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Orquídeas ameaçadas de extinção no Brasil

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Estou sempre falando das questões ambientais que envolvem adquirir e manter uma orquídea. No último post, que você pode ler clicando aqui, falei sobre como identificar as orquídeas provenientes da extração ilegal em nossas matas e florestas. Antes, já falei sobre as consequências legais e naturais das coletas ilegais, que você pode ler clicando aqui, e também falei um pouco sobre as orquídeas e seus ambientes naturais, que você também pode ler clicando aqui.

Infelizmente, apesar de leis (se são cumpridas é outra história) e, principalmente, apesar de sermos seres dotados de inteligência, ainda existe em grande escala a extração indiscriminada e ilegal de várias espécies das nossas matas e florestas. A prova disto é o constante fluxo de pessoas que vejo, seja nas redes sociais, seja aqui mesmo no site, que buscam como ter e manter este tipo de plantas.

Novamente, prefiro acreditar que a maioria das vezes é por falta de informação. Se este é o seu caso, leia os posts acima. Se ainda não está convencido, saiba que muitas estão correndo um sério risco de serem extintas. Para ajudar a entender o tamanho do problema, eis a listagem mais atualizada que achei das espécies de orquídeas ameaçadas de extinção em território nacional:

Lista oficial de espécies brasileiras ameaçadas de extinção – Orchidaceae

Clique aqui para ver o documento original da Portaria nº 443, de 17 de dezembro de 2014, do Ministério do Meio Ambiente, que reconhece as espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção.

Para facilitar, eis a listagem:

Espécie Risco
Acianthera adiri (Brade) Pridgeon & M.W.Chase CR
Acianthera heringeri (Hoehne) F.Barros CR
Acianthera langeana (Kraenzl.) Pridgeon & M.W.Chase EN
Acianthera papillosa (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase VU
Adamantinia miltonioides van den Berg & C.N.Gonç. CR
AlatiglossumCRoesus (Rchb.f.) Baptista CR
Anathallis colnagoi (Pabst) F.Barros & L.Guimarães CR
Anathallis gehrtii (Hoehne & Schltr.) F.Barros VU
Anathallis pabstii (Garay) Pridgeon & M.W.Chase EN
Anathallis tigridens (Loefgr.) F.Barros & Barberena VU
Baptistonia kautskyi (Pabst) Chiron & V.P.Castro EN
Baptistonia truncata (Pabst) Chiron & V.P.Castro CR
Barbosella trilobata Pabst EN
Bifrenaria silvana V.P.Castro CR
Bifrenaria wittigii (Rchb.f.) Hoehne EN
Bipinnula biplumata (L.f.) Rchb.f. CR
Bipinnula penicillata (Rchb.f.) Cisternas & Salazar EN
Brachionidium restrepioides (Hoehne) Pabst VU
Brachystele camporum (Lindl.) Schltr. VU
BrasilaeliaCRispa (Lindl.) Campacci VU
Brasilaelia grandis (Lindl. & Paxton) Gutfreund VU
Brasilaelia lobata (Lindl.) Gutfreund EN
Brasilaelia perrinii (Lindl.) Campacci VU
Brasilaelia purpurata (Lindl. & Paxton) Campacci VU
Brasilaelia tenebrosa (Rolfe) Campacci EN
Brasilaelia xanthina (Lindl.) Campacci EN
Brasilidium marshallianum (Rchb.f.) Campacci CR
Brasilidium pectorale (Lindl.) Campacci CR
Brasiliorchis schunkeana (Campacci & Kautsky) R.B.Singer et al. EN
Brassia arachnoidea Barb.Rodr. VU
Bulbophyllum arianeae Fraga & E.C.Smidt CR
Bulbophyllum boudetianum Fraga EN
Bulbophyllum kautskyi Toscano VU
Campylocentrum pernambucense Hoehne EN
Catasetum mattosianum Bicalho EN
Cattleya aclandiae Lindl. VU
Cattleya dormaniana Rchb.f. EN
Cattleya granulosa Lindl. VU
Cattleya guttata Lindl. VU
Cattleya harrisoniana Batem. ex Lindl. VU
Cattleya intermedia Grah. VU
Cattleya labiata Lindl. VU
Cattleya porphyroglossa Linden & Rchb.f. CR
Cattleya schilleriana Rchb.f. EN
Cattleya schofieldiana Rchb.f. CR
Cattleya tenuis Campacci & Vedovello EN
Cattleya tigrina A.Rich. VU
Cattleya velutina Rchb.f. VU
Cattleya walkeriana Gardner VU
Cattleya warneri T.Moore VU
Centroglossa castellensis Brade CR
Chloraea membranacea Lindl. EN
Cirrhaea fuscolutea Lindl. EN
Cirrhaea loddigesii Lindl. CR
Cirrhaea longiracemosa Hoehne VU
Cleistes aphylla (Barb.Rodr.) Hoehne EN
Codonorchis canisioi Mansf. CR
Constantia cipoensis Porto & Brade CR
Coppensia macronyx (Rchb.f.) F.Barros & V.T.Rodrigues VU
Coppensia majevskyi (Toscano & V.P.Castro) Campacci EN
Cyclopogon dutrae Schltr. EN
Cycnoches pentadactylum Lindl. EN
Cyrtopodium caiapoense L.C.Menezes VU
Cyrtopodium hatschbachii Pabst EN
Cyrtopodium lamellaticallosum J.A.N.Bat. & Bianch. CR
Cyrtopodium latifolium Bianch. & J.A.N.Bat. CR
Cyrtopodium linearifolium J.A.N.Batista & Bianchetti CR
Cyrtopodium lissochiloides Hoehne & Schltr. VU
Cyrtopodium palmifrons Rchb.f. & Warm. VU
Cyrtopodium poecilum var. roseum Bianch. & J.A.N.Bat. EN
Cyrtopodium triste Rchb.f. & Warm. VU
Dichaea mosenii Cogn. VU
Dryadella auriculigera (Rchb.f.) Luer CR
Dryadella lilliputiana (Cogn.) Luer VU
Dryadella susanae (Pabst) Luer CR
Dungsia harpophylla (Rchb.f.) Chiron & V.P.Castro VU
Dungsia kautskyi (Pabst) Chiron & V.P.Castro CR
Encyclia bragancae Ruschi EN
Epidendrum addae Pabst VU
Epidendrum ecostatum Pabst VU
Epidendrum henschenii Barb.Rodr. EN
Epidendrum robustum Cogn. VU
Epidendrum zappii Pabst EN
Grandiphyllum divaricatum (Lindl.) Docha Neto VU
Grandiphyllum hians (Lindl.) Docha Neto VU
Grobya cipoensis F.Barros & Lourenço CR
Grobya fascifera Rchb.f. VU
Habenaria achalensis Kraenzl. VU
Habenaria brachyplectron Hoehne & Schltr. CR
Habenaria ernestulei Hoehne EN
Habenaria galeandriformis Hoehne CR
Habenaria itaculumia Garay CR
Habenaria novaesii Edwall & Hoehne CR
Habenaria piraquarensis Hoehne EN
Hadrolaelia alaori (Brieger & Bicalho) Chiron & V.P.Castro CR
Hadrolaelia brevipedunculata (Cogn.) Chiron & V.P.Castro VU
Hadrolaelia jongheana (Rchb.f.) Chiron & V.P.Castro EN
Hadrolaelia pumila (Hook.) Chiron & V.P.Castro VU
Hadrolaelia pygmaea (Pabst) Chiron & V.P.Castro EN
Hadrolaelia sincorana (Schltr.) Chiron & V.P.Castro EN
Hadrolaelia wittigiana (Barb.Rodr.) Chiron & V.P.Castro EN
Hoehneella heloisae Ruschi CR
Hoffmannseggella briegeri (Blumensch. ex Pabst) V.P.Castro & Chiron EN
Hoffmannseggella caulescens (Lindl.) H.G.Jones EN
Hoffmannseggella endsfeldzii (Pabst) V.P.Castro & Chiron CR
Hoffmannseggella ghillanyi (Pabst) H.G.Jones EN
Hoffmannseggella gloedeniana (Hoehne) Chiron & V.P.Castro CR
Hoffmannseggella kautskyana V.P.Castro & Chiron CR
Hoffmannseggella milleri (Blumensch. ex Pabst) V.P.Castro & Chiron CR
Hoffmannseggella mixta (Hoehne) Chiron & V.P.Castro EN
Hoffmannseggella munchowiana (F.E.L.Miranda) V.P.Castro & Chiron CR
Houlletia brocklehurstiana Lindl. EN
Isabelia virginalis Barb.Rodr. VU
Lophiaris schwambachiae (V.P.Castro & Toscano) Braem VU
Malaxis jaraguae (Hoehne & Schltr.) Pabst VU
Masdevallia discoidea Luer & Würstle CR
Miltonia kayasimae Pabst CR
Myoxanthus ruschii Fraga & L.Kollmann CR
Myoxanthus seidelii (Pabst) Luer CR
Neogardneria murrayana (Gardner ex Hook.) Schltr. EN
Notylia microchila Cogn. EN
Octomeria alexandri Schltr. EN
Octomeria chamaeleptotes Rchb.f. VU
Octomeria geraensis Barb.Rodr. VU
Octomeria hatschbachii Schltr. VU
Octomeria hoehnei Schltr. EN
Octomeria lichenicola Barb.Rodr. EN
Octomeria truncicola Barb.Rodr. VU
Octomeria wawrae Rchb.f. EN
Octomeria wilsoniana Hoehne CR
Pabstia jugosa (Lindl.) Garay EN
Pabstia schunkiana V.P.Castro CR
Pabstiella bacillaris (Pabst) Luer EN
Pabstiella carinifera (Barb.Rodr.) Luer VU
Pabstiella castellensis (Brade) Luer CR
Pabstiella conspersa (Hoehne) Luer EN
Pabstiella garayi (Pabst) Luer CR
Pabstiella lingua (Lindl.) Luer EN
Pabstiella ruschii (Hoehne) Luer CR
Phragmipedium vittatum (Vell.) Rolfe VU
Phymatidium geiselii Ruschi EN
Phymatidium glaziovii Toscano VU
Phymatidium vogelii Pabst VU
Polystachya rupicola Brade CR
Pseudolaelia brejetubensis M.Frey CR
Pseudolaelia canaanensis (Ruschi) F.Barros VU
Pseudolaelia cipoensis Pabst CR
Pseudolaelia citrina Pabst EN
Pseudolaelia dutrae Ruschi VU
Pteroglossa hilariana (Cogn.) Garay EN
Rauhiella silvana Toscano EN
Sarcoglottis alexandri Schltr. ex Mansf. EN
Saundersia mirabilis Rchb.f. EN
Saundersia paniculata Brade VU
Scuticaria irwiniana Pabst EN
Scuticaria itirapinensis Pabst CR
Scuticaria kautskyi Pabst CR
Scuticaria strictifolia Hoehne EN
Specklinia gomesferreirae (Pabst) Luer CR
Stigmatosema hatschbachii (Pabst) Garay CR
Thelyschista ghillanyi (Pabst) Garay VU
Thysanoglossa jordanensis Porto & Brade EN
Trichopilia santoslimae Brade CR
Vanilla dietschiana Edwall VU
Vanilla dubia Hoehne EN
Zygopetalum pabstii Toscano EN
Zygostates kuhlmannii Brade EN
Zygostates linearisepala (Senghas) Toscano CR

