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Polinizadores de orquídeas – abelhas

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Dando continuidade ao post de ontem, vou apresentar minhas grandes amigas na árdua tarefa da geração de sementes: abelhas.

Neste caso, a Tetragonisca angustula. O quê? Ok, em miúdos, a abelhinha jataí. Sem ferrão, sociável e de mel muito saboroso, tento mantê-las perto do meu orquidário para que haja mútuo aproveitamento: a abelha produzindo mel e as orquídeas produzindo sementes.

Como disse ontem, em breve detalharei mais sobre este assunto. No momento estou apenas jogando o assunto no ar para que todos pensem e reflitam.

Eis um videozinho das minhas meninas trabalhando (full hd):

Abraços!

Orquídeas do mato – as consequências da coleta ilegal

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Antes de começar, vale ressaltar que não sou santo em relação a isto. Bom, esta é a minha história…

Quando comecei a levar mais a sério o hobby, me deslumbrei com a possibilidade de coletar plantas nas matas e achar que com isto minha coleção iria ter várias espécies fantásticas, diferentes, raras, etc, etc e etc.

Ledo engano.

Com o tempo, percebi que plantas retiradas do mato são mais suscetíveis às doenças. São mais fracas, podendo perecer rapidamente. De raras e diferentes, descobri que na verdade são as mais comuns (claro, meio óbvio se pensarmos bem).

O pior não é isto. Com as orquídeas coletadas, toda minha coleção ficou vulnerável às doenças trazidas da mata. Afinal, meu ambiente controlado não combina com a variedade quase infinita de coisas que podem estar em uma simples mudinha coletada.

Não perdi minhas plantas, mas perdi várias coletadas. Compreendi que o que eu estava fazendo estava errado. E comecei a pesquisar sobre o assunto. São muitas as discussões sobre o extrativismo ilegal de nossas florestas. Existem muitos pontos a serem considerados dos dois lados desta moeda. Informação e educação são o melhor remédio.

Depois de algumas conversas no Facebook, decidi escrever aqui sobre o assunto. Leia com atenção e tire suas conclusões, comente, debata. É disto que precisamos.

Legislação

De acordo com a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, referenciada ao final deste artigo, extrair e comercializar espécies da nossa flora é crime, com pena e multa.

Existem alguns artigos nesta lei que gostaria de comentar – seção II – Crimes contra a flora.

  • Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais (…) produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, (…), e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento: Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda (…) produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

Resumidamente, este artigo implica na ilegalidade do ato de comercializar produtos de origem vegetal (sim, orquídeas são produtos de origem vegetal) sem a devida licença. Ponto de atenção ao fato que o transporte e o armazenamento também é crime.

  • Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente: Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.

Precisa dizer algo? Ah, segundo o artigo 53 a pena aumenta se a planta for ameaçada.

Esta lei é muito interessante, deve ser lida por completo. Reclamamos muito de nossos políticos, o mínimo que podemos fazer é ler o que eles levam anos para votar, justamente para saber se corresponde àquilo que esperamos deles.

Na na ni na não!

Além de ser crime, acredito haver uma questão ideológica quanto ao fato de não retirarmos espécies nativas de uma floresta. Talvez até um sentimento de culpa meio disfarçado. O fato é que o ato de retirar uma planta, ou um pedaço dela, de um lugar, pode ocasionar uma série de “problemas” nos vários elos desta corrente.

Primeiramente, se todos nós retirássemos plantas da natureza, este extrativismo em massa resultaria na extinção das orquídeas. “Ah, Luis, que exagero!“. Vocês já assistiram o filme Bee Movie? É muito parecido com o que acontece nele. Vamos analisar desta forma:

Você retira em massa uma espécie de uma determinada região de floresta, com um ecossistema muito específico (o que não é difícil). Esta planta, por exemplo, realiza simbiose com algum animal que vive na região. Logo, este animal fica “órfão” de seu par simbiótico e parte para outra região. Outras plantas, que dependiam deste animal para sobreviver (alimentação ou reprodução), passam a definhar e morrer. E o ciclo continua, como um dominó. Varias espécies interdependentes acabam sofrendo por uma ação que, a princípio, parecia inofensiva.

Você seria capaz de dormir sabendo que um ecossistema inteiro entrou em colapso porque você foi egoísta?

A orquidofilia está intimamente associada à causa ecológica e todo cultivador de orquídeas deve ser, acima de tudo, um defensor do meio ambiente.

www.orquidofilos.com

Mas você foi egoísta e retirou aquela Pleuro-sabe-se-lá-o-que da mata e levou todo feliz e pimpão para casa. Afinal, era só uma mudinha, a planta continua lá.

Vamos aos fatos. Plantas nativas estão em condições completamente diferentes das nossas, enclausuradas em casa. Enquanto as nossas são bem tratadas, limpas e livres de pragas (pelo menos deveriam ser), as plantas nativas estão infestadas de fungos, bactérias, líquens, enfim, pragas em geral. Quando você corta uma muda na natureza 1) o restante da planta que permanece em seu habitat fica com uma porta escancarada para as pragas citadas acima e, consequentemente, doenças e 2) você leva todas estas pragas (estou repetitivo hoje) para casa, para infestar sua linda coleção de híbridos que nunca viram uma doença. Resultado, a planta que ficou, a muda que você trouxe e as que você já tinha em casa podem contrair doenças e morrer.

Ah Luis, mas lá tem um monte! Uma não vai fazer falta” – saiba que a coleta de orquídeas
selvagens nas matas é uma das principais ameaças de extinção de várias espécies, ao lado da perda derivada de desmatamentos.

Ah Luis, mas uma planta é capaz de dar milhares de sementes! Uma não vai fazer falta” – as orquídeas são plantas exigentes e especializadas e, consequentemente, sofrem com as interferências nas florestas primitivas. Elas possuem frutos em forma de cápsulas, capazes de armazenar, cada uma, até três milhões de sementes. As sementes não possuem reservas (endospermas) e só germinam ao encontrar ambiente propício. Assim, quando a cápsula explode, a matriz ‘aposta’ em muitas possibilidades, na expectativa de que pelo menos algumas caiam em um local ideal e uma nova planta germine.

Ah Luis, mas depois eu volto lá e coloco um monte de plantas no lugar! Uma não vai fazer falta” – grande perigo! A reintrodução de espécies exóticas (não nativas da região) pode causar sérios danos à flora local. Imaginem o cenário: você coloca em uma floresta um híbrido lindão. Nesta floresta existem Cattleyas ameaçadas de extinção. Seu híbrido começa a se desenvolver rapidamente, afinal, é um melhoramento genético das Cattleyas nativas. Talvez até daquela que está ali, ameaçada. Após alguns anos as duas espécies começam a competir por recursos e o híbrido é mais forte, se sobrepõe à espécie nativa. Pronto, fim da história, mais uma espécie extinta.

Exemplo? Procure no Wikipedia sobre o mexilhão-dourado, caramujo-gigante-africano, o coral-sol (suncoral), entre outros exemplos. Todos foram introduzidos em nosso ecossistema, prejudicando-o.

