízes expostas.

Existem outros, mais comuns apenas em algumas regiões. Não vou me aprofundar nestes. Nada impede que você use o tronco que achar conveniente. Apenas lembre-se de cuidar para que ele não apodreça rapidamente e não passe à planta doenças. Eu tive experiências péssimas com troncos, tendo que replantar algumas de minhas orquídeas. Tudo por teimosia. Quis utilizar troncos verdes ou com tendências ao apodrecimento rápido. Lembrem-se que o rápido apodrecimento judia da planta, além de ser uma porta de entrada para fungos e bactérias.

Referências

  • aorquidea.com.br
  • jsalmazo.blogspot.com.br
  • aquaflux.com.br

Abraços!

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