Legenda: Extintas na Natureza (EW), Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN) e Vulnerável (VU)

Referências

  • ibama.gov.br
  • orquidecampos

Abraços!

Calda bordalesa: fungicida caseiro

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Algumas regiões do Brasil estão sofrendo bastante com chuvas e a consequência disto é o aumento de doenças em nossos orquidários. Algumas destas doenças são tratadas com fungicidas, conforme visto em outros artigos aqui no site. Entretanto, pessoas comuns tem dificuldade em adquirir fungicidas (e outros produtos do gênero) em lojas especializadas justamente por serem pessoas físicas não ligadas ao meio rural. Pensando nisto, compartilho com vocês uma receita de fungicida caseiro bastante eficiente que pode ajudar você naquelas horas em que o problema aperta e você não sabe o que fazer.

Histórico

Originária de Bordeaux, região da França, a calda bordalesa é datada do século XIX por uma descoberta acidental do botânico Pierre Marie Alexis Millardet. Millardet notou que alguns vinhedos locais não apresentavam debilitações por fungos. Questionando os agricultores, estes revelaram já usar a calda porém com o intuito único de amargar o sabor das uvas para ninguém furtá-las. A partir daí, Millardet promoveu pesquisas e publicou, em 1885, recomendação da fórmula aperfeiçoada para o combate de doenças por fungos.

Tratamento

A mistura atua por meio dos íons de Cobre (Cu2+). Estes íons afetam as enzimas dos esporos do fungo de tal forma que impede o seu desenvolvimento. Sendo assim, a calda bordalesa deveria ser usada preventivamente antes do estabelecimento de doenças fúngicas.

Recomenda-se o uso com cautela, evitando-se abusos nas quantidades. Na realidade cada espécie de planta apresenta uma sensibilidade e necessidade específica de concentração desse preparado. Contudo, como regra genérica, a fórmula apresentada neste artigo é indicada para a maioria das plantas adultas, enquanto no caso de mudas ou brotações recomenda-se diluir essa mistura a 50% com água.