O outro lado da moeda

Claro que não posso deixar de comentar algo sobre as coletas benéficas. Mas prestem atenção: são feitas por especialistas, que utilizam o material biológico para preservar a espécie. Um pouco de história:

Desde 1928 o Orquidário do Estado trabalha com a preocupação de comprar plantas também de outras regiões do país para incrementar a coleção e salvar muitas da extinção. O orquidário possui 17 mil plantas registradas, de 700 espécies. A presença de tal diversidade está relacionada à manutenção dos últimos fragmentos de Mata Atlântica, Mata de Restinga e florestas estacionais. Lembrando um pouco das aulas de história, no começo do século passado grandes espaços florestais deram espaço às fazendas de café. O desmatamento em série motivou o naturalista Frederico Carlos Hoehne a criar um espaço para tentar preservá-las. Desde então, o Orquidário do Estado é o porto seguro de muitas espécies, salvando-as da extinção.

Aliás, talvez você não saiba. No site do IBAMA existe uma lista com as espécies ameaçadas. Espécies como Cattleya aclandiae, Cattleya nobilior, Cattleya walkeriana e vários Sophronitis praticamente foram dizimados de nossas florestas. E quando reaparecem…

Caso 1: Cattleya jongheana

Considerada extinta na natureza há mais de um século. Na década de 80 a espécie foi redescoberta na Serra do Itambé, em Minas Gerais, mas a coleta predatória a colocou de volta na lista de extinção. O lote de jongheana cultivado no Orquidário do Estado veio de uma apreensão do IBAMA, num flagrante de coleta ilegal realizada por orquidófilos. “Esse é o problema do orquidófilo e de quem cultiva”, comenta o chefe do Orquidário do Instituto de Botânica de São Paulo, Eduardo Luis Martins Catharino. “Ás vezes, eles não têm noção do estrago que uma grande coleta causa numa população natural. Eventualmente a planta tem uma distribuição geográfica tão restrita e se houver uma pressão em cima, acabou a espécie”.

Caso 2: Laelia alaori

Planta pequena e rara, descrita em 1986 por um funcionário do Orquidário de Piracicaba, no interior paulista. Mal descoberta, numa coleta no Sul da Bahia, logo foi dada como extinta. Há pouco tempo, redescobriu-se uma população natural da espécie em Minas Gerais e para lá correram os cultivadores do Espírito Santo, que a estão extraindo aos milhares. A espécie voltou à lista de ameaçadas de extinção, devido à coleta indiscriminada.

O que fazer?

Simples, consciência, meu amigo.

Só com o combate ao desmatamento, fiscalização à coleta predatória e as campanhas de educação ambiental, conseguiremos conservar.

Fábio de Barros, especialista em taxonomia de Orchidaceae e pesquisador do Instituto de Botânica de SP.

Compre plantas de viveiros idôneos, conhecidos. Evite o comércio das plantas retiradas da natureza, vendidas na beira de estradas ou em feiras livres. Geralmente, estas apresentam manchas na folhas e não estão enraizadas nos vasos, mas amarradas em galhos e tocos e xaxins. Acha que não vai saber diferenciar uma da outra? O IBAMA publicou um artigo que visa ajudar quem quer entrar nesta corrente do bem a evitar orquídeas do mato. Traduzido do título original Pictorial Guide – Differentiation of wild collected and artificially propagation of orchids, este documento mostra de forma abrangente como identificar plantas coletadas e plantas legalmente reproduzidas em laboratório. Se você procurar no Google por este nome irá achá-lo facilmente. Para ajudar, eis um resumo:

Plantas coletadas

Muitas raízes crescendo na mesma direção; muitas raízes mortas e com pedaços de casca de árvore; ponta das raízes frequentemente danificadas; número desequilibrado de folhas e raízes; cápsulas de sementes presas às plantas; as folhas são sujas e geralmente não apresentam aspecto saudável, por causa de líquens e por estarem desidratadas e/ou contaminadas por fungos; muitos pseudobulbos mortos e outros sem as folhas ou danificados.

Plantas de laboratório

Raízes crescendo de acordo com o formato do vaso; resíduos do material de propagação; quantidade equilibrada de folhas e raízes; ausência de bainhas secas; folhas e raízes saudáveis; plantas com formato e tamanho uniformes; flores com cores vivas.

Bom, por enquanto é isto. Leia e reflita, valerá mesmo retirar aquela mudinha da mata ou gastar um pouco a mais em uma muda forte, saudável e legal?

Pense bem.

Referências

  • planalto.gov.br
  • ibama.gov.br
  • orquidofilos.com
  • terradagente.com.br
  • wikipedia.org
  • saopaulo.sp.gov.br

Abraços!

Micorriza e as orquídeas

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Talvez você não saiba, mas uma das maiores famílias do reino vegetal é a Orchidaceae, com mais de 20.000 espécies identificadas. A maioria destas espécies estão distribuídas em regiões tropicais e subtropicais.

Esta diversidade é mais surpreendente porque, em algum momento de seu ciclo de vida, todas as orquídeas são dependentes de fungos micorrízicos. Não importa se elas são clorofiladas ou sem clorofila no estágio adulto, todas as orquídeas passam por uma fase em que elas não realizam atividade fotossintética e, portanto, dependem de fontes externas de nutrientes. Na grande maioria dos casos, é apenas no estágio de plântula (embrião vegetal já desenvolvido e ainda encerrado na semente) que elas são obrigatoriamente micorrízicas. Como as sementes de orquídeas são muito pequenas (cerca de 0,3-14 μg por semente), elas contêm uma pequena reserva de nutrientes. Esta reserva restringe-se a pequenas quantidades de proteína de alta energia e lípidos. Entretanto, há muito pouco açúcar. Algumas espécies também contêm pequenos grânulos de amido.

Os fungos micorrízicos podem fornecer os nutrientes e, particularmente, hidratos de carbono necessários para fazer crescer uma orquídea. Na verdade, a maioria das sementes de orquídeas não germinarão a menos que tenham sido infectadas por um fungo apropriado. Isto foi um problema no início do século 20 para os horticultores que tentavam propagar orquídeas visando um mercado altamente lucrativo. Agora, sabe-se agora que muitas espécies podem ser cultivadas em culturas puras (isto é, sem a infecção de micorriza) se a elas forem fornecidos com uma fonte exógena de açúcar.

Os fungos micorrízicos em orquídeas são do grupo Basidiomicelos, sendo normalmente da espécie Rhizoctonia, com a qual muitas orquídeas estão associadas. Algumas espécies de Rhizoctonia são conhecidas por formar associações ectomicorrízicos, mas se esta é uma ocorrência comum é ainda desconhecido. Esta associação é um relacionamento simbiótico que ocorre entre o fungo e a raiz da planta. Talvez por isto alguns orquidófilos tenham medo de usar fungicidas em suas orquídeas – e até canela (clique aqui para ler sobre a canela e as orquídeas).

Como funciona

A infecção de uma semente da orquídea por fungos ocorre após o embrião absorver água e inchar, rompendo o revestimento da semente. O embrião emerge e produz alguns poucos pêlos radiculares, que as hifas colonizam rapidamente. Como as hifas penetram as células do embrião, a membrana plasmática das células da orquídea invaginam, e a hifa torna-se rodeada por uma camada fina de citoplasma. Um embrião de orquídea é composto por apenas algumas centenas de células e os fungos se espalham rapidamente a partir de uma célula para outra.

Dentro das células, as hifas formam bobinas que aumentam consideravelmente a área de contato entre a orquídea e os fungos chamadas pelotons. Cada peloton tem uma vida curta, durando apenas alguns dias. Após este período, ela se degenera e é digerida pela célula da orquídea. Na verdade, as hifas na orquídea tem um período de vida curto também: as hifas mais velhas desenvolvem grandes vacúolos e paredes celulares espessas, e o citoplasma se degenera. As células das hifas eventualmente se separam e são consumidas pelas células da orquídea. Durante este processo, a célula da planta continua funcional e pode ser recolonizada por qualquer hifas sobrevivente ou por outros fungos provenientes de células adjacentes.

