Nematóides são minúsculos organismos que vivem em diversos ecossistemas e estão presentes em quase todas as regiões do planeta. Alguns não causam danos à outras espécies. Outros alimentam-se de restos de animais ou plantas, sendo chamados de saprófitas. Por fim, existem os parasitas de animais ou plantas, como por exemplo, aqueles que parasitam os seres humanos, as lombrigas.
Parasita de orquídeas
Os estragos causados por nematóides podem levar uma planta à morte. Muito embora cada orquídea tenha uma reação diferente a uma ataque de nematóides, podendo inclusive não morrer, dependendo das condições, ela ficará mais fraca e não dará mais flores.
O nematóide mais comum nas orquídeas tem aspecto de lombriga, cor branca e tamanho da ordem de décimos de milímetros e, quando colocados sobre uma lâmina de um microscópio de baixo aumento com uma gota d’água, serpenteiam, como minhocas. Outros têm anéis e se movem se esticando e se encolhendo, como lagartas.
Ação do parasita
Os nematóides atacam qualquer parte da planta, mas normalmente iniciam o ataque pelas raízes. Em condições favoráveis, ou seja, muita umidade, todas as raízes irão apodrecer em curto espaço de tempo. Caso as condições não sejam tão favoráveis ao parasita, elas podem apenas entrar em dormência por meses ou até anos. Além de reduzir o desenvolvimento das plantas, causam necrose nas folhas e raízes, causam má formação dos bulbos e coloração anormal em folhas e flores.
A podridão causada por um nematóide é diferente daquela causada pela Podridão Negra. Primeiro, porque o ataque do nematóide pára quando atinge o cerne duro, enquanto o fungo da Podridão Negra avança pelo rizoma até o pseudobulbo em questão de dias. Além disto, o broto atacado por nematóide fica mole e aquoso, enquanto que o atacado pelo fungo da Podridão Negra não perde a consistência.
Se a raiz da orquídea apresentar uma parte escura e outra branca, os nematóides podem estar presentes neste ponto de transição.
Proliferação
Um nematóide fêmea é capaz de colocar 2.000 ovos, proliferando rapidamente o parasita. Infelizmente, coisas comuns como respingos de água espalham o parasita pela vizinhança. Isto acontecendo, se atingirem um broto, este apodrece.
Outra forma de contaminação é através das ferramentas que você utiliza para manuseio e poda das plantas. Por isto, é importante desinfetar todos os instrumentos utilizados no cultivo. Tenho o costume de flambar minhas tesouras com a chama de um maçarico portátil, fica a dica.
Cuidados
Se sua orquídea estiver contaminada com nematóides, você poderá tratá-la com a seguinte solução: em 1 litro de água, com PH entre 5 e 6, dilua um inseticida nematicida de amplo espectro com qualquer fungicida e borrife toda a planta, fazendo a água escorrer por toda planta e substrato. Esta solução elimina caramujo, caracol, tatuzinho, nematóide, cochonilha de raízes e alguns fungos.
Ainda assim, a maneira mais eficaz de combater este parasita é a prevenção. Utilize substrato novo, livre de nematóides. Adquira plantas sabidamente sadias. Destrua – queime mesmo – restos de plantas infectadas. Evite a umidade excessiva e deixe seus materiais de cultivo secos e limpos.
Existem várias receitas de calda de fumo por aí, bastando você escolher uma e testá-la. Vou colocar duas aqui que, embora um pouco diferentes, deverá ter o mesmo resultado. Deverá ser pulverizada em toda a planta por dias seguidos, até o total extermínio da praga em questão. No fim deixo outro vídeo mostrando mais uma forma de fazer a calda de fumo. O objetivo é o mesmo, combater percevejos, besouros, pulgões e cochonilhas.
Calda de fumo – receita sem álcool
Ingredientes
1 litro de água;
10 centímetros de fumo de rolo, ralado;
½ sabão em barra, ralado.
Modo de preparo
Faça um macerado com todos os ingredientes e deixe-o descansar por 24 horas. Com a calda resultante, pulverize suas plantas. O sabão é usado para facilitar a permanência da água de fumo nas folhas e caules. Pulverize sobre as plantas.
Calda de fumo – receita com álcool
Ingredientes
250 g de fumo de corda;
100 ml de álcool hidratado (comum);
1 litro de água fervente;
detergente comum.
Modo de preparo
Pique o fumo de corda e coloque-o em uma vasilha com tampa. Acrescente a água fervente e tampe, deixando a mistura em repouso por 24 horas. Depois disso, agite o conteúdo e filtre-o em pano fino espremendo bem para retirar o máximo de extrato. Acrescente o álcool, que servirá de conservante para a solução. Guarde-a em um frasco escuro. Para o tratamento das plantas infestadas, dilua 100 ml da solução de fumo em 1 litro de água. Acrescente dez gotas de detergente caseiro (para quebrar a tensão superficial da água) e pulverize sobre as plantas.
Vídeo sobre o preparo da calda de fumo
Não vou entrar no mérito se é bom ou não usar a calda de fumo em suas plantas, mas caso você queira saber mais, é interessante ler o artigo de Rosana Kunst, sobre o lado ruim de se usar a calda de fumo. É só clicar aqui.
Aí você está olhando sua bela coleção de orquídeas e nota umas bolinhas brancas nos caules, próximos às folhas: são cochonilhas. Se você não agir rapidamente, as folhas de sua orquídea começam a apresentar manchas e ela perde totalmente o vigor, podendo até morrer.
Uma das pragas mais prejudiciais às plantas ornamentais, cochonilha refere-se tanto ao corante cor carmim utilizado em tintas, cosméticos e como aditivo alimentar, quanto ao pequeno inseto (Dactylopius coccus) de onde ele é extraído.