Utilizando um bom pulverizador, o ideal é aplicar o produto em dia ensolarado, borrifando a planta inteiramente. Afim de evitar o entupimento do pulverizador, pode-se filtrar a calda.

A calda tende a oxidar e por isso deve ser aplicada em no máximo 24 horas para melhor eficácia e repetido 15 dias depois para melhor eficácia.

Para um melhor resultado, existindo plantas já infectadas por fungos, estas deverão ser podadas antes da pulverização. Lembre-se de usar ferramentas esterilizadas e eliminar (incinerar) as partes destacada

Importante: cuidados com a calda

O sulfato de cobre desequilibra o ambiente através da lixiviação (processo de extração de uma substância de um meio sólido por meio de sua dissolução) do solo. Com isso o cobre tende a se acumular danosamente na terra.

O excesso desta calda polui os rios, prejudica os peixes e criações de animais. Ela extermina por completo as minhocas no solo, que são benéficas em qualquer cultivo saudável e imprescindíveis na agricultura orgânica.

A calda bordalesa é um produto com certo grau de toxidade. Desta forma, frutas, sementes, folhas, etc. que foram tratadas com esse preparado devem ser evitados e não ingeridos. Embora seja de baixa volatilidade, ela pode produzir irritações na pele e mucosas quando em contato direto com o corpo. Sendo assim, como na maioria das aplicações de produtos agrícolas, durante sua manipulação é necessário seguir procedimentos padrões de segurança. Ou seja, deve-se usar trajes apropriados e cuidados como luvas impermeáveis, máscaras de proteção e botas de borracha.

Como fazer a calda

Ingredientes:

  • 10 gramas de cal virgem (prefira cal virgem, pois a cal hidratada não tem a eficiência necessária, sendo necessário dobrar a quantidade);
  • 10 gramas de sulfato de cobre em pó;
  • 1 litro de água;
  • Vasilhames de plástico, vidro ou louça, ou seja, não metálico. Não pode ser de lata, latão ou alumínio, por reagir com o cobre.

Caso queira quantidades maiores, é só multiplicar as quantidade.

orquideas.eco.br - calda bordalesa
Sulfato de Cobre

Modo de preparo

  1. Coloque o sulfato de cobre em um saco de pano poroso e deixe imerso em meio litro de água (pode ser morna) por 24 horas. Desta forma ocorrerá a completa dissolução dos cristais, pois um dia representa um tempo seguro para a diluição para a maioria das condições.
  2. Em outro recipiente é feita a reação da cal com pequenas quantidades de água. À medida que a cal “queima” segue-se adicionando água até o outro meio litro do total da receita.
  3. Em um terceiro recipiente, unir os dois preparados acrescentando aos poucos a mistura de sulfato de cobre à solução de cal, misturando vigorosamente com um utensílio não metálico. Importante: não coloque a solução de cal sobre a de sulfato de cobre, pois há o risco de empelotar, perdendo a eficácia.

Neste ponto a calda bordalesa estará pronta para uso. Entretanto, é importante verificar se a mistura está neutra ou, de preferência, levemente alcalina para evitar a fitotoxicidade provocada pelo sulfato de cobre livre. A forma mais fácil de verificar, sem precisar usar medidores de pH como o papel de Tornassol, é improvisar uma checagem da acidez através de um objeto metálico, como uma faca de aço. Para tal, mergulhe a faca por 2 ou 3 minutos no preparado. Se a faca escurecer, isto indica acidez excessiva. Neste caso seria necessário elevar o pH, adicionando-se mais mistura de cal à calda. Se a faca não escurecer, a mistura está pronta!

Eis um vídeo sobre o assunto:

Referências

  • wikipedia.org
  • emater.mg.gov.br
  • portaldojardim.com
  • cpra.pr.gov.br
  • jardimdasideias.com.br

Abraços!

Orquídeas nas redes sociais

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Orquídeas nas redes sociais? Afinal, qual a relevância disso?

Pois bem, como muitos de vocês sabem, estou presente em redes como Facebook, Instagram, Pinterest e Twitter. Não sou muito de publicar coisas além de fotos de minhas plantas, mas sempre estou de olho nas descobertas, nas dúvidas e nas conversas em geral. Tenho notado algumas coisas positivas, como o maior interesse em saber a identificação de plantas e como cuidar corretamente delas. Mas, infelizmente, tenho notado coisas que ainda me incomodam bastante, os quais explico melhor abaixo.

Plantas nativas

Apesar daqueles que realmente se preocupam com as orquídeas e sua preservação enfatizarem sempre os danos e os perigos da coleta ilegal de plantas em nossas matas, sempre vejo nos grupos, principalmente do Facebook, pessoas pedindo identificação de plantas provenientes da natureza.
Mas Luis, qual o problema de pegar uma plantinha de uma árvore? Bom, há vários problemas nesta atitude. Já escrevi bastante sobre isso, principalmente como você pode ser enquadrado criminalmente ou como você pode destruir sua coleção introduzindo espécies nativas em seu orquidário, portanto não vou me alongar muito no assunto. Porém, vamos simplificar, fazendo com que você pense sem ser uma pessoa egoísta e com um exemplo simples: considere um ecossistema não muito grande, pois já foi largamente devastado pelos humanos. Aquele restinho de ecossistema cria uma dependência de uma cadeia alimentar que começa justamente em uma espécie (ou até espécies, como queira) de orquídea. Um único inseto poliniza essa flor. Este inseto é o principal alimento de animais de pequeno porte que, por sua vez, alimentam os maiores. Ao eliminar a orquídea deste ambiente, o inseto não tem mais seu alimento exclusivo, migrando ou perecendo. Animais menores sofrem escassez de alimento e diminuem sua população, afetando os maiores que, por precisarem de mais alimentos, perecem e desaparecem.

Triste? Quer um exemplo mais atual? Pense no que está acontecendo com as abelhas.

Portanto, a não ser em casos extremos e controlados, deixe a orquídea onde ela está. Ela faz parte do ecossistema e sempre encontra uma forma de sobreviver. Em casa, ou a matamos, ou matamos nossas outras orquídeas (sim, pois plantas da natureza trazem pragas e doenças), ou simplesmente ficamos sem nada em nosso orquidário.

Se quiser ler mais sobre o assunto, recomendo os seguintes artigos:

Aproveitadores

Sim, o que a Internet tem de bom tem de ruim também, principalmente nas redes sociais. Já falei aqui sobre o famoso caso das pessoas que vendem sementes no Mercado Livre. Pior, há aqueles que ainda tentam vender a famosa Cattleya com cara de papagaio.