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Pelotons em uma orquídea: manchas em vermelho em uma micrografia de luz em tecido seccionado – © Jim Deacon
Micrografia eletrônica de varredura de pelotons orquídeas – Smith & Read

A infecção por fungos micorrízicos não resulta necessariamente na germinação e crescimento de uma orquídea. Quando há a associação, três resultados são possíveis:

  • uma interação com as micorrizas, tal como descrito acima;
  • uma infecção parasitária, em que as células da orquídea são invadidas e o embrião morre;
  • as células da orquídea rejeitam a infecção fúngica.

Todas as três interações acima podem ocorrer em uma população de protocormos, destacando a natureza relativamente instável da associação.

Uma infecção fúngica de sucesso resulta na germinação da semente da orquídea. O fungo pode ser a única fonte de nutrição durante o primeiro ciclo de vida da orquídea. A partir daí, a maioria das espécies de orquídeas desenvolvem moléculas de clorofila em sua fase adulta e tornam-se menos dependentes da micorriza. No entanto, a maioria das orquídeas ainda têm o fungo em suas raízes para absorver nitrogênio e fósforo a partir do fungo. Ainda é desconhecido se as orquídeas induzem os fungos a transferir carbono para elas.

Em contrapartida, é sabido que cerca de 200 espécies de orquídeas permanecem sem clorofila ao longo das suas vidas. Espécies como Galeola, Gastrodia, Corallorhiza, Rhizanthella e muitas outras continuam a receber o carbono de seus fungos micorrízicos. Mesmo algumas espécies clorofiladas, como Cephalanthera rubra, passam vários anos no subsolo antes de produzir belíssimas floradas, ou seja, sobrevivendo através dos fungos micorrízicos.

Referências

  • davidmoore.org.uk
  • damianus.bmd.br

Abraços!

Calda bordalesa: fungicida caseiro

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Algumas regiões do Brasil estão sofrendo bastante com chuvas e a consequência disto é o aumento de doenças em nossos orquidários. Algumas destas doenças são tratadas com fungicidas, conforme visto em outros artigos aqui no site. Entretanto, pessoas comuns tem dificuldade em adquirir fungicidas (e outros produtos do gênero) em lojas especializadas justamente por serem pessoas físicas não ligadas ao meio rural. Pensando nisto, compartilho com vocês uma receita de fungicida caseiro bastante eficiente que pode ajudar você naquelas horas em que o problema aperta e você não sabe o que fazer.

Histórico

Originária de Bordeaux, região da França, a calda bordalesa é datada do século XIX por uma descoberta acidental do botânico Pierre Marie Alexis Millardet. Millardet notou que alguns vinhedos locais não apresentavam debilitações por fungos. Questionando os agricultores, estes revelaram já usar a calda porém com o intuito único de amargar o sabor das uvas para ninguém furtá-las. A partir daí, Millardet promoveu pesquisas e publicou, em 1885, recomendação da fórmula aperfeiçoada para o combate de doenças por fungos.

Tratamento

A mistura atua por meio dos íons de Cobre (Cu2+). Estes íons afetam as enzimas dos esporos do fungo de tal forma que impede o seu desenvolvimento. Sendo assim, a calda bordalesa deveria ser usada preventivamente antes do estabelecimento de doenças fúngicas.

Recomenda-se o uso com cautela, evitando-se abusos nas quantidades. Na realidade cada espécie de planta apresenta uma sensibilidade e necessidade específica de concentração desse preparado. Contudo, como regra genérica, a fórmula apresentada neste artigo é indicada para a maioria das plantas adultas, enquanto no caso de mudas ou brotações recomenda-se diluir essa mistura a 50% com água.

Utilizando um bom pulverizador, o ideal é aplicar o produto em dia ensolarado, borrifando a planta inteiramente. Afim de evitar o entupimento do pulverizador, pode-se filtrar a calda.

A calda tende a oxidar e por isso deve ser aplicada em no máximo 24 horas para melhor eficácia e repetido 15 dias depois para melhor eficácia.

Para um melhor resultado, existindo plantas já infectadas por fungos, estas deverão ser podadas antes da pulverização. Lembre-se de usar ferramentas esterilizadas e eliminar (incinerar) as partes destacada

Importante: cuidados com a calda

O sulfato de cobre desequilibra o ambiente através da lixiviação (processo de extração de uma substância de um meio sólido por meio de sua dissolução) do solo. Com isso o cobre tende a se acumular danosamente na terra.

O excesso desta calda polui os rios, prejudica os peixes e criações de animais. Ela extermina por completo as minhocas no solo, que são benéficas em qualquer cultivo saudável e imprescindíveis na agricultura orgânica.

A calda bordalesa é um produto com certo grau de toxidade. Desta forma, frutas, sementes, folhas, etc. que foram tratadas com esse preparado devem ser evitados e não ingeridos. Embora seja de baixa volatilidade, ela pode produzir irritações na pele e mucosas quando em contato direto com o corpo. Sendo assim, como na maioria das aplicações de produtos agrícolas, durante sua manipulação é necessário seguir procedimentos padrões de segurança. Ou seja, deve-se usar trajes apropriados e cuidados como luvas impermeáveis, máscaras de proteção e botas de borracha.

Como fazer a calda

Ingredientes:

  • 10 gramas de cal virgem (prefira cal virgem, pois a cal hidratada não tem a eficiência necessária, sendo necessário dobrar a quantidade);
  • 10 gramas de sulfato de cobre em pó;
  • 1 litro de água;
  • Vasilhames de plástico, vidro ou louça, ou seja, não metálico. Não pode ser de lata, latão ou alumínio, por reagir com o cobre.

Caso queira quantidades maiores, é só multiplicar as quantidade.

Sulfato de Cobre

Modo de preparo

  1. Coloque o sulfato de cobre em um saco de pano poroso e deixe imerso em meio litro de água (pode ser morna) por 24 horas. Desta forma ocorrerá a completa dissolução dos cristais, pois um dia representa um tempo seguro para a diluição para a maioria das condições.
  2. Em outro recipiente é feita a reação da cal com pequenas quantidades de água. À medida que a cal “queima” segue-se adicionando água até o outro meio litro do total da receita.
  3. Em um terceiro recipiente, unir os dois preparados acrescentando aos poucos a mistura de sulfato de cobre à solução de cal, misturando vigorosamente com um utensílio não metálico. Importante: não coloque a solução de cal sobre a de sulfato de cobre, pois há o risco de empelotar, perdendo a eficácia.

Neste ponto a calda bordalesa estará pronta para uso. Entretanto, é importante verificar se a mistura está neutra ou, de preferência, levemente alcalina para evitar a fitotoxicidade provocada pelo sulfato de cobre livre. A forma mais fácil de verificar, sem precisar usar medidores de pH como o papel de Tornassol, é improvisar uma checagem da acidez através de um objeto metálico, como uma faca de aço. Para tal, mergulhe a faca por 2 ou 3 minutos no preparado. Se a faca escurecer, isto indica acidez excessiva. Neste caso seria necessário elevar o pH, adicionando-se mais mistura de cal à calda. Se a faca não escurecer, a mistura está pronta!