Parentes próximos das cigarras e dos pulgões, as cochonilhas apresentam formas muito variadas, o que dificulta a sua identificação. Medindo não mais que 35 milímetros, sua coloração pode ser branca, marrom, avermelhada, verde ou enegrecida. Algumas espécies possuem corpo mole e se depositam sobre as plantas como se fosse algodão, enquanto outras têm uma carapaça dura. Sempre em conjunto, os insetos normalmente se instalam nas axilas das folhas (ponto onde a folha encontra o caule), sob as folhas, nos ramos e troncos das árvores e até mesmo em frutos e raízes.
Esses insetos sugadores de seiva podem fazer grandes estragos pois secretam uma espécie de cera que facilita o ataque de fungos – como o fungo fuliginoso -, diminuem a capacidade fotossintética da planta e, de quebra, atraem formigas doceiras. Além disto, roubam nutrientes da planta.
Orquídeas submetidas a condições ambientais ou de nutrição impróprias são suscetíveis ao ataque de cochonilhas. Por isto, a manutenção da planta em condições saudáveis é extremamente importante. Vários fatores contribuem para o aparecimento de cochonilhas. Entre eles, destacam-se: solo ou substrato inadequados, quantidade insuficiente de luz, falta de água, déficit de nutrientes ou adubação em excesso.
A eliminação de seus predadores naturais também contribui para seu aparecimento. Seus predadores mais conhecidos são os percevejos, joaninhas, moscas e alguns fungos.
Combate
Se a infestação não for muito grande, faça uma escovação com escova macia, de preferência embebida em um pouco de inseticida. Depois é só manter o o controle dessas pragas, aplicando quinzenalmente um inseticida diluível em água com algumas gotas de detergente líquido.
Caso uma simples limpeza do local afetado não funcione, e/ou você não queira utilizar inseticidas comerciais de baixa toxicidade, você poderá pulverizar a orquídea atacada com emulsões de sabão de coco ou detergente neutro e, em seguida, pulverizar óleo mineral emulsionável. O óleo mata os animais por asfixia ao formar uma película sobre eles que impede a respiração. Para maior proteção das plantas, é importante que a pulverização seja feita sempre no final da tarde quando há menor incidência de sol.
Outra forma natural de combater as cochonilhas é a utilização de caldas caseiras, como a calda de fumo ou a calda de santa maria.
Receitas caseiras, como fazer
Calda de fumo
Ingredientes:
100 gramas de fumo de corda;
1/2 litro de álcool;
1/2 litros de água;
100 gramas de sabão em pedra neutro.
Preparo
Misture 100 gramas do fumo cortado em pedacinhos em 1/2 litro de álcool. Acrescente 1/2 litro de água e deixe a mistura curtir por aproximadamente 15 dias. Após este período, corte o sabão em pedaços pequenos e dissolva-o em 10 litros de água. Misture o sabão à calda de fumo curtida. Em áreas com ataques muito intensos, pulverize a mistura diretamente sobre as plantas. Caso a infestação ainda seja pequena, dilua o preparo em até 20 litros de água limpa antes da pulverização. As aplicações devem ser feitas em períodos de sol ameno. Uma dose tende a resolver o problema, caso os bichinhos não desapareçam, porém, vale borrifar as plantas atacadas uma vez por semana, até que a infestação acabe.
Calda de Santa Maria
Ingredientes:
200 gramas de erva–de–santa–maria (Dysphania ambrosioides);
1 litro de água fria;
Preparo
Amoleça 200 gramas da erva de Santa Maria em 1 litro de água fria durante 6 horas. Aperte bem as folhas para extrair o suco. Dilua o extrato obtido em 5 litros de água limpa. Pulverize o preparado sobre as partes atacadas uma vez por semana, sempre sob sol ameno, até que a praga seja eliminada.
Em seu relato das peregrinações no Oriente 1879, o escritor de viagens James Hingston descreve como, no oeste de Java, ele passou por uma experiência bizarra:
“Estou no jardim, contemplando várias plantas e, entre outras coisas, uma flor, uma orquídea vermelha. Eis que ela captura e se alimenta de uma mosca viva. Em seguida, ela apoderou-se uma borboleta enquanto eu ainda estava presente, fechando-a em suas folhas bonitas mas mortais, como uma aranha teria envolvida-a em uma rede.”
Louva-a-deus orquídea: Hymenopus coronatus frupus, CC BY-NC
O que Hingston tinha visto não era uma orquídea carnívora, como ele pensava. Mas a realidade não é menos estranha ou fascinante. Ele tinha visto – e foi enganado por – um louva-a-deus orquídea, Hymenopus coronatus, não uma planta, mas sim um inseto.
O louva-a-deus orquídea já é conhecido há mais de 100 anos. Naturalistas famosos, como Alfred Russell Wallace, têm especulado sobre sua aparência extraordinária. Evitando o verde monótono ou marrom da maioria dos louva-a-deus, o Louva-a-deus orquídea é resplandecente em branco e rosa. As partes superiores das suas pernas são muito achatadas e são em forma de coração, parecendo com pétalas. Em uma folha seria altamente visível, mas quando sentado sobre uma flor, é extremamente difícil de ver. Nas fotos, o mantis aparece dentro ou ao lado de uma flor, desafiando sua identificação.
Mimetismo?
Esta é uma história evolucionária clássica e temos a pergunta a responder: o louva-a-deus orquídea evoluiu para imitar a flor – o que lhe permite esconder entre suas pétalas, alimentando-se de insetos que são atraídos por ela? O mimetismo por predadores é bem conhecido. Por exemplo, aranhas caranguejo camuflam-sem de acordo com a flor que estão, e podem mudar de amarelo para branco para combinar com sua flor hospedeira.
Infelizmente, não houve nenhuma evidência para apoiar esta hipótese. O louva-a-deus orquídea são raros, por isso o seu comportamento é pouco conhecido, exceto em cativeiro. Por exemplo, ninguém sabe exatamente qual flor ele supostamente imita.
Novos estudos apontam que o que temos imaginado estava errado todo esse tempo. Embora seja de fato um mímico de flor – o primeiro animal conhecido a fazer isso – o louva-a-deus orquídea não se esconde em uma orquídea. Aliás, ele não esconde nada. E para um inseto qualquer, ele nem sequer se parece como uma orquídea.