Agora tenho notado outra leva de aproveitadores, aqueles que tentam vender cursos e apostilas sobre como cuidar e ter orquídeas lindas e blá blá blá. Nada contra informação, pois acredito que só com conhecimento e educação podemos chegar a algum lugar, evoluir. O problema é como isso é feito: esses aproveitadores pegam material de outras pessoas, como textos e fotos, colocam em um documento e vendem como se fosse algo deles!

Instagram

Se entre suas redes sociais você tem Instagram (tem no Facebook também), já deve ter presenciado algum perfil que contenha as palavras “como cuidar de orquídeas” ou algo assim. Não é difícil ver que o conteúdo é enganoso, pois há fotos de plantas que não são de orquídeas, há muitos erros grotescos de português (escrevem orquídeas de várias formas), há fotos descaradamente roubadas de outras pessoas, enfim, tudo é feito para que você clique no tal link azul (como a maioria chama) e ser ludibriado a comprar um material que nada mais é do que um compilado de informações que estão disponíveis gratuitamente na Internet.

Tome cuidado. Procure sempre mais e mais informação mas não caia na tentação de pagar por algo que, de certa forma, é ilegal. Pesquise a fundo para saber a procedência e, caso queira pagar por conteúdos, prefira os bons e velhos livros. O orquidofilia possui uma vasta biblioteca de livros nacionais e importados que podem ajudar muito o aperfeiçoamento de seu cultivo.

Se quiser ler mais sobre alguns tipo de enganações que tem pela Internet, recomendo os seguintes artigos:

Sejam conscientes, a Natureza agradece. Seja cuidadoso, seu bolso agradece.

Abraços

Orquídeas do mato – as consequências da coleta ilegal

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Antes de começar, vale ressaltar que não sou santo em relação a isto. Bom, esta é a minha história…

Quando comecei a levar mais a sério o hobby, me deslumbrei com a possibilidade de coletar plantas nas matas e achar que com isto minha coleção iria ter várias espécies fantásticas, diferentes, raras, etc, etc e etc.

Ledo engano.

Com o tempo, percebi que plantas retiradas do mato são mais suscetíveis às doenças. São mais fracas, podendo perecer rapidamente. De raras e diferentes, descobri que na verdade são as mais comuns (claro, meio óbvio se pensarmos bem).

O pior não é isto. Com as orquídeas coletadas, toda minha coleção ficou vulnerável às doenças trazidas da mata. Afinal, meu ambiente controlado não combina com a variedade quase infinita de coisas que podem estar em uma simples mudinha coletada.

Não perdi minhas plantas, mas perdi várias coletadas. Compreendi que o que eu estava fazendo estava errado. E comecei a pesquisar sobre o assunto. São muitas as discussões sobre o extrativismo ilegal de nossas florestas. Existem muitos pontos a serem considerados dos dois lados desta moeda. Informação e educação são o melhor remédio.

Depois de algumas conversas no Facebook, decidi escrever aqui sobre o assunto. Leia com atenção e tire suas conclusões, comente, debata. É disto que precisamos.

Legislação

De acordo com a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, referenciada ao final deste artigo, extrair e comercializar espécies da nossa flora é crime, com pena e multa.

Existem alguns artigos nesta lei que gostaria de comentar – seção II – Crimes contra a flora.

  • Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais (…) produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, (…), e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento: Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda (…) produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

Resumidamente, este artigo implica na ilegalidade do ato de comercializar produtos de origem vegetal (sim, orquídeas são produtos de origem vegetal) sem a devida licença. Ponto de atenção ao fato que o transporte e o armazenamento também é crime.

  • Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente: Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.

Precisa dizer algo? Ah, segundo o artigo 53 a pena aumenta se a planta for ameaçada.

Esta lei é muito interessante, deve ser lida por completo. Reclamamos muito de nossos políticos, o mínimo que podemos fazer é ler o que eles levam anos para votar, justamente para saber se corresponde àquilo que esperamos deles.

Na na ni na não!

Além de ser crime, acredito haver uma questão ideológica quanto ao fato de não retirarmos espécies nativas de uma floresta. Talvez até um sentimento de culpa meio disfarçado. O fato é que o ato de retirar uma planta, ou um pedaço dela, de um lugar, pode ocasionar uma série de “problemas” nos vários elos desta corrente.

Primeiramente, se todos nós retirássemos plantas da natureza, este extrativismo em massa resultaria na extinção das orquídeas. “Ah, Luis, que exagero!“. Vocês já assistiram o filme Bee Movie? É muito parecido com o que acontece nele. Vamos analisar desta forma:

Você retira em massa uma espécie de uma determinada região de floresta, com um ecossistema muito específico (o que não é difícil). Esta planta, por exemplo, realiza simbiose com algum animal que vive na região. Logo, este animal fica “órfão” de seu par simbiótico e parte para outra região. Outras plantas, que dependiam deste animal para sobreviver (alimentação ou reprodução), passam a definhar e morrer. E o ciclo continua, como um dominó. Varias espécies interdependentes acabam sofrendo por uma ação que, a princípio, parecia inofensiva.

Você seria capaz de dormir sabendo que um ecossistema inteiro entrou em colapso porque você foi egoísta?

A orquidofilia está intimamente associada à causa ecológica e todo cultivador de orquídeas deve ser, acima de tudo, um defensor do meio ambiente.

www.orquidofilos.com

Mas você foi egoísta e retirou aquela Pleuro-sabe-se-lá-o-que da mata e levou todo feliz e pimpão para casa. Afinal, era só uma mudinha, a planta continua lá.

Vamos aos fatos. Plantas nativas estão em condições completamente diferentes das nossas, enclausuradas em casa. Enquanto as nossas são bem tratadas, limpas e livres de pragas (pelo menos deveriam ser), as plantas nativas estão infestadas de fungos, bactérias, líquens, enfim, pragas em geral. Quando você corta uma muda na natureza 1) o restante da planta que permanece em seu habitat fica com uma porta escancarada para as pragas citadas acima e, consequentemente, doenças e 2) você leva todas estas pragas (estou repetitivo hoje) para casa, para infestar sua linda coleção de híbridos que nunca viram uma doença. Resultado, a planta que ficou, a muda que você trouxe e as que você já tinha em casa podem contrair doenças e morrer.

Ah Luis, mas lá tem um monte! Uma não vai fazer falta” – saiba que a coleta de orquídeas
selvagens nas matas é uma das principais ameaças de extinção de várias espécies, ao lado da perda derivada de desmatamentos.