Eis um vídeo sobre o assunto:

Referências

  • wikipedia.org
  • emater.mg.gov.br
  • portaldojardim.com
  • cpra.pr.gov.br
  • jardimdasideias.com.br

Abraços!

Louva-a-deus orquídea

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Em seu relato das peregrinações no Oriente 1879, o escritor de viagens James Hingston descreve como, no oeste de Java, ele passou por uma experiência bizarra:

“Estou no jardim, contemplando várias plantas e, entre outras coisas, uma flor, uma orquídea vermelha. Eis que ela captura e se alimenta de uma mosca viva. Em seguida, ela apoderou-se uma borboleta enquanto eu ainda estava presente, fechando-a em suas folhas bonitas mas mortais, como uma aranha teria envolvida-a em uma rede.”

Louva-a-deus orquídea: Hymenopus coronatus frupus, CC BY-NC

O que Hingston tinha visto não era uma orquídea carnívora, como ele pensava. Mas a realidade não é menos estranha ou fascinante. Ele tinha visto – e foi enganado por – um louva-a-deus orquídea, Hymenopus coronatus, não uma planta, mas sim um inseto.

O louva-a-deus orquídea já é conhecido há mais de 100 anos. Naturalistas famosos, como Alfred Russell Wallace, têm especulado sobre sua aparência extraordinária. Evitando o verde monótono ou marrom da maioria dos louva-a-deus, o Louva-a-deus orquídea é resplandecente em branco e rosa. As partes superiores das suas pernas são muito achatadas e são em forma de coração, parecendo com pétalas. Em uma folha seria altamente visível, mas quando sentado sobre uma flor, é extremamente difícil de ver. Nas fotos, o mantis aparece dentro ou ao lado de uma flor, desafiando sua identificação.

Louva-a-deus orquídea

Mimetismo?

Esta é uma história evolucionária clássica e temos a pergunta a responder: o louva-a-deus orquídea evoluiu para imitar a flor – o que lhe permite esconder entre suas pétalas, alimentando-se de insetos que são atraídos por ela? O mimetismo por predadores é bem conhecido. Por exemplo, aranhas caranguejo camuflam-sem de acordo com a flor que estão, e podem mudar de amarelo para branco para combinar com sua flor hospedeira.

Infelizmente, não houve nenhuma evidência para apoiar esta hipótese. O louva-a-deus orquídea são raros, por isso o seu comportamento é pouco conhecido, exceto em cativeiro. Por exemplo, ninguém sabe exatamente qual flor ele supostamente imita.

Louva-a-deus orquídea

Novos estudos apontam que o que temos imaginado estava errado todo esse tempo. Embora seja de fato um mímico de flor – o primeiro animal conhecido a fazer isso – o louva-a-deus orquídea não se esconde em uma orquídea. Aliás, ele não esconde nada. E para um inseto qualquer, ele nem sequer se parece como uma orquídea.

Uma atração fatal

O’Hanlon e seus colegas começaram a testar sistematicamente as idéias contidas dentro da visão tradicional do modus operandi dos louva-a-deus orquídea. Primeiro, eles testaram se eles realmente se camuflavam entre as flores ou se, alternativamente, atraiam insetos por conta própria. Para um inseto em busca da flor, como previsto, o padrão de cor mantis é indistinguível da maioria das flores comuns. No entanto, quando emparelhado ao lado da flor mais comum de seu habitat, os insetos aproximaram-se mais frequentemente do louva-a-deus orquídea do que das flores, mostrando que os louva-a-deus orquídea são atraentes para os insetos por si só, ao invés de simplesmente precisar se camuflar entre as flores.

Podemos observar claramente insetos, como abelhas, divergindo de suas rotas de voo e voar diretamente para este predador enganador“, segundo O’Hanlon. “Esses bichos são maravilhosos para esse tipo de atividade, porque podemos observar uma interação dinâmica entre predadores e presas.

Louva-a-deus orquídea

Este fenômeno, conhecido como mimetismo agressivo, ocorre em outros animais. Por exemplo, há uma aranha que libera substâncias químicas que imitam os feromônios sexuais liberados por mariposas fêmeas que procuram um companheiro. Mariposas do sexo masculino, com suas antenas elaboradas e emplumadas, pode detectar esses feromônios há milhas de distância, e são atraídas para a sua morte.

Os pesquisadores também avaliaram onde o louva-a-deus orquídea escolhia para sentar. Surpreendentemente, eles não escolhiam se esconder entre as flores. Eles escolheram outros locais, como as folhas, com a mesma frequência. No entanto, sentado perto das flores trouxe benefícios, porque os insetos foram atraídos para a vizinhança – o “efeito imã“.

Qualquer flor afinal?

Quando compararam a forma e cor do louva-a-deus orquídea com flores a partir da perspectiva de um inseto, o predador não se parecia com uma orquídea ou mesmo qualquer espécie particular de flor, mas sim uma flor generalizada. Isso se encaixa com o que já sabemos: alguns dos melhores imitadores na natureza são imitadores imperfeitos, com características de diversas espécies como modelo.

Colocando modelos experimentais plásticos em campo, os pesquisadores descobriram que para o louva-a-deus orquídea a cor era muito mais importante do que a forma. Eles acreditam que o louva-a-deus orquídea não pode realmente imitar precisamente um determinado tipo de flor. Em vez disso, eles podem explorar uma brecha criada por ganhos de eficiência evolutivas dentro do cérebro do inseto.

Louva-a-deus orquídea

Conclusões precipitadas

Entretanto, ainda há um problema que persiste: se o louva-a-deus orquídea pode atrair insetos por exploração sensorial sozinho então por que as partes do corpo que se parecem com pétalas? Talvez os polinizadores eram inicialmente atraídos a uma certa distância através da exploração sensorial, mas depois o mimetismo caía por terra quando o inseto estava mais próximo, quando podem inspecionar o louva-a-deus orquídea mais de perto para ver o que realmente é.

O importante é que cada espécie tem uma história emocionante para contar e pode ajudar a moldar a nossa compreensão de como o mundo natural funciona.

Referência

  • theconversation.com

Abraços!

Como cultivar orquídeas e tê-las sempre floridas

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Lamento informar, mas se você entrou aqui sob o pretexto de saber qual o milagre no cultivo de orquídeas para vê-las floridas o ano inteiro, você caiu no truque mais usado nas redes sociais nos últimos tempos: o clickbait – ou prática usada para atrair tráfego por meio de títulos atrativos e promessas impossíveis.

A boa notícia é que fiz isso por um bom motivo: conhecimento. Mais conhecimento para você! E para não deixar você sem uma resposta, no final do texto vou dizer de forma bem simples como cultivar suas orquídeas e tê-las sempre floridas.

Primeiro, é importante contextualizar o porquê de eu escrever este texto. O leitor deve entender minha motivação ao compartilhar minhas ideias a respeito deste assunto, pois poderá concordar ou não, podendo ser frustrante para alguns ao final do texto.

O ônus e o bônus das redes sociais

Há algum tempo tenho visto um movimento de divulgação nas redes sociais de livros, cursos, apostilas, lives, enfim, conteúdo e mais conteúdo prometendo coisas que, sinceramente, beiram o impossível. Não são poucas pessoas fazendo isso. Por exemplo, se você é um usuário de Instagram e curte imagens de orquídeas, já deve ter esbarrado e contas com nomes sugestivos que pegam imagens da internet (inclusive minhas) e postam oferecendo a famosa fórmula secreta para ter orquídeas sempre floridas.