Uma atração fatal
O’Hanlon e seus colegas começaram a testar sistematicamente as idéias contidas dentro da visão tradicional do modus operandi dos louva-a-deus orquídea. Primeiro, eles testaram se eles realmente se camuflavam entre as flores ou se, alternativamente, atraiam insetos por conta própria. Para um inseto em busca da flor, como previsto, o padrão de cor mantis é indistinguível da maioria das flores comuns. No entanto, quando emparelhado ao lado da flor mais comum de seu habitat, os insetos aproximaram-se mais frequentemente do louva-a-deus orquídea do que das flores, mostrando que os louva-a-deus orquídea são atraentes para os insetos por si só, ao invés de simplesmente precisar se camuflar entre as flores.
“Podemos observar claramente insetos, como abelhas, divergindo de suas rotas de voo e voar diretamente para este predador enganador“, segundo O’Hanlon. “Esses bichos são maravilhosos para esse tipo de atividade, porque podemos observar uma interação dinâmica entre predadores e presas.”
Este fenômeno, conhecido como mimetismo agressivo, ocorre em outros animais. Por exemplo, há uma aranha que libera substâncias químicas que imitam os feromônios sexuais liberados por mariposas fêmeas que procuram um companheiro. Mariposas do sexo masculino, com suas antenas elaboradas e emplumadas, pode detectar esses feromônios há milhas de distância, e são atraídas para a sua morte.
Os pesquisadores também avaliaram onde o louva-a-deus orquídea escolhia para sentar. Surpreendentemente, eles não escolhiam se esconder entre as flores. Eles escolheram outros locais, como as folhas, com a mesma frequência. No entanto, sentado perto das flores trouxe benefícios, porque os insetos foram atraídos para a vizinhança – o “efeito imã“.
Qualquer flor afinal?
Quando compararam a forma e cor do louva-a-deus orquídea com flores a partir da perspectiva de um inseto, o predador não se parecia com uma orquídea ou mesmo qualquer espécie particular de flor, mas sim uma flor generalizada. Isso se encaixa com o que já sabemos: alguns dos melhores imitadores na natureza são imitadores imperfeitos, com características de diversas espécies como modelo.
Colocando modelos experimentais plásticos em campo, os pesquisadores descobriram que para o louva-a-deus orquídea a cor era muito mais importante do que a forma. Eles acreditam que o louva-a-deus orquídea não pode realmente imitar precisamente um determinado tipo de flor. Em vez disso, eles podem explorar uma brecha criada por ganhos de eficiência evolutivas dentro do cérebro do inseto.
Conclusões precipitadas
Entretanto, ainda há um problema que persiste: se o louva-a-deus orquídea pode atrair insetos por exploração sensorial sozinho então por que as partes do corpo que se parecem com pétalas? Talvez os polinizadores eram inicialmente atraídos a uma certa distância através da exploração sensorial, mas depois o mimetismo caía por terra quando o inseto estava mais próximo, quando podem inspecionar o louva-a-deus orquídea mais de perto para ver o que realmente é.
O importante é que cada espécie tem uma história emocionante para contar e pode ajudar a moldar a nossa compreensão de como o mundo natural funciona.
Algumas regiões do Brasil estão sofrendo bastante com chuvas e a consequência disto é o aumento de doenças em nossos orquidários. Algumas destas doenças são tratadas com fungicidas, conforme visto em outros artigos aqui no site. Entretanto, pessoas comuns tem dificuldade em adquirir fungicidas (e outros produtos do gênero) em lojas especializadas justamente por serem pessoas físicas não ligadas ao meio rural. Pensando nisto, compartilho com vocês uma receita de fungicida caseiro bastante eficiente que pode ajudar você naquelas horas em que o problema aperta e você não sabe o que fazer.
Histórico
Originária de Bordeaux, região da França, a calda bordalesa é datada do século XIX por uma descoberta acidental do botânico Pierre Marie Alexis Millardet. Millardet notou que alguns vinhedos locais não apresentavam debilitações por fungos. Questionando os agricultores, estes revelaram já usar a calda porém com o intuito único de amargar o sabor das uvas para ninguém furtá-las. A partir daí, Millardet promoveu pesquisas e publicou, em 1885, recomendação da fórmula aperfeiçoada para o combate de doenças por fungos.
Tratamento
A mistura atua por meio dos íons de Cobre (Cu2+). Estes íons afetam as enzimas dos esporos do fungo de tal forma que impede o seu desenvolvimento. Sendo assim, a calda bordalesa deveria ser usada preventivamente antes do estabelecimento de doenças fúngicas.
Recomenda-se o uso com cautela, evitando-se abusos nas quantidades. Na realidade cada espécie de planta apresenta uma sensibilidade e necessidade específica de concentração desse preparado. Contudo, como regra genérica, a fórmula apresentada neste artigo é indicada para a maioria das plantas adultas, enquanto no caso de mudas ou brotações recomenda-se diluir essa mistura a 50% com água.
Utilizando um bom pulverizador, o ideal é aplicar o produto em dia ensolarado, borrifando a planta inteiramente. Afim de evitar o entupimento do pulverizador, pode-se filtrar a calda.
A calda tende a oxidar e por isso deve ser aplicada em no máximo 24 horas para melhor eficácia e repetido 15 dias depois para melhor eficácia.
Para um melhor resultado, existindo plantas já infectadas por fungos, estas deverão ser podadas antes da pulverização. Lembre-se de usar ferramentas esterilizadas e eliminar (incinerar) as partes destacada
Importante: cuidados com a calda
O sulfato de cobre desequilibra o ambiente através da lixiviação (processo de extração de uma substância de um meio sólido por meio de sua dissolução) do solo. Com isso o cobre tende a se acumular danosamente na terra.
O excesso desta calda polui os rios, prejudica os peixes e criações de animais. Ela extermina por completo as minhocas no solo, que são benéficas em qualquer cultivo saudável e imprescindíveis na agricultura orgânica.