Ah Luis, mas uma planta é capaz de dar milhares de sementes! Uma não vai fazer falta” – as orquídeas são plantas exigentes e especializadas e, consequentemente, sofrem com as interferências nas florestas primitivas. Elas possuem frutos em forma de cápsulas, capazes de armazenar, cada uma, até três milhões de sementes. As sementes não possuem reservas (endospermas) e só germinam ao encontrar ambiente propício. Assim, quando a cápsula explode, a matriz ‘aposta’ em muitas possibilidades, na expectativa de que pelo menos algumas caiam em um local ideal e uma nova planta germine.

Ah Luis, mas depois eu volto lá e coloco um monte de plantas no lugar! Uma não vai fazer falta” – grande perigo! A reintrodução de espécies exóticas (não nativas da região) pode causar sérios danos à flora local. Imaginem o cenário: você coloca em uma floresta um híbrido lindão. Nesta floresta existem Cattleyas ameaçadas de extinção. Seu híbrido começa a se desenvolver rapidamente, afinal, é um melhoramento genético das Cattleyas nativas. Talvez até daquela que está ali, ameaçada. Após alguns anos as duas espécies começam a competir por recursos e o híbrido é mais forte, se sobrepõe à espécie nativa. Pronto, fim da história, mais uma espécie extinta.

Exemplo? Procure no Wikipedia sobre o mexilhão-dourado, caramujo-gigante-africano, o coral-sol (suncoral), entre outros exemplos. Todos foram introduzidos em nosso ecossistema, prejudicando-o.

O outro lado da moeda

Claro que não posso deixar de comentar algo sobre as coletas benéficas. Mas prestem atenção: são feitas por especialistas, que utilizam o material biológico para preservar a espécie. Um pouco de história:

Desde 1928 o Orquidário do Estado trabalha com a preocupação de comprar plantas também de outras regiões do país para incrementar a coleção e salvar muitas da extinção. O orquidário possui 17 mil plantas registradas, de 700 espécies. A presença de tal diversidade está relacionada à manutenção dos últimos fragmentos de Mata Atlântica, Mata de Restinga e florestas estacionais. Lembrando um pouco das aulas de história, no começo do século passado grandes espaços florestais deram espaço às fazendas de café. O desmatamento em série motivou o naturalista Frederico Carlos Hoehne a criar um espaço para tentar preservá-las. Desde então, o Orquidário do Estado é o porto seguro de muitas espécies, salvando-as da extinção.

Aliás, talvez você não saiba. No site do IBAMA existe uma lista com as espécies ameaçadas. Espécies como Cattleya aclandiae, Cattleya nobilior, Cattleya walkeriana e vários Sophronitis praticamente foram dizimados de nossas florestas. E quando reaparecem…

Caso 1: Cattleya jongheana

Considerada extinta na natureza há mais de um século. Na década de 80 a espécie foi redescoberta na Serra do Itambé, em Minas Gerais, mas a coleta predatória a colocou de volta na lista de extinção. O lote de jongheana cultivado no Orquidário do Estado veio de uma apreensão do IBAMA, num flagrante de coleta ilegal realizada por orquidófilos. “Esse é o problema do orquidófilo e de quem cultiva”, comenta o chefe do Orquidário do Instituto de Botânica de São Paulo, Eduardo Luis Martins Catharino. “Ás vezes, eles não têm noção do estrago que uma grande coleta causa numa população natural. Eventualmente a planta tem uma distribuição geográfica tão restrita e se houver uma pressão em cima, acabou a espécie”.

Caso 2: Laelia alaori

Planta pequena e rara, descrita em 1986 por um funcionário do Orquidário de Piracicaba, no interior paulista. Mal descoberta, numa coleta no Sul da Bahia, logo foi dada como extinta. Há pouco tempo, redescobriu-se uma população natural da espécie em Minas Gerais e para lá correram os cultivadores do Espírito Santo, que a estão extraindo aos milhares. A espécie voltou à lista de ameaçadas de extinção, devido à coleta indiscriminada.

O que fazer?

Simples, consciência, meu amigo.

Só com o combate ao desmatamento, fiscalização à coleta predatória e as campanhas de educação ambiental, conseguiremos conservar.

Fábio de Barros, especialista em taxonomia de Orchidaceae e pesquisador do Instituto de Botânica de SP.

Compre plantas de viveiros idôneos, conhecidos. Evite o comércio das plantas retiradas da natureza, vendidas na beira de estradas ou em feiras livres. Geralmente, estas apresentam manchas na folhas e não estão enraizadas nos vasos, mas amarradas em galhos e tocos e xaxins. Acha que não vai saber diferenciar uma da outra? O IBAMA publicou um artigo que visa ajudar quem quer entrar nesta corrente do bem a evitar orquídeas do mato. Traduzido do título original Pictorial Guide – Differentiation of wild collected and artificially propagation of orchids, este documento mostra de forma abrangente como identificar plantas coletadas e plantas legalmente reproduzidas em laboratório. Se você procurar no Google por este nome irá achá-lo facilmente. Para ajudar, eis um resumo:

Plantas coletadas

Muitas raízes crescendo na mesma direção; muitas raízes mortas e com pedaços de casca de árvore; ponta das raízes frequentemente danificadas; número desequilibrado de folhas e raízes; cápsulas de sementes presas às plantas; as folhas são sujas e geralmente não apresentam aspecto saudável, por causa de líquens e por estarem desidratadas e/ou contaminadas por fungos; muitos pseudobulbos mortos e outros sem as folhas ou danificados.

Plantas de laboratório

Raízes crescendo de acordo com o formato do vaso; resíduos do material de propagação; quantidade equilibrada de folhas e raízes; ausência de bainhas secas; folhas e raízes saudáveis; plantas com formato e tamanho uniformes; flores com cores vivas.

Bom, por enquanto é isto. Leia e reflita, valerá mesmo retirar aquela mudinha da mata ou gastar um pouco a mais em uma muda forte, saudável e legal?

Pense bem.

Referências

  • planalto.gov.br
  • ibama.gov.br
  • orquidofilos.com
  • terradagente.com.br
  • wikipedia.org
  • saopaulo.sp.gov.br

Abraços!

Rotuladora – minha solução para etiquetar orquídeas

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Rotuladora? Pois é, o fato é que cansei de escrever nas plaquinhas e depois de um tempo perder tudo.

Tenho algumas plantas no orquidário que, como são jovens, não faço ideia de quem são. Nomes? Tinham sim, mas o tempo se encarregou de mandar tudo para o espaço.

Não adianta você me dizer que caneta, lápis, o que for, aguenta o passar do tempo. Não.

Pensei bastante e resolvi modernizar a brincadeira aqui em casa. Comprei uma rotuladora e mandei ver nas etiquetas. Após os testes e agora o uso contínuo, só posso dizer que estou satisfeito. Não preciso traduzir minha letra e sempre o nome e o código da planta estão perfeitamente visíveis quando preciso.