O texto é sempre meio padrão, inclusive repetindo erros de português e até colocando plantas que nem orquídeas são, falando que todos que desejam ter orquídeas como a da foto floridas o ano todo (outro absurdo, aliás), deve clicar no famoso link azul e comprar o manual de cultivo deles. Sim, tudo se resume a tentar vender um manual que é um apanhado de textos e fotos retirados da internet e muitas vezes não tem nenhum embasamento científico naquilo que oferece.

Ele só consegue cumprir um objetivo: enganar você!

Vale ressaltar que isso vai muito além do Instagram, acontece no Facebook, no Pinterest, no Twitter, enfim, qualquer rede social que a pessoal mal intencionada tenha acesso.

Entenda: quem faz este tipo de coisa não está preocupado com o cultivo da sua orquídea. Estas pessoas desejam apenas enganar você, vendendo algo que, além de ter conteúdo pirateado, é falho, prometendo coisas impossíveis e induzindo muitos a errar ainda mais em seu cultivo. São pessoas da mesma laia daqueles que dizem vender sementes de orquídeas, que você pode ler sobre clicando aqui, ou aquelas que coletam orquídeas na natureza, que você pode ler sobre aqui neste post.

Mas aí você pode se perguntar:

Mas o conteúdo é tão ruim assim?

Alguns dos conteúdos fornecidos até apresentam algumas informações que tem embasamento, afinal, são copiados de locais de confiança. Entretanto, como a premissa é normalmente prometer que você irá ter orquídeas floridas o ano inteiro – ou que você nunca mais irá perder uma orquídea, ele se torna uma obra de ficção e não reflete a realidade daqueles que realmente se dedicam ao hobby.

Por que não reflete a realidade?

A família das orquídeas é extremamente complexa. A grande maioria das espécies floresce apenas uma vez ao ano, se as condições de seu ambiente forem favoráveis a isso. Mesmo as que florescem algumas vezes ao ano precisam que as condições sejam favoráveis a isso. Pois bem, aí entra uma variável muito importante que não é abordada em nenhum manual genérico de cultivo: as especificidades de cada espécie. E entenda, eu disse cada espécie, pois mesmo de um mesmo gênero podemos ter grandes diferenças entre as espécies.

Cada orquídea é única e tem necessidades específicas de luz, temperatura, substrato, ventilação e umidade. Generalizar isso em um texto, prometendo que irá funcionar para todas as orquídeas, é criminoso, pois certamente irá matar mais plantas do que um cultivo específico. Este é o motivo que prego aqui e em minhas redes sociais: conheça a orquídea que você cultiva!

Aí entra outro fator: a procedência da planta que você compra. Orquidários sérios cultivam a planta desde a semente (ou cortes de plantas mãe) e estas orquídeas estão adaptadas ao cultivo fora da natureza. Coisa que quem compra de quem coleta na natureza não tem, além de levar muitas doenças para o resto da coleção (leia mais aqui).

Sabendo a procedência e o nome da planta, você poderá pesquisar em livros e em sites confiáveis a melhor forma de cultivá-la. E como cada espécie tem suas necessidades específicas, dificilmente você irá errar, coisa que o método genérico apresentado pelo método dos aproveitadores da Internet é incapaz de fornecer.

Mas aí você pode se perguntar:

E o que posso fazer a respeito?

Simples: denuncie! Todas as redes permitem que você denuncie perfis que fazem este tipo de coisa e as contas são canceladas. É importante fazer isso para que as informações disponibilizadas nas redes sejam úteis para todos de nossa comunidade, sem enrolação e enganação!

Abraços!

Como preparar calda de fumo

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Existem várias receitas de calda de fumo por aí, bastando você escolher uma e testá-la. Vou colocar duas aqui que, embora um pouco diferentes, deverá ter o mesmo resultado. Deverá ser pulverizada em toda a planta por dias seguidos, até o total extermínio da praga em questão. No fim deixo outro vídeo mostrando mais uma forma de fazer a calda de fumo. O objetivo é o mesmo, combater percevejos, besouros, pulgões e cochonilhas.

Calda de fumo – receita sem álcool

Ingredientes

  • 1 litro de água;
  • 10 centímetros de fumo de rolo, ralado;
  • ½ sabão em barra, ralado.

Modo de preparo

Faça um macerado com todos os ingredientes e deixe-o descansar por 24 horas. Com a calda resultante, pulverize suas plantas. O sabão é usado para facilitar a permanência da água de fumo nas folhas e caules. Pulverize sobre as plantas.

Calda de fumo – receita com álcool

Ingredientes

  • 250 g de fumo de corda;
  • 100 ml de álcool hidratado (comum);
  • 1 litro de água fervente;
  • detergente comum.

Modo de preparo

Pique o fumo de corda e coloque-o em uma vasilha com tampa. Acrescente a água fervente e tampe, deixando a mistura em repouso por 24 horas. Depois disso, agite o conteúdo e filtre-o em pano fino espremendo bem para retirar o máximo de extrato. Acrescente o álcool, que servirá de conservante para a solução. Guarde-a em um frasco escuro. Para o tratamento das plantas infestadas, dilua 100 ml da solução de fumo em 1 litro de água. Acrescente dez gotas de detergente caseiro (para quebrar a tensão superficial da água) e pulverize sobre as plantas.

Vídeo sobre o preparo da calda de fumo

Não vou entrar no mérito se é bom ou não usar a calda de fumo em suas plantas, mas caso você queira saber mais, é interessante ler o artigo de Rosana Kunst, sobre o lado ruim de se usar a calda de fumo. É só clicar aqui.

Referências

  • greenme.com.br
  • comofazerhorta.com.br

Abraços!

Pragas e doenças – Lesmas e caracóis

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Ah, quem nunca viu uma lesminha brilhante devorando com vontade uma nova raiz ou pior, um botão floral?

Pois bem, cá estou eu com este problema em casa. E pior, em larga escala. Parece que em todo lugar que olho eu vejo um molusco chato detonando alguma planta minha. Ou seja, hora de agir.

Pesquisei muito sobre o que fazer em casos como este e a conclusão que cheguei é que tudo vai depender daquilo que você tem vontade ou tempo para fazer. No meu caso, devido a quantidade de plantas e ao tempo escasso que tenho para sair catando um por um, fui um pouco mais radical. Mas vamos com calma, vamos conhecer primeiro os causadores do problema.

Lesminha feliz em uma folha de Cattleya

Lesma

As lesmas são moluscos gastrópodes da sub-ordem Stylommatophora, que andam sobre o abdômen e que possuem respiração cutânea. Distinguem-se dos restantes gastrópodes, em particular dos caracóis, pela inexistência de concha externa proeminente. O corpo das lesmas é constituído por manto, pé e cabeça com um par de tentáculos ópticos e um par de tentáculos sensoriais, ambos retrácteis. São bastante sensíveis à desidratação e algumas também são sensíveis à luz. As lesmas são seres hermafroditas. Caracterizam-se pelo fato de que, durante o seu desenvolvimento, a massa visceral sofre uma torção de 180 graus (característica dos moluscos gastrópodes), enrolando-se sobre si mesma. Assim, adotam a forma espiral tão característica da concha dos caracóis.