A calda bordalesa é um produto com certo grau de toxidade. Desta forma, frutas, sementes, folhas, etc. que foram tratadas com esse preparado devem ser evitados e não ingeridos. Embora seja de baixa volatilidade, ela pode produzir irritações na pele e mucosas quando em contato direto com o corpo. Sendo assim, como na maioria das aplicações de produtos agrícolas, durante sua manipulação é necessário seguir procedimentos padrões de segurança. Ou seja, deve-se usar trajes apropriados e cuidados como luvas impermeáveis, máscaras de proteção e botas de borracha.
Como fazer a calda
Ingredientes:
10 gramas de cal virgem (prefira cal virgem, pois a cal hidratada não tem a eficiência necessária, sendo necessário dobrar a quantidade);
10 gramas de sulfato de cobre em pó;
1 litro de água;
Vasilhames de plástico, vidro ou louça, ou seja, não metálico. Não pode ser de lata, latão ou alumínio, por reagir com o cobre.
Caso queira quantidades maiores, é só multiplicar as quantidade.
Modo de preparo
Coloque o sulfato de cobre em um saco de pano poroso e deixe imerso em meio litro de água (pode ser morna) por 24 horas. Desta forma ocorrerá a completa dissolução dos cristais, pois um dia representa um tempo seguro para a diluição para a maioria das condições.
Em outro recipiente é feita a reação da cal com pequenas quantidades de água. À medida que a cal “queima” segue-se adicionando água até o outro meio litro do total da receita.
Em um terceiro recipiente, unir os dois preparados acrescentando aos poucos a mistura de sulfato de cobre à solução de cal, misturando vigorosamente com um utensílio não metálico. Importante: não coloque a solução de cal sobre a de sulfato de cobre, pois há o risco de empelotar, perdendo a eficácia.
Neste ponto a calda bordalesa estará pronta para uso. Entretanto, é importante verificar se a mistura está neutra ou, de preferência, levemente alcalina para evitar a fitotoxicidade provocada pelo sulfato de cobre livre. A forma mais fácil de verificar, sem precisar usar medidores de pH como o papel de Tornassol, é improvisar uma checagem da acidez através de um objeto metálico, como uma faca de aço. Para tal, mergulhe a faca por 2 ou 3 minutos no preparado. Se a faca escurecer, isto indica acidez excessiva. Neste caso seria necessário elevar o pH, adicionando-se mais mistura de cal à calda. Se a faca não escurecer, a mistura está pronta!
Uma das doenças mais chatas e cruéis que já vi em uma orquídea, a podridão negra ataca principalmente plantas dos gêneros Cattleya, Laelia e seus híbridos. Aparece principalmente no inverno ou em épocas muito úmidas, como a que estamos enfrentando agora no Sul do Brasil.
Plantas totalmente expostas à chuva ou plantas cuja a irrigação as mantém úmidas por um longo período facilitam o aparecimento da doença. No caso da irrigação, há relatos que plantas regadas pela manhã e em local pouco ventilado são mais propícias à doença, pois o calor emitido pelos raios solares aquecem a planta úmida que, ao atingir uma temperatura em torno de 28 graus, propicia um ambiente ideal para a eclosão de fungos.
As condições úmidas nestes casos favorecem o crescimento da doença, pois os esporos inertes (Pythium ultimun e Phytophtora cactorum) sobrevivem no solo úmido até que um hospedeiro esteja disponível para proliferação. Então, os esporos inertes germinam e esporos móveis penetram as raízes. As raízes não precisam de feridas para serem infectadas, o que é mais um agravante, pois uma planta completamente sadia pode ser infectada rapidamente.
Outro fator que propicia o aparecimento da doença é a salinidade do substrato, portanto esteja atento ao excesso de fertilizantes. Os sais acumulados no substrato dos vasos pode ajudar à proliferação da doença.
Seu ataque começa pelo rizoma, passando depois para os pseudobulbos e folhas com incrível rapidez. A doença transforma essas partes da planta numa massa pardacenta e de odor desagradável, evidenciado por pequenas lesões negras. A doença continua a se espalhar até que ela finalmente mata a planta.
Caso você tenha tido um surto da doença em seu orquidário, evite cultivar suas orquídeas perto de qualquer área aonde a podridão negra foi identificada. Mantenha ferramentas e regadores higienizados. Compre apenas orquídeas certificadas de uma fonte com boa reputação. Inspecione as plantas com cuidado por sinais de podridão negra quando você comprá-las. Cuidados nunca são demais e podem salvar seu orquidário de duras perdas.
Como controlar
Isole as plantas infectadas e pare totalmente as regas. Utilize compostos baseados em cobre nas orquídeas infectadas (um exemplo pode ser a calda bordalesa, que você confere a receita clicando aqui). Estes compostos incluem hidróxido de cobre, óxido de cobre, sulfato de cobre básico, oxicloreto de cobre, e carbonato de amônio de cobre. Aplique-os com moderação porque muito cobre pode danificar sua orquídea. Os fungicidas Manebe, Mancozeb, e Zinebe também são eficientes no controle de podridão negra. Compostos de estanho orgânico também são eficientes, mas muito mais tóxicos para a planta. Você também pode utilizar os compostos sistêmicos Fenilamida, Fosfonato, Acido Cinâmico e Quinina, já que eles se movimentam para cima das raízes para matar a podridão negra nas folhas.
Aplique o produto escolhido quando a planta estiver em crescimento ativo. Pulverize o local onde se encontrava a planta e todo o recinto para tentar sanar o problema no local. Corte o local afetado com uma tesoura flambada ou um bisturi esterilizado a parte atacada e a descarte, queimando-a, bem como todo o substrato e o vaso onde estava a planta. Se a planta estiver bem debilitada descarte-a, queimando-a.
Você também poderá fazer a imersão da planta numa solução de hipoclorito de cálcio e um fungicida sistêmico por uma hora, secando-a bem em seguida.
Por fim, aplique sobre a planta uma camada de canela em pó (você pode ler meu artigo sobre o uso de canela em orquídeas clicando aqui). Repita a dose sobre a planta e substrato alguns dias após o seu replante.