Recomendo para quem quiser investir um pouco em sua coleção. Ela grava a fita como se fosse uma tatuagem, não é tinta. Não sai com o Sol, chuva, nem nada. Tem fitas de várias cores e tamanhos (na época destas fotos utilizava fita branca, hoje utilizo transparente, já que minhas etiquetas são coloridas). E não é caro, para etiquetas de plantas rende um monte…

Abraços

Como começar a cultivar orquídeas

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Muitas vezes me deparo com pessoas que tem dificuldades ao cultivar orquídeas e acabam desistindo por isso. Outras se conformam que vão matar as plantas e fazem isso sem ao menos tentar buscar conhecimento para tentar evoluir, e isso é muito triste.

Quando comecei na orquidofilia matei inúmeras orquídeas. As causas eram várias: ambiente inadequado, cultivo incorreto, rega equivocada, adubação ineficiente e por aí vai. Mas eu tinha muita dó das plantas e isso me fez buscar conhecimento. Comprei livros, li muito sobre o assunto, conversei com pessoas com mais experiência, tentei até participar da associação da região – que infelizmente não deu certo até agora pois a diretoria lá é amadora, para não dizer outra coisa.

Busque sempre conhecimento. Isso faz você entender o que pode ou não ser feito e quais limitações você ter, seja de ambiente, espaço, região, clima, ou qualquer outro fator que possa influenciar no seu cultivo.

Dito isso, se você está disposto a começar, é bom entender alguns aspectos básicos que podem ajudá-lo a ter sucesso mais rapidamente. Antes de mais nada, saiba qual orquídea você está tentando cultivar. Sabendo seu gênero e espécie você poderá pesquisar sobre a planta e saber mais sobre suas necessidades de luz, água, substrato, nutrição, ventilação e temperatura.

Luz

A luz é fundamental para o crescimento correto de sua orquídea. Você poderá ter plantas lindas, mas que nunca florescem. Isso pode ser justificado pela ausência de luz. Não é porque as orquídeas vivem em florestas que elas não precisam de luz. É justamente o contrário: as orquídeas evoluíram como epífitas para aproveitar a maior quantidade de luz disponível na floresta alta.

Mas quanta luz é o suficiente? Depende muito de cada espécie, por isso é bom saber que planta você está cultivando. Muitos se baseiam na quantidade suficiente para ter a planta sem que ela se queime. Você pode fazer isso de outra forma, testando quantidade de luz até que a folha da orquídea apresente uma colocação correta. Em resumo, as orquídeas não devem ter folhagens verde-escura e exuberantes. Se cultivadas sob luz suficiente, terão uma folhagem mais clara, um pouco verde-amarelada e um forte crescimento vertical.

Ar

Já falei isso algumas vezes aqui no site: as raízes são a parte mais importante da orquídea. Por esta razão, ventilá-las é fundamental. Orquídeas sem raízes arejadas, salvo algumas variedades terrestres, morrerão facilmente. Aliás, a planta toda é sensível ao fato de não haver ventilação suficiente no local, portanto, tenha sempre em mente que a orquídea não poderá estar em um local totalmente fechado, sem circulação de ar. Na pior das hipóteses, pequenos ventiladores podem ser utilizados para isso, se o ambiente não for propício. Muitos orquidófilos de regiões extremamente frias utilizam este tipo de artifício para poder ter determinadas espécies. Lembre-se sempre de a orquídea precisa de ar e umidade suficiente para suas necessidades.

Água

É muito mais fácil você matar uma orquídea afogada do que de sede. Este talvez seja o motivo pelo qual mais se mata orquídeas: o excesso de água. Uma orquídea irrigada em excesso terá suas raízes comprometidas e, consequentemente, a planta toda será afetada. Infelizmente, não há uma regra para regar suas orquídeas, visto que cada pessoa possui uma quantidade e uma variedade diferente de espécies, mantidas muitas vezes em ambientes totalmente diferentes (leia-se quantidade de ar e iluminação disponível, além da temperatura), cultivadas em vasos e substratos diferenciados. Como estabelecer um padrão desta forma? Infelizmente não tem como, tudo dependerá da sua percepção. Na pior das hipóteses, um dedo inserido na mistura de envasamento pode ser a melhor ferramenta para determinar o quão seca sua planta está.

Ao regá-las, de vez em quando faça-o copiosamente. Já falei sobre isto em outro artigo aqui no site, mas não custa lembrar: dê um bom banho em sua planta e vaso. Desta forma, além de suprir sua necessidade de água, você estará eliminando os sais que ali se acumulam, principalmente os provenientes da adubação. Ou seja, é bom fazer isso periodicamente.

Fertilizante

As orquídeas crescerão e florescerão, desde que suas outras exigências sejam atendidas, por períodos razoavelmente longos sem fertilizantes. Porém, você obterá melhores resultados com algum nível de alimentação para sua planta. Normalmente, as plantas são fertilizadas uma vez por semana durante o verão e a cada duas semanas no outono e inverno. Independentemente do fertilizante que você escolheu usar, os produtores mais experientes não usam mais que ½ da dosagem recomendada pelo rótulo. Ah, e a propósito, é melhor regar primeiro para molhar o substrato antes de fertilizar, como já falei em outro artigo aqui do site.

Os fertilizantes usados ​​em orquídeas devem conter pouca ou nenhuma uréia. Isso ocorre porque os organismos do solo devem primeiro converter o nitrogênio na uréia em uma forma utilizável pelas plantas e, como as orquídeas não crescem no solo, essa conversão não ocorre de forma eficiente.

Camuflagem e as orquídeas – Bifrenaria aureofulva

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Fotografei há pouco minha Bifrenaria aureofulva e, ao “revelar” as fotos, notei uma coisa muito interessante: camuflagem!

Olhe atentamente a imagem. Se for necessário, clique na mesma que ela abrirá em um tamanho maior.

Bifrenaria aureofulva

Você, amigo deste blog, consegue achar o pulgão nesta flor?

E se eu disser que há vários ali?

A Mãe Natureza é fantástica, não?

Abraços!

O longo caminho entre a semente e a flor da orquídea

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Imagine que você está em uma loja e vê aquela linda orquídea. Após muito contemplar, não resiste, e a leva para casa. Duas semanas depois, a flor se vai. No dia seguinte, o vaso com a orquídea esta na lata do lixo.

Como assim lixo? Quem faria isso com uma orquídea? Pois é, muito ainda acham que orquídeas são plantas simples e que depois da flor ela simplesmente acaba. Já contei aqui no site de plantas que achei em latas de lixo (Paphiopedilum leeanum – o fruto de um resgate) e, por mais incrível que pareça, isto é muito comum.