Caracol

Caracóis são os moluscos gastrópodes terrestres de concha espiralada calcária, pertencentes à subordem Stylommatophora, que também inclui as lesmas. São animais com ampla distribuição ambiental e geográfica. Respiram através de um pulmão. As diversas espécies de caracóis se distinguem especialmente pela concha que é, na verdade, o esqueleto externo do animal. Essa concha é feita de calcário, e pesa pouco mais de um terço do peso total. Os caracóis não tem audição e utilizam especialmente os sentidos do tato e do olfato que se situam em todo o corpo mas principalmente nas antenas menores já que pouco enxergam com os olhos situados nas pontas das antenas maiores. Ao lado da boca fica o aparelho genital e a entrada e saída do ar dos pulmões, o pneumóstoma, que fica embaixo da concha.

É muito comum a confusão entre caramujo e caracol. Na verdade, são animais cuja aparência é muito próxima, mas bem diferentes. O caramujo é um animal aquático e respira por brânquias, enquanto o caracol é um animal terrestre e dotado de um pulmão.

Como combater

Estes animais possuem hábitos noturnos e gostam de ambientes abafados e úmidos. Por serem noturno, temos muita dificuldade para localizá-los. Durante os períodos de incidência de luz, eles costumam se esconder no substrato ou em cantos próximos ao orquidário. Apesar de lentas, fazem um estrago considerável pois são raspadores e se alimentam de raízes, folhas e caule das orquídeas. Tenho observado que o principal dano causado por estes animais é nas raízes. Infelizmente, só percebemos quando a planta já está desidratando e definhando. Neste momento é comum olharmos o vaso com mais atenção e aí notar estes animais no substrato.

Algumas raízes devoradas

Se você tem dúvidas se estes animais estão presentes em seu orquidário, basta olhar se há algum tipo de raspagem ou parte de folha ou raízes comidas. Outra forma é verificar se o famoso rastro brilhante está presente no ambiente, indicando que alguma lesma passou por ali deixando parte de seu muco.

Resultado de apenas uma noite de trabalho das esfomeadas

Muitos são os métodos utilizados para controle destas pragas. Alguns preferem algo 100% natural, outros já preferem métodos químicos. Eu estou testando um moluscicida pois sinceramente não tenho mais como fazer coleta manual.

Ambiente

Dentre as muitas formas de evitar o aparecimento de lesmas é ter um orquidário arejado e protegido. Plantas penduradas, bancadas bem arejadas e com pilares protegidos (com sal, por exemplo), chão de cimento ou com uma cobertura plástica entre a terra e a brita são opções que podem dificultar o aparecimento de infestações. Aliás, o chão do orquidário deve estar limpo, sem mato, afinal, ervas daninhas são hospedeiras intermediárias destas e outras pragas. Entretanto, acredito que o principal aqui é o ambiente arejado, afinal, uma ventilação adequada controla o excesso de umidade, evitando a proliferação destes animais. Por isto, nada de vasos amontoados, ok?

Esta seria a primeira linha de defesa contra estes animais, visto que eles se reproduzem com grande facilidade em meios ricos em matéria orgânica (chão úmido, substratos, etc) por serem hermafroditas (bissexuados) e passam diretamente dos ovos para a fase adulta.

Tenho o problema?

Pode ser que você veja alguns sinais característicos de lesmas em suas orquídeas, como raízes e folhas raspadas. Afinal, como ter certeza se há algum tipo de infestação de lesmas em seu orquidário? Faça armadilhas para elas!

Início da refeição – felizmente evitada

Existem várias formas de preparar armadilhas para estes animais:

  • usando chuchu;
  • estopa umedecida;
  • estopa com cerveja;
  • estopa com uma mistura de uma parte de leite integral para quarto partes de água;
  • bandejas de isopor com cavidades para baixo.

A vantagem de atraí-las é que você poderá realizar a coleta manual, controlando a população de lesmas.

Coleta manual

Alguns dizem que este é o melhor método. Eu prefiro dizer que é o mais natural, pois dependendo do tamanho da sua coleção e do tamanho da infestação, a coleta manual pode ser um trabalho quase impossível. Além das armadilhas descritas acima, uma alternativa ao tedioso método de coleta manual é mergulhar o vaso em um balde com solução de calda de fumo. Desta forma as lemas irão à superfície, sendo facilmente coletados.

Para preparamos esta calda, eis os ingredientes:

  • 100 gramas de fumo de corda;
  • 1 litro de água;
  • uma colher de sabão em coco (pó).

Pique o fumo, junte com os outros ingredientes e ferva. Depois é só coar em um pano fino e diluir em 10 litros de água.

Mergulhando na solução para coleta manual

Depois de coletados, uma forma eficiente de eliminá-los é colocá-los em uma vasilha com uma solução saturada de sal.

Métodos químicos

Aqui a coisa fica um pouco mais séria. Se você realmente tem uma infestação que se faz impossível de ser controlada (ou coletada manualmente), você pode recorrer aos artifícios químicos comumente conhecidos como iscas ou moluscicidas.

Moluscicidas são pesticidas usados no controle de moluscos, como as lesmas e caracóis. Essas substâncias geralmente incluem metaldeído, metiocarbe e sulfato de alumínio, e devem ser usadas com cautela para não causar danos a outros seres que não são alvo de sua aplicação. A maioria dos moluscicidas não são usados na jardinagem e agricultura orgânica pois são proibidos, mas há exceções, como o fosfato férrico.

O fosfato férrico é substância ativa autorizada para agricultura orgânica pelo Ministério da Agricultura e está presente no lesmicida Ferramol Organic, importado da Alemanha. É um produto de venda livre, registrado na ANVISA. O produto age interrompendo a alimentação das pragas que se recolhem em suas tocas e morrem dentro de 2 a 6 dias. Depois de aplicado, o Ferramol tem durabilidade durante vários dias mesmo na ocorrência de chuva, pois apresenta ótima resistência contra umidade. Os grânulos que não forem consumidos serão decompostos, servindo como adubo natural para as plantas.

Outro bastante utilizado é o Metarex. Pertencente à família química de aldeídos, é um tétramere de acetaldeído. O metaldeído presente no lesmicida Metarex SP atua principalmente pela ingestão por destruir as células responsáveis pela produção de muco. Ele é irreversível, provocando uma destruição total do sistema de membrana, a fragmentação dos vacúolos, a destruição das mitocôndrias e do núcleo celular. Por sua natureza tóxica, você deverá ter atenção especial se possuir animais que frequentam o mesmo ambiente das orquídeas. Nestes casos é mais seguro não espalhar as iscas pelo chão do orquidário, apenas nos vasos.

Um dos meus Meterex perdidos por aí

Por fim, existem alguns inseticidas organofosforados como o Malathion também são eficientes em aplicação total no orquidário, mas devem ser evitados ao máximo pela sua alta toxidez ao meio ambiente e aos mamíferos em geral, incluindo nós mesmo.

Plantas moluscicidas

Em minhas pesquisas para a confecção deste artigo me deparei com um artigo muito interessante, dos autores Joana D’Arc Ximenes Alcanfor, Pedro H. Ferri, Suzana C. Santos e José Clecildo B. Bezerra, na Universidade Federal de Goiás.

Resumidamente, o artigo trata de plantas moluscicidas para o controle de caramujos transmissores de doenças, enfatizando na ação química de taninos. Ali você poderá ler sobre algumas plantas que possuem este efeito e, quem sabe, utilizá-las de alguma forma em seu ambiente. Não vou discorrer muito sobre o artigo pois acho que ele vale a leitura como um todo.