Lembre-se sempre de usar material de corte esterilizado e evitar que a água da rega caia da planta de cima diretamente na planta que esteja logo abaixo para não disseminar problemas. Mantenha as plantas em local arejado ou de temperatura amena.
Podridão Negra Bacteriana
Existe um outro tipo de podridão negra, não causada por fungos e sim por bactérias do gênero Erwinia. Não é muito freqüente no Brasil mas é extremamente letal, causando surgimento de manchas negras, com aspecto aquoso e cheiro repulsivo. É de desenvolvimento rápido, tomando conta da planta em poucas semanas, levando-a à morte. Muitas vezes provoca um colapso da estrutura das folhas, ficando totalmente amolecidas e murchas.
O cenário é mais ou menos este: você está olhando suas orquídeas e vê um bichinho minúsculo, dependendo da cor até bonitinho, com no máximo 5 milímetros de tamanho. Você pensa: que mal pode fazer um ser deste tamanho? Pois não se engane, estes insetos são extremamente vorazes e pode ser considerado umas das pragas mais perigosas às espécies vegetais. Lembre-se que eles nunca estão sozinhos, ou seja, quando não controlada rapidamente, uma infestação de pulgões pode ser fatal.
Também conhecidos como piolhos-das-plantas, estas pequenas pragas também podem transmitir doenças virais que prejudicam bastante as produções em escala. São atualmente conhecidas cerca de mil espécies de afidoideos, de ocorrência mais freqüente nas regiões temperadas com certa incidência também em zonas tropicais. Eles podem ser que podem ser pretos, brancos, marrons, amarelos, cinzas e verdes.
Folhas mais novas e delicadas são os alvos preferidos desses intrusos sugadores de seivas. Vivendo em colônias, os grupos são compostos quase que exclusivamente por animais do sexo feminino, que se reproduzem rapidamente por partenogênese, ou seja, sem participação de machos. Isto resulta em uma infestação rápida, notada primeiramente através de folhas amarelas e enroladas, depois do atrofiamento da planta. Os pulgões podem aparecer em qualquer época do ano, mas os períodos mais propícios ao ataque são a primavera, o verão e o início do outono.
Os pulgões excretam um líquido açucarado que favorece o crescimento de fungos de coloração escura, levando à diminuição da área fotossintética da folha. Além disto, as formigas, por seu lado, usam a gosma adocicada excretada pelos pulgões numa simbiose em que chegam até a transportá-los para plantas mais saudáveis, quando as hospedeiras já estão muito danificadas. São as formigas-pastoras, que usam os pulgões como “vaquinhas de ordenha”. A joaninha é o seu principal predador, entretanto os pulgões são defendidos delas pelas formigas.
As plantas atacadas por pulgões sofrem engruvinhamento das folhas, provocado pela sucção que ocorre na face debaixo da mesma. Essa lesão nas folhas acaba por reduzir o crescimento da planta. Além disto, os pulgões são vetores de metade dos 600 vírus conhecidos das plantas. Também com os vírus os pulgões tem uma simbiose, mas essa é intermediada por uma bactéria que habita no seu interior.
Controle
A melhor forma de controlar uma infestação de pulgões em suas plantas é através de remédios naturais feitos em casa, como por exemplo a calda de fumo. Isto porque alguns pulgões podem desenvolver resistência a esses pesticidas químicos, sobretudo quando aplicados repetidamente. Além disto, o veneno tende a eliminar os predadores naturais do pulgão.
Existe uma forma de realizar o controle biológico com pequenas vespinhas parasitóides. Estas colocam ovos dentro do corpo dos pulgões e alimentam-se do conteúdo interno do hospedeiro. O pulgão parasitado transforma-se em uma múmia, adquirindo aspecto e coloração diferente dos demais. Estas “múmias” não precisam ser removidas, uma vez que darão origem a outra geração de parasitóides que atacará outros pulgões sadios.
Se a orquídea infectada estiver muito “gosmenta”, lave suas folhas e caules com água e sabão em barra. Sempre que pulverizar sua planta infetada, prefira fazê-lo à noite para evitar que o sol interaja com o remédio aplicado causando queimaduras nas folhas.
Algumas receitas fáceis de fazer em casa
Alho e cebola são remédios caseiros fáceis de preparar. Você deverá cozinhar o alho inteiro, ou as cascas de cebola, em 500 ml de água. Deixe ferver, esfriar e filtrar, depois do que pode ser pulverizado nas plantas;
Infusão de ervas diversas: Neste caso você pode usar, por exemplo, cavalinha, anis, coentro á razão de um punhado de ervas secas para 1 l de água fervente. Deixe descansar, esfriar, coe e pulverize;
Água de pimenta: bata no liquidificador algumas pimentas em 2 copos de água. Deixe repousar durante a noite toda. Na manhã seguinte, coe a mistura e dilua em ais um copo de água. Pulverize à noite, 1 a 2 vezes por semana;
Macerado de urtiga: deixe um molho grande de urtigas verdes, novas, de molho durante 10 dias. Mexe-se esse molho diariamente, com uma varinha, até as folhas se separarem do caule. Com esse preparado pode-se regar as plantas infestadas ou pulverizá-las.
Calda de fumo
Existem várias receitas de calda de fumo por aí, bastando você escolher uma e testá-la. Vou colocar duas aqui que, embora um pouco diferentes, deverá ter o mesmo resultado. Deverá ser pulverizada em toda a planta por dias seguidos, até o total extermínio dos pulgões.
Calda de fumo – receita sem álcool
Ingredientes
1 litro de água;
10 centímetros de fumo de rolo, ralado;
½ sabão em barra, ralado.
Modo de preparo
Faça um macerado com todos os ingredientes e deixe-o descansar por 24 horas. Com a calda resultante, pulverize suas plantas. O sabão é usado para facilitar a permanência da água de fumo nas folhas e caules. Pulverize sobre as plantas.
Calda de fumo – receita com álcool
Ingredientes
250 g de fumo de corda;
100 ml de álcool hidratado (comum);
1 litro de água fervente;
detergente comum.