As pessoas que fazem isto talvez não entendam a complexidade que envolve o cultivo de uma orquídea até o estágio em que ela esteja pronta para a venda. É bem diferente de outras plantas comerciais que, superficialmente falando, é plantar uma semente e esperar algumas semanas para a flor aparecer. Antes de mais nada, a semente da orquídea é uma coisa muito complicada e específica. Seu tamanho e características fazem com que ela necessite de condições muito específicas para que sejam capazes de brotar e se desenvolver, como visto no artigo “Orquídeas e seus frutos e sementes – não se deixe enganar!“. Na natureza, é necessária a presença de um fungo chamado micorriza de onde as sementes extraem seu alimento até que sejam capazes de realizar fotossíntese. Em laboratório, alguns compostos simulam este alimento e as sementes conseguem se desenvolver. E não é apenas isto, os passos seguintes são complexos e demorados, ilustrados no passo a passo abaixo:

Milhões de sementes de orquídea – recém saídas da cápsula
Semeadura in vitro através de meio de cultura artificial
Primeiro repique – quando a muda atinge um determinado tamanho é necessário movê-la para um espaço mais adequado
Segundo repique – quando a muda atinge um determinado tamanho é necessário movê-la para um espaço mais adequado
Terceiro repique – quando a muda atinge um determinado tamanho é necessário movê-la para um espaço mais adequado
Quarto repique – quando a muda atinge um determinado tamanho é necessário movê-la para um espaço mais adequado
Replante em bandejas – quando a muda atinge um tamanho satisfatório, ela pode ser movida para as bandejas
Vaso pequeno – quando a orquídea atinge o tamanho e desenvolvimento ideal para ser movida isoladamente em um vaso
Vaso médio – quando a muda atinge um determinado tamanho é necessário movê-la para um espaço mais adequado
Vaso definitivo – quando a muda atinge o tamanho de venda, é movida para o vaso definitivo
Orquídea em flor
Orquídea fecundada – gerando as sementes em sua cápsula
Outras cápsulas de semente – Cymbidium

Quanto tempo todo este processo demora? Acredite ou não, no caso acima, a primeira flor chega lá pelos 4 ou 5 anos. Aqueles que descartam as orquídeas depois da florada realmente deveriam conhecer toda esta magia e compreender a complexidade e o investimento que é necessário para que a planta estive florida ali para deleite de todos.

Talvez eles valorizassem estas plantas como nós, você leitor e eu, valorizamos, ao ponto de conhecer mais, cultivá-las e dedicar nosso tempo e carinho para que elas estejam sempre floridas e bem cuidadas.

Referência

As fotos foram tiradas na última exposição da RF Orquídeas, em Campo Largo. O Rogério sempre coloca esta linha do tempo das orquídeas para os visitantes conhecerem e desta vez lembrei de fotografar e mostrar para vocês.

  • rforquideas.com.br

Abraços!

Pragas e doenças: prevenção e cuidados gerais

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Infelizmente, todas as espécies vegetais são acometidas por um determinado número de pragas e patógenos. O grupo das orquídeas não é uma exceção à esta regra e, embora sejam plantas resistentes a muitas doenças que acabam com outros cultivares, são necessários cuidados para que não sofram consequências danosas.

Cerca de 130 doenças conhecidas afetam, em maior ou menor grau, as orquídeas. Estas doenças podem ser ocasionadas por fungos, bactérias ou vírus. Dada a complexidade do cultivo, é possível afirmar que não há coleção que não apresente um determinado número de plantas atacadas por doenças.

O maior problema das coleções de orquídeas são as infestações por fungos. Porém, também são eles os patógenos com mais chance de serem combatidos. Já a infecção viral, uma vez instalada, nada mais poderá ser feito para debelá-la. A única solução é a prevenção.

Considerando que a convivência com estas doenças é inevitável, é essencial conhecê-las e mantê-las sob controle, evitando assim o estresse com tratamentos mais agudos e perdas significativas.

Cuidados gerais

Em grande parte das vezes as doenças são associadas a estresses por fatores abióticos tais como variações bruscas de temperatura, exposição ao sol em demasia, excesso de umidade, excesso de nutrientes e salinidade do substrato pela administração excessiva de adubos. É muito importante o cuidado com as regas, a adubação e até mesmo aplicação de medicamentos em horários do dia em que a temperatura está alta ou que raios solares estejam incidindo sobre as folhas, afim de evitar queimaduras, possíveis portas de entrada para o patógeno. Lembre-se que uma simples gota de água sobre uma folha poderá se transformar em uma lente que potenciará os raios solares e poderão queimar a folha rapidamente.

É importantíssimo ter uma rotina bem definida para a aplicação de adubos. Lembre-se que as orquídeas não recebem esta quantidade elevada de nutrientes na natureza. Uma das consequências do exagero na aplicação de adubos é a salinização do substrato, podendo causar a interrupção do desenvolvimento das raízes e, consequentemente, da planta. Alguns defendem que uma adubação mensal é mais que suficiente e uma periodicidade maior causaria estresse à planta. Eu sou meio suspeito para dizer algo sobre isto, pois minhas adubações são semanais, porém em doses homeopáticas. Vai de cada um, acredito eu.

Outro problema, não menos importante, é o fator rega. Irrigação excessiva pode ser um fator de estresse para a planta. Se a drenagem for insuficiente, o acúmulo de água será fatal.

Prevenção

Eis algumas dicas que, embora simples, podem contribuir para evitar o aparecimento de doenças:

  • Manter telados, estufas e piso completamente limpos, tanto em relação ao meio ambiente, quanto às plantas;
  • Evitar ter nesses locais outras plantas ornamentais de pequeno ou médio porte, árvores ou arbustos. Eles são hospedeiros e futuros vetores para a transmissão de doenças e pragas;
  • Muito importante: mantenha o entorno do orquidário limpo. Cuide com orifícios, desníveis no solo, acúmulo de lixo, buracos na parede, pilhas de vasos velhos, xaxim usado, tudo que servir de abrigo para insetos e como depósitos de esporos de fungos;
  • Limpar as bancadas com escovas, água e sabão, fazendo uma lavagem geral. Em seguida, pinte com pasta fungicida. Há algumas receitas para isto, como por exemplo: 1 quilo de fungicida, 1 quilo de cal virgem queimado, meio quilo de inseticida em pó molhável a 50% para 10 litros de água. Outra forma de limpar a bancada é usando hipoclorito de cálcio, numa solução aquosa a 10%. Também há outros produtos à base de cloro, estes encontrados facilmente no mercado, que podem ser utilizados para a desinfecção das bancadas;
  • Cultive espécies ou híbridos adequados ao clima predominante de sua região, proporcionando às orquídeas melhores condições possíveis em termos de cultivo (luz, água, adubação, umidade relativa, ventilação e substrato). Isto evita que as plantas fiquem estressadas por terem condições vegetativas insatisfatórias, que são um convite ao ataque, tanto de pragas como doenças;
  • Procure adquirir plantas isentas de doenças aparentes e em bom estado de cultivo. Cuidado com aqueles presentes de um ou dois bulbos traseiros;
  • Mantenha as plantas recém adquiridas afastadas do restante da coleção, por algum tempo (por exemplo, 6 semanas), até ter certeza que não portam doenças ou pragas. Faça pelo menos um tratamento contra doenças nestas plantas durante este período;
  • Faça uma inspeção detalhada de suas plantas, no mínimo uma vez por mês;
  • Se surgirem problemas nestas inspeções, aja rápido, para evitar que o problema assuma proporções epidêmicas no orquidário, após o que, o combate se torna caro e incerto;
  • A adequada ventilação do ambiente é ponto crucial no controle da maioria das doenças causadas por fungos e bactérias, que, em sua maioria, são transmitida pela água parada nas folhas e no substrato;
  • Utilize fungicidas e bactericidas quando necessário. Nunca aplique fungicidas sistêmicos de forma preventiva. Sempre alterne entre produtos, de modo a evitar o surgimento de resistência.

Referências

  • aoc.org.br
  • orquidario.org
  • aorquidea.com.br
  • orkideas.com.br

Abraços!

Micorriza e as orquídeas

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Talvez você não saiba, mas uma das maiores famílias do reino vegetal é a Orchidaceae, com mais de 20.000 espécies identificadas. A maioria destas espécies estão distribuídas em regiões tropicais e subtropicais.

Esta diversidade é mais surpreendente porque, em algum momento de seu ciclo de vida, todas as orquídeas são dependentes de fungos micorrízicos. Não importa se elas são clorofiladas ou sem clorofila no estágio adulto, todas as orquídeas passam por uma fase em que elas não realizam atividade fotossintética e, portanto, dependem de fontes externas de nutrientes. Na grande maioria dos casos, é apenas no estágio de plântula (embrião vegetal já desenvolvido e ainda encerrado na semente) que elas são obrigatoriamente micorrízicas. Como as sementes de orquídeas são muito pequenas (cerca de 0,3-14 μg por semente), elas contêm uma pequena reserva de nutrientes. Esta reserva restringe-se a pequenas quantidades de proteína de alta energia e lípidos. Entretanto, há muito pouco açúcar. Algumas espécies também contêm pequenos grânulos de amido.

Os fungos micorrízicos podem fornecer os nutrientes e, particularmente, hidratos de carbono necessários para fazer crescer uma orquídea. Na verdade, a maioria das sementes de orquídeas não germinarão a menos que tenham sido infectadas por um fungo apropriado. Isto foi um problema no início do século 20 para os horticultores que tentavam propagar orquídeas visando um mercado altamente lucrativo. Agora, sabe-se agora que muitas espécies podem ser cultivadas em culturas puras (isto é, sem a infecção de micorriza) se a elas forem fornecidos com uma fonte exógena de açúcar.

Os fungos micorrízicos em orquídeas são do grupo Basidiomicelos, sendo normalmente da espécie Rhizoctonia, com a qual muitas orquídeas estão associadas. Algumas espécies de Rhizoctonia são conhecidas por formar associações ectomicorrízicos, mas se esta é uma ocorrência comum é ainda desconhecido. Esta associação é um relacionamento simbiótico que ocorre entre o fungo e a raiz da planta. Talvez por isto alguns orquidófilos tenham medo de usar fungicidas em suas orquídeas – e até canela (clique aqui para ler sobre a canela e as orquídeas).

Como funciona

A infecção de uma semente da orquídea por fungos ocorre após o embrião absorver água e inchar, rompendo o revestimento da semente. O embrião emerge e produz alguns poucos pêlos radiculares, que as hifas colonizam rapidamente. Como as hifas penetram as células do embrião, a membrana plasmática das células da orquídea invaginam, e a hifa torna-se rodeada por uma camada fina de citoplasma. Um embrião de orquídea é composto por apenas algumas centenas de células e os fungos se espalham rapidamente a partir de uma célula para outra.

Dentro das células, as hifas formam bobinas que aumentam consideravelmente a área de contato entre a orquídea e os fungos chamadas pelotons. Cada peloton tem uma vida curta, durando apenas alguns dias. Após este período, ela se degenera e é digerida pela célula da orquídea. Na verdade, as hifas na orquídea tem um período de vida curto também: as hifas mais velhas desenvolvem grandes vacúolos e paredes celulares espessas, e o citoplasma se degenera. As células das hifas eventualmente se separam e são consumidas pelas células da orquídea. Durante este processo, a célula da planta continua funcional e pode ser recolonizada por qualquer hifas sobrevivente ou por outros fungos provenientes de células adjacentes.

Pelotons em uma orquídea: manchas em vermelho em uma micrografia de luz em tecido seccionado – © Jim Deacon
Micrografia eletrônica de varredura de pelotons orquídeas – Smith & Read

A infecção por fungos micorrízicos não resulta necessariamente na germinação e crescimento de uma orquídea. Quando há a associação, três resultados são possíveis:

  • uma interação com as micorrizas, tal como descrito acima;
  • uma infecção parasitária, em que as células da orquídea são invadidas e o embrião morre;
  • as células da orquídea rejeitam a infecção fúngica.

Todas as três interações acima podem ocorrer em uma população de protocormos, destacando a natureza relativamente instável da associação.

Uma infecção fúngica de sucesso resulta na germinação da semente da orquídea. O fungo pode ser a única fonte de nutrição durante o primeiro ciclo de vida da orquídea. A partir daí, a maioria das espécies de orquídeas desenvolvem moléculas de clorofila em sua fase adulta e tornam-se menos dependentes da micorriza. No entanto, a maioria das orquídeas ainda têm o fungo em suas raízes para absorver nitrogênio e fósforo a partir do fungo. Ainda é desconhecido se as orquídeas induzem os fungos a transferir carbono para elas.

Em contrapartida, é sabido que cerca de 200 espécies de orquídeas permanecem sem clorofila ao longo das suas vidas. Espécies como Galeola, Gastrodia, Corallorhiza, Rhizanthella e muitas outras continuam a receber o carbono de seus fungos micorrízicos. Mesmo algumas espécies clorofiladas, como Cephalanthera rubra, passam vários anos no subsolo antes de produzir belíssimas floradas, ou seja, sobrevivendo através dos fungos micorrízicos.

Referências

  • davidmoore.org.uk
  • damianus.bmd.br

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