Eis o link: Plantas moluscicidas no controle dos caramujos (…), com ênfase na ação de taninos

Resultado de um ataque de lesmas

Referências

  • orquideassemmisterio.blogspot.com.br
  • bworquideas.blogspot.com.br
  • revistas.ufg.br

Legado das Águas

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Há alguns meses vivi uma experiência diferente no Legado das Águas e gostaria de compartilhá-la com vocês por causa de um motivo muito nobre: conscientização e conservação. Em maio de 2017, participei de um evento teste em um local chamado Legado das Águas, situado na Reserva Votorantim, Tapiraí, São Paulo. O evento era um workshop sobre orquídeas, ministrado pelo Biólogo Luciano Zandoná.

Bom, antes de mais nada, este texto é sobre muitas coisas, menos sobre o workshop sobre orquídeas. Prefiro pensar que este é um relato de uma pessoa acostumada com a cidade grande que, mesmo vivendo em um local com muitas plantas, queria passar por uma experiência diferente das vividas no dia a dia.

Estava eu de férias, querendo bater perna por algum local onde pudesse respirar um pouco daquele viciante ar de floresta. A oportunidade surgiu com uma postagem que por acaso vi no Facebook sobre o tal do workshop. Olhei no mapa, vi a distância e me animei: não era muito longe para uma viagem de final de semana, apenas uns 300 km de Curitiba.

Inscrição feita, deparei-me com o primeiro problema. O workshop começava no sábado cedo. Para chegar no sábado cedinho, teria que sair muito cedo de Curitiba, afinal, seria uma viagem de pelo menos 4 horas. Questionei os organizadores sobre a oportunidade de ir na sexta à tarde e fui prontamente atendido. Foi então que pensei: “Bacana, duas noites no meio do nada ao invés de uma!”. Claro que o desconhecido faz nossa imaginação aflorar e pensei de tudo um pouco, afinal, estamos falando de um local que realmente fica incrustado no meio de um restinho de Serra do Mar, mas estava muito animado com a experiência.

Enfim, peguei a estrada seguindo as direções que me passaram, imaginando chegar no final da tarde de sexta no local. De certa forma, meu cálculo foi correto, cheguei à reserva no final da tarde. O que errei foi o fato que, uma vez dentro da reserva, eu teria que andar mais 40km em estrada de pedra/terra até à base do Legado das Águas. Claro que isto não seria problema nenhum, mas a Mãe Natureza resolveu me desafiar a colocou uma tempestade ameaçadora se aproximando no horizonte. Tempestade, noite, estrada de chão, meio da floresta: pensei que não seria uma boa me perder ali logo no meu primeiro dia. Fui em frente, torcendo para chegar antes da tempestade.

No fim, deu tudo certo. Foi extremamente prazeroso andar no meio da mata, passando por rios, represas – foram 4 no caminho à base. Em todas você passa por pontes que te dão uma visão bem ampla das barragens. O caminho passa por algumas vilas que abrigam os funcionários – e suas famílias – das usinas quando estão em serviço no local. Tudo simples mas muito organizado. A estrada é boa e mais uma coisa me chamou a atenção: a sinalização. Por todo o caminho há placas avisando da presença de antas na região. Porém, algumas placas são pretas, com a imagem de uma anta branca. Na hora não entendi o motivo, mas depois veio a explicação: há uma anta albina no parque. Nada mais justo que a sinalização indique isso, oras!

Enfim, 40km depois, cheguei à base, estacionei o carro, entrei no alojamento para procurar o pessoal e BUM!, eis que a tempestade desabou com força. Em poucos minutos acabou a energia. A situação de isolamento e quietude, além da momentânea ausência de energia, resultou em uma sensação de paz que não lembro de ter sentido anteriormente. É uma situação que a grande parte das pessoas não está acostumada. Hoje somos bombardeados por todo tipo de estímulos modernos, principalmente eletrônicos. Estar no meio da Serra do Mar, contemplando a mata e a montanha, observando e escutando a chuva, respirando um ar muito mais puro, faz muito bem. E assim fiquei até a hora de me recolher ao alojamento, sem antes provar uma jantinha mais do que caprichada que já estava pronta no refeitório quando cheguei.

No dia seguinte acordei cedo, antes dos demais, e fiquei zanzando pela base. A sensação ao andar ali, em meio a mata, com a luz do dia, é indescritível. A mesma sensação de paz que tive na noite anterior é acrescida de outra difícil de explicar, mas que remete muito ao sentido de nossa existência. É impossível ficar indiferente àquilo e não pensar na vida como um todo, e no sentido de tudo. A amplitude da natureza nos faz perceber o quão pequenos somos, sensação essa que não sentimos, ou pelo menos eu não consigo sentir, mesmo estando na selva de pedra da cidade. Confesso que bate uma vontade de largar tudo e viver em meio à natureza, infelizmente interrompida pela razão e o fato que tenho responsabilidades que não posso abrir mão.

Minha primeira parada foi ao lado do refeitório, onde os passarinhos faziam a festa comendo as frutas colocadas ali para eles. Fotografei, filmei, observei e apreciei o espetáculo. Continuei minha caminhada e fui ao complexo de estufas onde os pesquisadores fazem a reprodução de mudas de espécies locais para reintrodução na natureza. Tudo muito organizado, que me fez ter vergonha do meu pobre orquidário em casa. Em uma das estruturas há um telhado verde, onde várias espécies estão plantadas e contribuem para a neutralização dos efeitos da construção abaixo, além de deixar o ambiente dentro dela muito mais agradável. Ao lado do complexo de estufas está um dos focos de meu interesse: o orquidário do local. Uma estrutura muito bem bolada, bastante úmida, onde várias espécies de orquídeas repousam como objeto de estudo ou aguardando reintegração na mata. Um espetáculo! Não fiquei muito por ali, afinal, não sabia até onde poderia explorar sem supervisão.

Voltei ao alojamento e, após um belo café da manhã, andei mais um pouco pelo Legado em busca de alguns participantes perdidos no caminho. Por fim, voltamos à base, conheci todos os participantes do workshop e lá fomos nós para o evento em questão. Como disse, o foco deste texto não é o workshop em si, mas não posso deixar de comentar o quão proveitoso foi. Ouvir as experiências de quem convive diariamente com orquídeas, lutando por sua preservação, é uma grande lição de vida. Enfim, para resumir, é claro que a parte teórica da coisa valeu muito. Além do material exposto em sala, fizemos um passeio pelas instalações e pude ver com mais detalhes aquilo que havia sondado logo cedo pela manhã, desde o viveiro de mudas até o orquidário.

Na hora do almoço, mais uma bela refeição. Em seguida, voltamos às atividades do workshop. Após mais uma parte teórica, novamente fomos ao orquidário e tivemos uma aula in loco sobre as plantas, além de uma análise sobre o mal que a retirada indiscriminada das plantas de nossas florestas ocasiona em nossos biomas. Além disso, pudemos aprender bastante sobre a reserva em si, como é feita a conservação do local, como são direcionados os estudos ali na reserva, como é feita a interação entre natureza e os humanos que ali habitam. Uma aula sensacional de consciência e conservação, além de respeito à natureza e sua magnitude.