Modo de preparo
Pique o fumo de corda e coloque-o em uma vasilha com tampa. Acrescente a água fervente e tampe, deixando a mistura em repouso por 24 horas. Depois disso, agite o conteúdo e filtre-o em pano fino espremendo bem para retirar o máximo de extrato. Acrescente o álcool, que servirá de conservante para a solução. Guarde-a em um frasco escuro. Para o tratamento das plantas infestadas, dilua 100 ml da solução de fumo em 1 litro de água. Acrescente dez gotas de detergente caseiro (para quebrar a tensão superficial da água) e pulverize sobre as plantas.
Infelizmente, todas as espécies vegetais são acometidas por um determinado número de pragas e patógenos. O grupo das orquídeas não é uma exceção à esta regra e, embora sejam plantas resistentes a muitas doenças que acabam com outros cultivares, são necessários cuidados para que não sofram consequências danosas.
Cerca de 130 doenças conhecidas afetam, em maior ou menor grau, as orquídeas. Estas doenças podem ser ocasionadas por fungos, bactérias ou vírus. Dada a complexidade do cultivo, é possível afirmar que não há coleção que não apresente um determinado número de plantas atacadas por doenças.
O maior problema das coleções de orquídeas são as infestações por fungos. Porém, também são eles os patógenos com mais chance de serem combatidos. Já a infecção viral, uma vez instalada, nada mais poderá ser feito para debelá-la. A única solução é a prevenção.
Considerando que a convivência com estas doenças é inevitável, é essencial conhecê-las e mantê-las sob controle, evitando assim o estresse com tratamentos mais agudos e perdas significativas.
Cuidados gerais
Em grande parte das vezes as doenças são associadas a estresses por fatores abióticos tais como variações bruscas de temperatura, exposição ao sol em demasia, excesso de umidade, excesso de nutrientes e salinidade do substrato pela administração excessiva de adubos. É muito importante o cuidado com as regas, a adubação e até mesmo aplicação de medicamentos em horários do dia em que a temperatura está alta ou que raios solares estejam incidindo sobre as folhas, afim de evitar queimaduras, possíveis portas de entrada para o patógeno. Lembre-se que uma simples gota de água sobre uma folha poderá se transformar em uma lente que potenciará os raios solares e poderão queimar a folha rapidamente.
É importantíssimo ter uma rotina bem definida para a aplicação de adubos. Lembre-se que as orquídeas não recebem esta quantidade elevada de nutrientes na natureza. Uma das consequências do exagero na aplicação de adubos é a salinização do substrato, podendo causar a interrupção do desenvolvimento das raízes e, consequentemente, da planta. Alguns defendem que uma adubação mensal é mais que suficiente e uma periodicidade maior causaria estresse à planta. Eu sou meio suspeito para dizer algo sobre isto, pois minhas adubações são semanais, porém em doses homeopáticas. Vai de cada um, acredito eu.
Outro problema, não menos importante, é o fator rega. Irrigação excessiva pode ser um fator de estresse para a planta. Se a drenagem for insuficiente, o acúmulo de água será fatal.
Prevenção
Eis algumas dicas que, embora simples, podem contribuir para evitar o aparecimento de doenças:
Manter telados, estufas e piso completamente limpos, tanto em relação ao meio ambiente, quanto às plantas;
Evitar ter nesses locais outras plantas ornamentais de pequeno ou médio porte, árvores ou arbustos. Eles são hospedeiros e futuros vetores para a transmissão de doenças e pragas;
Muito importante: mantenha o entorno do orquidário limpo. Cuide com orifícios, desníveis no solo, acúmulo de lixo, buracos na parede, pilhas de vasos velhos, xaxim usado, tudo que servir de abrigo para insetos e como depósitos de esporos de fungos;
Limpar as bancadas com escovas, água e sabão, fazendo uma lavagem geral. Em seguida, pinte com pasta fungicida. Há algumas receitas para isto, como por exemplo: 1 quilo de fungicida, 1 quilo de cal virgem queimado, meio quilo de inseticida em pó molhável a 50% para 10 litros de água. Outra forma de limpar a bancada é usando hipoclorito de cálcio, numa solução aquosa a 10%. Também há outros produtos à base de cloro, estes encontrados facilmente no mercado, que podem ser utilizados para a desinfecção das bancadas;
Cultive espécies ou híbridos adequados ao clima predominante de sua região, proporcionando às orquídeas melhores condições possíveis em termos de cultivo (luz, água, adubação, umidade relativa, ventilação e substrato). Isto evita que as plantas fiquem estressadas por terem condições vegetativas insatisfatórias, que são um convite ao ataque, tanto de pragas como doenças;
Procure adquirir plantas isentas de doenças aparentes e em bom estado de cultivo. Cuidado com aqueles presentes de um ou dois bulbos traseiros;
Mantenha as plantas recém adquiridas afastadas do restante da coleção, por algum tempo (por exemplo, 6 semanas), até ter certeza que não portam doenças ou pragas. Faça pelo menos um tratamento contra doenças nestas plantas durante este período;
Faça uma inspeção detalhada de suas plantas, no mínimo uma vez por mês;
Se surgirem problemas nestas inspeções, aja rápido, para evitar que o problema assuma proporções epidêmicas no orquidário, após o que, o combate se torna caro e incerto;
A adequada ventilação do ambiente é ponto crucial no controle da maioria das doenças causadas por fungos e bactérias, que, em sua maioria, são transmitida pela água parada nas folhas e no substrato;
Utilize fungicidas e bactericidas quando necessário. Nunca aplique fungicidas sistêmicos de forma preventiva. Sempre alterne entre produtos, de modo a evitar o surgimento de resistência.
Ah, quem nunca viu uma lesminha brilhante devorando com vontade uma nova raiz ou pior, um botão floral?
Pois bem, cá estou eu com este problema em casa. E pior, em larga escala. Parece que em todo lugar que olho eu vejo um molusco chato detonando alguma planta minha. Ou seja, hora de agir.
Pesquisei muito sobre o que fazer em casos como este e a conclusão que cheguei é que tudo vai depender daquilo que você tem vontade ou tempo para fazer. No meu caso, devido a quantidade de plantas e ao tempo escasso que tenho para sair catando um por um, fui um pouco mais radical. Mas vamos com calma, vamos conhecer primeiro os causadores do problema.
Lesma
As lesmas são moluscos gastrópodes da sub-ordem Stylommatophora, que andam sobre o abdômen e que possuem respiração cutânea. Distinguem-se dos restantes gastrópodes, em particular dos caracóis, pela inexistência de concha externa proeminente. O corpo das lesmas é constituído por manto, pé e cabeça com um par de tentáculos ópticos e um par de tentáculos sensoriais, ambos retrácteis. São bastante sensíveis à desidratação e algumas também são sensíveis à luz. As lesmas são seres hermafroditas. Caracterizam-se pelo fato de que, durante o seu desenvolvimento, a massa visceral sofre uma torção de 180 graus (característica dos moluscos gastrópodes), enrolando-se sobre si mesma. Assim, adotam a forma espiral tão característica da concha dos caracóis.
Caracol
Caracóis são os moluscos gastrópodes terrestres de concha espiralada calcária, pertencentes à subordem Stylommatophora, que também inclui as lesmas. São animais com ampla distribuição ambiental e geográfica. Respiram através de um pulmão. As diversas espécies de caracóis se distinguem especialmente pela concha que é, na verdade, o esqueleto externo do animal. Essa concha é feita de calcário, e pesa pouco mais de um terço do peso total. Os caracóis não tem audição e utilizam especialmente os sentidos do tato e do olfato que se situam em todo o corpo mas principalmente nas antenas menores já que pouco enxergam com os olhos situados nas pontas das antenas maiores. Ao lado da boca fica o aparelho genital e a entrada e saída do ar dos pulmões, o pneumóstoma, que fica embaixo da concha.
É muito comum a confusão entre caramujo e caracol. Na verdade, são animais cuja aparência é muito próxima, mas bem diferentes. O caramujo é um animal aquático e respira por brânquias, enquanto o caracol é um animal terrestre e dotado de um pulmão.
Como combater
Estes animais possuem hábitos noturnos e gostam de ambientes abafados e úmidos. Por serem noturno, temos muita dificuldade para localizá-los. Durante os períodos de incidência de luz, eles costumam se esconder no substrato ou em cantos próximos ao orquidário. Apesar de lentas, fazem um estrago considerável pois são raspadores e se alimentam de raízes, folhas e caule das orquídeas. Tenho observado que o principal dano causado por estes animais é nas raízes. Infelizmente, só percebemos quando a planta já está desidratando e definhando. Neste momento é comum olharmos o vaso com mais atenção e aí notar estes animais no substrato.
Se você tem dúvidas se estes animais estão presentes em seu orquidário, basta olhar se há algum tipo de raspagem ou parte de folha ou raízes comidas. Outra forma é verificar se o famoso rastro brilhante está presente no ambiente, indicando que alguma lesma passou por ali deixando parte de seu muco.
Muitos são os métodos utilizados para controle destas pragas. Alguns preferem algo 100% natural, outros já preferem métodos químicos. Eu estou testando um moluscicida pois sinceramente não tenho mais como fazer coleta manual.
Ambiente
Dentre as muitas formas de evitar o aparecimento de lesmas é ter um orquidário arejado e protegido. Plantas penduradas, bancadas bem arejadas e com pilares protegidos (com sal, por exemplo), chão de cimento ou com uma cobertura plástica entre a terra e a brita são opções que podem dificultar o aparecimento de infestações. Aliás, o chão do orquidário deve estar limpo, sem mato, afinal, ervas daninhas são hospedeiras intermediárias destas e outras pragas. Entretanto, acredito que o principal aqui é o ambiente arejado, afinal, uma ventilação adequada controla o excesso de umidade, evitando a proliferação destes animais. Por isto, nada de vasos amontoados, ok?
Esta seria a primeira linha de defesa contra estes animais, visto que eles se reproduzem com grande facilidade em meios ricos em matéria orgânica (chão úmido, substratos, etc) por serem hermafroditas (bissexuados) e passam diretamente dos ovos para a fase adulta.
Tenho o problema?
Pode ser que você veja alguns sinais característicos de lesmas em suas orquídeas, como raízes e folhas raspadas. Afinal, como ter certeza se há algum tipo de infestação de lesmas em seu orquidário? Faça armadilhas para elas!
Existem várias formas de preparar armadilhas para estes animais:
usando chuchu;
estopa umedecida;
estopa com cerveja;
estopa com uma mistura de uma parte de leite integral para quarto partes de água;
bandejas de isopor com cavidades para baixo.
A vantagem de atraí-las é que você poderá realizar a coleta manual, controlando a população de lesmas.
Coleta manual
Alguns dizem que este é o melhor método. Eu prefiro dizer que é o mais natural, pois dependendo do tamanho da sua coleção e do tamanho da infestação, a coleta manual pode ser um trabalho quase impossível. Além das armadilhas descritas acima, uma alternativa ao tedioso método de coleta manual é mergulhar o vaso em um balde com solução de calda de fumo. Desta forma as lemas irão à superfície, sendo facilmente coletados.
Para preparamos esta calda, eis os ingredientes:
100 gramas de fumo de corda;
1 litro de água;
uma colher de sabão em coco (pó).
Pique o fumo, junte com os outros ingredientes e ferva. Depois é só coar em um pano fino e diluir em 10 litros de água.
Depois de coletados, uma forma eficiente de eliminá-los é colocá-los em uma vasilha com uma solução saturada de sal.
Métodos químicos
Aqui a coisa fica um pouco mais séria. Se você realmente tem uma infestação que se faz impossível de ser controlada (ou coletada manualmente), você pode recorrer aos artifícios químicos comumente conhecidos como iscas ou moluscicidas.