Jantei, conversei um pouco com o pessoal e me recolhi para dormir. Na minha mente já havia um plano: acordar mais cedo e filmar a passarinhada que logo cedo se deliciava com as frutas que ficavam próximas à cozinha. Dito e feito, acordei cedinho, ainda com aquela névoa de serra pairando no ar, posicionei a câmera e deixei a natureza fazer sua parte. O resultado é este:

O dia seguinte foi voltado ao deslumbre das belezas naturais do local. Ao contrário do dia anterior, que alternou entre períodos nublados e de chuva, o domingo estava com um sol esplendoroso. Aproveitei para conhecer um ponto muito interessante do Legado, a Trilha Poço do Cambuci. A trilha é destinada à observação de animais e plantas, sendo que após cerca de 800 metros visitante encontrará um pequeno poço de captação de água. Na trilha é possível ver uma grande variedade de orquídeas, além dos rastros das antas que habitam o complexo. Para tornar a visita mais interessante, havia a missão de replantar algumas orquídeas resgatadas no parque. Dei sorte, pude fazer o ciclo completo: achei uma árvore caída com uma e pude realocá-la em uma árvore próximo ao local onde ela estava originalmente.

Aqui, abro um parênteses para um detalhe que faz toda diferença: os sons da natureza. A variedade de sons proveniente da mata era imensa e, ao mesmo tempo, relaxante. Soma-se a isso o oxigênio limpo que estava respirando e temos uma provável definição da palavra paraíso.

Almocei e fui para a última parte da aventura: um passeio de barco pelo rio Juquiá. Não esperava por esta parte da aventura e curti bastante. Descemos até o rio e após uma breve explicação de segurança, lá fomos nós. O intuito ali era ver a mata intocada e suas árvores centenárias (e gigantescas). Claro que foi possível ver orquídeas no caminho, além de vários animais. Mas o grande barato foi realmente o passeio. A imensidão do rio naquele ponto por causa da represa logo adiante nos faz pensar na imensidão dos elementos na natureza e como somos pequenos neste imenso universo. A reflexão é profunda e prazerosa. Terminamos o passeio em uma pequena cachoeira, mas não entramos no rio porque naquele momento já estava novamente nublado e chuvoso.

Voltamos à base e aí já era o momento de dizer adeus. Depois de dois dias de muito aprendizado e contato com a natureza, era hora de partir. Algo certamente havia mudado em mim após aquela experiência, apesar de, no momento, não saber ao certo o que era. Peguei novamente os 40km de estrada até a rodovia e fui pensando. No caminho, parei em uma das represas para registrar algumas fotos. Novamente o Sol estava presente, a tarde estava linda. Aquele ar, aquela paz, aquela vista. Não queria sair dali. Mas fui em frente. Saí da reserva e pouco antes de Juquiá a natureza ainda me presenteou com uma composição e cores que há tempos não via, um belo entardecer com a Lua já visível de dia.

Fui para casa satisfeito. E mais, estava tentado a ajudar de alguma forma no projeto do Legado. Ainda não sei como nem quando, mas certamente vou querer ajudar de alguma forma a conservação deste pedaço de paraíso.

Se quiser saber mais sobre o local, acesse legadodasaguas.com.br

Abraços!

Pragas e doenças – cochonilhas

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Aí você está olhando sua bela coleção de orquídeas e nota umas bolinhas brancas nos caules, próximos às folhas: são cochonilhas. Se você não agir rapidamente, as folhas de sua orquídea começam a apresentar manchas e ela perde totalmente o vigor, podendo até morrer.

Uma das pragas mais prejudiciais às plantas ornamentais, cochonilha refere-se tanto ao corante cor carmim utilizado em tintas, cosméticos e como aditivo alimentar, quanto ao pequeno inseto (Dactylopius coccus) de onde ele é extraído.

Parentes próximos das cigarras e dos pulgões, as cochonilhas apresentam formas muito variadas, o que dificulta a sua identificação. Medindo não mais que 35 milímetros, sua coloração pode ser branca, marrom, avermelhada, verde ou enegrecida. Algumas espécies possuem corpo mole e se depositam sobre as plantas como se fosse algodão, enquanto outras têm uma carapaça dura. Sempre em conjunto, os insetos normalmente se instalam nas axilas das folhas (ponto onde a folha encontra o caule), sob as folhas, nos ramos e troncos das árvores e até mesmo em frutos e raízes.

Esses insetos sugadores de seiva podem fazer grandes estragos pois secretam uma espécie de cera que facilita o ataque de fungos – como o fungo fuliginoso -, diminuem a capacidade fotossintética da planta e, de quebra, atraem formigas doceiras. Além disto, roubam nutrientes da planta.

Cochonilhas

Orquídeas submetidas a condições ambientais ou de nutrição impróprias são suscetíveis ao ataque de cochonilhas. Por isto, a manutenção da planta em condições saudáveis é extremamente importante. Vários fatores contribuem para o aparecimento de cochonilhas. Entre eles, destacam-se: solo ou substrato inadequados, quantidade insuficiente de luz, falta de água, déficit de nutrientes ou adubação em excesso.

A eliminação de seus predadores naturais também contribui para seu aparecimento. Seus predadores mais conhecidos são os percevejos, joaninhas, moscas e alguns fungos.

Combate

Se a infestação não for muito grande, faça uma escovação com escova macia, de preferência embebida em um pouco de inseticida. Depois é só manter o o controle dessas pragas, aplicando quinzenalmente um inseticida diluível em água com algumas gotas de detergente líquido.

Caso uma simples limpeza do local afetado não funcione, e/ou você não queira utilizar inseticidas comerciais de baixa toxicidade, você poderá pulverizar a orquídea atacada com emulsões de sabão de coco ou detergente neutro e, em seguida, pulverizar óleo mineral emulsionável. O óleo mata os animais por asfixia ao formar uma película sobre eles que impede a respiração. Para maior proteção das plantas, é importante que a pulverização seja feita sempre no final da tarde quando há menor incidência de sol.

Cochonilhas

Outra forma natural de combater as cochonilhas é a utilização de caldas caseiras, como a calda de fumo ou a calda de santa maria.

Receitas caseiras, como fazer

Calda de fumo

Ingredientes:

  • 100 gramas de fumo de corda;
  • 1/2 litro de álcool;
  • 1/2 litros de água;
  • 100 gramas de sabão em pedra neutro.

Preparo

Misture 100 gramas do fumo cortado em pedacinhos em 1/2 litro de álcool. Acrescente 1/2 litro de água e deixe a mistura curtir por aproximadamente 15 dias. Após este período, corte o sabão em pedaços pequenos e dissolva-o em 10 litros de água. Misture o sabão à calda de fumo curtida. Em áreas com ataques muito intensos, pulverize a mistura diretamente sobre as plantas. Caso a infestação ainda seja pequena, dilua o preparo em até 20 litros de água limpa antes da pulverização. As aplicações devem ser feitas em períodos de sol ameno. Uma dose tende a resolver o problema, caso os bichinhos não desapareçam, porém, vale borrifar as plantas atacadas uma vez por semana, até que a infestação acabe.

Calda de Santa Maria

Ingredientes:

  • 200 gramas de erva–de–santa–maria (Dysphania ambrosioides);
  • 1 litro de água fria;

Preparo

Amoleça 200 gramas da erva de Santa Maria em 1 litro de água fria durante 6 horas. Aperte bem as folhas para extrair o suco. Dilua o extrato obtido em 5 litros de água limpa. Pulverize o preparado sobre as partes atacadas uma vez por semana, sempre sob sol ameno, até que a praga seja eliminada.

Referências

  • Casa e decoração
  • wikipedia.org
  • sindicatoruralmc.com.br
  • jardineiro.net
  • cynthiablanco.blogspot.com.br
  • clubedoorquidofilo.com.br
  • minhasorquideas.wordpress.com

Abraços!

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