Moluscicidas são pesticidas usados no controle de moluscos, como as lesmas e caracóis. Essas substâncias geralmente incluem metaldeído, metiocarbe e sulfato de alumínio, e devem ser usadas com cautela para não causar danos a outros seres que não são alvo de sua aplicação. A maioria dos moluscicidas não são usados na jardinagem e agricultura orgânica pois são proibidos, mas há exceções, como o fosfato férrico.
O fosfato férrico é substância ativa autorizada para agricultura orgânica pelo Ministério da Agricultura e está presente no lesmicida Ferramol Organic, importado da Alemanha. É um produto de venda livre, registrado na ANVISA. O produto age interrompendo a alimentação das pragas que se recolhem em suas tocas e morrem dentro de 2 a 6 dias. Depois de aplicado, o Ferramol tem durabilidade durante vários dias mesmo na ocorrência de chuva, pois apresenta ótima resistência contra umidade. Os grânulos que não forem consumidos serão decompostos, servindo como adubo natural para as plantas.
Outro bastante utilizado é o Metarex. Pertencente à família química de aldeídos, é um tétramere de acetaldeído. O metaldeído presente no lesmicida Metarex SP atua principalmente pela ingestão por destruir as células responsáveis pela produção de muco. Ele é irreversível, provocando uma destruição total do sistema de membrana, a fragmentação dos vacúolos, a destruição das mitocôndrias e do núcleo celular. Por sua natureza tóxica, você deverá ter atenção especial se possuir animais que frequentam o mesmo ambiente das orquídeas. Nestes casos é mais seguro não espalhar as iscas pelo chão do orquidário, apenas nos vasos.
Por fim, existem alguns inseticidas organofosforados como o Malathion também são eficientes em aplicação total no orquidário, mas devem ser evitados ao máximo pela sua alta toxidez ao meio ambiente e aos mamíferos em geral, incluindo nós mesmo.
Plantas moluscicidas
Em minhas pesquisas para a confecção deste artigo me deparei com um artigo muito interessante, dos autores Joana D’Arc Ximenes Alcanfor, Pedro H. Ferri, Suzana C. Santos e José Clecildo B. Bezerra, na Universidade Federal de Goiás.
Resumidamente, o artigo trata de plantas moluscicidas para o controle de caramujos transmissores de doenças, enfatizando na ação química de taninos. Ali você poderá ler sobre algumas plantas que possuem este efeito e, quem sabe, utilizá-las de alguma forma em seu ambiente. Não vou discorrer muito sobre o artigo pois acho que ele vale a leitura como um todo.
Bom, eis a hora de voltar a um assunto que nem todos aqui gostam.
Com as mudanças do site e os problemas que tive nos últimos dias, acabei me deparando com algumas coisas interessantes no Google. Sim, o Google é muito útil para analisarmos as fontes de visitas que tenho, bem como as palavras chave que acabaram convergindo neste site.
Aí me deparei com uma coisa um pouco preocupante: muitas pessoas procurando informações sobre orquídeas do mato ou orquídeas coletadas.
Mas Luis, por que isto é ruim?
Simples, meu amigo. O que está me assustando é o que as pessoas estão buscando na internet sobre as “orquídeas do mato”. Vejamos os dados da última semana:
– 28 pessoas chegaram com a palavra chave “orquídeas do mato” e suas variantes (como orkideas e orquidias);
– 4 pessoas chegaram com “fotos de orquídeas do mato”;
Estas são as pesquisas boas, ou pelo menos acredito que sejam. Entretanto, há algumas pesquisas mais suspeitas, como (copiadas do analytics, com erros e tudo mais):
– “como cuidar de orquídeas do mato”;
– “onde achar orquídeas no mato”;
– “como identificar muda de orquideas no meio do mato”;
– “como identificar uma orquidea no mato”
– “como plantar orquidea do mato”;
– “orquideas do mato compar” (comprar);
– “orquideas pequenas do mato”;
– “para que eh bom a orquidea do mato”;
– “tipos de orquideas do mato”;
– “especies de orquideas do mato”;
– “encontra orquidea no mato”;
– “mato para pegar oorquideas” – sobrou um o ali;
– “minhas orquideas do mato”;
– “orkidias do mato da região do para”;
– “orquidea do mato mais comum”;
– “orquideas de mato em minas”;
– “orquideas são as mesmas que dão em arvores no mato”;
– “plantas orquideas do mato”;
– “tem orquideas no mato”;
e a mais legal:
– “www.orquideas do mato.com.br”;
Parace pouco, mas não é. As pesquisas acima somam mais de 150 pessoas chegando ao site do orquideas.eco.br nos meses de junho e julho, o que me faz parar para pensar duas coisas: primeiro, como a internet emburreceu as pessoas – poxa, escrevem tudo errado! Isso que deixei as piores palavras de fora para não mostrar de que tipo de “orkidia” nós estamos falando.
Ok, desabafo feito, hora de voltar ao assunto. Um blog despretensioso como o meu não deveria ter tanta palavra chave sobre reconhecimento, coleta, locais, cuidados e afins de orquídeas do mato. Sim, publiquei um texto no começo do ano sobre isto, as pessoas acabam caindo aqui quando procuram pelo tema. Mas o teor destas palavras chave me assusta. A maioria quer saber como cuidar daquilo que coletou, onde coletar ou comprar mudas, o que fazer quando acha estas pobres plantas na mata, enfim, tudo que já falei algumas vezes aqui: não faça!
Você que está lendo este texto e se encaixa no perfil de aventureiro destemido, que sai a procura de plantas no meio do mato? Sim, você mesmo! Use cinco minutos do seu tempo e leia os textos abaixo que já voltamos a conversar:
– Orquídeas do mato – texto principal, aborda a questão da legalidade e também das consequências
– Orquídeas do mato (2) – complemento ao primeiro texto
Entendeu agora? Não é simplesmente retirar uma planta do mato e achar que conseguiu algo a mais na sua coleção. É uma questão de bom senso, é uma questão de consciência ecológica.
Ainda dá tempo de mudar. Nunca escondi que no começo cheguei a coletar plantas no mato. Mas aprendi a lição, e você?